terça-feira, 10 de maio de 2022

O SONHO DA EUROPA E O CÃO PATRON – Artur Queiroz

Patron, o cão condecorado por Zelensky. Herói de guerra, obrigatoriamente nazi sem saber

Artur Queiroz*, Luanda

Uma pitada de História não faz mal a ninguém, nem sequer ao senhor Macron ou à cúpula da União Europeia, um cartel falido e ideologicamente em recuperação do nazismo. A queda do III Reich devido à derrota das suas forças armadas na Frente Oriental (União Soviética) só foi possível porque o Exército Vermelho avançou vitoriosamente desde Leninegrado até Berlim. Hitler terminou nesse dia os seus crimes contra a Humanidade. Os generais alemães assinaram a capitulação em Berlim, ante o comando das tropas soviéticas. Tomem nota: 9 de Maio 1945.

Uma das potências vencedoras da II Guerra Mundial foi a França. Como até os “guardiens de la paix” sabem, a Resistência tinha como força principal o Partido Comunista Francês, fundado em 1920, como Secção Francesa da Internacional Comunista. Os comunistas franceses estiveram sempre na primeira linha dos partisans contra os ocupantes nazis. A luta contra a ocupação  nazi deu-lhes tanto prestígio que o partido ganhou as primeiras eleições democráticas do pós-guerra, em 1945. E até o estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) institucionalizar a Guerra Fria, os comunistas fizeram sempre parte do governo de França.

Senhor Macron, senhora Úrsula, senhor Charles Michel, senhor Borrel! Os comunistas, de Leninegrado até Paris, foram a força principal que derrotou os nazis do III Reich. Sem o Dia da Vitória (9 de Maio) hoje ninguém estava a comemorar o Dia da Europa. Porque não existia. Não foram os banqueiros que derrotaram hordas nazis. Não foram os cavalheiros da indústria. Não foram os bons burgueses vergonhosamente colaboracionistas. Não foram os traidores que aplaudiram a ocupação de Paris. Foram os comunistas. Já se esqueceram de Jean Moulin?

O estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) e as grandes potências ocidentais desencadearam campanhas anticomunistas em todo o mundo, logo a seguir à capitulação da Alemanha nazi. Nos anos 60, na Indonésia ocorreram massacres contra os comunistas. Ainda hoje, os suspeitos de defenderem a ideologia comunista arriscam 20 anos de prisão. Na Coreia do Sul, a Lei da Segurança Nacional impõe pesadas penas de prisão aos comunistas e até a quem exibir os símbolos do comunismo. 

Na Roménia, depois de 1991, foi aprovada uma lei que pune com dois a sete anos de prisão, quem se manifestar a favor do comunismo. Por isso, o país aderiu rapidamente à União Europeia. Na Ucrânia, depois do golpe de estado de 2014, foram aprovadas ”leis anticomunistas”. Todos os partidos que defendem a ideologia comunista foram ilegalizados. Quem defende o comunismo  leva cinco anos de prisão. Não é preciso muito, basta que um vizinho aponte o dedo. O senhor Zelensky aprovou uma lei que iguala o comunismo ao nazismo e proíbe os símbolos comunistas. A Letónia, em 2008, e a Lituânia, em 2013, proibiram os partidos comunistas e aprovaram leis que punem com pesadas penas quem exibir os símbolos do comunismo. Bruxelas abriu-lhes logo as portas do cartel falido.

Hoje a senhor Úrsula, presidente da Comissão Europeia, disse que a Europa é um sonho. Alguém se esqueceu de dizer à patroa do Partido Popular Europeu (nazis misturados com filhotes de nazis) que a inflação está a galopar desalmadamente, comendo os salários de quem trabalha, os quais já são rastejantes. No Reino Unido a inflação está ao nível da do Ruanda. Nos EUA já se fala em nova “grande depressão”. Um pesadelo. Outro pesadelo é Mariupol. As tropas da Federação Russa não matam os militares refugiados na fábrica de aço. Querem apanhá-los à mão. Vai ser bonito. Oficiais da OTAN (ou NATO) da França, Reino Unido, EUA e Canadá estão lá dentro. E vão ser organizadas visitas guiadas ao laboratório de armas biológicas num dos andares profundos do complexo fabril. Viva o Dia da Europa!

O valente Zelensky comemorou, sozinho, em Kiev, o Dia da Vitória, para dizer ao mundo que não é nazi. Porquê sozinho? Porque a população está proibida de sair à rua. O poder nazi teme as manifestações da oposição no dia em que a Humanidade se libertou do nazismo. Mas ontem o senhor presidente da Ucrânia condecorou o cãozinho Patron, porque já descobriu 200 minas. Propaganda abaixo de cão!

Em Odessa a mistificação foi ainda mais grave. Os nazis proibiram os habitantes da cidade de saírem de casa, até amanhã às seis da manhã. Porque sabiam que muita gente ia comemorar o Dia da Vitória. Os moradores foram aferrolhados em casa. Prisioneiros. Mas o nazi Charles Michel, do Conselho Europeu, foi à cidade “dar apoio”. Aos nazis, claro. Sozinho nas ruas, com os seus criados. É gente desta que está à frente da Europa.

O presidente Putin disse hoje algo que devia pôr todos os líderes políticos a pensar. A Federação Russa propôs um sistema de segurança “igual e indivisível” para todo o mundo. Ninguém respondeu. Pelo contrário, a OTAN (ou NATO, a União Europeia e o estado terrorista mais perigoso do mundo preparavam, à socapa, a invasão das repúblicas separatistas e a Crimeia. “Tivemos de desencadear uma acção preventiva à agressão, foi uma decisão forçada, oportuna e certa”, disse Putin aos seus compatriotas. A russofobia avança imparável. Sabemos porquê. A agenda da Ucrânia, segundo o seu ministro das Relações Exteriores, é armas, armas, armas. A agenda de Biden, da OTAN (ou NATO)e da União Europeia é guerra, guerra, guerra. Eles lá sabem porquê.

Quem não sabe nada de nada é o deputado da UNITA Alcides Simões, mas que prefere ser conhecido por Sakala. Publicou hoje umas garatujas no Novo Jornal onde dá livre prática ao seu analfabetismo, à sua ignorância política e ao seu ódio a quem lhe salvou a vida quando, piolhoso e em estado de putrefacção adiantado, foi apanhado numa mata no Moxico. Quem fez daquele bicho peçonhento gente,  é alvo do seu ressentimento. 

Sakala Simões diz que em 1974, MPLA, FNLA e UNITA eram três movimentos de libertação reconhecidos pela OUA (hoje União Africana). O piolhoso está enganado. A UNITA não tinha o estatuto de movimento de libertação. Porque Savimbi fez da organização uma unidade millitar ao serviço das tropas colonialistas. Ele não sabe estas coisas porque só aderiu à UNITA precisamente em Dezembro de 1974. Nessa altura era mais para o bufo do que para o galo.

Sakala Simões também diz que o MPLA expulsou a FNLA e a UNITA de Luanda, em 1975. É mentira e grave. Jonny Pinock Eduardo e José Ndele, representantes da FNLA e da UNITA no Colégio Presidencial, foram aos microfones da Emissora Oficial de Angola (RNA) e apelaram ao “povo do norte” e ao “povo do sul” para abandonarem Luanda e irem para as suas terras de origem. Causaram uma catástrofe humanitária! A verdade é esta: O MPLA expulsou de Luanda as tropas zairenses, que cometiam assassinatos nas ruas de Luanda e toda a espécie de desmandos, ao serviço da FNLA. Sem as costas quentes datropa de Mobutu, os membros do da FNLA e da UNITA no Governo de Transição decidiram partir. Pelo seu pé, ninguém os obrigou.

Por fim, deixo uma proposta. O nosso Dia da Paz devia passar a Dia da Vitória. É mais abrangente, mais inclusivo e sobretudo mais autêntico. Tenho muitas dúvidas quanto ao amor da UNITA pela Paz. O nosso Dia da Vitória é a 4 de Abril. A UNITA, mesmo que os seus dirigentes e militantes não queiram, também ganharam. E muito! Libertaram-se do criminoso de guerra Jonas Savimbi e seus sicários. Pensem nisso.

*Jornalista – 09.05.2022

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