Uma menina muito bela estava na idade de casar e um dia apareceu na aldeia um gigante do Chitado a pedir a sua mão. Combinado o casamento, ela foi viver nas montanhas do Othinjau com o esposo.
A casa era um covil sujo e mal cheiroso. Com o gigante viviam monstros que o ajudavam a caçar e pastorear o gado. Um dia, o gigante foi em viagem para as terras além Cunene e disse aos monstros que tomassem conta da sua bela mulher.
Mal o gigante partiu, os monstros levaram-na para o mato. Quando encontraram um enorme imbondeiro, fizeram uma escada e puseram-na lá no alto. Depois desceram, desfizeram a escada e regressaram ao covil.
A bela mulher ficou três dias e três noites no alto do imbondeiro, chorando a sua má sorte. Ao fim da tarde, os pássaros vinham dormir nos ramos e cantavam alegremente para se despedirem do Sol. Ao amanhecer, voltavam a cantar e depois partiam em busca de comida. Mas além da música alegre do seu canto, os passarinhos lançavam os seus excrementos para cima dela.
Como se sentia muito suja, começou a chorar. O seu choro atraiu a vaca Nambulu, do grande rebanho do gigante, que ouviu da bela mulher tudo o que aconteceu.
Lá longe, o gigante tinha terminado a viagem e regressou ao seu covil. Ainda não se tinha sentado para descansar, os monstros aproximaram-se dele, fingindo tristeza:
- A tua bela mulher fugiu. Nós fomos atrás dela mas não a encontramos. Foi comida pelas hienas.
- O gigante rugiu palavras feias e pôs os monstros de castigo, porque não guardaram com zelo a sua esposa.
No imbondeiro, a vaca Nambulu ficou comovida quando ouviu a história da mulher e pôs-se a mugir, chamando o dono e todos os pastores que andavam na região.
A infeliz mulhder então cantou:
Nambulu o teu mugido
É melodioso e elegante
Vaca do meu marido gigante!
Quem me dera ordenhar Nambulu
Regressar ao mundo
Encher o tarro de leite fresco!
Quem me dera mungir Nambulu
Com a quimbala do leite!
A vaca Nambulu continuou a berrar até que os pastores a ouviram. Vieram de perto e de longe, chamados pelo choro do animal. Todos viram a bela mulher no alto do imbondeiro, coberta de excrementos dos pássaros. Então fizeram uma escada e foram libertá-la das alturas onde os monstros a aprisionaram.
Os pastores ordenharam a vaca Nambulu e com o leite fresco lavaram a mulher libertada de todos os excrementos. Ficou limpinha e cheirosa. Então conduziram-na ao covil do gigante seu marido.
Quando ele viu a esposa soltou urros furiosos. Os seus gritos irados ouviram-se desde a Cahama até ao Calueque! Os monstros, que andavam a pastorear o gado perto do Otchinjau, ouviram os urros irados do amo e fugiram para longe, desaparecendo para sempre.
Algum tempo depois a vaca Nambulu teve duas crias, ainda mais belas do que a bela mulher do gigante. A beleza é filha da liberdade.
Okangano kandye…tepa! Assim acaba a minha historinha!
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