quinta-feira, 15 de julho de 2021

Cuba: dois textos sobre uma crise incômoda

# Publicado em português do Brasil

Um pensador cubano sustenta: não é possível naturalizar bloqueio dos EUA contra a ilha. Mas é irresponsável tachar os que protestam de “mercenários” – ou resolver divergências por meios policiais. Saídas estão na política e ampliação dos direitos

Julio Cesar Guanche* | em Outras Palavras | Tradução: Antonio Martins | Imagem: Reuters/Stringer

No exame da atual crise cubana, vale a pena atentar para o que diz Julio Cesar Guanche. Professor da Universidade de Havana, ele editou diversas publicações político-culturais em seu país (entre outras, Alma Mater e La Jiribilla) e foi diretor adjunto do Festival Internacional do Novo Cinema Lationoamericano. Em textos, publicados no blog La Cosa, sobressaem o compromisso com a revolução e a condenação ao bloqueio norte-americano que vai completar 60 anos.

Mas Guanche está convencido de que as dificuldades reais vividas por Cuba, e a insatisfação popular dela resultante, não serão resolvidas dividindo o país, nem acusando os que têm críticas de contrarrevolucionários. Por isso, mesmo do exterior (está se doutorando em Quito, na Flacso – Faculdade Latinoamericana de Ciências Sociais) participou dos protestos de 27 de novembro do ano passado. Após uma série de detenções, centenas de jovens artistas e intelectuais exigiram, diante do ministério da Cultura, liberdade de expressão e criação. Tiveram apoio de gente como o músico Silvio Rodriguez e dos cineastas Fernando Pérez e Ernesto Daranas. Guanche escreveu sobre o episódio no site espanhol Sin Permiso(com o qual colabora frequentemente) e falou sobre ele à revista chilena Palabra Publica.

Nos dois textos a seguir, o professor e editor comenta os protestos populares do último domingo (11/7) e os fatos que os desencadearam. Suas ideias centrais: 1. Só a política, resolverá a crise – e não haverá espaço para ela enquanto o país estiver polarizado entre quem chama de “contrarrevolucionários” os que pensam diferente e quem naturaliza as tentativas de intervenção dos EUA. 2. A história de Cuba sugere que o caminho para enfrentar os dilemas atuais é expansão de direitos – tanto políticos quanto sociais – e não restringi-los. (A.M.)

Os ricos têm culpa da fome?

Pedro Tadeu* | Diário de Notícias | opinião

Olho duas chamadas para notícias de uma homepage de um site de informação. Uma titula: "ONU alerta para "agravamento dramático" da fome no mundo devido à pandemia". Outra relata: "Richard Branson foi ao espaço e voltou astronauta".

Hesito... Vou ler primeiro a aventura espacial do milionário ou a tragédia terrena do planeta miserável?

Cedo à fraqueza do prazenteirismo e leio o texto sobre o astronauta rico.

... Lida a prosa, direi que aquilo é um bocado pífio: um avião, desconfortável, sobe, depois de largar os propulsores não sei onde, até 88 quilómetros de altura, o que, para a concorrência e gozo de outro milionário, Jeff Bezos, não é bem no espaço, é só "quase no espaço".

Os passageiros passam por esse sofrimento para terem direito a quatro minutos de experiência sem gravidade e uma visão, pela janela, de lá de cima cá para baixo.

A ideia é cobrar 200 mil euros a cada turista pela tortura. Parece que há 600 interessados.

Portugal | O governo continua a subfinanciar o SNS

Eugénio Rosa 

A grave crise de saúde pública causada pelo COVID está a determinar uma grave crise económica e social, grande insegurança em todos os portugueses, e a pôr em risco a recuperação económica. Na luta contra esta crise o SNS é um factor chave. A principal preocupação do governo devia ser a dotá-lo dos meios necessários, financeiros e humanos. Mas o que se passa é precisamente o contrário. 

A obsessão do défice continua a sobrepor-se à necessidade de defender a saúde dos portugueses, e o governo continua a recusar dotar atempadamente o SNS dos meios que este necessita para enfrentar a grave crise de saúde pública, com a pandemia a continuar a alastrar. E não são as previsões irrealistas e optimistas do Banco de Portugal de Centeno sobre a economia portuguesa nem a “bazuca” que alteram a realidade.

Ler texto completo [PDF]

Publicado em O Diário.info em 12 de Julho de 2021

O COVID TEM AS COSTAS LARGAS

Expresso Curto num bom dia que se prevê ser quente. Cristina Peres, jornalista do internacional, do proabundo Expresso do tio Balsemão Bilderberg - de outras chafaricas dos altos e tenebrosos poderes e das altas finanças do sistema que cada vez mais nos aterroriza e dizima -  dá por título à prosa seguinte a afirmação de que "isto vai aquecer". Com o Brasil à cabeça, a jornalista envereda pelas políticas porcas e fascista dum Bolsonaro que o povo eleitor brasileiro escolheu para a mais alta magistratura do país irmão. Evidente estupidez que os mais atentos logo identificaram. Agora resta sofrer ainda mais do que aquilo que têm vindo a sofrer naquela onda bolsonarista iniciada há anos atrás, talvez trauteando “a gente vai levando” e o “diz que Deus dá, diz que ele dará”. Dias melhores se seguirão – é a crença cristã e do bando de igrejas da treta que por lá habitam e se espalham pelo mundo como cogumelos de mentiras e de esbulho aos “irmãos cristãos”. Exigem dízimos para dizimarem-nos e enriquecerem roubando outros… Tudo legal. Pois. Adiante.

Escrevendo simples: o covid tem as costas largas.

No Expresso Curto, lá para finais da prosa: “Só se fala de covid, mas há pessoas a morrer de outras causas e ninguém liga” . Cada vez mais crítico da 'atmosfera de pânico à volta da Covid', José Miguel Júdice não concorda com as medidas do Governo no combate à pandemia, sobretudo as mais recentes que afetam a hotelaria e restauração". Quem o escreve é José Miguel Júdice. Pois claro. E é a verdade pura e dura – mas só um pouquinho. Ele não refere que temos médicos formatados que encontram o ambiente perfeito para abandalharem o sistema de saúde vigente. Daqueles que saíram das universidades de medicina com cursos de gestão e economia neoliberal para mal da saúde dos portugueses. Fulanos e fulanas automatizados, com conversas padronadas e que vão bater todas nos mesmos argumentos esfarrapados e de pendores de desumanização do SNS. Sim, e isso prova os maus tratos de muitos portugueses que sem covid, mas por causa do covid e do abandalhamento inerente, padecem e até batem a bota. Mas qual quê, são senhores doutores e isso é que conta. Muitas vezes nem fizeram o doutoramento, ficando-se só por licenciados… Ora, ora. Também os cães têm de estar licenciados pelo rigor da lei (pelo menos a lei do Salazar). Agora usam chipes.

Além disso há muito bons profissionais de saúde e os bons em medicina e noutras profissões. Já sabemos que a carapuça só serve para quem cabe nela. Ou em quem ela cabe. Pois. Felizmente ainda existem. É a safa da plebe. Pena que cada vez mais escasseiam.

Mais? Mais só no 'continente'. E só porque agora já não existem as colónias portuguesas. Saudades? Há desses obtusos ainda. Coisas aberrantes. Vai daí dedicam-se agora ao neocolonialismo da exploração e ao moderno tráfico de escravos, mirando-se nas contas bancárias a abarrotar. Pulhas.

Dito isso, acima exposto, gerando náuseas e fartuns de arrotos e vómitos, avancemos.

Muito se segue no Curto de sorver o tutano. É de ler. O que é palha fica para escolher segundo o vosso critério, queridos(as) pacientes deste arrazoado que há tanto tempo não exercitávamos.

Avante, para o Curto do Expresso. Vale. Bom dia.

MM | PG

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