quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Portugeses sempre foram campeões a dar o salto

Os Jogos Olímpicos do Covid em Tóquio viu um atleta a representar Portugal saltar que nem um desalmado e garantir medalha de ouro (esperemos que não seja de pechisbeque). 

Pichardo, cubano que se naturalizou português, é campeão olímpico e, provavelmente, adquiriu a qualidade de dar o salto por influencia portuguesa, sabendo nós que já fomos uns grandes artistas a dar o salto a fugir do salazarismo, do Portugal fascista, rumo a outros países, e até há quantidade de um milhão na fuga dirigida a França, onde Bidonville nos esperava e o trabalho incessante garantia melhor vida só por nos livrarmos da miséria e repressão salazarista. E os francos também davam jeito.

Se quisermos resumir, podemos afirmar com rigor que somos um país e um povo de saltadores e que optar pelos saltos é nossa grande capacidade e destino, ainda vimos isso recentemente, durante o governo miserável e nefasto de Pedro Passos Coelho e Portas (PSD/CDS) com a recorrência à emigração na fuga do Portugal escalavrado e roubado por DDT’s a que sem rebuço e acertadamente todos nós chamávamos (chamamos) ladrões. Parece que ainda assim são considerados, apesar de andarem em liberdade e, ao que se sabe, impunes.

Parabenizar o atleta luso-cubano impõe-se. Afinal também ele salta que se farta.

Após este salto logo vimos os políticos da ordem e do costume a porem-se em bicos dos pés a aclamarem e elogiarem Pichardo. Provavelmente a ocultarem a tristeza de não obterem uma medalha de ouro pelos feitos na política. É evidente que se tal competição olímpica existisse vocacionada para politica o melhor que conseguiriam era uma medalha fedorenta de estrume compactado e nem sequer reluzente. Indubitavelmente é o que mereceriam, é o que merecem.

E pronto, finalmente abordámos no PG as olimpíadas na Tóquio a rebentar por covid-19. E esse foi outro salto que o Comité Olímpico e outros dirigentes deram, uns campeões da trampa que decidiram.

Lá vamos terminar aos saltaricos e convidar que leiam o que vem de Curto a seguir. Até mais ver e bons saltinhos a fugir do vírus que é uma praga e que até parece ter sido inventado para lixar-nos a vida de saltos para o abismo a que já nos habituámos. Afinal Portugal sempre foi campeão nessa coisa de dar o salto. Pois.

Obrigado Pichardo, obrigado Cuba!

Bom dia e saúde. Vá ler o Curto. À falta de melhor… Vale.

MM | Redação PG


Bom dia este é o seu Expresso Curto

Pedro…Pablo…Pichardo. Três saltos para o ouro

Ricardo Marques | Expresso

Pedro Pablo Pichardo é campeão olímpico de triplo salto. O atleta português garantiu a medalha de ouro à terceira tentativa com um salto de 17,98 metros.

(Para ter uma ideia da distância, encontre um ponto de partida, dê dezoito passos em frente e depois olhe para trás - é qualquer coisa assim. Provavelmente um pouco mais….)

A marca constitui um novo recorde de Portugal e coloca os Jogos de Tóquio na história olímpica do pais: é primeira vez que a delegação portuguesa consegue quatro medalhas (além do ouro de Pichardo, há a prata de Patrícia Mamona e o bronze de Fernando Pimenta e Jorge Fonseca)

Pichardo, de 28 anos, liderou a final desde o primeiro salto (17,61 metros), mas foi à terceira tentativa que selou a vitória, ficando a escassos dois centímetros dos 18 metros. Yamingo Zhu, da China, foi medalha de prata e Hugues Fabrice Zango, do Burkina Faso, bronze. A cerimónia de entrega das medalhas é daqui a pouco.

“Este ouro tem um significado muito grande, pois é a única forma que tenho de agradecer ao país que me apoiou desde o primeiro dia. Agradecer com medalhas e bons resultados”, afirmou o atleta, acrescentando que o pai, que lhe pedira para ultrapassar os 18 metros, “é um bocado maluco”. “Tenho a certeza que quanto a ser campeão olímpico está contente, mas com a marca não estará feliz.”

Quem está feliz é Marcelo Rebelo de Sousa, que já deu os parabéns ao novo campeão olímpico.

Intocável desde agosto de 1995 permanece o recorde mundial da modalidade. Jonathan Edwards saltou 18,29 metros nos campeonatos do mundo de Gotemburgo.

Pichardo não foi o único português a competir esta noite em Tóquio. A canonista Teresa Portela alcançou o seu melhor resultado olímpico de sempre ao garantir o 7.º lugar na final de K1 500.

Ontem foi dia de regressos e hoje é um bom dia para rever as imagens da chegada das medalhas a Portugal. Um salto para aqui para espreitar Patrícia Mamona e, sem remar muito, seguir por aqui ao encontro de Fernando Pimenta.

Eis outro nome que convém fixar: Florian Wellbrock, um rapaz alemão de 23 anos. No domingo, na piscina olímpica, tinha garantido a medalha de bronze nos 1500 metros livres. Esta madrugada voltou à água e simplesmente arrasou a concorrência naquela que é uma das provas mais duras dos jogos - a maratona aquática. Dez quilómetros em 1h48m33s. Até cansa. O português Tiago Campos ficou em 23.º.

Chama-se Peruth Chemutai, tem 22 anos e quando não está a ganhar a final olímpica dos 3000 metros obstáculos é agente da polícia. Tornou-se a primeira campeã olímpica do Uganda. A bandeira ugandesa - preta, vermelha e amarela - tem um pássaro ao centro. Um grou-coroado.

Jovens mais jovens é impossível. De skate para o mundo, via Tóquio pela mão da enviada especial do Expresso, Lídia Paralta Gomes.

Outras notícias

Segue-se uma breve viagem por outros temas e assuntos de que provavelmente vai ouvir falar durante o dia de hoje.

Um acidente de trânsito em Lisboa provocou 14 feridos.

Marcelo Rebelo de Sousa decidiu remeter ao Tribunal Constitucional a lei que reforça os poderes do Ministério Público para aceder a comunicações privadas “sem prévio controlo do Juiz de Instrução Criminal”. A legislação, escreve o Expresso, mereceu críticas da Comissão de Proteção de Dados e até divergência na bancada socialista.

Como começou: António Cerqueira, ex-autarca condenado a seis anos de prisão por três crimes de peculato, três de falsificação de documentos e um de abuso de poder, presidia à comissão de honra do candidato do Chega em Vila Verde. Como acabou: Ventura dá indicação para “retirada imediata” de comissão de honra de ex-autarca preso por vários crimes no exercício da função. Um dia na vida do partido de André Ventura (uma história que começou no jornal online “O Minho”).

O mesmo partido, uma história diferente. O título é este “Candidato do Chega a Caminha entregou listas eleitorais no sítio errado”.

Tribunal decreta insolvência da Groundforce. Apesar isso, a empresa vai continuar a operar normalmente. O pedido de insolvência foi feito pela TAP.

Na sequência do encerramento da Dielmar, a UGT olha para a frente e consegue ver uma eventual crise social. O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, esteve ontem com o Presidente da República e à saída deixou o aviso: “Temos a preocupação do Presidente. No fundo, nós juntámos a nossa voz à dele e a de outros atores económicos e sociais que já vieram dizer ao país: cuidado, poderemos estar num prólogo de uma eventual crise social. Ora, o dinheiro que vem da Europa é precisamente para isso que serve. Para garantir a sustentabilidade das empresas, empresas que sejam bem-geridas e que apoiaram o lay-off”.

A CGTP foi condecorada por Marcelo Rebelo de Sousa.

E o Expresso preparou um guia para perceber o que está a ser feito em vários países em relação á vacinação de jovens contra a covid-19. Por cá, e por agora, o que vale é este esclarecimento da DGS

Com o número de infectados a ultrapassar os 200 milhões a nível mundial, a Organização Mundial da Saúde quer que as farmacêuticas mantenham os preços das vacinas contra a covid-19 baixos e acessíveis, depois de ter sido noticiado que as empresas Pfizer e Moderna aumentaram os preços.

Um ano depois da enorme explosão que destruiu a baixa de Beirute, a capital do Líbano está outra vez nas notícias. Os confrontos de ontem entre polícia e manifestantes, junto ao parlamento libanês, provocaram seis feridos. Mais um problema num país mergulhado na crise.

Hoje estão previstos 45º em Atenas. A capital grega, bem como outras cidades do país, é uma terra cercada pelos incêndios florestais que lavram há vários dias. “É a pior onde calor desde 1987”, afirmou ontem o primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis, citado pelo The New York Times.

A investidura do novo presidente do Irão está marcada para esta quinta-feira, em Teerão. Uma boa oportunidade para conhecer Ebrahim Raisi, o conservador que vai liderar um país mergulhado na crise.

O Benfica foi à Rússia, a casa do Spartak de Rui Vitória, e veio de lá com dois golos de vantagem para a segunda mão da 3.ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões. Marcaram Rafa e Gilberto Jesus dedicou o triunfo, ou a parte que lhe cabe, ao seu “amigo” Luís Filipe Vieira.

Não há muitas coisas tão apropriadas às tarde quentes de agosto como umas boas horas em frente à televisão a ver a Volta a Portugal. A prova começou ontem com um contra-relógio curto, menos de seis quilómetros, mas hoje já é mais sério: de Torres Vedras a Setúbal. A escolha do local da partida não podia ser mais feliz, ou não fosse a terra do mais mítico ciclista português de sempre. É a oportunidade perfeita para, às 11h00 em Torres vedras, ser feita a abertura do Museu do Ciclismo Joaquim Agostinho. O espólio está a ser recolhido há oito anos.

Passar os olhos pela agenda da Agência Lusa é um daqueles rituais obrigatórios de quem escreve o Expresso Curto. É graças a esta importantíssima ferramenta que podemos ficar a saber que está marcado para esta noite no Centro Cultural de Belém, pelas 22h00, o espectáculo de dança “Tanzanweisungen (it won’t be like this forever), com coreografia de Moritz Ostruschnank. Ou, por exemplo, que serão divulgados hoje os resultados da Rolls Royce no primeiro semestre de 2021, os da Siemens no terceiro trimestre e, entre outros, os da Lufthansa no segundo trimestre. Nada mau.

Bem pior é saber que começa hoje, em pleno agosto, e devido à ausência de um acordo para aumentos salariais, uma greve de cinco dias dos trabalhadores da Super Bock…

Frases

"Portugal tem de crescer”

Fernando Ribeiro, vocalista dos Moonspell. A banda portuguesa foi retirada do North Music Festival, no Porto, e a organização diz que isso se deveu “ao cancelamento” da digressão dos norte-americanos Deftones;

“São 4 minutos na pista, mas 15 anos de trabalho. É importante termos objetivos, mesmo que sejam assustadores. Vale a pena”

Marta Pen, atleta olímpica portuguesa, que falhou a passagem à final dos 1500 metros;

“Temos uma obrigação especial de proteger os judeus e a vida judaica na Alemanha”

Anja Karliczek, ministra da Educação e da Investigação alemã, no dia em que o governo de Berlim anunciou um pacote de 35 milhões de euros para combater o anti-semitismo no país;

O que ando a ler

Michel Houellebecq é um dos meus autores de eleição há vários anos. Foi por isso um momento feliz aquele em que, há duas semanas, encontrei à venda “Intervenções” (Alfaguara). Trata-se de uma coletânea de artigos e entrevistas do escritor francês nas últimas décadas, com uma amplitude de temas que vai da arquitetura à literatura, da tecnologia à religião.

Houellebecq é um provocador e alguém com um pensamento muito lúcido sobre mundo em que vivemos. Não é das pessoas mais optimistas, concedo. É nesse pessimismo realista sobre as forças que impulsionam as nossas sociedades - marcadamente individualistas - que talvez consigamos encontrar formas de resistir. Só por isso, este livro incómodo é uma excelente companhia para os dias que passam sem nada para fazer.

Como já o li, não faz sentido metê-lo na mala das férias.

É curioso que há um ano, precisamente em agosto, estava aqui a recomendar-lhe um livro de Olga Tokarczuk e a prometer que o ia levar para a minha semana de férias em que fico longe de tudo. Hoje, tenho outro livro da escritora polaca, vencedora do Nobel, já a caminho do saco. E por tudo o que conheço de Tokarcazuk, este “Casa de Dia, Casa de Noite” (Cavalo de Ferro) promete ser mais um grande livro.

Como ainda não li, não faz sentido meter-me a falar dele. Bom, talvez já tenha lido um pouco… O suficiente para dar com esta frase:

“Era cedo de mais para estar vivo, por isso andava de parede em parede e ia morrendo.”

Pobre Marek Marek. Não acabou bem.

Façamos o contrário e acabemos bem esta quinta-feira, esta semana e este mês. Amanhã há Expresso nas bancas. A qualquer hora há expresso.pt

Tenha um bom resto de dia

Gostou do Expresso Curto de hoje?

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