quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Portugal | PS PROMETE AGORA O QUE RECUSOU HÁ TRÊS MESES

O PS apresentou o seu programa eleitoral com promessas, nomeadamente de aumento do salário mínimo nacional e de redução do horário de trabalho, que recusou negociar recentemente.

António Costa e Mariana Vieira da Silva foram os rostos da apresentação do programa eleitoral do PS, esta segunda-feira, em Lisboa, com os socialistas a anunciarem o objectivo de o salário mínimo nacional (SMN) «atingir, pelo menos, os 900 euros em 2026». O que não deixa de ser curioso, se se recordar que foi a intransigência do Governo em relação ao aumento do SMN um dos motivos fundamentais para o chumbo do Orçamento do Estado e a convocação de eleições antecipadas.  

Nessa negociação, o PCP partiu de uma proposta de aumento do SMN para 850 euros, acabando por admitir a possibilidade de começar o ano de 2022 com um valor de 755, sem que António Costa abandonasse a proposta inicial de 705 euros, que manteve desde Março de acordo com a preferência também os patrões, aparecendo agora a promessa do PS, de atingir, «pelo menos», os 900 euros em 2026.

Entretanto, mostrando que a proposta comunista não era despropositada, empresas como a JF Almeida ou a Caves São Domingos anunciaram aumentos do salário mínimo a variar entre 740 e 800 euros.

Outras promessas eleitorais apresentadas pelo PS prendem-se com as chamadas «novas formas de equilíbrio dos tempos de trabalho» e as «alterações legislativas para a Agenda do Trabalho Digno», nomeadamente com a possibilidade de reduzir o horário de trabalho «em diferentes sectores» através da introdução das «semanas de quatro dias».

Isto apesar de o PS ter vindo a chumbar sucessivamente propostas do PCP, como a redução geral do horário de trabalho para as 35 horas semanais, sem perda de direitos, o combate à desregulação de horários ou a consagração de 25 dias úteis de férias para todos os trabalhadores. Talvez por isso, comece a ganhar força a ideia de que o PS não queria encontrar soluções, mas sim eleições.

AbrilAbril | Imagem: Manuel de Almeida / Lusa

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