segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Ações de Biden ecoam ao isolacionismo e populismo de Trump

# Publicado em português do Brasil

Johnny Luk* | Aljazeera | opinião

Se os aliados dos EUA pensavam que a era do populismo ao estilo de Trump havia acabado, as últimas semanas destruíram essa impressão. Quando se tornou presidente, Joe Biden - eleito sob a premissa de ser um estadista calmo e experiente - declarou: “A América está de volta”. Mas não me senti assim.

O mandato de Trump como presidente foi profundamente prejudicial às relações internacionais, com muitos líderes mundiais considerando a formulação de políticas dos EUA imprevisível na melhor das hipóteses, e imprudente na pior. Isso foi visto com mais destaque na forma aleatória e caótica como as decisões políticas foram anunciadas nas redes sociais, no manejo incorreto da pandemia COVID-19, na eliminação de acordos cuidadosamente negociados, como o acordo nuclear com o Irã e na forma como muitos aliados e instituições anteriormente confiáveis, como a UE e a OTAN, foram alienados.

As políticas de Trump definiram a barreira muito baixa para seu sucessor reafirmar o status do país como uma superpotência global. Assim, Biden recebeu elogios iniciais por seu tom reconfortante de unidade e por devolver os Estados Unidos à Organização Mundial da Saúde (OMS) e ao Acordo do Clima de Paris, dos quais Trump havia se retirado dos Estados Unidos.

Biscoito da Sorte da China é triturado

# Publicado em português do Brasil

Michael Hudson, Ross Ashcroft | Carta Maior

Com a China se tornando cada vez mais rica, investidores ocidentais querem um bom pedaço. Um desses investidores é um cavalheiro otimista chamado George Soros. Entretanto, os chineses estão conscientes de que com os investimentos ocidentais vem a desigualdade. Assim, com a China pensando em como promover um crescimento econômico adequado, perguntamos: a China vai aprender com os erros ocidentais?

(Esta é a tradução da transcrição da entrevista do economista estadunidense Michael Hudson ao apresentador do programa semanal Renegade Inc, Ross Ashcroft, em Londres)

Ross Ashcroft Michael Hudson, é sempre um prazer tê-lo no Renegade Inc.

Michael Hudson É bom estar de volta. Obrigado por me receber

Ross Michael, estamos com você no momento em que muitas pessoas pensavam que o mundo unipolar poderia ter mantido sua supremacia. No fim, não manteve. O mundo multipolar chegou para ficar. Ultimamente você tem sido mais crítico a George Soros, não menos. O senhor Soros tem lançado insultos sobre várias coisas, mas uma delas é sobre a economia chinesa e porque a BlackRock, entre outros, não deveria ter permissão para investir lá, porque no fim das contas seria prejudicial aos interesses estadunidenses. Você poderia traduzir isso para nós, porque parece muito complicado?

Michael Hudson Bem, o sonho de George Soros é que a China faça o que Yeltsin fez na Rússia – que privatize a economia, realmente a partilhe e deixe investidores estadunidenses assumirem o pedaço mais lucrativo. Desta forma, os investidores estrangeiros seriam capazes de abocanhar lucros da indústria chinesa, do trabalho chinês e a China se tornaria a bolsa de valores queridinha do mundo, assim como a bolsa de valores da Rússia foi a líder na subida das bolsas em 1994-96. A China seria administrada para beneficiar os investimentos dos banqueiros dos EUA. Soros está furioso porque a China não está seguindo a política neoliberal seguida pelos Estados Unidos. Ela segue uma política socialista, querendo manter seu superávit econômico em casa para beneficiar seus próprios cidadãos, não os investidores estadunidenses. Para Soros, isso é um choque de civilizações. A estratégia que ele propõe é sufocar a economia chinesa aplicando sanções contra ela, parar de investir nela a fim de forçá-la a fazer o que o Yeltsin fez para a Rússia.

Ross Vamos ouvir as palavras dele próprio. Ele disse: “A iniciativa da BlackRock põe em risco os interesses de segurança nacional dos EUA e de outras democracias porque o dinheiro investido na China irá fortalecer o regime do presidente Xi, que é repressivo internamente e agressivo no exterior. O Congresso deveria aprovar uma resolução dando poderes à Comissão de Valores Mobiliários para limitar o fluxo de fundos para a China. O esforço tem de ter apoio bipartidário”. Ele não está medindo as palavras, né?

Michael Hudson Ele pensa que a China precisa dos dólares americanos para construir suas fábricas e investir. Ele pensa que de alguma forma a balança de pagamentos da China vai desmoronar sem o mercado dos EUA, sem os investidores dos EUA dizendo ao presidente Xi o que fazer. O governo chinês não teria ideia de onde investir e de como fazer funcionar o ‘livre mercado’, quer dizer George Soros e BlackRock e outras companhias. Ou seja, ele vive no mundo dos sonhos onde outros povos precisam de nós. É como o cara que não percebe que sua namorada não precisa mais dele.

Culpados por nascença

# Publicado em português do Brasil

Ynaê Lopes dos Santos*

Os 150 anos da Lei do Ventre Livre me fizeram pensar no caso do menino Miguel e em como as crianças negras ainda nascem culpadas. No Brasil, meninos e meninas negros não são tão crianças quanto meninos e meninas brancos.

Imagine esta situação: uma criança incomodada, e talvez manhosa, desconfortável num espaço que não lhe pertence. A criança quer a mãe. A criança quer o seu afago, seu colo, sua referência maior no mundo. O que o mundo faz? Uma parte bem representativa deste mundo coloca a criança incomodada e sozinha num elevador. A criança tem 5 anos. Não lê e não escreve ainda. Mal alcança os primeiros botões do elevador. Ela está sozinha. Ela busca a mãe. O elevador para, a criança sai. Ela quer a mãe, ela quer seu lugar no mundo. A criança vê um buraco. O buraco mostra a mãe que ela tanto quer, lá em baixo. A criança cai do buraco. O buraco é fundo, acabou seu mundo...

Nove andares: esse é o tamanho do buraco. A criança morre, sozinha, aos 5 anos, querendo a mãe. Alguém imagina o medo dessa criança? Alguém imagina a dor dessa mãe?

Essa é a história da morte do menino Miguel. No dia 2 de junho de 2020, sua mãe, a doméstica Mirtes Renata, foi trabalhar na casa da patroa – primeira-dama da cidade de Tamandaré, Pernambuco. Mirtes não tinha com quem deixar o filho, pois o Brasil estava em pleno isolamento social em meio à luta contra a covid-19, e levou o filho para o trabalho. Mirtes saiu para passear com o cachorro da patroa, que enquanto isso fazia as unhas. A patroa não quis lidar com o descontentamento de um menino de 5 anos, filho da empregada. A patroa deixou o menino sozinho, e o menino morreu.

Um detalhe que faz toda a diferença: o menino que morreu e sua mãe são negros. Tudo muito triste, tudo desesperador, mas que ganhou contornos de fatalidade.

Sobre a responsabilidade dos intelectuais

# Publicado em português do Brasil

György Lukács [*]

Durante a Segunda Guerra Mundial, muitos esperavam que a destruição do regime hitleriano também erradicasse a ideologia fascista. Mas o que tem sido visto desde o fim da guerra em diante na Alemanha Ocidental indica que a reação anglo-saxônica até mesmo salvou e fomentou as bases econômicas e políticas para um renascimento do fascismo hitleriano. As consequências são sentidas também no campo ideológico. Portanto, a ideologia do hitlerismo representa ainda hoje um problema atual, e não meramente histórico.

Se olharmos para a ascensão do fascismo, vemos a grave responsabilidade que os intelectuais têm na formação da ideologia fascista. Aqui, no entanto, as exceções louváveis são muito poucas.

Gostaria de pedir aos chamados homens práticos que não subestimem as questões ideológicas. Darei apenas um exemplo. Sabemos muito bem como a política hitleriana conduziu com necessidade férrea aos horrores de Auschwitz e Maidanek. Mas não devemos ignorar que um dos fatores que permitiu que esses horrores acontecessem foi a sistemática demolição do princípio da igualdade de todos os homens. Teria sido muito mais difícil levar a cabo a bestialidade organizada do fascismo contra milhões de pessoas se Hitler não tivesse conseguido enraizar nas massas alemãs mais amplas a convicção de que qualquer pessoa que não fosse “de raça pura” não era “propriamente” um homem.

Este é apenas um exemplo entre tantos. Deve apenas demonstrar que uma ideologia reacionária inocente não pode existir. A geração mais velha se lembrará muito bem de certas críticas “elitistas”, acadêmicas, ensaísticas, da crença “vulgar” na igualdade dos homens; e críticas análogas do progresso, da razão, da democracia, etc. A maioria dos intelectuais teve sua parte, de modo ativo ou receptivo, a este movimento. Em um primeiro momento, foram publicados sobre estes temas apenas livros esotéricos, ensaios engenhosos, mas depois, destes derivaram artigos de jornal, panfletos, conversas de rádio, e estes já atingiram um público de dezenas de milhares de pessoas. Finalmente, Hitler tirou destes discursos de salão e de cafés, destas palestras universitárias e ensaios, todo o conteúdo reacionário que poderia servir à sua demagogia de rua. Em Hitler não se encontra uma palavra que não tenha sido dita “em alto nível” por Nietzsche ou por Bergson, por Spengler ou por Ortega y Gasset. A chamada oposição individual é irrelevante do ponto de vista histórico. Que significa um fraco meio protesto de Spengler ou de George contra um incêndio mundial que se contribuiu a propagar com o próprio cigarro?

Patrões contra «aumento irracional» do salário mínimo

Sem surpresas, o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) afirma que o aumento proposto pelo Governo, de 705 euros em 2022, aquém do que os trabalhadores reivindicam, deve ser revisto

Em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, António Saraiva afirmou que não faz sentido manter a meta do Governo para o salário mínimo nacional (SMN), de chegar aos 750 euros apenas em 2023. 

«Sou contra qualquer aumento irracional», declarou o representante dos patrões, insistindo no gasto argumento de que um aumento do SMN «tem que atender à inflação, ao crescimento económico e aos ganhos de produtividade, factores perfeitamente mensuráveis».

A história tem demonstrado que não existe uma correspondência directa entre os ganhos das empresas e os salários de quem cria a riqueza. Veja-se o exemplo da Jerónimo Martins, que em 2015 registou lucros de 333 milhões de euros, mas os quase 90 mil trabalhadores recebiam então um salário médio pouco acima dos 680 euros.

Joana Alegre canta Manuel Alegre

"Como é que eu vou aguentar para não ser uma choradeira?"

Concerto-poema dedicado a Manuel Alegre, sob a curadoria da filha Joana Alegre, vai subir ao palco em Lisboa e em Águeda.

“Espero que este espetáculo seja um vento que vem de tudo o que foi feito na vida do meu pai, no seu tropel do pensamento ". Um vento com a frescura de novos arranjos e muitos artistas da música nacional. O concerto-poema nasce da inevitável relação entre pai e filha, e sobe ao palco esta terça feira, em Lisboa, para repetir só em dezembro, em Águeda.

Uma vontade, quase urgência. Depois de "Lisboa Ainda", o poema escrito por Manuel Alegre para a cidade, em pleno confinamento, depois de juntar a música com as palavras do pai, e de outros se juntarem à canção, Joana Alegre fez-se ao vento: "Ele já foi homenageado em vários registos, mas esta homenagem da música nacional à poesia dele nunca tinha sido feita, e, para mim, a música é uma expressão máxima de emoção, daí a urgência de fazer isto nos 85 anos de vida dele. Queremos fazer isto com ele, na presença dele. E que fique para sempre".

De Berlim a Lisboa

Manuel Carvalho Da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

A Alemanha, país determinante no presente e no futuro da União Europeia (UE), vai ter novo chanceler. Importa analisar-se com atenção a herança que os governos de Angela Merkel nos deixaram, e estarmos atentos à solução que agora for encontrada para formação do novo Governo.

O quadro institucional pelo qual a União se rege foi moldado tendo a estratégia e os interesses da Alemanha no centro. Além disso, a UE não tem políticas externas (comerciais e outras) ou de defesa, verdadeiramente comuns: são os países que as definem.

A Alemanha é o país da UE em melhores condições para puxar pela (re)industrialização e para influenciar as políticas externas, contudo, se se concretizar uma guerra comercial dura entre o "Ocidente" e a China, as suas fragilidades vão aumentar face à sua dependência energética da Rússia e de mercados perante a China. Isto, quando o eixo da geoestratégia e da geopolítica se deslocou para o Pacífico, dando visibilidade a velhos sonhos imperiais, nomeadamente da França, que tudo fará para colocar os cidadãos europeus a pagá-los.

Offshores: Há revelação de portugueses nos “Pandora Papers”

Por enquanto, dos portugueses envolvidos nos “Pandora Papers” surgem citados três: Manuel PinhoNuno Morais Sarmento e Vitalino Canas (na imagem), Aguarda-se que sejam revelados mais, o que é facilmente expectável neste “pobre paraíso à beira-mar plantado”, onde existem vários tipos de justiça. A saber, pelo menos: uma para ricos, outra para políticos, outra para pobres. Comprovado e acreditação popular. (PG)

Guardiola, Shakira, reis e políticos vários. Os nomes dos "Pandora Papers"

O Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação publicou um novo trabalho no qual revela uma lista com mais de quatro centenas de líderes mundiais, políticos e funcionários públicos, bem como uma série de celebridades e outros bilionários.

A lista mais relevante é a que identifica 14 líderes mundiais no ativo que esconderam fortunas de milhares de milhões de dólares para não pagarem impostos, mas há também desportistas como Pep Guardiola, treinador do Manchester City, artistas como Shakira ou a antiga modelo Claudia Schiffer. Entre as pessoas denunciadas destacam-se:

Um trio de políticos portugueses

O mapa dos "Pandora Papers" identifica três políticos portugueses com "segredos financeiros", políticos que o semanário "Expresso", que integra o consórcio ICIJ, diz serem Manuel PinhoNuno Morais Sarmento e Vitalino Canas.

A pesquisa efetuada pelo "Expresso" revela que Nuno Morais Sarmento, atualmente vice-presidente do PSD, foi o beneficiário de uma companhia offshore registada nas Ilhas Virgens Britânicas que serviu para comprar uma escola de mergulho e um hotel em Moçambique; Vitalino Canas teve uma procuração passada para atuar em nome de uma companhia, também registada nas Ilhas Virgens Britânicas, para abrir contas em Macau; e Manuel Pinho era o beneficiário de três companhias 'offshore' e transferiu o seu dinheiro para uma delas quando quis comprar um apartamento em Nova Iorque.

Os paraísos fiscais na Europa

Os portugueses têm um sentimento bastante negativo quando se fala em paraísos fiscais ou "offshores", o que é perfeitamente justificável quando vivemos num país com uma enorme carga fiscal e sem o nível de protecção social garantido por outros estados. Quando pensamos nestes territórios visualizamos logo uma ilha nas Caraíbas, mas esta realidade é bem mais próxima. 

A Ilha da Madeira tem o seu "offshore" e o regime criado em Portugal para captar estrangeiros reformados, isentando-os do pagamento de IRS sobre as suas pensões, é visto por outros países da União Europeia como uma medida típica de um paraíso fiscal.

Na verdade, os países europeus disputam ferozmente a captação de investimento e procuram a todo o custo aumentar a sua receita fiscal, criando regimes e concedendo taxas mais favoráveis a grandes empresas e particulares. Na Europa, há quase um leilão em que cada país procura oferecer melhores condições fiscais do que o vizinho. Os bons resultados de Portugal na captação de reformados não residentes chamaram a atenção de outros países europeus que já estão a preparar uma legislação mais competitiva nesse domínio. 

Pandora Papers, offshores, a Suíça e o resto do mundo

# Publicado em português do Brasil

A mídia em todo o mundo está relatando um novo vazamento de dados. O que a Suíça tem a ver com isso? Os pontos mais importantes explicados resumidamente.

O que são Pandora Papers?

Esses são documentos corporativos que vazaram de um total de 14 escritórios de advocacia em vários paraísos fiscais, como o Panamá ou as Ilhas Virgens Britânicas. Você criou dezenas de milhares de caixas de correio para clientes em todo o mundo. A maior parte da documentação vem da Trident Trust, Alcogal e Asiaciti. No total, são mais de 11,9 milhões de documentos com um volume de quase 3.000 gigabytes. Os documentos mais recentes são de 2020.

Houve mais vazamentos de dados, então por que essa nova divulgação é importante?

Os Panama Papers foram publicados em 2016. Naquela época, políticos de todo o mundo prometiam limpar as empresas de correspondência secreta, inclusive na Suíça. Mas os Pandora Papers agora mostram que isso não aconteceu. Possui empresas de caixa de correio de mais de 300 políticos e altos funcionários de mais de 90 países. Existem mais de 30 líderes atuais e antigos, incluindo reis, presidentes e autocratas. O primeiro-ministro tcheco, por exemplo, está impressionado. Além disso, também há empresas criminosas secretas de lavagem de dinheiro e agentes corruptos no vazamento de dados. Muitas dessas empresas ainda estavam ativas após os Panama Papers de 2016. Andrej Babis , o presidente da Ucrânia Wolodimir Selenski e a ex-amante do presidente russo Vladimir Putin.

Os artigos mais importantes dos Pandora Papers

A Suíça está interessada?

A Suíça está imersa no pântano, ainda mais fundo do que os Panama Papers. Advogados, fiduciários e consultores suíços aconselharam 7.000 empresas offshore em um grande escritório de advocacia somente no Caribe. Em uma lista de vazamentos de dados do Excel em 2018, isso é cerca de uma em cada três empresas neste escritório de advocacia. Os suíços estão entre os autocratas clientes e também pessoas que já foram condenadas por lavagem de dinheiro ou corrupção. ( Leia o artigo sobre clientes sensíveis de consultores suíços aqui. )

O que o novo vazamento tem a ver com o parlamento?

De acordo com os Panama Papers 2016, o Conselho Federal julgou necessário atuar e queria monitorar melhor os advogados. Mas a proposta fracassou em março deste ano. MPs licenciados para exercer a advocacia afirmaram que já éramos “meninos modelo” e que nossas leis eram praticamente “impermeáveis ​​a lacunas”. Os Pandora Papers agora mostram que essa afirmação é falsa.

Qual a origem dos dados?

Uma fonte anônima enviou os dados para o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) em Washington. O ICIJ o disponibilizou para mais de 600 jornalistas em 117 países, que agora estão falando sobre o assunto. O parceiro suíço é o Tamedia Research Desk.

Texto completo em RemoNews (Suíça)

Pandora Papers, enorme escândalo revelado em offshores

Pandora Papers: O maior vazamento de dados offshore de todos os tempos expõe segredos financeiros de indivíduos e empresas ricas e poderosas

# Publicado em português do Brasil

The Guardian

Milhões de documentos revelam negócios e ativos offshore de mais de 100 bilionários, 30 líderes mundiais e 300 funcionários públicos

Equipe de investigação do Guardian

Os negócios secretos e ativos ocultos de algumas das pessoas mais ricas e poderosas do mundo foram revelados no maior tesouro de dados offshore vazados da história.

Com a marca dos papéis Pandora, o cache inclui 11,9 milhões de arquivos de empresas contratadas por clientes ricos para criar estruturas offshore e fundos em paraísos fiscais como Panamá, Dubai, Mônaco, Suíça e Ilhas Cayman.

Eles expõem os assuntos secretos offshore de 35 líderes mundiais, incluindo atuais e ex-presidentes, primeiros-ministros e chefes de estado. Eles também iluminam as finanças secretas de mais de 300 outros funcionários públicos, como ministros do governo, juízes, prefeitos e generais militares em mais de 90 países.

Os arquivos incluem divulgações sobre os principais doadores para o partido conservador, levantando questões difíceis para Boris Johnson enquanto seu partido se reúne para sua conferência anual.

Mais de 100 bilionários aparecem nos dados vazados, bem como celebridades, estrelas do rock e líderes empresariais. Muitos usam empresas de fachada para manter itens de luxo, como propriedades e iates, bem como contas bancárias anônimas. Há até arte que varia de antiguidades cambojanas saqueadas a pinturas de Picasso e murais de Banksy.

Os papéis de Pandora revelam o funcionamento interno do que é um mundo financeiro sombrio, fornecendo uma rara janela para as operações ocultas de uma economia offshore global que permite que algumas das pessoas mais ricas do mundo escondam sua riqueza e, em alguns casos, paguem pouco ou nenhum imposto.

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