terça-feira, 7 de junho de 2022

Portugal | A EPIFANIA DE COSTA

Depois de ter voltado a rejeitar uma actualização digna dos salários da Administração Pública, Costa pede agora um «esforço» às empresas em nome de «maior justiça».

AbrilAbril | editorial

Foi este sábado, e António Saraiva, líder da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) já veio acusar o primeiro-ministro de estar a fazer propaganda política, ao apontar um aumento do salário médio de 20% até 2026. Num encontro de jovens, no Algarve, António Costa apelou à consciência das empresas e falou da necessidade de haver «maior justiça nas políticas remuneratórias que praticam», lembrando que o peso dos salários no conjunto da riqueza nacional é de 45%, menos três pontos percentuais comparativamente com a média da União Europeia.

Uma semana após a Assembleia da República, com protestos à porta, ter votado o Orçamento do Estado onde está vertida a opção de manter reformados, pensionistas e trabalhadores da Administração Pública com cada vez menos salário, e persistir no subfinanciamento das funções sociais do Estado, o primeiro-ministro, que tem usado o argumento da «espiral inflacionista» para recusar aumentar o rendimento das famílias, articula agora um discurso sobre «maior justiça», quando se sabe que nem o próprio, nem os patrões estão disponíveis para dar esse passo. Basta ver os aumentos extraordinários dos reformados e pensionistas, medida que o PS incorporou quando estava em minoria, e que agora recusou actualizar (no mínimo de 20 euros) para ajudar a enfrentar a brutal subida dos preços a que estamos a assistir, e que cava fundo o fosso da desigualdade e da pobreza. 

Diz Costa que o Estado «pode e deve ajudar, com políticas públicas», no sentido de «aumentar o rendimento disponível das famílias». Sendo certo que pode, e natural que deva, a verdade é que o Governo do PS não tem estado à altura das necessidades dos portugueses, apesar de ter condições para o fazer – veja-se os 250 milhões de euros que o primeiro-ministro ofereceu à guerra na Ucrânia, mais os 50 milhões prometidos à Polónia. O Executivo recusou fixar preços de bens essenciais, como a alimentação, a energia e os combustíveis, tal como não avançou com uma rede pública de creches, nem com o alargamento da sua gratuitidade e do abono de família, medidas que, entre muitas outras, podiam contribuir realmente para aumentar o rendimento disponível dos portugueses. 

O presidente da CIP foi um dos que se mostraram surpreendidos com as palavras do primeiro-ministro, até porque o normal é que sejam os patrões a ditar as regras do jogo, como se viu recentemente na concertação social, onde o Executivo de Costa anuiu a uma boa parte das «linhas vermelhas» traçadas pela confederação liderada por António Saraiva, mantendo na precariedade quem realmente cria a riqueza.

Pelo contrário, os patrões dizem que o Governo não dá o manual de instruções para que se possa proceder ao aumento dos salários em 20% até 2016, e escudam-se nos «brutais aumentos nas matérias-primas e na energia», quando se sabe que os lucros dos grandes grupos económicos não têm parado de aumentar, à boleia de argumentos como a pandemia e as sanções à Rússia. É o caso da Galp, que multiplicou os lucros por seis, para 155 milhões de euros, a que se juntam empresas de outros sectores, como a banca e a grande distribuição. 

António Costa convocava ontem «sociedade, Estado e empresas» para atingir uma meta que, alegou, «temos de ser capazes de, colectivamente, alcançar». Um discurso «politicamente bonito», nas palavras de António Saraiva. Uma epifania...  

Imagem: Steven Governo  / Lusa

Portugal | JERÓNIMO DE SOUSA DIZ QUE MOREIRA TEM RAZÃO

Governo que “abra cordões à bolsa” na descentralização

Jerónimo de Sousa dá "razão" a Moreira nas críticas ao processo de descentralização e exorta Governo a "abrir os cordões à bolsa" para resolver esta situação de uma vez por todas.

O secretário-geral comunista considerou que o presidente da Câmara do Porto “tem razão” nas críticas sobre a transferência de competências para as autarquias e exortou o Governo a “desatar os cordões à bolsa” para resolver este diferendo.

“Consideramos [o PCP], em relação à posição do presidente da Câmara do Porto, que naturalmente tem razão”, respondeu Jerónimo de Sousa, em conferência de imprensa na sede do partido, em Lisboa, depois de ser questionado sobre o pedido de devolução do Orçamento do Estado ao parlamento feito por Rui Moreira.

Na segunda-feira o presidente da Câmara Municipal do Porto pediu ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para não promulgar o Orçamento do Estado para 2022 e devolvê-lo à Assembleia da República para que possa ser revista a rubrica da descentralização de competências referente à Educação.

“Pensamos é que, no entanto, a melhor solução é garantir a existência e o funcionamento da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), procurar abrir uma discussão que permita encontra uma solução”, acrescentou Jerónimo de Sousa, aludindo à decisão do município do Porto, no final de maio, de abandonar este organismo.

O dirigente comunista apontou o dedo ao executivo de António Costa pela criação de um problema com a transferência de competências: “Quaisquer transferências do Orçamento do Estado para as autarquias têm de ser acompanhadas das receitas que sustentam essas opções de descentralização e o Governo aqui deu esse nó”.

Portugal | COMO AS TELECOM NOS ROUBAM COM UM CLIK

Está na net, aparece uma janela de pub, tenta livrar-se dela e zás: "contratou" um "serviço" que lhe vai ser cobrado, pela calada, pela sua operadora telefónica. Uma "prática comercial" que não é mais que burla, e que incrivelmente ninguém em Portugal parece ter poder (ou querer) para impedir ou castigar.

Fernanda Câncio | Diário de Notícias | opinião

Já ouviu falar de wap billing, ou "cobrança silenciosa"? WAP é o acrónimo de Wireless Application Protocol, ou seja, Protocolo para Aplicação Sem Fios - uma tecnologia que permite aos telemóveis aceder à internet. Até aqui tudo bem, certo? Sucede que essa tecnologia, através da qual os telefones "comunicam" com os "sítios hóspedes", permite a esses sítios captar e armazenar informação sobre cada aparelho que o distingue de todos os outros - o MSISDN, ou Mobile Station International Subscriber Directory Number.

Esse número é fundamental nesta história. Que tem a ver com aquelas janelas chatas de publicidade que cada vez mais nos aparecem quando estamos na net: ao tentarmos livrar-nos delas podemos, sem dar por tal, clicar no sítio errado - e ser vítimas de click jacking, ou seja, de roubo pelo clique.

Isso mesmo aconteceu à minha mãe, que tem 91 anos e, descobri este domingo, estava desde março a pagar cerca de 8 euros mensais na sua fatura da MEO por algo que vinha descrito como "Conteúdos - Digitais Especiais - Subscrição" - sem qualquer explicação adicional, e sem que ela tivesse dado por isso, já que o pagamento é efetuado por débito direto.

E a pagar sem saber continuaria se não me tivesse pedido para lhe apagar SMS no telefone. Foi assim que dei com uma datada de fevereiro na qual se lia "subscrição do serviço Playvod (SP) concluída. Preço 1,99 euros/semana." Seguia-se um link para se quisesse cancelar. Como expliquei à minha mãe que deve ignorar SMS de origens desconhecidas e nunca clicar em links, por causa das fraudes (phishing), ela ignorou aquilo que lhe pareceu isso mesmo, até porque, naturalmente, não tinha efetuado qualquer subscrição.

Tendo com uma pesquisa no Google percebido que a Playvod é o nome de uma fornecedora de jogos que pertence ao universo Altice, ou seja à empresa dona da MEO, passei a conferir as faturas da minha mãe. Concluindo que os tais 1,99 euros semanais lhe estavam a ser cobrados desde março, liguei para a MEO para exigir o cancelamento imediato e a devolução dos valores cobrados. A pessoa que me atendeu ainda tentou aquela conversa habitual de enrolanço, assegurando-me de que a operadora "não tem responsabilidade nesta cobrança, porque é de outra empresa", mas acabou por fazer o que lhe pedia, sem no entanto deixar de repetir até ao fim que a MEO "se limita a ser intermediária". Pela pura bondade do seu coração, claro; não para receber uma parte do produto do roubo.

REFUGIADOS DE ÁFRICA E O AZAR DE NÃO SEREM DA UCRÂNIA... PROBLEMA UE?

281 migrantes chegaram a Lampedusa, outros 336 aguardam no Mediterrâneo

O aumento do fluxo migratório em direção a Lampedusa verificado nos últimos dias está novamente a causar fortes constrangimentos no centro de acolhimento da ilha italiana.

Um total de 281 migrantes chegaram esta segunda-feira à ilha italiana de Lampedusa, enquanto outros 336 aguardam a bordo de dois navios de organizações não-governamentais (ONG) humanitárias por um porto seguro para desembarcar após terem sido resgatados no Mediterrâneo.

O aumento do fluxo migratório em direção a Lampedusa verificado nos últimos dias está novamente a causar fortes constrangimentos no centro de acolhimento da ilha italiana.

Com uma capacidade máxima de 350 pessoas, a estrutura acolhe neste momento 880 migrantes, segundo noticiou a imprensa italiana.

Durante a noite passada, a Guarda de Finanças (força policial existente em Itália que está sob a alçada da tutela da Economia e Finanças) intercetou uma primeira embarcação que estava a quatro milhas da costa e transportava 73 migrantes.

Pouco depois, a 20 milhas de distância, foi encontrado outra embarcação com 73 pessoas a bordo.

Por sua vez, a Guarda Costeira italiana intercetou e trouxe para terra várias pequenas embarcações que tinham a bordo migrantes tunisinos, paquistaneses, sírios e sudaneses, segundo a agência espanhola EFE.

Outros 57 migrantes chegaram pelos próprios meios e sem auxílio das autoridades à praia de Cala Pisana, em Lampedusa.

Nas últimas 24 horas, navios humanitários de ONG a navegar no Mediterrâneo realizaram novas operações de resgate.

O navio Mare Jonio, da ONG Mediterranea Saving Humans, resgatou 29 pessoas, enquanto o navio da ONG alemã Sea Watch, que já tinha 222 pessoas a bordo após vários salvamentos, conseguiu resgatar 85 migrantes que viajavam numa embarcação precária que, segundo os próprios migrantes, estava a ser quase alcançada pelas patrulhas marítimas líbias.

Os migrantes receiam ser intercetados pelas autoridades líbias e posteriormente serem devolvidos à Líbia, que não é considerado um porto seguro.

"Agora, as pessoas resgatadas estão no 'Sea Watch 3' onde a tripulação está a tomar conta delas. Temos 307 pessoas a bordo", divulgou a ONG alemã através das redes sociais.

Nos últimos tempos, e perante a ausência de resposta por parte das autoridades de Malta aos pedidos dos navios de resgate humanitário, a Itália tem assumido todo o fluxo de migrantes da rota central do Mediterrâneo, uma das rotas migratórias mais mortais, que sai da Líbia, Argélia e da Tunísia em direção aos territórios italiano e maltês.

Desde o início do ano, e segundo os dados do Ministério do Interior de Itália atualizados até 03 de junho, chegaram 20.028 migrantes às costas italianas, um valor que, no mesmo período do ano passado, se situava nos 14.962.

Diário de Notícias | Lusa | Imagem: Global Imagens

Angola | Diferenças Entre Golpe de Estado e Insurreição Armada – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

As primeiras eleições multipartidárias, em 1992, revelaram a verdadeira natureza dos mentores da Revolta Activa (facção do MPLA liderada por Gentil Viana e Joaquim Pinto de Andrade) e dos golpistas do 27 de Maio de 1977. Concorreram às eleições em listas do Partido Renovador Democrático (PRD) que elegeu apenas um deputado. O MPLA elegeu 129 (maioria absoluta) e a UNITA 70. 

Os restantes lugares na Assembleia Nacional foram assim distribuídos: Partido Renovador Social (PRS) seis deputados, a FNLA cinco, o Partido Liberal Democrático (PLD) três, o Partido da Aliança Juventude Operários e Camponeses de Angola (PAJOCA), o Partido Democrático para o Progresso /Aliança Nacional Angolana (PDP-ANA), o Partido Nacional Democrático de Angola (PNDA), o Fórum Democrático Angolano (FDA), o Partido Social Democrata (PSD) e a Coligação Angola Democrática (AD) elegeram um deputado cada. 

O Partido Angolano Independente (PAI), o Partido Democrático Liberal Angolano (PDLA), o Partido Social Democrático Angolano (PSDA), o Partido Reformador Angolano (PRA), a Convenção Nacional Democrática de Angola (CNDA) e o Partido Democrático Angolano (PDA) não elegeram deputados.

Os apoiantes da Revolta Activa apresentavam-se como intelectuais e críticos da liderança de Agostinho Neto, que consideravam ditatorial. Mas na hora da mudança de regime, apresentaram-se a votos com os assassinos golpistas. E até se esqueceram que Nito Alves, enquanto ministro da Administração Interna, abriu a caça aos “burgueses” e mandou prender o padre Joaquim Pinto de Andrade. Para derrubarem o MPLA, não hesitaram em vender a alma ao diabo. O resultado eleitoral foi um castigo violento dos eleitores à inconsistência ideológica e ao oportunismo. Revolta Activa e golpistas do 27 de Maio de 1977 valiam apenas um deputado. Mas depois ainda valeram menos porque o PRD foi extinto, por ter menos de 0,50 por cento dos votos.

Os derrotados de ontem, hoje voltam à carga. Cheira-lhes a poder e são capazes de tudo para obterem um tacho. Francisco Viana (filho de Gentil Viana, o ideólogo da Revolta Activa) deu uma entrevista onde diz que a Constituição da República não presta e tem que ser mudada urgentemente. O homem até diz que tem vergonha da Lei Fundamental! Curiosamente, os sicários da UNITA dizem exactamente a mesma coisa e Adalberto da Costa Júnior prometeu que se for eleito, muda o regime e rasga a Constituição da República. Garante que vai desencadear um golpe de estado palaciano.

CHARLES MICHEL, O COMISSÁRIO DOS EUA NA UNIÃO EUROPEIA


Esta imagem escolhida de Charles Michel lembra-nos que existem cretinos que nem precisam de ser de Creta para o serem. Aprazam-se em ser Altos Comissários dos EUA na União Europeia e assim contribuírem incansavelmente para alimentar guerras que estão a custar os olhos da cara e a colagem das paredes dos estômagos aos cidadãos contribuintes europeus e a muitos outros povos de outros países do mundo. Provavelmente avançam sem pudor para a exaustão e para a mortandade de povos com o mesmo gozo que sentem nas suas ejaculações... Há gente assim. Anormais da humanidade decadente. (PG)

ÁFRICA CONTINUA A COMPRAR CEREAIS À RÚSSIA, NÃO AS MENTIRAS DOS EUA

África está comprando grãos russos, não as mentiras da América sobre terem sido roubados da Ucrânia

#Traduzido em português do Brasil

Andrew Korybko* | One World

O resultado final é que a mais recente narrativa de notícias falsas do Ocidente liderado pelos EUA sobre a Rússia fracassou completamente depois que a África desafiou a pressão americana para não comprar o trigo daquele país.

O New York Times informou na segunda-feira que autoridades americanas alertaram alguns países africanos em meados de maio contra a compra do que eles alegaram ser grãos que a Rússia havia roubado da Ucrânia. O momento deste relatório várias semanas após o evento diplomático ocorre depois que o presidente da União Africana (UA), Macky Sall, se encontrou com o presidente russo Putin em Sochi na sexta-feira passada, período durante o qual ele denunciou as sanções anti-russas do Ocidente liderado pelos EUA que ele disse serem diretamente contribuindo para a insegurança alimentar em seu continente. Isso destruiu a falsa narrativa de que Moscou supostamente está “bloqueando” os portos ucranianos e vendendo os grãos que supostamente roubou daquele país.

O líder russo também explicou durante uma entrevista na TV no mesmo dia como a crise alimentar global é artificialmente fabricada pelo Ocidente, que resumiu o que o embaixador russo na ONU elaborou extensivamente no final do mês passado. O presidente Putin lembrou a todos que esse problema é realmente causado pelas consequências econômicas da resposta do Ocidente liderado pelos EUA à pandemia de COVID-19, pela mineração de seus próprios portos pela Ucrânia e pelas sanções anti-russas. O endosso do presidente da UA da última causa mencionada desta crise desmascara poderosamente as mentiras da América sobre isso, já que ninguém pode duvidar com credibilidade da sinceridade de suas palavras quando ele representa os países mais diretamente afetados por isso.

Não é coincidência que nenhum país africano tenha aderido às sanções anti-russas do Ocidente liderado pelos EUA, nem mesmo aqueles cujos governos foram coagidos por esse bloco a votar contra Moscou na ONU. Todos eles sabem muito bem que a Rússia os apoiou durante suas lutas anticoloniais e posteriormente os ajudou a reconstruir suas nações depois. Essa grande potência eurasiana nunca participou da chamada “Scramble for Africa” e sempre foi a aliada mais confiável do continente. Nunca mataria de fome o povo africano nem venderia grãos roubados. Pelo contrário, é absolutamente essencial para garantir a segurança alimentar de muitos desses países, e por isso está enviando urgentemente esses suprimentos para eles.

O Ocidente liderado pelos EUA, por outro lado, tem uma história desprezível de colonialismo, neo-imperialismo e belicismo em toda a África. Esta civilização é famosa por matar inúmeras pessoas em todo o continente ao longo dos séculos e escravizar ainda mais. Não é confiável, mas é simplesmente um “aliado de conveniência” para muitos que apreciam o acesso ao mercado relativamente aberto para suas exportações. Outros, enquanto isso, são governados por líderes genuinamente impopulares e apoiados pelo Ocidente que se agarram ao poder pela força. Quanto aos estados estrategicamente autônomos que desafiaram a pressão do Ocidente liderado pelos EUA para condenar publicamente e posteriormente sancionar a Rússia, Washington nunca esteve mais furioso com eles.  

Essa é uma das razões pelas quais os Estados Unidos fabricaram artificialmente a crise alimentar global e agora estão espalhando notícias falsas sobre a Rússia ter supostamente roubado o grão ucraniano que está enviando para a África. Washington quer punir esses governos multipolares provocando instabilidade em seus países através da fome iminente que é diretamente responsável por criar. Espera-se que isso leve a revoluções coloridas e/ou golpes militares para substituir líderes genuinamente populares e independentes por marionetes estrangeiras, especialmente na África Ocidental que é hoje uma das frentes mais quentes da Nova Guerra Fria .

Em resposta a essa ameaça de guerra híbrida, os países africanos estão comprando avidamente o máximo possível dos produtos agrícolas da Rússia, a fim de evitar que o cenário orquestrado pelos americanos de mudança de regime seja indiretamente avançado pela crise alimentar global artificialmente fabricada. O resultado final é que a mais recente narrativa de notícias falsas do Ocidente liderado pelos EUA sobre a Rússia fracassou completamente depois que a África desafiou a pressão americana para não comprar o trigo daquele país. É por essa razão que o MSM está agora empurrando a mentira de que foi roubado da Ucrânia para desacreditar esses estados no tribunal da opinião ocidental, mas eles poderiam se importar menos, já que garantir a segurança alimentar é compreensivelmente sua principal prioridade.

*Andrew Korybko -- analista político americano

**Andrey Korybko, é analista político americano, baseado na Rússia, jornalista da Sputnik News, conselheiro e membro do Conselho de Especialistas do Instituto de Estudos e Previsões Estratégicas, uma seção especializada da Universidade da Amizade dos Povos da Rússia

LIVRO - Guerras Híbridas

Sua obra mais famosa é "Guerras Híbridas – Das Revoluções Coloridas aos Golpes” [5], o qual afirma que Revoluções Coloridas seriam uma nova forma de guerra projetada pelos EUA, com tudo, desde sua composição organizacional até a aplicação geopolítica, sendo guiada por estrategistas americanos. Mas, ao contrário de pesquisadores anteriores que abordaram o assunto, Andrew leva seu trabalho ainda mais longe e usa os exemplos mais recentes da Guerra na Síria e do EuroMaidan para argumentar que os EUA teriam atuado diretamente nesses cenários

Desnazificar | Rússia mantém 2.500 prisioneiros da fábrica de Azovstal, diz Zelensky

O Ministério da Defesa ucraniano está a trabalhar na libertação dos soldados, disse o presidente da Ucrânia, sem avançar pormenores sobre a operação.

A Rússia mantém prisioneiros cerca de 2.500 soldados que foram capturados na siderurgia Azovstal, na cidade costeira ucraniana de Mariupol, afirmou o Presidente da Ucrânia.

Num encontro com jornalistas, divulgado por meios de comunicação social do país, Volodymyr Zelensky reconheceu, porém, que "é difícil precisar" quantos soldados foram levados do complexo siderúrgico de Azovstal, depois de semanas de bloqueio e bombardeamentos.

O chefe de Estado ucraniano disse que o Ministério da Defesa ucraniano está a trabalhar na libertação dos soldados, não avançando pormenores sobre a operação.

Zelensky considerou que os russos "não torturam os defensores ucranianos de Azovstal, porque não é do seu interesse fazê-lo", e explicou: "os nossos combatentes tornaram-se figuras públicas".

O exército ucraniano defendeu a cidade portuária de Mariupol, no mar de Azov, ao longo de mais de 80 dias.

A retirada dos soldados ucranianos que se tinham refugiado nas instalações do complexo, bloqueado pelos invasores russos, começou a 16 de maio e durou vários dias.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de quatro mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A ofensiva militar causou a fuga de mais de oito milhões de pessoas, das quais mais de 6,6 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

Diário de Notícias | Lusa

UCRÂNIA: MÍDIA OCIDENTAL MUDA O TOM MAS QUER GUERRA

#Publicado em português do Brasil

Após meses exaltando vitórias da resistência que nunca ocorreram, notícias se aproximam da realidade. Seu objetivo, porém, não é salvar vidas, mas apoiar envio de mais armas dos EUA e Europa – e prolongar ainda mais um conflito perdido

Bernhard Horstmann* no A Terra é Redonda | Tradução: Ricardo Cavalcanti-Schiel | em Outras Palavras

A quantidade de material disponível para os fãs da Ucrânia parece estar diminuindo sensivelmente na imprensa. Cada vez mais meios de comunicação relatam agora os enormes danos que a artilharia russa está causando às tropas da linha de frente ucraniana. Até o New York Times juntou-se ao coro: “Sob o fogo do arsenal de longo alcance da Rússia e enfrentando uma necessidade desesperada de munição e armas, as forças ucranianas continuam desarmadas na longa e esburacada frente oriental, de acordo com analistas militares, oficiais ucranianos e soldados no terreno. Um único combate, na quinta e sexta-feira, em uma pequena faixa da linha de frente, numa floresta ao norte da cidade de Slaviansk, foi responsável por mandar cerca de uma dúzia de soldados ucranianos para um hospital militar, com ferimentos terríveis por estilhaços”.

“Você pergunta como estão os combates” ― disse Oleksandr Kolesnikov, comandante de uma companhia que luta na floresta, entrevistado em uma maca de ambulância do lado de fora de um hospital militar em Kramatorsk. “Havia um comandante da companhia. Ele foi morto. Havia outro comandante. Ele foi morto. Um terceiro comandante foi ferido. Eu sou o quarto”.

Outro exemplo vem do Washington Post: “Setenta pessoas do meu batalhão ficaram feridas na semana passada”, disse um soldado e motorista de ambulância, do lado de fora dos portões do hospital, que se identificou apenas como Vlad, 29 anos. “Perdi muitos amigos; isso é difícil para mim. Eu não sei quantos. (…) Está ficando pior a cada dia”. Na noite anterior, disse ele, o bombardeio foi tão forte que ele mal conseguiu dormir. “É sempre bombardeio de artilharia”, disse ele. “Todos os feridos são por estilhaços. A maioria dos caras nas trincheiras nem viu o inimigo cara a cara”.

Desde o início da guerra, chamei a atenção para a enorme quantidade de artilharia que as forças russas tradicionalmente utilizam. A doutrina “ocidental”, que é essencialmente a doutrina norte-americana, aposta na supremacia aérea. As defesas aéreas do inimigo são destruídas nos primeiros dias da guerra. Depois disso, as formações inimigas são eliminadas aplicando uma enorme quantidade de bombardeio aéreo contra elas.

A doutrina russa nunca acreditou na supremacia aérea. A própria Rússia tem excelentes defesas aéreas, então sabe do que está falando. Para destruir formações inimigas, a Rússia aplica artilharia, muita artilharia.

Uma equipe de combate de brigada padrão dos Estados Unidos (BCT) tem dois ou três batalhões com tanques ou infantaria como formações de frente e um batalhão de artilharia para apoiá-los. O resto das tropas da brigada são unidades variadas de apoio.

Em lugar de uma proporção de 3 para 1 de formações de frente para formação de artilharia, as unidades russas têm um coeficiente de 1 para 1. As brigadas de infantaria motorizada russas também têm dois ou três batalhões como formações de frente, mas também têm três batalhões de artilharia com várias armas e mísseis para apoiá-los.

Este coeficiente de 1 para 1 é repetido em quase todos os níveis ― batalhão, brigada, divisão, exército ― das forças terrestres russas. O resultado é algo como isso.

A menos que as forças de defesa estejam totalmente blindadas ou extremamente bem entrincheiradas, como estiveram por oito anos na linha de frente de Donietsk, elas não têm esperança de resistir à artilharia russa. Desde que o exército russo rompeu a linha de frente imediata, os ucranianos perderam a proteção dos abrigos fortificados e estão fugindo.

Nenhum dos cenários acima é novo, e foi a razão pela qual eu e outros poderíamos facilmente prever que o exército ucraniano perderia a guerra.

2Depois de meses exaltando vitórias ucranianas que nunca haviam acontecido, as manchetes “ocidentais” agora finalmente reconhecem o verdadeiro estado da guerra: “A Ucrânia está em pior forma do que você pensa” (Time); “Ucrânia sofre no campo de batalha enquanto implora por armas dos EUA” (Washington Post); “Vitórias russas no leste da Ucrânia geram debate sobre o curso da guerra” (Bloomberg); “A tática russa do ‘caldeirão’ pode estar entornando a batalha do Donbass a seu favor” (The Guardian); “Estilhaços nas florestas e abóbodas no céu: ‘Eu nunca vi tal inferno’” (New York Times); “Boris Johnson alerta que a Rússia está ‘mastigando’ o leste da Ucrânia, enquanto pede mais apoio às forças de Kiev” (Daily Mail).

Boris ganhou o voto de confiança, mas nos outros aspectos é o grande perdedor

O primeiro-ministro está danificado; assim são o país e seu partido. Seu alívio não será duradouro

#Traduzido em português do Brasil

Martin Chaleira* | The Guardian | opinião

Depois de uma disputa rápida cujo cronograma abreviado foi adaptado para sua vantagem, Boris Johnson ganhou o voto de confiança esta noite apenas por 211 a 148 votos, com todos os 359 parlamentares conservadores votando. É uma vitória, mas também é um desastre para o primeiro-ministro.

O verdadeiro vencedor no voto de confiança da liderança conservadora de 2022 não foi Johnson. Ele está irremediavelmente danificado. Os políticos não se recuperam dessas coisas. Nem foi o vencedor o partido conservador. Os vencedores foram os partidos da oposição: trabalhistas, liberais democratas, verdes e nacionalistas.

Isso porque, com o impopular Johnson perdendo seu fascínio eleitoral, mas agora reconfirmado, mas apenas como líder conservador, os partidos da oposição estão agora a caminho de derrubar os conservadores do cargo nas próximas eleições gerais. Um novo líder conservador poderia ter tido tempo para reconstruir a imagem do partido. Johnson não pode fazer isso.

Por mais que Downing Street possa fingir o contrário, este não é o fim da história, por três razões principais. Primeiro, e mais imediatamente, Johnson ainda não está fora de perigo. Isso é em parte por causa do próximo inquérito do comitê de privilégios sobre se Johnson mentiu para os parlamentares. Mas um par de derrotas conservadoras nas duas eleições deste mês – em Wakefield, onde o principal desafiante é o Partido Trabalhista, e em Tiverton e Honiton, onde o desafio vem dos Lib Dems – aterrorizaria os parlamentares conservadores mais uma vez e reacenderia a questão da liderança.

Alguns dos críticos de Johnson argumentaram que a disputa desta semana não deveria ter ocorrido até depois dessas eleições. Tecnicamente, agora não pode haver nenhum desafio ao líder por 12 meses. No entanto, o livro de regras do partido conservador é algo maleável. Se a demanda nas bancadas e nas associações eleitorais for alta o suficiente, é provável que seja encontrado um caminho. As coisas ficaram mais instáveis.

Com 211 votos a favor. Boris mantém confiança dos deputados conservadores

O primeiro-ministro do Reino Unido enfrentou os deputados do partido e, embora não tenha caído com a votação, sabe que enfrenta mais de cem vozes de protesto interno.

O primeiro-ministro britânico e líder dos conservadores, Boris Johnson, viu 211 deputados do Partido Conservador votarem a favor da confiança no chefe de Governo. Isto quer dizer que apenas 148 parlamentares do partido não têm confiança no líder.

Boris Johnson precisava de pelo menos 180 votos para permanecer como líder do partido e ter um ano de imunidade contra novas moções de censura. Uma derrota significaria uma eleição interna para encontrar um sucessor na qual o atual primeiro-ministro não poderia concorrer.

Todos os 359 deputados participaram na votação e os resultados revelam que Johnson enfrenta agora uma maior oposição, em termos proporcionais, do que a que Theresa May enfrentou em 2018. Nesse ano, 117 deputados conservadores mostraram-se contra a continuidade da então primeira-ministra.

Boris Johnson enfrentou esta tarde a votação de uma moção de censura, enquanto líder do Partido Conservador, após dezenas de deputados terem manifestado o seu descontentamento.

Entre as razões constavam o escândalo das festas em Downing Street durante a pandemia de Covid-19, conhecido como Partygate, a intenção de legislar para suspender partes do Protocolo da Irlanda do Norte do Acordo do Brexit ou a política de enviar imigrantes ilegais para processamento no Ruanda.

Graham Brady, presidente do grupo parlamentar conservador, também conhecido por Comité 1922, declarou hoje de manhã ter sido ultrapassado o patamar de 54 subscritores para desencadear o processo.

A votação secreta teve lugar na Câmara dos Comuns entre as 18h00 e as 20h00 e o resultado, determinado por maioria simples, foi declarado pelas 21h00.

Esta é uma moção de censura interna do partido e não no Parlamento, pelo que só os 359 deputados conservadores podem participar.

TSF | Lusa

Imagem: Boris Johnson, primeiro-ministro britânico © Jason Alden/EPA

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