quinta-feira, 12 de maio de 2022

CÚPULA DAS AMÉRICAS EM LOS ANGELES MOSTRARÁ ISOLAMENTO DOS EUA

#Traduzido em português do Brasil

A Cúpula das Américas do próximo mês está se preparando para mostrar como os EUA se tornaram isolados

Andrew Korybko* | One World

Continuando a se tornar um pólo de influência cada vez mais independente em meio à transição sistêmica global para a multipolaridade, os países latino-americanos contribuem literalmente para mudar o mundo para melhor. Eles mostram como os EUA estão isolados do Sul Global, o que desacredita sua insinuação propagandística de ter retornado ao seu antigo status de superpotência nos últimos meses.

Observadores dos EUA estão cada vez mais preocupados que a Cúpula das Américas do próximo mês em Los Angeles esteja prestes a ser um dos piores constrangimentos de política externa do governo Biden após a evacuação caótica do Afeganistão em agosto passado. O Politico encabeçou uma matéria sobre como “ A cúpula das Américas de Biden está atraindo vaias e ameaças de boicote”, que informou que vários líderes latino-americanos estão ameaçando boicotar o evento se Cuba, Nicarágua e Venezuela não forem convidados a participar. Embora Antígua, Barbuda e Bolívia possam não ser um grande problema no grande esquema da estratégia dos EUA para o hemisfério, a abstenção do Brasil e do México tornaria o evento totalmente sem sentido, já que sozinhos representam metade da população da região, como o Politico lembrou ao público.

Nada disso deve surpreender os observadores astutos. A antiga administração Trump negligenciou amplamente a América Latina e desestabilizou as partes que Washington realmente prestou atenção. Biden continuou silenciosamente essa política, que foi colocada em segundo plano nos últimos meses, enquanto os EUA travam sua guerra por procuração contra a Rússia através da Ucrânia . Sobre isso, os US$ 40 bilhõesna abrangente ajuda emergencial que o Congresso acaba de autorizar para aquela ex-república soviética também deve encher de ressentimento os países latino-americanos, já que muitos pedem uma fração desse valor para lidar com drogas, imigração ilegal e pobreza e ainda não receberam nada. Isso só mostra que os EUA não têm vontade política para ajudar a região a atender às suas necessidades, pois não têm nada a ganhar com isso, enquanto acreditam que é para o benefício de seus grandes interesses estratégicos apoiar totalmente a Ucrânia.

INSEGURANÇA FRONTEIRIÇA E REFUGIADOS DIGNOS

Refugiados ucranianos em trânsito

#Traduzido em português do Brasil

Willam J Astore* | Bracing Views

Hoje, enquanto eu estava fazendo check-out no Job Lots, o caixa me perguntou se eu queria doar dinheiro para ajudar os refugiados ucranianos. Pensei rapidamente nos US$ 40 bilhões que Biden já quer de nós para a Ucrânia e educadamente disse “não, obrigado”.

Então eu li o novo artigo de Todd Miller no TomDispatch.com sobre o complexo industrial de segurança ao longo da fronteira dos EUA com o México e refleti sobre todas aquelas pessoas arriscando suas vidas para cruzar a fronteira para a América, a maioria deles refugiados de guerras, mudanças climáticas e violência e similar. Nunca fui solicitado por uma empresa ou caixa para contribuir para o seu alívio. De fato, quando a questão dos refugiados surge ao longo da fronteira sul, trata-se sempre de mais dinheiro para a Segurança Interna e mais agentes de controle de fronteira e tecnologia de vigilância (incluindo drones e cães robóticos, como observa Miller), tudo para manter as pessoas “ruins” fora da América, todos aqueles “ilegais” que supostamente querem aceitar empregos americanos enquanto fazem violência a americanos vulneráveis.

Notavelmente, Miller observa em seu artigo como o governo Biden está seguindo basicamente a mesma abordagem de segurança nas fronteiras que o governo Trump. A única diferença real é que Biden está confiando menos em paredes físicas e mais em paredes “virtuais” (torres, sensores, câmeras, drones etc.). Isso não é surpreendente quando você considera que Kamala Harris foi ao sul da fronteira para entregar uma mensagem singular aos candidatos a asilo. Sua mensagem para eles: Não venha – youtube.

Muro entre o México e os EUA. Terra dos livres, Lar dos bravos?

Como Miller observa em seu artigo, você pode contar com uma coisa: a fronteira dos Estados Unidos com o México nunca será segura, não importa quanto gastemos, porque a insegurança e as “ameaças” exageradas vendem muito bem.

A América é realmente o lar dos bravos, dado nossos medos de invasões, seja de pessoas de pele morena e negra “perigosas” vindo do sul ou de todos aqueles gângsteres russos e chineses sorrateiros supostamente tramando contra nós?

Se queremos ajudar os refugiados que enfrentam a violência e a fome, não precisamos ir tão longe quanto a Ucrânia. Dependendo de onde você mora na América, talvez seja necessário apenas olhar além do muro ou cerca ou torre de vigilância à sua frente. Ao fazer isso, você pode ponderar por que não estamos enviando US$ 40 bilhões para ajudá-los a sobreviver. É porque eles não estão matando russos com armamento americano?

por wjastore -- tenente-coronel aposentado (USAF) e professor de história

Angola | A MÉDICA DESAPARECIDA E AS CASAS DO POVO

Artur Queiroz*, Luanda

Primeiro Angola. Acima de Deus estão os angolanos. O Club K, voz da UNITA mas que também pode ser alugada por tudo quanto é banditismo político, decidiu reescrever a história e publicou um material falso sobre a Grande Batalha de Luanda (segunda fase) em 1975, quando as e os luandenses expulsaram as tropas de Mobutu que se escudavam atrás da FNLA, movimento signatário do Acordo de Alvor, presente no Governo de Transição e no Colégio Presidencial.

Eis a memória desses acontecimentos sangrentos que vivi como repórter. As minhas reportagens foram publicadas no Diário de Luanda e no jornal Vitória Certa, na época órgão do MPLA, produzido pelo seu Departamento de Informação e Propaganda (DIP) dirigido transitoriamente pela dupla Carlos Rocha (Dilolwa) e Lúcio Lara, ambos membros do bureau político. Depois da Grande Batalha de Luanda entregaram a pasta. 

A FNLA adquiriu um prédio de sete andares na Avenida Brasil e ali abriu a sua sede central. As instalações eram guardadas por militares zairenses, apresentados como combatentes do Exército de Libertação Nacional de Angola (ELNA). Os representantes das actividades económicas aderiram em peso ao movimento de Holden Roberto. E ofereceram instalações em todos os bairros suburbanos e na cidade de asfalto, para a abertura das Casas do Povo, comités de acção do partido. 

Todos os dias chegavam ao aeroporto de Luanda aviões de Mobutu cheios de tropa zairense. O almirante Rosa Coutinho, presidente da Junta Governativa de Angola, foi alertado para a invasão e não permitiu mais desembarques. Mas milhares de militares já estavam aquartelados na sede central da FNLA, nas Casas do Povo e em grandes armazéns espalhados pela cidade e subúrbios. O comando ficou instalado na fábrica de borracha no Cazenga, entretanto paralisada, por abandono dos proprietários.

As tropas zairenses criaram postos de controlo em todos os bairros suburbanos, na Avenida Brasil e ruas limítrofes. Quem não tinha cartão de membro da FNLA não passava. Muitos eram presos. E desses, a maior parte desaparecia. A situação tornou-se insustentável. A revolta dos luandenses tinha de acontecer. Aconteceu. As primeiras Casas do Povo atacadas estavam localizadas no Marçal e no Rangel. Quando as tropas zairenses bateram em retirada, foi possível entrar nas instalações. Eu entrei. Lá estava uma área de tortura e um cárcere, ainda com prisioneiros. Cada sala de torturas tinha uma cadeira eléctrica rudimentar.

Os musseques já tinham moradias e prédios mas não existia saneamento básico. Os esgotos de cada edifício drenavam para fossas. Um soldado zairense capturado informou que os prisioneiros eram despejados nas fossas! Indescritível. Foram retirados corpos já em decomposição mas alguns ainda reconhecíveis. E quase todos froam identificados pelos familiares. 

Angola | MEMORANDO DA INFÂMIA

Tribuna de Angola | opinião

A oposição desleal da UNITA-ACJ e seus associados têm de se decidir. Ou querem concorrer nas eleições ou não querem, e abdicam de participar no processo eleitoral.

O que não pode fazer é estar com “um pé dentro e outro fora”. Diz que participam, mas estão sempre a contestar o processo, que está a ser realizado no mais estrito cumprimento da Constituição e da Lei

Exemplo deste oportunismo desleal é o infame memorando intitulado MEMORANDO SOBRE O PROCESSO ELEITORAL DE 2022 de 6 de Maio de 2022 e aparentemente elaborado pela UNITA, CASA-CE, PRS, FNLA e BD.

Como esta oposição nos tem vindo a habituar, o Memorando é um conjunto confuso de coisas que nada têm a ver com nada, acompanhadas de mentiras e equívocos legais.

O primeiro grande e grave equívoco é o ataque ao poder judicial. A oposição não respeita a independência dos juízes, nem sequer percebe como funcionam os tribunais. Para eles, os juízes só servem para obedecer a Adalberto. Se não fazem isso, são logo contestados. Assim, não é possível ter uma magistratura independente. Se a oposição não respeita o poder judicial, o que resta?

Mais à frente referem a greve dos médicos. Mas o que tem a greve dos médicos a ver com as eleições? Ou será que é “gato escondido com rabo de fora”? Descobre-se que a greve dos médicos está a ser manipulada pela oposição com objectivos inconfessáveis.

Depois, é um rol de queixumes e queixas sem qualquer fundamento nem prova. Repetições de factos sem qualquer ligação.

Percebe-se o jogo da oposição desleal. Não estão nas eleições para ganhar e concorrer lealmente, estão nas eleições apenas para a contestação e querem obter vitórias na secretaria. Não vão conseguir.

No meio disto tudo têm a “lata” de invocar a FPU. A FPU não existe, não tem qualquer base legal, é um arranjo de marketing.

Aí sim, estamos a entrar na mais perfeita ilegalidade. Uma coligação que não existe, está a querer baralhar os eleitores e criar a maior das confusões.

É melhor que as autoridades tomem uma posição sobre a FPU, mais cedo do que tarde.

A FPU é ilegal, ninguém a autorizou, não existe sequer nenhum processo de constituição. É uma provocação à ordem constitucional. Possivelmente, para dizerem que foi proibida, quando o facto é que não foi pedida a sua legalização, nem será, porque tal implicaria o fim da UNITA. Estamos num jogo muito perigoso desta oposição. É preciso estar atento aos truques.

Leia em Tribuna de Angola

O fim do princípio 

Cultura angolana brilha na CPLP

“Os nossos valores” - como as provas nuns casos se omitem e noutros são forjadas

Soldado ucraniano em Bucha - abril 2022 / Reuters

A investigação independente exigiria a cooperação de ambos os contendores. Ora isso não está garantido, podendo tal levar – como noutros conflitos – a narrativas que os historiadores terão que confrontar mais tarde.

António Abreu | AbrilAbril | opinião

Diz-se desta guerra que os EUA a realizam «por procuração» confiada à Ucrânia, com o apoio da NATO, e UE.

Os EUA querem parecer estar «de fora», enquanto o dólar cai, revelando a decadência da economia norte-americana nas relações à escala mundial. E como isso faz parte do objectivo de iludirem esse apagão de uma decadência que o é, também em termos relativos, em relação à China (por quase tudo) e à Rússia (principalmente em matéria energética).

Esta guerra tem na sua origem a expansão da NATO para as fronteiras com a Rússia desde a independência da Ucrânia, nomeadamente, com destaque para o golpe de 2014, que perseguiu simpatizantes comunistas, sindicalistas, com agressões, torturas e levou os alvos da fúria nazi a declararem a sua autonomia e, depois a independência. Isso não parou os agressores e o Donbass reclamou o apoio da Rússia quando foi conhecida a «solução final». A Rússia, então, reconheceu a independência das repúblicas populares no dia 21 de Fevereiro e, dois dias depois, iniciou a intervenção militar com objectivos que incluíam a defesa dos habitantes do Donbass, a desmilitarização e desnazificação do resto da Ucrânia e não a conquista deste país ou das suas cidades.

A partir daí a invocação dos «valores ocidentais» gerou, no seu desespero, o vale-tudo, o esmagamento mediático ao arrepio do respeito por regras deontológicas no jornalismo. É muito difícil resistir a isso, mas no futuro importa que se saiba que a resistência existiu e impediu mais um passo no «pensamento único» para o qual trabalham as «democracias ocidentais» desde 1989.

Quanto às acções mais recentes do governo ucraniano, algumas reflexões se impõem, mesmo que seja possível que algumas delas possam não ser originais.

Diferentes protagonistas têm aparecido, por vezes vestidos da mesma maneira, em diferentes e muito afastados «cenários» de guerra. É fácil identificar a diferença de postura entre os actores que produzem declarações a la carte e os cidadãos que estão justamente aflitos com o que lhes poderá acontecer. Como foi fácil verificar o efeito da caracterização teatral em alguns casos.

É como se Zelensky tivesse uma divisão teatral, com recursos de cosmética, de peças de vestuário, de adereços para fins diversos, de cenários e de um conjunto de actores.

RETRATO DO CAPITALISMO EM FASE SENIL – Dowbor

#Publicado em português do Brasil

A que custo?, livro arrebatador recém-lançado no Brasil, descreve um sistema que, incapaz de se reinventar, exibe sua face mais brutal. E investiga como estabelecer, em cada setor essencial da atividade humana, nova ética e outras lógicas

Ladislau Dowbor* | Outras Palavras

O capitalismo se tornou em grande parte disfuncional. Está com o crescimento estagnado, centrado mais nas movimentações financeiras do que na produção, gerando uma desigualdade explosiva, drenando os recursos naturais de maneira destrutiva, impotente em se reorganizar frente ao aquecimento global, incapaz até hoje de se reinventar, preso na lógica da maximização de lucros corporativos a qualquer custo. A que custo?, é precisamente a pergunta que nos traz Nicholas Freudenberg, num dos livros mais lúcidos que já li sobre os nossos desafios e os nossos caminhos. As questões chave que enfrentamos são sistematizadas de maneira clara, com linguagem descomplicada e exemplos práticos. Em particular, foge das simplificações ideológicas que têm frequentemente nos dividido. É o nosso futuro que é aqui colocado na mesa.

Ainda que os EUA estejam no centro da análise, como o capitalismo é hoje dominantemente global, no quadro das corporações transnacionais que dominam o conjunto da dinâmica, o estudo abre perspectivas para todos nós. Depois de apresentar os principais eixos de transformação sistêmica do capitalismo, o autor orienta a análise dos diferentes setores de atividade em função do que é importante para a humanidade: assegurar o bem-estar de todos, de forma sustentável. O pano de fundo é a busca de uma vida saudável, o que envolve o essencial do nosso cotidiano: a alimentação, a educação, o sistema de saúde, o trabalho, os transportes, as conexões sociais. De certa forma, é o pão nosso de cada dia. A terceira parte foca as transformações mais recentes e as esperanças que se abrem, com uma visão de como a convergência de tensões do capitalismo abre espaço para os movimentos sociais, a educação, a ciência e a própria política.

Não resisto à tentação de apresentar neste prefácio o sonho que anima o autor, e que provavelmente nos anima a todos. “Imagine, se puder, um mundo no qual o bem-estar das pessoas e do planeta seja a prioridade:

Imagine um sistema alimentar que torne os alimentos saudáveis, cultivados de maneira sustentável e produzidos por trabalhadores dignamente remunerados, disponíveis e acessíveis a todos.

Imagine escolas e universidades que forneçam a todos os alunos os conhecimentos e habilidades de que necessitam para atingir seu pleno potencial e contribuir para com suas comunidades e o mundo, e usar sua educação em busca de bem-estar e felicidade para si e para os outros.

Imagine um sistema de saúde acessível a todos, que faça da prevenção de doenças e da melhoria da qualidade de vida seus maiores objetivos e ofereça cuidados que permitam aos pacientes minimizar a carga das doenças que eles enfrentam e a dor e o sofrimento por elas impostos.

Imagine um emprego que pague aos trabalhadores o que eles precisam para uma vida decente; que garanta que o trabalho não adoeça ou prejudique os envolvidos; que contribua para um mundo melhor e mais sustentável; que ofereça caminhos para o progresso; e que permita que os trabalhadores se sindicalizem, façam seu trabalho e desfrutem da vida pessoal e familiar fora do trabalho.

Imagine um transporte que facilite a circulação de todas as pessoas em seus bairros, cidades e outros lugares; e que deixe nossas ruas acolhedoras para o homem, nosso ar seguro para respirar e nosso planeta apto para a vida.

Imagine, finalmente, uma maneira de se conectar com as pessoas ― família, amigos, colegas, empresas, nossas comunidades e o mundo ― que não exija o sacrifício da saúde mental, da autoconfiança, da privacidade, da dignidade, da paz cívica ou do acesso comercial aos detalhes mais íntimos de nossas vidas. ”

CRIMINOSOS DAS PROVOCAÇÕES E DO NUCLEAR PÕEM HUMANIDADE EM RISCO

Rússia alerta NATO para risco de guerra nuclear total

A Rússia alertou hoje que a ajuda militar ocidental à Ucrânia e os exercícios da NATO perto das suas fronteiras aumentam a probabilidade de um conflito direto e o risco de uma guerra nuclear total.

Oalerta, feito pelo vice-presidente do Conselho de Segurança russo, Dmitri Medvedev, surgiu no dia em que o Presidente e a primeira-ministra finlandeses divulgaram o seu apoio à adesão da Finlândia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).

Medvedev não menciona a possibilidade de a Finlândia e a Suécia poderem aderir à NATO, mas acusa os países da Aliança Atlântica de estarem a aumentar o risco de uma guerra total com o seu apoio militar à Ucrânia na guerra com a Rússia.

"Os países da NATO a fornecer armas à Ucrânia, a treinar as suas tropas para utilizar equipamento ocidental, a enviar mercenários e os exercícios por países da Aliança perto das nossas fronteiras aumentam a probabilidade de um conflito direto e aberto entre a NATO e a Rússia, em vez da 'guerra por procuração' que estão a travar", escreveu Medvedev na rede social Telegram.

No texto, citado pela agências russa TASS e espanhola EFE, Medvedev avisa que "um tal conflito tem sempre o risco de se transformar numa verdadeira guerra nuclear".

"Este será um cenário catastrófico para todos", disse o ex-Presidente (2008-2012) e ex-primeiro-ministro da Rússia (2012-2020).

Medvedev, um aliado do líder russo, Vladimir Putin, acusou ainda o Ocidente de cinismo e de colocar no "topo da agenda" internacional a "tese de que a Rússia assusta o mundo com um conflito nuclear".

Por isso, referiu, o Ocidente não deve enganar-se a si próprio ou os outros, mas "pensar nas possíveis consequências dos seus atos".

Medvedev reafirmou a acusação ao Ocidente de travar uma guerra por procuração contra a Rússia na Ucrânia, como já tinha feito quando criticou os Estados Unidos de estarem a fornecer ajuda militar "sem precedentes" a Kiev.

Além de sanções económicas sem precedentes contra a Rússia, mais de 25 países, incluindo Portugal, já anunciaram o envio de material militar para a Ucrânia, num esforço conjunto para ajudar Kiev a resistir e a fazer recuar a invasão russa, iniciada em 24 de fevereiro.

O objetivo de travar a expansão da NATO a leste foi um dos argumentos usados pela Rússia para entrar em guerra com a Ucrânia.

Antes da invasão, a Rússia exigiu a proibição da entrada da Ucrânia na NATO e o recuo de tropas e armas da Aliança Atlântica para as posições de 1997, antes do alargamento a leste.

A guerra na Ucrânia levou, no entanto, a Finlândia e a Suécia a ponderar o abandono da sua neutralidade histórica para aderir formalmente à NATO.

A Rússia já ameaçou que tal decisão pode vir a ter "efeitos políticos e militares" para a Suécia e para a Finlândia.

Uma adesão da Finlândia à NATO constitui a maior alteração na política de defesa e de segurança do país nórdico desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando travou duas guerras contra a União Soviética.

Durante o período da Guerra Fria, a Finlândia ficou longe da NATO para evitar provocar a União Soviética, optando por permanecer como país neutral, mantendo boas relações com Moscovo e também com Washington.

Nas últimas semanas, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse que a aliança militar acolheria a Finlândia e a Suécia --- países com Forças Armadas "fortes e modernas" --- "de braços abertos" e que esperava que o processo de adesão fosse rápido e tranquilo.

Notícias ao Minuto | Lusa

ALGUMAS VERDADES SOBRE O ASSASSINATO DE SHIREEN ABU AKLEH

#Traduzido em português do Brasil

André Mitrovica* | Al Jazeera | opinião

Ela não foi 'morta'. Ela foi assassinada.

Ela foi baleada no rosto . Não no braço ou na perna. Na cara. Isso não é um tiro “matar”. Isso é um tiro de assassinato.

Abu Akleh foi baleada no rosto, de propósito, enquanto fazia o que faz desde 1997 pela Al Jazeera: dizer a verdade.

Ela foi assassinada por contar, mais uma vez, a verdade sobre como Israel encurralou, espancou, “invadiu”, despejou, prendeu, traumatizou, torturou, assassinou e aterrorizou palestino após palestino, dia após dia, semana após semana, mês após mês. , ano após ano, década após década.

Abu Akleh fez bem o seu trabalho. Ela o fez com graça, paciência e resiliência, apesar das indignidades, horrores e perigos. Era seu dever, obrigação e responsabilidade testemunhar.

Todos os dias, os palestinos correm o risco de serem assassinados porque são palestinos.

Não importa onde vivam – em Gaza, Jerusalém ou Cisjordânia – todos os dias, os palestinos correm o risco de serem assassinados porque são palestinos.

Não importa o que eles fazem para viver – se eles podem encontrar trabalho – todos os dias, os palestinos correm o risco de serem assassinados porque são palestinos.

Não importa se são jovens ou velhos, homem ou mulher, muçulmano ou cristão – todos os dias, os palestinos correm o risco de serem assassinados porque são palestinos.

Acontece que Abu Akleh, uma palestina de 51 anos, estava em Jenin ontem de manhã quando foi assassinada.

Ela estava lá para fazer seu trabalho: relatar como mais soldados israelenses estavam “invadindo” – um eufemismo para aterrorizar – mais palestinos.

Ela estava usando um capacete e colete com a inscrição “Press”.

Ela estava em uma rotatória com outros jornalistas palestinos quando foi baleada no rosto. Um produtor da Al Jazeera, que sobreviveu, foi baleado nas costas.

O corpo de Abu Akleh estava na beira de uma estrada, próximo a um muro. Seus colegas gritaram por socorro enquanto a puxavam para longe da mira de um franco-atirador. Mais tarde, uma ambulância chegou. Ela morreu no hospital. Sozinho.

Outro dia, outro palestino assassinado.

Mas, ao contrário de tantos outros palestinos assassinados , incluindo quatro meninos que foram desmembrados por um míssil israelense enquanto jogavam futebol na praia, Abu Akleh era bem conhecido. Ela estava na TV. Ela era popular. Ela era admirada e respeitada porque dizia a verdade sobre a crueldade que os palestinos sofrem e sofrem todos os dias.

Então, seu assassinato, ao contrário dos assassinatos de tantos outros palestinos, foi notícia na Europa e na América do Norte.

Duvido que o assassinato dela teria feito muitas notícias na Europa e na América do Norte, exceto por um fato inconveniente: Abu Akleh também era americano.

Duvido que o assassino dela soubesse que ela era americana quando atiraram nela, de propósito, no rosto. Agora eles sabem. Droga. Isso significava que pessoas e instituições poderosas que normalmente não dão a mínima quando palestinos são assassinados tinham que dizer alguma coisa, já que Abu Akleh era americano.

Não me lembro dos embaixadores dos EUA em Israel ou das Nações Unidas, do Departamento de Estado ou da Casa Branca reconhecendo, muito menos condenando, qualquer um dos assassinatos , desde 2000, de 46 jornalistas palestinos ou dizendo qualquer coisa sobre os 144 jornalistas palestinos que , desde 2018, foram alvejados com balas de borracha ou aço, com gás lacrimogêneo ou granadas de efeito moral.

Você lembra-se?

Claro que não. Eles não eram americanos. Isso significava que eles não eram ninguém. Inconsequente. Esquecível. Pior, eles eram palestinos. Eles não eram nada. Provavelmente ferramentas do Hamas. De qualquer forma, como todos os outros palestinos que vivem, trabalham e vão à escola todos os dias na Palestina prisioneira, aqueles jornalistas palestinos de faz de conta pediram e conseguiram – bom.

Nada para ver aqui. Ir em frente.

Desta vez, alguns políticos e diplomatas dos EUA disseram estar “muito tristes” por Abu Akleh ter sido baleado no rosto. Eles disseram que precisava haver uma “investigação completa” sobre quem, precisamente, atirou no rosto de Abu Akleh.

Blá. Blá. Blá.

Eles tinham que dizer isso. Eles não queriam dizer isso. Mas eles tinham que dizer isso. Caso contrário, pode parecer que eles não dão a mínima para que um famoso jornalista americano tenha sido baleado no rosto por – várias testemunhas dizem – um franco-atirador israelense.

Vamos lá, você e eu sabemos que eles realmente não dão a mínima. Abu Akleh pode ter um passaporte americano, mas ela não era uma americana de verdade ou mesmo uma jornalista de verdade como o falecido Daniel Pearl. Ele trabalhou para o Wall Street Journal. Ele importava. A maneira de seu assassinato importava.

Abu Akleh era palestino. Ela trabalhou para a Al Jazeera. Você e eu sabemos que a maioria dos políticos e da mídia americana concorda com Donald Rumsfeld, que disse uma vez que as reportagens da Al Jazeera são “viciosas, imprecisas e imperdoáveis”.

Os políticos e diplomatas dos EUA que fingiam se preocupar com o assassinato de Abu Akleh poderiam ter dito ao mais querido estado amigo e cliente dos Estados Unidos no Oriente Médio há muito tempo para parar de atirar e matar jornalistas e explodir prédios onde eles trabalham.

Eles não têm e não vão.

Em vez disso, eles fazem o que sempre fazem quando Israel assassina palestinos – americanos ou não. Nada.

Israel é obrigado a jogar junto para aliviar a pressão fantasma.

O primeiro-ministro israelense Naftali Bennett desempenhou seu papel na pantomima. Na hora, ele turvou as águas sangrentas ao apresentar a linha cansada e absurda de que o “exército mais moral do mundo” não mata palestinos de propósito.

A “infeliz morte” de Abu Akleh, ele sugeriu no Twitter, foi um caso de violência palestina palestina.

“De acordo com os dados que temos atualmente, há uma chance considerável de que palestinos armados, que dispararam descontroladamente, sejam o que levou à infeliz morte do jornalista”,  tuitou o Ministério das Relações Exteriores de Israel  em seu nome.

A maioria dos políticos americanos – republicanos e democratas – e grande parte da mídia tradicional acreditarão em Bennett. Ele é o primeiro-ministro de Israel. Os primeiros-ministros israelenses nunca mentem. Eles, ao contrário do Hamas, dizem a verdade. Sempre. Eles são amigos da América. Confiável. A América nunca duvida da palavra de seus amigos israelenses.

A América não precisa ver, muito menos questionar, os chamados “dados” de Bennett. Se o primeiro-ministro israelense disser que o tem, então, há uma “chance considerável” de que isso tenha acontecido. Isso é bom o suficiente para a América e a classe tagarela.

Dúvida semeada. Missão cumprida. Rápido, de volta à Ucrânia.

Claro, a porta-voz dos EUA Nancy Pelosi escreveu : “O assassinato da jornalista americana Shireen Abu Akleh é uma (sic) tragédia horrível”.

Newsflash, Presidente Pelosi, atirar no rosto de um jornalista palestino-americano de propósito não é uma “tragédia”. É um crime. Sabemos, sabemos, soldados israelenses nunca cometem crimes.

Rápido, de volta à falta de fórmula infantil.

Oh espere. Os “dados” outrora rígidos de Bennett se tornaram puf – se é que alguma vez existiram. Na quarta-feira, um general israelense disse, bem, talvez Abu Akleh não tenha sido vítima da violência palestina. Talvez um soldado israelense armado, não um palestino “armado” – existe algum outro tipo? – atirou no rosto dela. Pode ser.

Isso não importa. A “narrativa”, como o cimento, já foi lançada.

É assim: nunca saberemos quem atirou no rosto de Abu Akleh. Israel quer uma “investigação” para descobrir quem atirou em Abu Akleh. Sim. Honesto. Os palestinos não vão cooperar. Fanáticos.

Ainda assim, se um franco-atirador israelense atirou no rosto de um jornalista, esse é o terrível custo da guerra. Aquele atirador também estava cumprindo seu dever, protegendo Israel dos terroristas. Ela conhecia os riscos. Ela ficou no caminho. Azar.

A verdade é que funcionará porque funcionou todas as outras vezes que Israel assassinou um palestino.

Shireen Abu Akleh sabia disso, suspeito, melhor do que ninguém.

*André Mitrovica -- colunista da Al Jazeera baseado em Toronto.

Imagem: Abu Akleh foi baleada no rosto, de propósito, enquanto fazia o que faz desde 1997 pela Al Jazeera: dizer a verdade, escreve Mitrovica  [Adel Hana/AP Photo]

NAFTALI BENNETT: Um criminoso em formato de primeiro-ministro de Israel

Naftali Bennett ultramilionário que fez fortuna na indústria de software e é reconhecido como um nacionalista radical de direita (nazi) no país do genocídio palestiniano em curso e fanático continuador da política israelita de terrorismo de estado. Tudo isso com a indiferença da ONU, do apoio dos EUA e da União Europeia, entre outros estados neoliberais e até de propensão e práticas nazi-fascistas. (PG)

Jornalista americana-palestina Shireen Abu Akleh morta por atirador israelita

#Traduzido em português do Brasil

As forças israelenses na Cisjordânia ocupada atiraram e mataram Shireen Abu Akleh, uma veterana jornalista palestina-norte-americana que trabalhava para a Al Jazeera, enquanto ela cobria um ataque do exército israelense ao campo de refugiados de Jenin nesta manhã. Isso é de acordo com a Al Jazeera e o Ministério da Saúde Palestino. Vídeo divulgado pela Al Jazeera mostra os momentos após Abu Akleh ser baleado na cabeça. 

Um porta-voz do exército israelense disse a uma estação de rádio militar que Abu Akleh provavelmente foi morta por fogo palestino, embora não tenha oferecido provas. O chefe do escritório da Al Jazeera em Jerusalém disse que Abu Akleh foi alvo de "tiro direto" de um franco-atirador israelense. Um segundo jornalista palestino, Ali al-Samudi, foi hospitalizado em condição estável depois de ser baleado nas costas. Falando de um hospital em Jenin, al-Samudi disse que estava entre os quatro jornalistas presos por atiradores israelenses.

Ali al-Samudi: “A ocupação é assassina e criminosa. Eles atiraram em nós sem motivo. Nós, um grupo de jornalistas, estávamos lá vestindo nossos uniformes de imprensa completos, além dos capacetes com a palavra 'imprensa' escrita neles em letras grandes, do tamanho do mundo inteiro. Nós éramos óbvios.”

Em comunicado, a Al Jazeera disse que responsabiliza o governo israelense e suas tropas pelo assassinato, condenando-o como um “crime hediondo, que pretende apenas impedir que a mídia cumpra seu dever”. O embaixador dos EUA em Israel, Tom Nides, pediu uma investigação, twittando que estava “muito triste ao saber da morte da jornalista americana e palestina Shireen Abu Akleh”.

Democracy Now

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