Paulo Baldaia* | TSF | opinião
A ideia de que o país pode acordar no dia 31 de janeiro e ter como solução mais sustentada um governo de esquerda com Pedro Nuno Santos a liderar uma geringonça não é descabida, estava em todas as análises e só não tinha entrado no debate entre os protagonistas destas eleições. Foi, aliás, António Costa que convocou esse fantasma, ao admitir que, se os militantes do PS quisessem, o ministro das Obras Públicas podia ser líder do PS e sentar-se na secretária que ele tem na residência oficial de São Bento. Rui Rio limitou-se, portanto, a dizer que o rei vai nu.
A verdade, no entanto, é que os perigos que ontem foram agitados no debate não são assim tão perigosos. Nem Pedro Nuno deverá ser primeiro-ministro sem se apresentar a eleições, nem a classe média acabará por pagar mais pelo Serviço Nacional de Saúde. Vamos por partes:
Se o PSD vencer as eleições mas a
maioria se mantiver à esquerda, Costa deixará de ser secretário-geral do PS,
que terá de escolher um novo líder. Com um alto grau de probabilidade, a
escolha recairá
Quanto ao fantasma que o líder do PS trouxe para o debate, o que assusta a classe média cansada de pagar muitos impostos e não ter serviços públicos de acordo com o que paga, é fantasma de perna curta. Não se trata de nenhuma proposta inscrita no programa do PSD, mas sim uma proposta que faz parte da revisão constitucional que só pode avançar se o PS permitir, porque só se muda a Constituição se PS e PSD estiverem de acordo. O que sabemos a propósito do SNS é que ele esteve irrepreensível a tratar a Covid, mas abriu o flanco deixando de tratar muitos doentes não Covid. O SNS está doente e precisa que os dois principais partidos se entendam sobre a forma de o curar.
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