Os manifestantes e as autoridades de Cali chegaram hoje de madrugada a acordo para levantar um bloqueio na principal entrada da cidade colombiana, enquanto a marcha indígena anunciou a abertura de um corredor humanitário por 24 horas.
No 13.º dia de protestos, após no domingo supostos civis armados abrirem fogo sobre a marcha e ferirem 10 guardas indígenas, o diálogo terminou com a decisão de desbloquear a Ponte do Comércio, uma estrada que, além de ser a entrada principal em Cali, liga a cidade à vizinha Palmira, onde fica o aeroporto internacional.
"A Ponte do Comércio será desobstruída e as instituições devem garantir que não haja nenhuma ação violenta contra os jovens que a vão abrir", disse o presidente da câmara de Cali, Jorge Iván Ospina, em comunicado, depois de ter chegado a um acordo com o grupo de jovens que ali protesta há 13 dias.
As autoridades e manifestantes assinaram o acordo após conversas que contaram com o apoio das embaixadas da Portugal, Alemanha, Bélgica, Espanha, e da União Europeia (UE), além da Missão das Nações Unidas na Colômbia.
"Observamos a assinatura do acordo entre a Câmara de Cali e as autoridades locais com os jovens para desbloquear a Ponte do Comércio. É importante usar o diálogo para fazer avançar a garantia dos direitos humanos", disse a representante da Alta-Comissária da ONU para os Direitos Humanos na Colômbia, Juliette de Rivero.
Os protestos na Colômbia começaram por ser contra a reforma tributária, entretanto retirada pelo Governo, mas continuaram contra uma tentativa de reforma no sistema de saúde, contra a brutalidade policial e contra a complexa situação de insegurança.
Cali é a cidade mexicana onde ocorreram os eventos mais violentos, especialmente entre 30 de abril e 03 deste mês, com episódios de violência policial contra manifestantes, que deixaram 35 mortos, segundo várias organizações.
Por seu lado, o Conselho Regional Indígena de Cauca (CRIC), a principal autoridade dessas comunidades oriundas do sudoeste da Colômbia, anunciou que desde a 01:00 local (07:00 em Lisboa), foi criado um "corredor humanitário" para transporte de alimentos e de medicamentos para Cali, que vive horas difíceis de abastecimento à população.
"Anuncia-se que esse caminho de vida vai estar aberto durante 24 horas. Dependendo do comportamento, ele vai-se expandir e a marcha dos indígenas vai continuar e a greve nacional vai continuar também", disse o conselheiro sénior do CRIC, Hermes Pete.
O líder indígena acrescentou que é necessário garantir "a não intervenção da força pública nos pontos onde estão os manifestantes indígenas", principalmente depois do que aconteceu na tarde de domingo.
"Haverá um corredor humanitário por 24 horas. Esse é um primeiro passo para garantir os direitos de todas as pessoas. Instamos as autoridades a privilegiar o diálogo com os indígenas. [...] Os direitos humanos devem ser protegidos por meio do diálogo", afirmou, por sua vez, Juliette De Rivero.
O Presidente colombiano, Ivan Duque, fez hoje de madrugada uma "visita relâmpago" a Cali, epicentro dos protestos que o país vive desde 28 de abril, tendo permanecido na cidade cerca de quatro horas para liderar uma reunião do conselho de segurança local que analisou a situação.
O Presidente colombiano pediu novamente que os bloqueios feitos pelos manifestantes em vários pontos da cidade sejam levantados para permitir a restauração da cadeia de abastecimento.
"A nossa responsabilidade não é agir com brutalidade ou demência, mas agir no marco de todos os poderes e no estrito cumprimento da proteção dos direitos humanos, para que a cidade tenha todas as garantias e evite confrontos entre os cidadãos, ou, o que é ainda pior, que haja cidadãos que pretendam exercer o controlo da situação com as suas próprias mãos", disse Ivan Duque.
Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © Getty Images
Sem comentários:
Enviar um comentário