segunda-feira, 22 de novembro de 2021

1982, AS BOMBAS ATÓMICAS E OS PLANOS A E B DO LE CERCLE!...

Martinho Júnior, Luanda

…DOS ENREDOS NEOLIBERAIS "QUE ESTAMOS COM ELES", AOS 60 ANOS DO MOVIMENTO DOS NÃO ALINHADOS!...

… AINDA O FARDO DAS HERANÇAS!

Em jeito de apontamento do dia.

No aproveitar, no aproveitar sempre e ainda no reaproveitar, é onde está o ganho que gera o lucro abismal que antagoniza a aristocracia financeira mundial da economia ultraperiférica africana, especialmente quando se torna premente recolher as migalhas caídas no chão e espalhadas em torno da mesa do manjar dos deuses, depois da contínua trituração do corpo inerte de África!...

01- A “Guerra Fria” (um chavão induzido que me recuso a  utilizar por que ainda hoje faz jeito a muitos formatados, inclusive aos interesses e conveniências do “hegemon” unipolar) foi simultaneamente uma armadilha ideológica e prática, assim como um "bluff" tisnado de riscos, de ameaças e do perigo de uso da espada nuclear, razão pela qual, na África Austral, esse tipo de contextos e de conjunturas prolongaram até ao vómito o desespero do "apartheid"!...

África ficou, por causa das vulnerabilidades enxertadas no Movimento dos Não Alinhados (à excepção da revolução cubana o estado de lucidez sofria e sofre, de sensações amnésicas, alienantes, palúdicas, diarreicas e outras), em muitos aspectos “tolhida de dores e demências” ao ser “apanhada entre fogos”!...

Ao perfazer 60 anos, o Movimento dos Não Alinhados por via da manifestação da resistente revolução cubana, contudo prova não só que o Sul Global sempre pretendeu ver-se livre desse "bluff" que socorria um dos períodos mais terríveis da não declarada IIIª Guerra Mundial, mas também prova hoje que a trilha emergente da multipolaridade é possível em horizontes temporais de muito longo prazo, por que tem fermento cultural, tem energia histórica (ainda que energia de baixa tensão) e tem lastro antropológico (por que se estende sem fronteiras a todo o Sul Global e a resistência é assim, desde as origens, em geometria variável)…

… É por isso que a emergência multipolar, que bebe tanto da longevidade do Movimento dos Não Alinhados, vai prevalecer e vencer, à medida da persistência da revolução cubana, do plasma de revoluções que ela fez medrar (por exemplo a Venezuela Bolivariana e a Nicarágua Sandinista) e das geometrias variáveis de tão difícil interpretação para o “hegemon” unipolar!...

Cuba na charneira acaba de caucionar ideologicamente e pela prática (desde os anos 90 do século passado, desde o “período especial”) algumas intervenções lapidares quando o Movimento dos Não Alinhados acaba de cumprir 60 anos!...

A revolução cubana prova assim, substantivamente, que é farol e património imprescindível para toda a humanidade! 

Depois da Somália, do Sudão do Sul e do Sudão, o caos estende-se à Etiópia...

...e em breve à Eritreia

Thierry Meyssan*

O Embaixador dos EUA, Jeffrey Feltman, supervisiona a extensão da doutrina Cebrowski ao Corno de África. Depois de ter lançado o fogo ao Sudão, ele atira-se à Etiópia e sanciona a Eritreia. Os Tigrinos (um povo etíope) servem, sem se dar conta, a estratégia de Washington ao mesmo tempo contra estes Estados e contra a União Africana.

Comissão eleitoral nacional etíope adiou as eleições legislativas de Setembro de 2020 devido à epidemia de Covid. A TPLF (principal Partido político Tigrino) decidiu contudo organizar eleições na sua região do Tigré, fazendo assim, claramente, secessão do resto do país. Evidentemente, o Governo Federal não reconheceu essas eleições. A prova de força deu início à guerra civil.

A Etiópia conta 110 milhões de habitantes, dos quais somente 7 milhões de Tigrinos.

Num ano, funcionários da TPLF e outros do Governo Federal cometeram crimes de guerra sem que se saiba se os perpetraram por sua iniciativa ou a instruções das suas autoridades (seriam então qualificados como « crimes contra a humanidade »). Claro, as zonas de fome aumentam e os massacres multiplicam-se.

Como sempre, cada campo acusa o outro do pior sem considerar que outros protagonistas podem estar a jogar um papel. Ora, se se perguntar: « A quem aproveita o crime? », Devia responder-se: « Aos que esperam fracturar um pouco mais o país ».

A aniquilação das estruturas estatais no Corno (Chifre-br) de África é o objectivo do Pentágono depois de ter destruído as estruturas estatais no Médio-Oriente Alargado. Assistiu-se já à destruição do Sudão (dividido em 2011 em Sudão, propriamente dito, e Sudão do Sul) e à da Etiópia (dividida em 1993 em Etiópia, propriamente dita, e Eritreia). Esses dois países passam hoje em dia por novas guerras civis que deverão levar a novas divisões.

Dirigindo o baile, o diplomata norte-americano Jeffrey D. Feltman organizou primeiro, durante dez anos, a guerra na Síria —quer dizer, o financiamento e o armamento dos jiadistas— [1], antes de se tornar no enviado especial do Presidente Joe Biden para o Corno de África. A sua intervenção, em 1 de Novembro de 2021, perante o “think-tank” do Pentágono, o U.S. Institute of Peace (equivalente à Secretaria da Defesa naquilo que é a National Endowment for Democracy —NED— [2] e na Secretaria de Estado) retoma igualmente uma retórica que foi desenvolvida sucessivamente contra o Afeganistão, o Iraque, a Líbia, a Síria, o Iémene e o Líbano.

Desde já, os Estados Unidos repatriam os seus cidadãos e só conservam no local o pessoal mais indispensável à sua embaixada. As agências de notícias ocidentais difundem informações dando a crer que Addis Abeba será brevemente conquistada, marcando o fim da Etiópia e da União Africana, a qual aí tem a sua sede.

O silêncio dos grandes meios à viagem de Lula à Europa é um escárnio

# Publicado em português do Brasil

Roberto Amaral | Pátria Latina

Toda sociedade que se preza (como EUA, Rússia, China e Cuba) tem sua própria visão de mundo, de que decorre a projeção e defesa  de seus interesses; são países  detentores daquilo que alguns chamam de “caráter nacional”, uma  autoidentidade definidora do papel que a nação soberana decide desempenhar no jogo dos blocos econômicos e militares. 

São  países que possuem  pauta própria, atores históricos assistidos por classes dominantes servidoras da sociedade e do projeto de país. Não é o caso brasileiro, como se vê. Nossas chamadas elites são forâneas e alienadas, descomprometidas com a construção de um projeto de país, reprodutoras dos valores e dos interesses da potência hegemônica. Falta-lhes tudo, mas falta-lhes principalmente o sentido de pertencimento a uma ordem comum. Não se identificam com o país, muito menos com seu povo. Essa elite aculturada nos governa em todos os campos da atividade humana: nos negócios, na política, nos partidos, num congresso desfibrado à mercê do centrão, num judiciário paquidérmico e classista, numa academia que não enxerga um palmo adiante do nariz, insensível ao Brasil real que tenta sobreviver do lado de fora de seus muros.

Quem não tem luz própria é levado a reproduzir os valores, a ideologia, os interesses das forças hegemônicas.  Neste quadro, destaca-se o papel dos grandes meios de comunicação, no Brasil um decadente oligopólio empresarial a serviço do monopólio ideológico, instrumento da dominação de classe. O mundo de sua percepção, aquele que traz para os lares brasileiros, é o mundo das grandes redes de comunicação europeias e norte-americanas, que assim nos ditam simpatias e antagonismos, em função da geopolítica do comércio e da guerra. No frigir dos ovos é o Departamento de Estado dos EUA que decide o que a imprensa brasileira deve pensar e transmitir sobre seus adversários e aliados. Mediante suas lentes é que olhamos para a China, para a Rússia, para a Ásia e o Oriente, para palestinos e judeus, para nossos vizinhos.

E, ainda, é por esse filtro que nos vemos a nós mesmos.

Eleições entre o “Bolsonaro Chileno” e o ex-líder estudantil da aliança de esquerda

Chile terá uma segunda volta entre Kast e Boric

Eleitores confirmam a fuga ao centro e aos partidos tradicionais, dividindo-se entre o "Bolsonaro chileno" e o ex-líder estudantil cuja aliança de esquerda inclui o Partido Comunista.

José Antonio Kast, do Partido Republicano, conhecido como o "Bolsonaro chileno", e Gabriel Boric, antigo líder estudantil nos protestos de 2011 que lidera a candidatura de uma aliança de esquerda, que inclui o Partido Comunista, vão disputar a segunda volta das presidenciais no Chile.

Os primeiros resultados das eleições deste domingo confirmam a tendência que as sondagens já apontavam.

A 19 de dezembro haverá assim uma escolha entre dois extremos, com os eleitores a confirmar o descontentamento com as alianças de centro-direita e centro-esquerda que têm governado o Chile. O sucessor do presidente Sebastián Piñera toma posse a 11 de março.

Com quase 60% dos votos contados, Kast tinha 28,5% dos votos e Boric tinha 24,7%. À medida que os votos são contados tem vindo a diminuir a diferença entre os dois. Boric, que tem apenas 35 anos, será o mais jovem presidente do Chile se ganhar.

PSUV É O GRANDE VENCEDOR NAS ELEIÇÕES REGIONAIS VENEZUELANAS

O Grande Pólo Patriótico, em que é predominante o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), saiu vitorioso em 21 das 24 entidades federais do país, anunciaram as autoridades eleitorais.

De acordo com o primeiro boletim emitido pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), apresentado este domingo, com 91,21% do sufrágio contabilizado, os chavistas são os grandes vencedores das eleições regionais e municipais ontem celebradas no país sul-americano.

O presidente do CNE, Pedro Calzadilla, indicou que neste 21 de Novembro voltou a «impor-se o espírito democrático do povo venezuelano» e informou que, até ao momento, a participação se situa nos 41,8% da população com direito a voto (8 151 793 eleitores votaram).

Considerando a jornada como «extraordinária» e um «êxito», o chefe do órgão eleitoral afirmou que esta «decorreu sem factos notáveis que tirem o mérito, a vitalidade e a força do processo eleitoral, que é submetido a um amplo esquema de 16 auditorias, que são avaladas por técnicos e especialistas de partidos e observadores internacionais», informa a Prensa Latina.

Portugal | “COM A SUA LICENÇA, SENHORA”

José Soeiro | Expresso | opinião

“Proletários de todos os países, quem lava as vossas meias?”, questionaram, na década de 1960, as feministas francesas. Há muitas perguntas que a história das experiências subalternas ou invisibilizadas nos obriga a fazer

A 19 de novembro de 1921, faz agora 100 anos, o Governador Civil de Lisboa pôs-se em fuga para o Brasil. O motivo? A luta das empregadas domésticas da capital contra um humilhante livrete que as obrigava a apresentar-se na polícia, recolher impressões digitais, registo criminal e outros documentos. A contenda começara quando, em maio daquele ano, o anúncio dessa obrigação pôs em polvorosa as 35 mil “criadas” de Lisboa, que não aceitavam ser tratadas como “mulheres de má vida” e assaltadas pelas taxas para obter o livrete. Em junho, numa assembleia com 300 mulheres, é fundada a Associação de Classe das Empregadas de Hotéis e Casas Particulares. Em poucos dias, a associação angaria mais de 3.500 sócias e abre várias delegações pelo país. Convoca-se então uma greve. Uma das líderes da associação é detida. Algumas trabalhadoras voltam às suas aldeias de origem. Nas casas dos patrões, o pavor do trabalho por fazer. Durante semanas, as empregadas de Lisboa resistem à repressão. Naquele mês de novembro de 1921, na sequência da sua primeira greve, as empregadas acabam por ganhar a luta contra o livrete. Mas queriam mais: respeito pelo seu trabalho e criar escolas e bibliotecas, fazer palestras e brochuras, tudo o que servisse para consciencializar a classe.

É a partir deste episódio real e praticamente esquecido que a atriz, dramaturga e encenadora Sara Barros Leitão decide contar-nos, no tempo que demora o ciclo de lavagem de uma máquina de roupa, a história recente do trabalho doméstico no nosso país. O “ Monólogo de uma mulher chamada Maria com a sua patroa ”, a sua mais recente criação, não começa, todavia, na narrativa de há um século. Antes disso, é a invisibilidade destas tarefas que é levada à cena, reivindicando a nossa atenção, o nosso olhar, o nosso tempo, para esse trabalho em que tão pouco se repara, mas sem o qual o resto não seria possível. Desvelando, afinal, o espaço estético, também ele, como espaço de trabalho. Exigindo demoradamente, com os movimentos minuciosos e repetitivos de uma mopa ou de uma esfregona, que não deixemos de perguntar “quem limpa o mundo?”. O das artes, mas não só.

PSD | As segundas piores diretas. Até Passos sozinho teve mais eleitores

Desinteresse ou dificuldades no pagamento de quotas? Em 34 dias, mais de 28 500 militantes regularizaram a situação, mas os agora pouco mais de 46 mil eleitores são o segundo pior número de inscritos desde que há diretas. Porto subiu e Lisboa perdeu 

"Se [a escolha do líder e candidato a primeiro-ministro] não mobiliza os militantes, como há de mobilizar o país?" A dúvida expressa por um antigo dirigente social-democrata encontra respaldo nos números: as eleições diretas de dia 27 de novembro "são as segundas, em dez diretas, com menos militantes disponíveis para ir às urnas sociais-democratas; pior só quando [Luís] Montenegro defrontou Rio". Nessas eleições, em janeiro de 2020, havia 40 628 militantes com quotas pagas regularizadas, agora há 46 026. Quase igual [46 430] só nas diretas de 2014, mas nessa altura Pedro Passos Coelho não tinha adversários.

Nas restantes eleições, o valor esteve sempre acima dos 50 mil e só em dois momentos ultrapassou a fasquia dos 77 mil: em 2008, no embate entre Manuela Ferreira Leite, Pedro Passos Coelho, Pedro Santana Lopes e Patinha Antão; e em 2010, na disputa entre Castanheira Barros, José Pedro Aguiar-Branco, Paulo Rangel e Pedro Passos Coelho.

Quando Paulo Rangel foi ao conselho nacional, a 14 de outubro, anunciar a decisão de concorrer à presidência do partido [no dia seguinte fez a apresentação oficial] só cerca de 17 500 militantes tinham as quotas em dia. Por essa altura, a data das eleições do PSD ainda era 4 de dezembro, o Orçamento do Estado ainda andava a ser negociado e Marcelo Rebelo de Sousa tinha anunciado na véspera, a 13 de outubro, pela primeira vez, que um chumbo do OE 2022 teria consequências imediatas: dissolução do parlamento e eleições em janeiro.

E ESTA, HEIN?

Rui Sá* | Jornal de Notícias | opinião

Separados há alguns anos, decidiram agora formalizar amigavelmente o divórcio. Pesquisaram na net como e onde o fazer. Constataram que o processo era fácil e estava bem explicado nos sítios oficiais, designadamente no Justiça.gov. Verificaram que era possível fazer o agendamento através do portal do Instituto dos Registos e do Notariado (IRN). E assim fizeram, para a primeira data disponível - para daí a uma semana, o que se pode considerar um prazo bem aceitável. Assim o fizeram e a coisa funcionou bem: receberam um email a comunicar a marcação, confirmaram-na e passaram a ter um código da marcação.

Na data e hora agendada dirigiram-se à Conservatória do Registo Civil do Porto e tiveram o primeiro percalço: perante as dúvidas sobre a senha a tirar, a rececionista, solícita, recomendou que tirassem a dos "divórcios" e se dirigissem à secção respetiva. Passados trinta minutos depois da hora previamente agendada, foram atendidos. Informaram que tinham agendado, ao que o funcionário respondeu que não tinha nenhum agendamento. Encheram-se de brio e mostraram, no telemóvel, o email que tinham recebido do IRN a confirmá-lo. A resposta desarmou-os: esse sistema não funciona; ou antes, funciona, mas não comunica com a conservatória, pelo que os respetivos funcionários não têm acesso a esses agendamentos... E, perante a gargalhada dos interlocutores, o funcionário referiu que um casal tinha marcado, pela mesma via, o casamento, tinha lá chegado com as roupas de gala e com convidados e nada estava pronto porque a conservatória desconhecia o agendamento...

As vacas, afinal, ainda não voam, Dr. António Costa!...

*Engenheiro

DEMOCRACIAS ESTÃO A REGREDIR E O MUNDO ESTÁ MAIS AUTORITÁRIO


O documento mostra ainda que o número de países em transição para o autoritarismo superou, em 2020, o número daqueles que estão a avançar em direção a uma democracia.

Relatório Global sobre o Estado da Democracia, divulgado esta segunda-feira, revela que o mundo está a tornar-se mais autoritário e que os governos democráticos estão a retroceder, recorrendo a práticas repressivas e enfraquecendo o Estado de Direito.

O relatório - do Instituto Internacional para a Democracia e Assistência Social (International IDEA), com sede em Estocolmo - mede o desempenho democrático de 158 países desde 1975 e procura fornecer um diagnóstico sobre o estado das democracias em todo o mundo.

A versão deste ano, mostra que o número de Estados democráticos onde se verificaram retrocessos nos parâmetros avaliados duplicou na última década, incluindo países como os Estados Unidos e alguns países da União Europeia, como Hungria, Polónia e Eslovénia.

Perante esta situação, o relatório revela que mais de dois terços da população mundial vive, neste momento, em democracias em retrocesso ou em regimes autocráticos.

NOS BASTIDORES DE GLASGOW -- Fiori

Na imagem: Imagem: “Políticos discutindo aquecimento global”, de Isaac Cordal (Berlim, Alemanha)

As disputas reais e as narrativas na COP-26. Conferência expôs mundo tensionado e sem liderança, cuja égide não é o multilateralismo, mas o estilhaçamento. Só novo cenário permitirá encarar transição energética e luta contra desastre climático

# Publicado em português do Brasil

José Luís Fiori* | Outras Palavras

Não há como negar o desencanto provocado pela Conferência Mundial do Clima (COP 26), realizada na cidade de Glasgow, na Escócia, no início deste mês de novembro. De um lado, há os que elogiam o compromisso de zerar o desmatamento, reduzir a emissão do gás metano, regulamentar o mercado mundial de carbono, e até a menção, no documento final de reunião, da necessidade de reduzir o uso do carvão e dos combustíveis fósseis, com vistas ao objetivo consensual de limitar o aumento da temperatura global em 1,5ºC até o final do século, em relação ao seu nível anterior à “era industrial”. Do outro lado, estão os que criticam a falta de avanço com relação ao tema da “justiça climática”, ou seja, a compensação financeira dos países mais pobres que já sofrem os efeitos do aquecimento global produzido pelo desenvolvimento dos países mais ricos, ou que não têm condições de abrir mão de seus produtos que contribuem para o aquecimento global, mas que são necessários – neste momento – para seu próprio desenvolvimento econômico.

Além disso, não foram definidas metas claras, nem foram estabelecidos ou criados mecanismos de controle e governança global da questão climática. Tudo isto é verdade, todos têm algum grau de razão, e não há como arbitrar esse debate de forma conclusiva. Mas o verdadeiro motivo do desencanto, ou mesmo da sensação de fracasso da COP 26, não tem a ver com seus acordos e compromissos técnicos e políticos; tem a ver com a falta de “densidade política” de uma conferência que foi esvaziada e não contou com nenhuma liderança capaz de se sobrepor à fragmentação e à hostilidade existentes no sistema internacional, marcado por um movimento simultâneo e paralelo de todas as potências que poderiam ou deveriam liderar esse grande projeto de “transição energética” e “revolução verde” da economia mundial.

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