quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Tornar a Europa novamente segura


#Publicado em português do Brasil

Brian Cloughley*

3 de novembro de 2020

A Organização do Tratado do Atlântico Norte, Nato, foi formada em 1949 por doze nações lideradas pelos Estados Unidos e com o lema latino Animus in consulendo liber , que significa “uma mente sem restrições na deliberação”. É um slogan bizarro nos dias de hoje, porque se alguma vez uma organização teve uma mente coletiva algemada, é a aliança militar EUA-OTAN que, a partir de seu palaciano edifício-sede de bilhões de dólares em Bruxelas, é determinada , entre outras coisas, como declarado pelo Secretário-Geral Jens Stoltenberg em 21 de outubro, para "Garantir que nossa dissuasão nuclear permaneça segura, protegida e eficaz."

A principal contribuição da Otan para a paz mundial e a segurança da Europa seria a remoção de todas as armas nucleares dos Estados Unidos do continente europeu.

Stoltenberg fala da “intimidação russa aos seus vizinhos” e sublinhou que a resposta da OTAN à ameaça inexistente da Rússia é com “o reforço das defesas mais intensivo desde o período da Guerra Fria”. Ele afirma que “Não buscamos confronto com a Rússia. Não buscamos uma nova Guerra Fria ”- mas então apoiamos manobras militares massivas lideradas pelos EUA e missões de aviões espiões de rastreamento de casacos ao longo das fronteiras da Rússia. Ele aumenta o número de soldados para ficarem permanentemente baseados em países próximos às fronteiras da Rússia, porque ele defende o " aumento " de "nossa presença avançada na parte oriental de nossa aliança".

“Presença avançada”? - A definição oficial dos EUA de "presença avançada" é "manter forças destacadas ou estacionadas no exterior para demonstrar a determinação nacional, fortalecer alianças, dissuadir adversários em potencial e aumentar a capacidade de responder rapidamente a contingências". Em outras palavras - preparando-se para a guerra.

Eleições EUA | A grande náusea

Com o passar das horas, sem que um vencedor saia claro dos apuramentos realizados, a possibilidade de Trump continuar na Casa Branca ganha consistência, diante de um mundo estupefacto, senão horrorizado. O risco parecia afastado, prometiam as sondagens, incapazes de detectar diferenças marginais do sentido de voto nos Estados que podem inclinar-se para qualquer dos lados, e que são afinal em maior número do que se pensava

Sérgio Sousa Pinto | Expresso | opinião

Dependentes da contagem de votos postais, o resultado permanece incerto, mas o semblante dos jornalistas das grandes cadeias televisivas vale mil palavras.

A abismal fractura que divide os Estados Unidos literalmente a meio é a única certeza que temos, uma fractura que não iniciou sequer, sabemo-lo agora, a sua cicatrização, mas que antes se acentuou, convertendo-se numa chaga ainda maior, uma chaga de polarização extrema, que não admite dialogo nem compromisso democráticos.

Como chegou a América a isto?

“Why it has to be Joe Biden”, foi a última capa da Economist, trombeta do centro-direita moderado e business friendly. A prestigiosa revista podia ter formulado uma pergunta retórica – “Why it has to be Joe Biden?” – para depois nos expor os seus argumentos, no que seria talvez a operação de persuasão mais fácil da história do proselitismo jornalístico. Mas não. O que a Economist faz é dizer aos americanos o que um jornal de Boston poderia declarar aos patriotas, por volta de 1775: “Why you have to fight the british”, se queres ser um bom americano. Trump é o inimigo interno e “a América precisa de ti.” Este é o tom geral da imprensa, quanto mais respeitável mais exaltada e peremptória, no seu lancinante apelo. Do New York Times ao Washington Post, de ambos à National Review, liberais e conservadores acotovelam-se numa improvável barricada e, ombro com ombro, abrem fogo de barragem contra o thug de Brooklin, como se ele fosse a encarnação moderna de um casaca vermelha da guerra da independência, ou de um escravocrata da Confederação. A própria campanha de Biden reúne financiamentos inauditos, que deixam Trump, o intocável (no sentido hindu), para trás, exprimindo a força da América respeitável e próspera, das duas costas e das cidades.

Emergência suave - em Portugal


HenriCartoon, por Henrique Monteiro, afivelou a sua arte cartoonista ao Estado de Emergência declarado há horas atrás. Disposição suave da emergência, conforme disseram Costa e Marcelo, daquelas coisas que não são carne nem peixe, nem sim nem não mas antes nim. 

Portugal, o país da suavidade, do impercetível anestesiante do Português Suave fumado, que nem põe zonzos os que se estrearam no primeiro cigarro. Até parece que não dói nada... Mas dói. 

A miséria cresce em Portugal e os de mais idade estão a morrer aos milhares. Pelo menos já soma dois milhares. Dá jeito na poupança de pagamento de pensões e reformas. Quantas dezenas de milhões por ano?

Fumemos. Porque como o fumo dos males não se vê rasto, como dizem os sábios ou mais experientes no vício de fumar.

PG

Atrasos no diagnóstico geram "montanha de casos" de cancro hereditário

Portugal

Antes da pandemia, os tempos de espera para os testes genéticos que despistam risco de desenvolver cancros de origem hereditária já eram de um ano para a primeira consulta.

Portugal está a "gerar uma montanha" de cancros que poderiam ser curáveis por causa dos atrasos de diagnóstico provocados pela pandemia da covid-19, afirmou esta quarta-feira a presidente de uma associação que representa doentes de cancro hereditário.

Tamara Milagre, que presidente à Associação de Apoio a Portadores de Alterações dos Genes relacionadas com o Cancro Hereditário -- EVITA, afirmou que o cenário "é agora catastrófico" para estes doentes porque "quando a pandemia começou, qualquer doente não-covid-19 ficou para trás".

"Em oncologia, vai haver muitos diagnósticos tardios. As pessoas estão em pânico. Fizemos um grande esforço para contratar uma psicóloga para dar consultas aos associados", referiu Tamara Milagre num seminário online sobre testes de diagnóstico à covid-19 organizado pela Apifarma.

Portugal | 59 mortes e quase 7500 novos casos por covid-19 nas últimas 24 horas

Portugal regista, esta quarta-feira, mais 7497 casos de covid-19 - novo máximo de infetados num só dia, explicado por um "atraso no reporte laboratorial". Há mais 59 vítimas mortais, número mais elevado desde o início da pandemia.

Esta quarta-feira é, sem margem para dúvidas, o pior dia no que diz respeito a novos infetados e vítimas mortais. Até agora, o valor mais alto de casos diários era de 4656, registado a 30 de outubro, sendo que os 7497 infetados contabilizados até à meia-noite representam um novo recorde desde o início da pandemia. Mas é imperativo referir que o número inclui "o somatório de 3570 casos, decorrentes do atraso no reporte laboratorial, principalmente de um laboratório na região Norte, desde o dia 30 de outubro", ressalva a Direção-Geral da Saúde no boletim de hoje, que eleva para 156.940 o número total de infetados - 65.300 dos quais ativos (mais 5081 face a ontem).

Mais de cinco mil casos no Norte

O Norte continua a ser a região que mais casos soma, com 5183 novos infetados (num total de 72.875), representando 69% do total dos recentes contágios. Seguem-se Lisboa e Vale do Tejo, com 1560 (em 63.250), e a região Centro, com 518 (13.860). O Alentejo tem 120 novos infetados (3031) e o Algarve mais 81 (3031). No arquipélago da Madeira há mais 26 (504), e nos Açores mais nove (388).

Já morreram mais de 800 homens e mais de mil mulheres com mais de 80 anos

É também no Norte que se registam 34 das 59 mortes por covid-19 - o número de óbitos mais elevado desde o início da pandemia. Em Lisboa e Vale do Tejo, morreram 18 pessoas, no Centro cinco, e no Alentejo duas. Trinta e sete das vítimas (20 mulheres e 17 homens) tinham 80 anos ou mais, a faixa etária mais atingida pela mortalidade da doença - já morreram 804 homens e 1006 mulheres com essas idades. Catorze vítimas (oito homens e seis mulheres) tinham entre 70 e 79 anos e cinco homens tinham entre 60 e 69. Morreram ainda dois homens na faixa etária dos 50-59 anos e um na dos 40-49 anos.

Rita Salcedas | Jornal de Notícias

Portugal | E quando a vacina chegar?

Ivo Carvalho | Jornal de Notícias | opinião

Mesmo sem estar em tronco nu, o presidente da República abriu o peito para amparar as balas do desnorte político. Na entrevista à RTP, assumiu as culpas pelos erros na gestão inicial da pandemia e exortou os portugueses a porem-se na sua pele e na dos demais decisores.

Ninguém, e essa foi a linha de raciocínio de Marcelo Rebelo de Sousa, podia estar preparado para uma tormenta assim. E, portanto, era previsível, em Portugal e no resto do Mundo, que os líderes políticos claudicassem.

É impossível não concordar com isto, não demonstrar tolerância republicana com isto, mas o assomo de franqueza presidencial serve de muito pouco se, de facto, não aprendermos com os erros e, sobretudo, se insistirmos em falhar na capacidade de antecipar respostas para problemas que já sabemos hoje nos vão ser colocados amanhã. Foi assim com a chegada do frio e a asfixiante pressão exercida junto dos serviços hospitalares, poderá ser assim no momento em que as primeiras vacinas começarem a ser distribuídas aos estados-membros da União Europeia.

Portugal | Desemprego sobe para 7,8%. População desempregada dispara

A população desempregada aumentou 45,1% no 3.º trimestre em relação ao trimestre anterior. É o maior aumento da série do INE que começa em 2011.

Ataxa de desemprego subiu para 7,8% no 3.º trimestre, com a população desempregada a aumentar 45,1% em relação ao trimestre anterior, aquele que é o maior aumento da série que começa em 2011, divulgou o Instituto Nacional de Estatística (INE), esta quarta-feira. 

"A população desempregada, estimada em 404,1 mil pessoas, aumentou 45,1% (125,7 mil) em relação ao trimestre anterior, o que corresponde à taxa de variação trimestral mais elevada da série iniciada em 2011, e 24,9% (80,7 mil) relativamente ao 3.º trimestre de 2019", pode ler-se no relatório do INE. 

A taxa de subutilização do trabalho - que inclui a população desempregada, o subemprego de trabalhadores involuntariamente a tempo parcial, os inativos à procura de emprego, mas não disponíveis para trabalhar, e os inativos disponíveis, mas que não procuraram emprego -, estimada em 14,9%, aumentou 0,9 p.p. relativamente ao trimestre precedente e 2,7 p.p. por comparação com um ano antes. O aumento da subutilização do trabalho foi explicado maioritariamente pelo aumento do desemprego, segundo o INE.

Eleições nos EUA | Vencedor: Avé Dólar!

Trump, por esta hora, é favorito. Durante a madrugada parecia que a vitória cabia a Biden. As projeções valem o que valem, são enganadoras, ainda mais no processo de eleição e confusão que é o sistema eleitoral dos EUA. Provavelmente dá jeito por ser mais permeável a trafulhices. Daquele país é de se esperar de tudo, de bom e de mau – apesar de atualmente e de há tempos a esta parte o que é de mau é que tem prevalecido.

Do Expresso trazemos a afirmação de que o ”trumpismo” veio para ficar. Nada de admirar, os cowboys dizimaram os índios, têm procurado – e conseguido parcialmente – dizimar outros povos, e decerto que muitos deles, imperialmente, questionarão: porque não continuarmos a tramar todo o mundo? Alguém tem presenciado maior soberba, maior arrogância neste mundo? Claro que não. Excluindo nos tempos do Império Romano e de outros Impérios que passaram à história. Também os EUA hão-de passar à história como Império caído. Daqui por dezenas de anos? Daqui por séculos? Vá-se lá saber.

O que hoje se sabe é que contra quase todas as projeções Trump vai continuar César da Casa Branca, rodeado de criminosos que sobressairão quando for oportuno, sempre que se justificar dar azo à ganância, à soberba, ao moderno nazismo, mascarado de democracia, a desenvolver-se nos EUA. Pelos vistos os eleitores assim querem, além de que as trapaças podem ser mais que muitas.

Por fim, sejamos objetivos e realistas: entre Biden e Trump, entre Republicanos e Democratas, as diferenças quase não existem, o que permite que na chamada Casa Branca (White Hause) paute a “novidade” de mais do mesmo – Avé Dólar!

MM | PG


Ainda não há vencedor nem se prevê que venha a ser declarado nos próximos dias. As sondagens que apontavam um caminho claro do candidato democrata para a Casa Branca falharam (não de forma tão flagrante como o histórico falhanço de 2016) e Biden acabou por não conseguir arrebanhar estados que surgiam como certos nas projeções. Um dado parece certo: ainda que Trump acabe por não conseguir um segundo mandato, “o ‘trumpismo’ está vivo nas entranhas do Partido Republicano”

Alguns dos mais respeitados gurus das sondagens da política dos EUA podem bem estar neste momento a procurar um confortável sofá onde passar a longa sessão de autoanálise que necessariamente têm pela frente. Isto se quiserem continuar neste ramo de atividade, que se define pela confiança do público nas projeções eleitorais.

Ana França | Hélder Gomes | Expresso

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