segunda-feira, 4 de abril de 2022

FRATERNIDADE RASTEJANTE

A geração actual dos dirigentes europeus, sem qualquer excepção, é a mais acéfala de sempre perante Washington, a ponto de deixar as populações do continente à mercê de uma estratégia aventureirista.

José Goulão* | opinião

Comecemos com algumas citações.

Petro Poroshenko, ex-presidente da Ucrânia (2014-2019): «Nós teremos trabalho, eles não; teremos pensões, eles não, teremos apoio para as pessoas, crianças e pensionistas, eles não; as nossas crianças irão para escolas e jardins de infância, as crianças deles irão para os abrigos».

Discurso em Odessa, Maio de 2015. «Eles» são os habitantes da região ucraniana do Donbass e o quadro traçado «é o que acontecerá quando ganharmos esta guerra», ou seja, a operação de punição e genocídio lançada pelas tropas do regime ucraniano e os seus destacamentos nazis contra a população do Leste do país, de maioria russófona – que provocou pelo menos 14 mil mortos entre 2014 e 2021.

Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia: «Existem heróis indiscutíveis: Stepan Bandera é um herói para certa parte dos ucranianos, o que é uma coisa normal e legal. Ele foi um dos que defenderam a liberdade da Ucrânia».

Stepan Bandera, agora consagrado oficialmente como «herói da Ucrânia», foi o chefe da organização nazi OUN/UPA, constituída segundo o modelo das SS e que colaborou com as tropas invasoras de Hitler nos massacres de milhares de polacos, judeus e resistentes soviéticos; aconteceu em 1941, ano em que o avô da presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, foi um dos oficiais alemães que conduziu essas chacinas na Ucrânia soviética. Bandera igual a liberdade, eis o conceito que o Ocidente apoia desde 2014 na Ucrânia.

Josh Cohen em publicação do Atlantic Council, think tank associado à NATO: «A Ucrânia tem um problema real com a violência de extrema-direita (e não, isto não é uma manchete do RT). Parece coisa de propaganda do Kremlin mas não é».

Entretanto, o presidente dos Estados Unidos da América, Joseph Biden, deslocou-se à Europa para dirigir uma cimeira da NATO, um encontro do G7 e uma reunião do Conselho Europeu. Como faz um imperador para dar ordens aos seus suseranos, disponíveis e prontos para cumprir o que lhes for recomendado

No rescaldo dos encontros teceram-se loas comoventes à «unidade» dentro da NATO e da União Europeia, que «nunca foi tão forte» como neste momento de crise em que é preciso apoiar o regime «democrático» de Zelensky na guerra com a Rússia do «carniceiro Putin», como definiu Biden. A seguir o imperador partiu para a Polónia e, num discurso inflamado, exclamou em relação ao presidente russo: «Pelo amor de Deus, esse homem não pode continuar no poder».

Numa frase que dizem descuidada caíram todas as máscaras, desnudou-se a hipocrisia de «liberais» e «iliberais» – que nesta e muitas outras matérias são unha com carne – desvendou-se o cinismo do Ocidente civilizado. Biden revelou afinal o que todos os seus subordinados pensam mas era suposto não confessar publicamente.

A tournée do imperador

Por um lado, parece não haver qualquer problema com o nazismo na Ucrânia, uma vez que o assunto não foi uma única vez ventilado nas declarações oficiais e nos documentos resultantes das reuniões de Bruxelas e Varsóvia. Pelo contrário, o presidente dos Estados Unidos garantiu que «não há nazismo na Ucrânia porque a Rússia quer matar o judeu Zelensky», argumento anedótico próprio de quem vive num universo de ficção: não parece ser intenção de Moscovo eliminar o presidente ucraniano; e quanto à colaboração de dirigentes que se dizem judeus com o nazismo, Zelensky está longe de ser o primeiro. Menahem Begin, que chegou a primeiro-ministro de Israel, fundou e chefiou o grupo terrorista sionista Irgun, que esteve na base da criação do exército israelita e foi treinado pelas forças armadas de Hitler. A História não costuma ser o forte dos presidentes norte-americanos, principalmente em assuntos tão inconvenientes. No entanto, é bastante conhecida a declaração do ex-primeiro ministro sionista Benjamin Netanyahu, por ser mais recente, segundo a qual Hitler só praticou o massacre dos judeus por sugestão do mufti, o chefe religioso islâmico de Jerusalém.

Por outro lado, a política norte-americana para com a Rússia não foge ao comportamento geral de Washington em relação a todos os governos que divergem do padrão «democrático» único estabelecido, para que assim possa funcionar a «ordem internacional baseada em regras» que se sobrepõe ao Direito Internacional – com a cumplicidade do secretário-geral da ONU, tornada mais evidente a propósito da situação na Ucrânia.

O que Joseph Biden fez na Polónia, perante o incómodo de quem acha que há coisas que são para fazer, não para anunciar em público, foi manifestar o seu objectivo de mudar o governo e o regime em Moscovo tal como os Estados Unidos fizeram recentemente no Brasil, Paraguai, Honduras, Bolívia, Ucrânia e tentam permanentemente concretizar em Cuba, na Venezuela, no Peru, na Nicarágua, no Casaquistão e outras antigas repúblicas soviéticas não sintonizadas com Washington. O aparelho conspirativo de Washington procura há muito promover uma «revolução colorida» em Moscovo para recolocar no Kremlin uma marioneta como foi Boris Ieltsin e a sua corte de «liberais», continuando assim o saque do país e neutralizando-o como rival na corrida gananciosa às riquezas naturais do planeta. Procurando desta maneira eternizar a estratégia unipolar do caminho para o globalismo ao travar a construção de uma nova ordem multipolar. O Ocidente está visivelmente em pânico perante a possibilidade de uma mudança deste tipo.

Os estrategos norte-americanos não previram, contudo, o renascimento na Rússia de uma cultura nacionalista de inspiração czarista e cariz religioso que, convivendo com o neoliberalismo económico – como acontece naturalmente, e por maioria de razão, em governos com vocação autoritária – reage de modo determinado às tentativas de submissão e humilhação. E a estrutura oligárquica do poder, com Vladimir Putin à cabeça, tem sabido explorar esse tradicionalismo russo em termos de propaganda, tornando simultaneamente ridículas as tentativas para identificar a situação actual com os tempos da União Soviética. Putin representa estruturas sociais e de poder que foram derrubadas pelos bolcheviques, daí o seu arreigado anticomunismo e a condenação de Lenin e dos seus companheiros, identificados como estrangeirados que obrigaram a Rússia a sustentar todas as repúblicas integrando a União Soviética, sobretudo a Ucrânia.

A relação da NATO com organizações fascistas, para além da Ucrânia

Angeles Maestro*

A aliança entre os EUA, a UE, a NATO com grupos nazis não começa na Ucrânia. Vem de longe, e iniciou-se ainda decorria a 2ª Guerra Mundial. Logo então as potências ocidentais iniciaram a recuperação possível de todas as organizações fascistas. A criação da NATO gerou o necessário sistema de coordenação entre essa rede criminosa de organizações, governos e serviços secretos de numerosos países. Os fascistas e neo-nazis que são hoje aliados privilegiados dos EUA-UE-NATO na Ucrânia (e os heróis dos media ao seu serviço) inserem-se directamente nessa linhagem.

É possível que muitas pessoas, que se atrevem a procurar o que vai para além do que a propaganda oficial repete, tenham ficado espantadas e indignadas ao constatar a colaboração directa da UE e dos EUA com o golpe fascista na Ucrânia em 2014, que envolveu a inclusão das milícias nazis no exército e na polícia, e que iniciou os massacres quotidianos no Donbass que mataram 14.000 pessoas, segundo dados oficiais.

Tal como aconteceu com a pandemia de Covid, construir uma história – exactamente a mesma na maioria dos países - e repeti-la incansavelmente por todos os meios de comunicação, alinhando-a oportunamente com a censura de posições discordantes e com a repressão - é fundamental para não despertar o povo, que poderia fartar-se ​​de pagar com as suas condições de vida as consequências das suas aventuras militares e, sobretudo, de serem “carne para canhão”.

No caso da Ucrânia, revelar que os aliados das “potências democráticas” exibem cruzes suásticas junto à bandeira da NATO, que empreendem a limpeza étnica da população de cultura russa, cigana, judaica ou de raça “não ucraniana”, que usam reiteradamente a população como escudo e que exibem nas ruas os que resistem, seminus, com uma bola na boca, envoltos em plástico e amarrados a sinais de trânsito, desfaria em pedaços a propaganda oficial. Entraria em colapso o discurso prenhe de mentiras e meias verdades destinado a justificar a política imperialista da NATO e de uma UE inteiramente submetida aos EUA, mesmo que à custa dos seus próprios interesses.

Não veria a opinião pública de forma diferente a situação na Ucrânia se fosse dito que aqueles que estão a receber armas, treino e apoio militar directo no terreno - por exemplo, de um destacamento da BRIPAC espanhola - são os herdeiros directos daqueles que colaboraram com Hitler no gigantesco massacre realizado na própria Ucrânia, na Bielorrússia e na Rússia, que custou à URSS 27 milhões de mortos (na maioria civis)? E se ainda por cima se soubesse que existe uma Ucrânia antifascista que resiste com armas - que os seus parentes que vieram à Espanha lutar contra o fascismo nas Brigadas Internacionais ainda recordam - e que milhares de refugiados que fogem do fascismo armado e treinado pela NATO se refugiam na Bielorrússia e na Rússia?

E, finalmente, não mudaria a percepção das pessoas, não apenas sobre a situação na Ucrânia mas também sobre a natureza dos governos e da grande maioria das forças políticas na UE, se soubessem que não se trata apenas dos nazis ucranianos, mas que os governos da UE, dos EUA e da NATO colaboram desde imediatamente após a Segunda Guerra Mundial com os grupos nazis que perpetraram os ataques terroristas mais sangrentos na Europa?

Os exércitos secretos da NATO

Em 2005, Daniele Ganser, historiador suíço, especialista em relações internacionais e professor da Universidade de Basileia, publicou um livro com o mesmo título, fruto de um extenso trabalho de investigação sobre as relações entre a NATO, as redes de organizações fascistas e o serviços secretos de grande número de países - muitos deles europeus - com o conhecimento e colaboração dos seus governos. O resultado foi uma enorme lista de ataques terroristas destinados a desestabilizar governos e, em geral, à “luta contra o comunismo”.

O elemento que desencadeou a sua investigação foi a confirmação feita em 1990 por Giulio Andreotti, primeiro-ministro da Itália, perante uma Comissão de Investigação do Parlamento italiano, da existência da Rede Gladio. Nela, os serviços secretos italianos actuavam sob as ordens da NATO. Assinalou além disso que a Rede continuava activa e que redes semelhantes existiam em muitos outros países.

No seu relatório, Andreotti confirmou que a Rede Gladio possuía uma grande quantidade de armamento, fornecido pela CIA, que estava escondido em 139 lugares, localizados em florestas, campos, igrejas e cemitérios, e que incluía: “armas portáteis, munições, explosivos , granadas de mão, facas, punhais, morteiros de 60 milímetros, canhões sem recuo calibre .57, espingardas com mira telescópica, transmissores de rádio, binóculos e vários outros tipos de equipamento”.

Estas armas foram utilizadas em ataques que eram sistematicamente atribuídos às Brigadas Vermelhas e que deram origem a inúmeras prisões e medidas repressivas entre as organizações operárias.

Os terríveis atentados na Piazza Fontana em Milão, da estação de Bolonha, na Piazza de la Loggia em Brescia e vários outros, que causaram a morte de 491 pessoas e feriram e mutilaram outras 1.891, juntamente com os assassínios de juízes e jornalistas que procuraram investigá-los, mostraram a autoria da organização fascista Ordine Nuovo, em estreita colaboração com a NATO, a CIA e os serviços secretos italianos, com a conivência dos governos de turno.
No quadro de grandes mobilizações operárias e populares contra a Guerra do Vietname, o objectivo dos ataques era, nas palavras de um terrorista arrependido, “pressionar o governo italiano a declarar o Estado de Emergência e promover um regime autoritário em Itália.”

Ferdinando Imposimato, presidente honorário do Supremo Tribunal de Cassação, análogo ao Supremo Tribunal, resume os resultados das investigações por ele realizadas, nas quais estabelece o papel da NATO, da Ordine Nuovo e dos serviços secretos militares nos massacres que ensanguentaram a Itália. Transcrevo as suas palavras, que podem ser consultadas aqui: “No decurso das investigações que realizei sobre as tragédias que assolaram a Itália, desde os atentados na Piazza Fontana, ao comboio Italicus Express que liga Roma a Munique, da Praça Loggia em Brescia, à tragédia de Bolonha, e no decurso de cujas investigações foram assassinados os meus colegas Giovannni Falcone, Paolo Borsellino e outros, ficou confirmado que o explosivo utilizado veio das Bases da NATO. ( …) Escrevi tudo isso num livro e ninguém o desmentiu. Nessas bases, “terroristas negros” reuniam-se com representantes da NATO, mafiosos, políticos italianos e maçons na véspera dos atentados. Tudo isso foi confirmado por testemunhas directas e ocorreu ininterruptamente (…) O problema é que o silêncio da imprensa impede a opinião pública de conhecer esta tremenda verdade: é a Operação Gladio quem ameaça a paz e a segurança e quem ameaça desencadear uma grande guerra”.

A lista de ações dos chamados stay-behind, fórmula utilizada para estabelecer a já mencionada colaboração entre a NATO, os serviços secretos e as organizações fascistas locais para a realização de acções terroristas, em muitos casos consumadas, com o objectivo geral da luta contra o comunismo e a desestabilização de governos, é longa: França, Áustria, Suécia, Alemanha, Noruega, Turquia, Argélia, Itália, Portugal, Grécia, Moçambique, Dinamarca, Espanha (massacre dos advogados dedicados ao direito do trabalho de Atocha), Holanda, Bélgica, Suíça.

Daniele Genser destaca que a primeira intervenção num massacre popular ocorreu na Grécia durante a Segunda Guerra Mundial. A resistência antifascista grega foi, tal como em França e em Itália – destaca Daniele Ganser – impulsionada pelos comunistas. Depois de ter derrotado definitivamente as tropas fascistas foi em 1944 convocada uma grande manifestação pacífica, prelúdio de uma greve geral, em apoio ao poder popular vitorioso. As forças armadas britânicas, juntamente com a polícia e os direitistas massacraram a manifestação com dezenas de mortos e feridos. Depois dela, Churchill impôs a monarquia da família da rainha Sofia, que foi definitivamente expulsa da Grécia após o referendo popular de 1974.

A PAZ BALOFA E A VITÓRIA DOS PERDIDOS – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Na véspera do grande Dia da Paz aconteceu um culto ecuménico no estádio da Cidadela e o arcebispo Filomeno Vieira Dias teve uma intervenção notabilíssima. Sem alardes nem sirenes de aviso, alertou para o perigo de cairmos na paz balofa. 

Digo eu: A paz que é apenas a ausência de guerra. A paz dos cemitérios. A paz do silêncio entre um e outro crime contra a democracia. A paz sem o suporte das condições que dão dimensão humana à Justiça e Liberdade, educação para todos, cuidados de saúde para todos, trabalho com salários dignos e direitos para todos. Habitação digna. Pão na mesa. 

O reverendo Luís Nguimbi não perdeu a oportunidade de, mais uma vez, exigir moderação aos belicistas unidos, esquinados ou escondidos por trás do engenheiro à civil Adalberto da Costa Júnior. Não é porque estarmos na véspera do Grande Dia da Paz que esquecemos o passado criminoso da UNITA e da maioria dos seus dirigentes, criminosos de guerra amnistiados. Assassinos cruéis que queimaram nas fogueiras da Jamba as elites femininas do Galo Negro. Enterraram viva a Senhora Savimbi. Mataram à paulada o general Bock. E tantas, tantas outras vítimas. Sem falar nas centenas de milhares de vítimas civis que eles fizeram disparando contra o Povo Angolano, ao lado dos colonialistas portugueses e dos racistas sul-africanos.

Os políticos têm especial dever de promover a paz e a reconciliação nacional. Por isso, ontem o Presidente João Lourenço lembrou que na sua qualidade de Chefe de Estado “abriu o caminho que levou à exumação, transladação e enterro definitivo, na sua terra natal, do ex-líder do maior Partido da oposição angolana. Foi igualmente dentro desse mesmo espírito que foi criada a Comissão do Perdão pelas Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP) ocorridos entre a data da Independência Nacional e o 04 de Abril de 2002, data da assinatura do acordo de paz e reconciliação nacional”. Também falou nas ossadas “um processo complexo e demorado”

E garantiu: “O Estado assegura que vamos continuar engajados os anos que forem necessários para confortar o maior número possível de famílias, ansiosas por terem de volta seus entes queridos para lhes dar um funeral condigno, como mandam as tradições africanas e a nossa cultura cristã”. 

Esta parte da “cultura cristã” é capaz de não caber exactamente no fabuloso mosaico cultural angolano. Mas os funerais condignos devem ser para todos. A UNITA já entregou ossadas das mulheres e crianças queimadas vivas na Jamba? Já entregou as ossadas dos dirigentes do partido, assassinados pior Savimbi? Já entregou as ossadas de milhares de angolanas e angolanos assassinados cruelmente quando colocou as suas armas ao serviço do colonialismo português e do regime de apartheid de Pretória? 

A resposta é não. Eu acrescento: Nunca! As seitas vivem mergulhadas no fanatismo e matam em nome dos seus deuses. Um exemplo: A Reconquista Cristã na Península Ibérica foi um gigantesco genocídio que se abateu sobre os muçulmanos. Nunca se esqueçam dos crimes dos Cruzados e a sua guerra santa! O nazismo é uma seita. Nunca esqueçam os crimes dos colonialistas (uma mistura de cruzados, nazis e fascistas). Nunca esqueçam os crimes do regime de apartheid em Angola e dos seus ajudantes da UNITA. À mínima distracção eles voltam a matar e destruir.

A situação na Ucrânia é a morte em directo do Jornalismo e de princípios que suportam os conteúdos comunicacionais, como o rigor e a imparcialidade. Tudo destruído com os mísseis da propaganda acéfala, do paleio irresponsável, da mentira despudorada. Já todos sabemos que desde o último quartel do século XX os jornalistas são uma espécie em vias de extinção. Os usurpadores da profissão ficam baratinhos aos donos. Este caminho de decadência não tem retorno. 

A União Europeia está igualmente a ser assassinada em directo nas televisões, pelas vozes de Úrsula von der Leyen, Charles Michel e Roberta Metsola. Receberam ordens de Washington para imitarem as e os falsos jornalistas que estão na Ucrânia ou países vizinhos. A Federação Russa anunciou que ia retirar as suas tropas da região de Kiev. E assim fez. As e os assassinos do jornalismo em directo, dizem que as tropas ucranianas libertaram as áreas abandonadas pelas tropas russas! 

Ursula, Roberta e Charles falam em crimes de guerra na Ucrânia por parte das tropas russas, assumindo a propaganda dos EUA e dos seus actores ucranianos. A Human Rights Watch é mais comedida e fala em “aparentes” crimes de guerra. A União Europeia decretou censura total aos Media da Federação Russa. Percebe-se agora porquê. Assim dizem e mostram as aldrabices que servem à sua propaganda, sem contraditório.

O problema é que apesar da censura, todos temos acesso a informação do “outro lado”. Desde os primeiros dias da operação militar especial na Ucrânia, que são denunciados crimes graves das hordas nazis e das autoridades ucranianas contra todas e todos os que se manifestam a favor dos russos. Nunca esquecer que o presidente Zelensky decretou e prolongou a Lei Marcial. Um negociador ucraniano foi morto, acusado de traição. Os nazis das várias organizações armadas da Ucrânia andam desde 2014 a cometer um autêntico genocídio do Donbass. Assim rezam os relatórios da agência da ONU para os Direitos Humanos.

Os jornalistas não podem afirmar que aconteceu o que não viram. Não podem misturar propaganda e publicidade com informação. Não podem revelar factos como sendo do seu conhecimento quando lhes foram transmitidos por terceiros que não merecem credibilidade por serem parte interessada. Se o fizerem, são obrigados a informar os destinatários que a informação não foi confirmada por todas as partes envolvidas. 

Os angolanos têm muita sorte porque em Angola ainda há jornalistas que cumprem o dever de cuidado, respeitando os critérios que suportam os conteúdos comunicacionais, sobretudo o princípio da verdade dos factos. A UNITA e seus companheiros de esquina bem queriam o massacre mediático que vai por esse mundo, a propósito da situação na Ucrânia. Não conseguem e espero que nunca consigam.

Na União Europeia e particularmente Portugal, governantes, jornalistas, militares e académicos, de cócoras perante o estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA), falsificam despudoradamente a informação sobre o que se passa na Ucrânia. É a civilização ocidental no seu melhor. Sempre falsários, sempre mentirosos e vigaristas de cordel.

* Jornalista

Uma chamada para relatórios calmos e objetivos sobre o incidente de Bucha

# Traduzido em português do Brasil

Andrew Korybko* | One World

Aqueles membros sinceros do público global que estão chocados com essas imagens e exigem que os culpados sejam levados à justiça devem às vítimas realizar uma investigação independente e multilateral deste incidente que aborda de forma abrangente as preocupações credíveis levantadas pelo Ministério da Defesa da Rússia . Todos têm direito à sua própria interpretação dos acontecimentos, incluindo aqueles que pensam que a Rússia foi responsável, bem como aqueles que suspeitam que Kiev realizou uma operação psiquiátrica de bandeira falsa (talvez despejando os corpos de supostos simpatizantes russos executados extrajudicialmente naquela cidade após o partida da RAF), mas ninguém pode afirmar com total segurança exatamente o que poderia ter acontecido em Bucha.

As imagens que saem da cidade de Bucha, no norte da Ucrânia, chocaram o mundo depois que cenas de cadáveres nas ruas sugeriram que execuções extrajudiciais poderiam ter ocorrido lá. A área estava anteriormente sob o controle das Forças Armadas Russas (RAF) como parte da provável finta que eles fizeram em Kiev durante o primeiro mês da operação militar especial em andamento de seu país na Ucrânia. O avanço militar na capital daquele país parece, em retrospectiva, ter a intenção de distrair os oponentes da Rússia do verdadeiro objetivo militar de Moscou de libertar as recém-reconhecidas Repúblicas do Donbass durante a segunda fase de sua operação que está atualmente em pleno andamento.

Essas forças estrangeiras se retiraram de Bucha em 30 de março, o que o prefeito Anatoly Fedoruk confirmou no dia seguinte em um discurso em vídeo. Vários dias depois, as imagens descritas anteriormente chegaram à mídia global, imediatamente seguidas por acusações de que a Rússia cometeu crimes de guerra naquela cidade. Estes, por sua vez, levaram a pedidos para sancionar Moscou ainda mais do que já é. Este incidente está sendo explorado pelos oponentes daquele país para dar credibilidade a comparações anteriores entre a Federação Russa moderna e a Alemanha nazista. A rapidez com que os eventos se desenrolaram posteriormente sugere que o Ocidente liderado pelos EUA não está deixando uma boa crise ser desperdiçada, por assim dizer.

É compreensível que os observadores fiquem muito perturbados com o que viram nessas imagens. Na superfície, certamente parece que crimes de guerra ocorreram, embora ainda não esteja claro quem os cometeu. Aqueles que foram pré-condicionados a esperar que a Rússia se comportasse tão monstruosamente quanto a Alemanha nazista devido à campanha de guerra sem precedentes do Ocidente liderado pelos EUA contra essa Grande Potência da Eurásia não podem ser convencidos de que Moscou não é culpada. Pessoas mais objetivas que simplesmente aspiram a entender exatamente o que aconteceu para que a justiça seja feita aos culpados, no entanto, provavelmente estarão interessadas em saber que tudo pode não ser exatamente o que parece à primeira vista.

Bucha | Desinformação e perfídia, é o que temos na comunicação social

Bucha, operação de bandeira falsa montada pelos serviços secretos ocidentais

Raúl Cunha [*]

Uma coluna de civis foi baleada? Mas as casas não têm nenhumas marcas de tiros. Além disso, alguns cadáveres têm as mãos amarradas nas costas. E qual foi o motivo? Porque os russos são maus e só sabem é matar? E os vestígios de sangue nas roupas e à volta dos corpos, porque não se vêem?

Se repararmos, no vídeo, as viaturas só se desviam dos corpos e os militares ucranianos não mostram qualquer emoção, nem sequer se apressam a verificar se há alguém ainda vivo, o que indicia que sabem da farsa.

Vamos ser sérios e ter objectividade. No caso de ser um vídeo original, NÃO haveria um momento em que um dos cadáveres move a mão, ouve-se o militar ucraniano a comentar esse facto e ninguém lhe dá importância.

Mais ainda, a verdade é que as tropas russas deixaram Bucha como parte de uma manobra de reagrupamento, alguns dias antes de serem descobertas as “vítimas da ocupação”. As Forças Armadas da Ucrânia não se deram conta disso imediatamente e durante quase três dias bombardearam intensamente aquela pequena cidade com artilharia, sob a qual esses civis poderiam ter sido abatidos, mas nunca naqueles locais e naquele formato.

Quando as forças ucranianas finalmente perceberam que os russos já lá não estavam, como sempre, iniciaram uma “caça às bruxas” em busca daqueles que, na sua opinião, tinham colaborado com as “forças de ocupação”. Na febre da guerra, os extremistas não se preocupam em provar o colaboracionismo de outrem e aparecem então corpos atirados aos poços com as mãos amarradas.

Só que, (e este pormenor é que evidencia a total falsidade e a perfídia das alegações de ter havido um massacre) o estado desses corpos sugere que eles foram mortos muito recentemente (menos de 24 horas), ou seja, ontem, o mais tardar. Ora, os cadáveres depois de vários dias deitados na rua ficam com um aspecto muito diferente da imagem que é apresentada, (e eu sei porque infelizmente já tive de observar outras situações idênticas) e os russos há mais de três dias que deixaram aquele local. A central de desinformação (provavelmente a mesma britânica que “fabricava” para os capacetes brancos) não teve em conta esse pormenor, ou então e como é normal, contou com a ingenuidade e estupidez daqueles que acreditam em tudo o que os media ocidentais vendem.

Estas alegações, através de um vídeo e fotos muito publicitadas nas redes sociais, são mais uma produção vil, pensada para agitar as emoções de pessoas que nunca viram guerra ou cadáveres e, sobretudo, para retirar da atenção do público os mais que evidentes crimes dos extremistas ucranianos que começavam a ser impossíveis de esconder.

Obviamente, os corpos foram levados e dispostos, mas os produtores do “cenário” tiveram preguiça de os colocar em lugares diferentes ou dentro de pátios e assim poderão ser facilmente desmascarados, desde que haja a determinação de fazer os necessários exames com imparcialidade e seriedade.

Estou quase certo que uma posterior análise ainda vai acabar por revelar que são civis russos acusados de colaboracionismo ou PGs russos vestidos à civil, trazidos das prisões dos extremistas ucranianos, pois alguns ainda têm a braçadeira branca indicadora de serem pró-russos.

É claro que estes argumentos dificilmente serão considerados por gente miserável como o presidente da União Europeia, Charles Michel, que logo lançou um hashtag “massacre de Bucha” e anunciou novas sanções contra a Rússia.

Porém, não será difícil verificar o que acima está escrito. Bastará providenciar de imediato para que sejam feitos exames para determinar a hora da morte daqueles desgraçados. E depois correlacionar esses dados com os do controlo objectivo e real da OTAN por meio de imagens de satélite, os quais indicarão com precisão a data da saída das tropas russas.

Mas isso só será feito se a Ucrânia e os países ocidentais que a apoiam, procurarem a verdade. E, infelizmente, sabemos bem que, nesta altura, desejam tudo menos isso.

/Abril/2022

Do mesmo autor:

  "Quem brincou à roleta russa com Putin é um dos grandes culpados"

[*] Major-General

O original encontra-se em estatuadesal.com/2022/04/03/desinformacao-e-perfidia-e-o-que-temos-na-comunicacao-social/

Este artigo encontra-se em resistir.info

Após ganhar eleições, Orbán diz que Zelensky e UE são "adversários"

Viktor Orbán foi eleito, no domingo, para um quarto mandato enquanto primeiro-ministro da Hungria.

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, eleito no domingo para um quarto mandato, descreveu, no discurso de vitória, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e a União Europeia como “adversários” com os quais o seu partido, o Fidesz, teve de “lutar”.

“Esta foi uma grande vitória. Pode não ser vista da lua, mas é certamente vista de Bruxelas”, começou por afirmar o líder do partido de extrema-direita.

Orbán, conhecido como um aliado do presidente russo, Vladimir Putin, esteve sob escrutínio público durante toda a campanha eleitoral, especialmente por não autorizar a passagem de armamento para a Ucrânia através de territórios húngaros. 

“Lembraremos esta vitória até ao fim das nossas vidas, porque tivemos de lutar contra uma enorme quantidade de adversários: a esquerda local, a esquerda internacional, burocratas de Bruxelas, todo o dinheiro e instituições do império Soros, os grandes conglomerados da comunicação social e o presidente ucraniano também. Nunca tivemos tantos adversários ao mesmo tempo”, frisou.

No dia das eleições na Hungria, a presidência ucraniana publicou um comunicado onde Zelensky criticou o primeiro-ministro húngaro por ser “praticamente o único na Europa a apoiar abertamente Putin” e por não autorizar a passagem de armamento. “Não pedimos nada de especial de Budapeste. (...) Não recebemos o trânsito essencial para ajudar a defesa, não vimos liderança moral. Não vimos nenhum esforço para parar a guerra! Porquê?”, questionou.

O partido de Orbán conquistou nas eleições de ontem 53% dos votos. A afluência às urnas foi de cerca de 68%.

Márcia Guimaro Rodrigues | Notícias ao Minuto | Imagem: Getty Images - colagem PG

Rússia convoca reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre Busha

A Rússia convocou uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para discutir o que chamou de "provocações odiosas" da Ucrânia, que denunciou o assassínio de civis por tropas russas em Busha.

"À luz das provocações odiosas dos radicais ucranianos em Busha, a Rússia solicitou uma reunião do Conselho de Segurança da ONU na segunda-feira, 04 de abril", escreveu na rede social Twitter o vice-embaixador da Rússia na ONU, Dimitri Poliansky.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou no domingo os líderes russos de ordenar "tortura e assassínios" em Busha, na região de Kiev, onde foram encontradas valas comuns e centenas de corpos de civis.

A Rússia negou que as tropas tenham matado civis em Busha e assegurou que todas as fotografias e vídeos publicados pelo Governo ucraniano são "uma provocação".

A ex-embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Samantha Power, criticou a decisão da Rússia.

"A Rússia está a recorrer ao mesmo cenário da Crimeia e de Alepo [na Síria]: forçada a defender o indefensável, a Rússia exige uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para fingir indignação", escreveu no Twitter.

"Ninguém acredita nisso", acrescentou a atual chefe da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.325 civis, incluindo 120 crianças, e feriu 2.017, entre os quais 168 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 4,1 milhões de refugiados em países vizinhos e cerca de 6,5 milhões de deslocados internos.

A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

Notícias ao Minuto | Imagem: Lusa

Rússia diz que imagens de Bucha foram "encomendadas" pelos EUA

Maria Zakharova diz que imagens são uma provocação que visam denegrir imagem de Moscovo.

A ministra dos Negócios Estrangeiros russa afirmou que as imagens que dão conta de dezenas de corpos numa vala comum em Bucha, bem como de centenas de outros corpos abandonadas pelas ruas de cidades ucranianas, foram solicitadas pelos Estados Unidos como parte de um plano para culpar Moscovo pela guerra

"Quem é que são os responsáveis pelas provocações? Os Estados Unidos e a NATO, claro", afirmou Maria Zakharova  em entrevista a um canal estatal russo, este domingo.

A governante denuncia que as reações do Ocidente às imagens de civis mortos são a prova de que estas fazem parte de um plano para denegrir a reputação da Rússia.

"Neste caso, quer-me parecer que as acusações  feitas logo nos primeiros minutos [à Rússia] não deixam dúvidas de que esta foi uma história encomendada", acrescentou.

As autoridades ucranianas anunciaram este domingo estar a  investigar possíveis crimes de guerra depois de terem descoberto centenas de corpos, alguns abandonados na rua, outros em valas comuns, em cidades nos arredores da capital.

Já a Rússia diz que as imagens partilhadas são uma "provocação" para tentar influenciar as negociações de paz que decorrem entre os dois países.  

Notícias ao Minuto | Imagem: © Getty Images

Volta Hitler, estás perdoado -- A EUROPA NAZI AVANÇA


Europa nazi, um pesadelo herdado de Hitler e ambição dos povos da Europa de Leste - que alastra e já ocupa a União Europeia alegadamente "democrática".

O FASCISMO VENCE NA UNIÃO EUROPEIA

"Foi uma vitória tão grande que podem vê-la da lua e certamente podem vê-la de Bruxelas", disse Orbán.

Enquanto os votos ainda estavam a ser contados, parecia claro que a questão não era se o partido Fidesz de Orban ganharia as eleições, mas sim por quantos votos. Com quase 75% dos votos apurados, o cenário mais provável é que o Fidesz ganhe outra maioria constitucional.

Os primeiros resultados parciais das eleições nacionais na Hungria mostravam uma forte liderança do partido de direita Fidesz.

Com 43% dos votos apurados, a coligação de Orbán liderada pelo Fidesz ganhou 57% dos votos, enquanto a coligação da oposição pró-europeia, United for Hungary, obteve 31%, segundo o Centro Nacional de Eleições.

Embora a contagem de votos ainda esteja em andamento, todos os sinais apontam para uma vitória de Orbán.

Mesmo no seu distrito natal, o líder da oposição, Peter Marki-Zay, ficou a mais de 11 pontos atrás do antigo titular do Fidesz, Janos Lazar, com 74% dos votos contados.

Foi um sinal desanimador para o candidato a primeiro-ministro que prometeu acabar com o que alega ser a corrupção desenfreada do governo e elevar os padrões de vida aumentando o financiamento para os cuidados de saúde e escolas da Hungria.

Aproximadamente 8,2 milhões de húngaros foram chamados às assembleias de voto.

O nacionalista conservador Viktor Orbán, de 58 anos, é primeiro-ministro da Hungria há 12 anos.

Diário de Notícias | Lusa

MERITOCRACIA DE LAÇOS

César Locatelli*

Origens e reconfigurações do espaço dos economistas no Brasil

O que determina a ascensão de economistas a posições de poder e prestígio no Brasil? Seus méritos e conhecimentos? Suas diferentes dotações de capitais sociais, econômicos, culturais, simbólicos, políticos etc.? Seus laços sociais com outros economistas? Suas ligações com instituições e governos alienígenas? Suas confluências de interesses com detentores de poder?

Para entender tais processos, Elisa Klüger, em sua extensa pesquisa para construção de sua tese de doutorado, Meritocracia de laços: gênese e reconfigurações do espaço dos economistas no Brasil, começou por investigar os laços familiares dos economistas que chegaram a altos cargos da administração pública, de instituições públicas e privadas, com influência nos rumos das políticas adotadas no país. Pesquisou as ligações construídas nos anos de graduação e pós-graduação e no trabalho, especialmente em universidades, centros de pesquisa e no setor público.

Para compor a narrativa histórica, ela mesclou os dados obtidos em cerca de 50 entrevistas com outros disponíveis em fontes secundárias como biografias, dicionários histórico-biográficos, DVDs comemorativos etc. Avisa: “Na narrativa, são enfatizadas a origem social dos economistas, a formação de vínculos entre eles – sendo destacadas as similaridades e contrastes entre indivíduos e grupos, no que concerne às suas propriedades sociais e às suas visões de mundo –, o surgimento e as transformações das instituições do espaço dos economistas e a teia de conexões internacionais em que os agentes e instituições estão imersos”.

Seu foco localiza-se no período que se inicia em 1930 e vai até o início dos anos 2000. Esses mais de 70 anos são divididos em quatro “movimentos”, como ela denomina. O Primeiro Movimento, que vai de 1930 os anos 1960, ocupa-se da instituição das primeiras escolas de economia e dos primeiros órgãos públicos de gestão econômica do país. O Segundo Movimento, que vai até 1979, apresenta a união de um grupo de “especialistas” no comando da economia do governo militar e a formação de grupos críticos. A formação da oposição que viria a comandar a economia na Nova República é descrita no Terceiro Movimento, que vai até a primeira eleição direta para presidente. No Quarto Movimento, 1990 a 2003, a perspectiva é invertida: a narrativa é construída a partir das inflexões e continuidades na gestão do BNDES.

Além dos quatro capítulos, que tratam dos quatro Movimentos, há um capítulo de Abertura e um Intermezzo, entre o Primeiro e o Segundo Movimentos. Pelo papel decisivo que teve a Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL) na busca de um pensamento econômico “autóctone”, a ela e a seus integrantes é dedicado o capítulo de Abertura. O Intermezzo, por outro lado, concentra-se no encontro, no Chile, de economistas e outros cientistas sociais, exilados pela ditadura, que viriam a ocupar postos chave nos anos seguintes no Brasil.

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