Bom dia este é o seu Expresso Curto
A assistência de Costa a Temido, um abraço ao Presidente e um filme tragicamente repetido
Filipe Garcia | Expresso
Bom dia,
São poucos os estreantes que se fazem estrelas na primeira jogada. Primeiro é preciso conhecer o jogo, depois os companheiros, a seguir convém estudar os adversários e ainda se recomenda a aprendizagem de um ou dois truques, fintas capazes de tirar do caminho os mais insistentes. No currículo, a Marta Temido, ministra da saúde, não faltam jogadas capazes de fazer levantar estádios, silenciar adversários ou de convencer os mais céticos. Ainda assim, o que se viu este fim-de-semana no 23º congresso do PS foi jogada em terreno novo: no espaço de horas, Temido recebeu o cartão de militante e a benção do secretário-geral para lhe suceder. Um jogada que promete dar que falar, mais do que a liderança socialista admite querer.
No encerramento do congresso, António Costa gabou-se do partido unido, das vantagens que isso traz para a governação e do estatuto de “maior partido autárquico do país”. O primeiro-ministro ainda anunciou medidas a piscar o olho à esquerda – essencial para a aprovação do próximo Orçamento do Estado – antes de lançar a bicada aos muitos que sentem “irritação” por ver um PS unido e a funcionar. No ar ficou a dúvida até que ponto a união é real.
Na mesa mais visível do congresso, sentaram-se Fernando Medina, Ana Catarina Mendes e Mariana Vieira da Silva. E ainda Pedro Nuno Santos, o mais declarado dos candidatos ao lugar que Costa mais cedo ou mais tarde deixará vago, o único que não falou, o tal que chegou tarde deixando o primeiro-ministro na dúvida se tinha tido “um furo ou adormecido”. A essa provação, o ministro das infraestruturas e da habitação respondeu. “O secretário-geral é um brincalhão”, disse.
Não duvidando do sentido de humor do primeiro-ministro, fiquei na dúvida. A assistência para Temido - "Sim, pode ser sucessora, pode. Daqui a dois anos já tem tempo de militância suficiente para concorrer a líder do PS", disse ao Observador - pareceu assunto sério e nem a ministra vacilou na hora de receber a bola. "O futuro é uma coisa que é sempre ampla e nunca se sabe o que nos pode trazer", disse, quanto mais não fosse para lembrar que as melhores jogadas nem sempre se fazem na primeira montra.