domingo, 19 de junho de 2022

GUERRA ENTRE A OTAN E A RÚSSIA É INEVITÁVEL

#Traduzido em português do Brasil

Os militares russos continuam a aplicar as táticas de pequenas caldeiras no leste da Ucrânia. Como resultado, os militares ucranianos cercados estão sofrendo enormes perdas em equipamentos militares e mão de obra.

O sucesso das táticas russas é confirmado pelas ações e declarações da liderança ucraniana.

O chefe da facção pró-presidencial “Servo do Povo” na Verkhovna Rada da Ucrânia, David Arahamiya, confirmou que a Ucrânia está perdendo até 1.000 militares por dia no Donbas, dos quais 200 a 500 são mortos. As perdas aumentaram significativamente nas últimas duas semanas. De acordo com suas declarações, a Ucrânia convocou cerca de um milhão de pessoas para o exército e tem a oportunidade de recrutar mais dois milhões, o que permite compensar as perdas crescentes.

No entanto, sem o aumento da assistência ocidental, o regime de Kiev não é capaz de repelir as forças russas. O crescente papel dos Estados Unidos, Reino Unido e UE na guerra na Ucrânia aumenta os riscos de um conflito global.

Pela primeira vez desde o início da operação militar russa, o presidente da França, o chanceler da Alemanha e o primeiro-ministro da Itália vieram à Ucrânia. Emmanuel Macron, Olaf Scholz e Mario Draghi se reunirão com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky um dia antes de a Comissão Europeia apresentar conclusões sobre a perspectiva de adesão da Ucrânia à UE. Os líderes planejam discutir as questões de desminagem de portos e desbloqueio de corredores de grãos.

Ao mesmo tempo, é relatado que a França planeja fornecer à Ucrânia seis obuses autopropulsados ​​CAESAR de 155 mm adicionais (já ativos).

O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, disse que a Aliança está preparando um plano para transferir o exército ucraniano de armas pós-soviéticas para armas de padrões da OTAN.

Ele também anunciou a alocação de um novo pacote de ajuda militar a Kiev. Segundo ele, a transferência de artilharia de longo alcance e armas pesadas para a Ucrânia será anunciada na noite de 15 de junho.

O ex-comandante das forças da OTAN na Europa Wesley Clark afirmou que a Ucrânia perderá a guerra sem a intervenção direta da Aliança. Ele assegurou que se a OTAN não intervir na guerra, a Aliança deve ser dissolvida por inutilidade.

De acordo com o general aposentado dos EUA, a aliança deve “ir além da estrutura delineada ou cessar suas atividades”.

Os militares de Kiev já estão fazendo planos para ataques com armas estrangeiras que ainda não foram recebidas.

O general ucraniano Marchenko disse que, depois de receber assistência ocidental, a Ponte da Crimeia se tornará o alvo número 1 das Forças Armadas da Ucrânia. Assim, o comando militar das forças de Kiev confirma que quaisquer promessas de não atacar o território russo com a ajuda de sistemas americanos são apenas palavras vazias.

South Front 

PODER NU E JULIAN ASSANGE

#Traduzido em português do Brasil

WJ Astore* | Bracing Views

O pior crime que você pode cometer, aos olhos dos poderosos, é constrangê-los e revelar seus crimes. Foi isso que Julian Assange fez, principalmente sobre os crimes de guerra dos EUA no Iraque, e é por isso que ele está sendo perseguido e punido. Assange está sendo feito para sofrer, e sofrer muito, porque ele falou a verdade sobre os poderosos para os impotentes. Esse é sem dúvida o trabalho número um de um verdadeiro jornalista, responsabilizar pessoas poderosas, revelar a verdade quando tantos conspiram para mantê-la oculta. Mas a maioria dos jornalistas não são perfis de coragem, assim como a maioria das pessoas não são. Os corajosos são poucos, e entre eles está Assange.

Se você é um jornalista procurando fazer a diferença, iluminar os cantos escuros, você se atreve a enfrentar o governo dos EUA e o estado de segurança nacional devido à perseguição a Assange? Você quer passar anos em uma prisão de segurança máxima, quase em isolamento total, enfrentando a extradição para os EUA por uma acusação falsa e sem sentido? A perseguição do governo dos EUA a Assange, embora tenha o objetivo de puni-lo e silenciá-lo, é na verdade intimidar e silenciar outros jornalistas. Quem agora se atreve a seguir o exemplo de Assange?

O poder opera mais livremente, ou seja, de forma mais tirânica, quando não é limitado pela responsabilidade. Quanto mais Assange sofre, mais a América cai no autoritarismo. Juntando-se à América em sua deriva em direção à tirania está a Grã-Bretanha e a Austrália, com a Grã-Bretanha aprisionando Assange e aprovando sua extradição e a Austrália não fazendo nada para impedir a perseguição de um de seus próprios cidadãos. Tal é a influência corruptora do poder.

Como de costume, George Orwell explicou tudo isso em “1984” quando descreveu a natureza do poder:

“O Partido busca o poder inteiramente por si mesmo. Não estamos interessados ​​no bem dos outros; estamos interessados ​​apenas no poder. Não riqueza ou luxo ou vida longa ou felicidade; só poder, poder puro... [Ninguém] jamais toma o poder com a intenção de abandoná-lo. O poder não é um meio, é um fim... O objeto da perseguição é a perseguição. O objeto da tortura é a tortura. O objeto do poder é o poder. Agora você começa a me entender?”

Assange, como o personagem de Winston Smith em “1984”, agora tem uma compreensão completa da natureza do poder. Isso tem um preço enorme para ele. No entanto, Assange também revelou a natureza de nosso governo para o resto de nós, a maneira como ele usa brutalmente o poder para manter seu monopólio do poder.

A questão é: vamos fazer algo a respeito? Ou já é tarde demais? E se escolhermos resistir, como Winston Smith (e Julian Assange), seremos levados para nossas próprias versões do Quarto 101, após o que também declararemos nosso amor pelo Big Brother?

Adendo : Um comentário de Dan White estimulou esta resposta minha. Acho que vale a pena adicionar aqui.

Se não obliteração [de pessoas como Assange], então marginalização, encarceramento, diminuição, denúncia e assim por diante. Chelsea Manning. Daniel Hal. Daniel Ellsberg. E muitos mais. Coloque-os na prisão e/ou acusá-los de traição. Apreender seus bens. Destrua suas vidas.

Acima de tudo, intimide aqueles que estão vacilantes, que estão pensando, mas que talvez não tenham muita coragem, ou talvez muito a perder.

A melhor maneira de silenciar os denunciantes é fazê-los escolher jogar fora o apito antes mesmo de chegar à boca.

Bracing Views  em 18 de junho de 2022 por wjastore

Imagem: Julian Assange antes de ser preso por conta da verdade 

CORTEM NAS GUERRAS NUNCA NA DEMOCRACIA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O primeiro-ministro Boris Johnson foi receber um banho de apoio a Kiev já que em casa nem os companheiros partidários o apoiam e os londrinos manifestam-se nas ruas contra o aumento do custo de vida. Também exigem ao governo que corte nos custos das guerra e não nos salários de quem trabalha. Os combustíveis na Europa atingiram o preço do ouro e a inflação devora os rendimentos dos trabalhadores. A democracia deles está cada vez mais reduzida aos votos. Só assim se compreende que Reino Unido, União Europeia e o estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) se ajoelhem aos pés dos nazis que desde 2014 tomaram o poder na Ucrânia.

Úrsula von der Leyen garante que a Ucrânia está a defender os valores da União Europeia. A morrer por eles, por isso, merece viver dentro do cartel. Draghi, Scholtz e Macron foram ajoelhar-se ante Zelensky a Kiev e elogiaram a democracia ucraniana. Garantiram que vão ajudar os ucranianos a ganha a guerra. A ida de todas e todos os políticos de topo do Ocidente a Kiev (Boris Johnson repetiu a dose), incluindo o secretário-geral da ONU, tem sempre o mesmo roteiro. Vão a Irpin e a Bucha ver os estragos feitos não se sabe por quem, dão uma volta na praça onde está sedeado o poder, fazem declarações de amor a Zelensly e retiram em boa ordem. Os russos são terríveis. Podiam poupar-nos a estes espectáculos degradantes com uns mísseis ultrasónicos mas preferem castigar-nos.

Esses números circenses mal-amanhados são cobertos por dezenas de jornalistas ocidentais que fazem as perguntas previamente combinadas. Mas até hoje ninguém quis saber por que razão Guterres, Úrsula von der Leyen, Charles Michel, Borrel, Macron., Scholtz, Draghi ou António Costa não falaram com os líderes dos partidos da Oposição. Ou com os seus deputados eleitos. Sendo todos tão defensores da democracia, tão amantes do regime democrático, é incompreensível que cheguem a Kiev, vão ver as valas comuns a Irpin e Bucha, dão duas de conversa a Zeklensky e cai o pano sobre o palco.

O mundo precisa de saber o que pensam os políticos da oposição ucraniana sobre a guerra que está a devastar o país. Que está a matar milhares de ucranianos. O que pensam desse crime de guerra atroz que é os nazis de Zekensky servirem-se das populações mais vulneráveis como escudos humanos. E também precisamos de saber se a Oposição na Ucrânia está de acordo com a guerra dos EUA e da OTAN (ou NATO). Com a adesão à União Europeia. Com o endividamento perpétuo de um país onde o salário médio é de 250 euros e o mínimo 130 euros! Porquê estes números num país que afinal é o celeiro do mundo.

Sobre essa coisa da adesão da Ucrânia à União Europeia, a Oposição ucraniana não tem uma palavra a dizer? A decisão não tem de ser tomada, obrigatoriamente, no Parlamento, pelos deputados eleitos? O secretário-geral da ONU, tão indignado com os crimes de Bucha não quis saber porque foi abatido pela pide do Zelensky, um alto funcionário do estado que fazia parte da primeira equipa de negociações. Não quis saber do paradeiro do líder da Oposição, Viktor Medvedchuk, preso pela pide do Zelensky num lugar que nem a família sabe. Nenhum líder político ocidental quis saber da situação em que se encontram os dirigentes e deputados dos 11 partidos da Oposição ilegalizados. Os políticos ocidentais turistas de Kiev são coniventes com esses crimes. Cúmplices. 

O que se passa na Ucrânia é demasiado grave para ser tratado pelos Media ocidentais como um espaço de entretenimento ou encher chouriços televisivos em horário nobre. Zelensky é actor de profissão, Mas Guterres, Úrsula, Biden, Jens Stoltenberg, Macron, Draghi, Scholtz, Boris Johnson, todas e todos querem mostrar que são melhores do que ele, na arte da palhaçada. Como pode a Ucrânia aderir à União Europeia, se Zekensky for corrido do poder pelo povo a quem prometeu acabar com a guerra no Leste e levar o país para a OTAN (ou NATO)? Os partidos da Oposição foram ilegalizados para sempre? Viktor Medvedchuk vai ser executado ou fica perpetuamente na cadeia? 

Na democracia deles, isso é possível. Mas não vai ser fácil. Porque a Federação R ussa comprometeu-se a desarmar e desnazificar a Ucrânia. Isso significa que as tropas russas só retiram quando os nazis forem desarmados e afastados do poder. Mais uma vez, o Presidente Putin tem razão. Quando a operação na Ucrânia acabar, nadas mais será igual. Porque no decurso das acções militares, já aconteceram coisas tão extraordinárias que o mundo unipolar se vai desmoronar. 

Quem mais acredita em democratas que vão à Ucrânia e ignoram a prisão do líder da Oposição? Que se estão nas tintas para a ilegalização de 11 partidos da Oposição? Para a eliminação selectiva de todas e todos os que ousam manifestar-se contra a guerra? (Depois são atirados para as valas comuns de Irpin e B ucha) Quem mais confia em políticos que vão a um país e nem sequer se preocupam em falar com um dirigente ou um deputado da Oposição?

As potências ocidentais pensavam que com a guerra à Federação Russa por procuração passada a Zelensky, iam criar uma vaga de fundo planetária contra os comunistas. Falharam. A russofobia ia triunfar. Falharam. Os cidadãos do mundo acidental sabem que o comunismo faz falta para não sermos todos tratados como os ucranianos. E sabem que o Presidente Putin é tão comunista como eu sou uma rosa branca às riscas amarelas. Pode ser que a desnazificação da Ucrânia alastre ao resto da Europa e aos EUA. 

O fórum económico de São Petersburgo pode ter marcado o ponto de partida para esse sucesso ímpar. Só é pena que os ucranianos estejam a ser empurrados para a morte, pelos EUA, a União Europeia e o Reino Unido. Não havia necessidade. Não lhes digam que já ganharam a guerra, que vão ganhar a guerra, que está prestes a vitória na guerra. Todo o mundo sabe que a Federação Russa, se quiser, resolve tudo nuns minutos. Esperemos que os líderes ocidentais não sejam tão irresponsáveis e cruéis que arrastem a guerra até esse ponto. Se assim acontecer, é caso para se criar um novo Tribunal de Nuremberga. Biden, se entretanto não cair da bicicleta, tem lá u lugar garantido. Os seus criado da OTAN (ou NATO) e da União Europeia, também.

*Jornalista

Comício Johnson & Stoltenberg e Ocidente acerca de Kiev esconde falta de confiança

#Traduzido em português do Brasil

Andrew Korybko* | One World

Esses grandes interesses estratégicos contrastantes explicam a crescente divisão no Ocidente sobre o apoio a Kiev, e nada do que Johnson ou Stoltenberg escreveram em seus artigos aparentemente coordenados no sábado convencerá seus colegas franceses, alemães e italianos a reconsiderar seus esforços especulativos para pressionar Zelensky a concordar a um cessar-fogo mais cedo ou mais tarde.

O primeiro-ministro britânico Johnson e o secretário-geral da OTAN Stoltenberg tentaram reunir o Ocidente em torno de Kiev em artigos que publicaram no sábado. Essa campanha coordenada de gerenciamento de percepção esconde uma falta de confiança, no entanto, uma vez que não teria sido iniciada se o Ocidente estivesse solidamente unido por trás daquela ex-República Soviética. Dois altos oficiais militares daquele país também sugeriram recentemente em uma entrevista à principal revista do complexo militar-industrial do mundo que a solidariedade do Ocidente está vacilando, então agora eles estão preocupados que alguns governos possam não dar luz verde aos seus últimos pedidos de armas. Tudo isso segue a narrativa oficial sobre o conflito mudando decisivamentedepois que fatos politicamente inconvenientes sobre a alta taxa de atrito de Kiev finalmente se tornaram públicos.

Os primeiros-ministros francês, alemão e italiano também visitaram Kiev na semana passada, período em que houve especulações de que eles lançaram uma proposta de cessar -fogo com Zelensky. Esses rumores ganharam credibilidade depois que seu ministro das Relações Exteriores escreveu em um artigo pouco depois que “o Ocidente não deve, portanto, sugerir iniciativas de paz com termos inaceitáveis ​​e, em vez disso, ajudar a Ucrânia a vencer” e um de seus principais conselheiros admitiu que alguns países “não querem uma derrota completa da Rússia. Eles querem forçar a Rússia a negociar para alcançar a paz.” Obviamente, a unidade ocidental sobre a causa de Kiev está rachando, o que está provocando pânico naquele país de que o apoio estrangeiro do qual agora depende inteiramente pode secar em breve.

Isso explica a urgência com que Johnson e Stoltenberg iniciaram sua campanha de gerenciamento de percepção no fim de semana, já que esses dois líderes estão cientes de que alguns países europeus, como os “Três Grandes”, cujos primeiros-ministros acabaram de visitar Kiev, estão fazendo muito menos pela Ucrânia do que outros apenas como o ex-presidente dos EUA Trump observou recentemente . Seus artigos parecem excessivamente defensivos e sugerem que o Ocidente está mais cansado com Kiev do que muitos de seus críticos poderiam pensar, e é por isso que eles tentaram convencer o público a apoiar aquele país nos próximos anos. Provavelmente será tudo em vão, no entanto, já que mais europeus preferem a paz em vez de punir a Rússia, de acordo com a última pesquisa do Conselho Europeu de Relações Exteriores.

Zelensky se expôs a tal ponto com suas aparições diárias na mídia em todo o mundo que muitas pessoas ficaram insensíveis aos seus pedidos por mais apoio, que um número crescente nem quer fornecer, pois estão muito mais preocupados com a comida. e alimentam crises que estão desestabilizando as economias de seus países. O lobby de Johnson e Stoltenberg em nome de seu procurador não vai conquistar corações e mentes entre uma população que já está cansada do conflito que se estende até seu quarto mês. Esses dois têm razões de interesse próprio para prolongar indefinidamente o conflito relacionado à proposta de aliança de Londres com alguns dos estados da “Iniciativa dos Três Mares” liderados pela Polônia e o papel da OTAN no complexo militar-industrial global, daí por que seus líderes estavam belicistas novamente neste fim de semana.

Os "Três Grandes", por outro lado, mal podem esperar que o conflito termine, pois estão ansiosos para colonizar economicamente a Ucrânia de acordo com o esquema que Zelensky propôs durante a Cúpula de Davos do mês passado, quando lhes ofereceu "assumir patrocínio sobre um determinado região da Ucrânia, cidade, comunidade ou indústria.” Esses grandes interesses estratégicos contrastantes explicam a crescente divisão no Ocidente sobre o apoio a Kiev, e nada do que Johnson ou Stoltenberg escreveram convencerá seus colegas franceses, alemães e italianos a reconsiderar seus esforços especulativos para pressionar Zelensky a concordar com um cessar-fogo mais cedo ou mais tarde. À medida que continuam trabalhando para esse objetivo, deve-se esperar que a fenda intra-ocidental se torne mais visível e cada vez mais difícil de negar.

*Andrew Korybko -- analista político americano

E OS PORTUGUESES?

Joana Amaral Dias* | Diário de Notícias | opinião

Ucrânia tem condições para ser um membro da UE? Quanto tempo levaria a reunir essas dezenas de exigências? Caso galgassem etapas, como ficaria então a posição geoestratégica da União Europeia, nomeadamente face à Turquia (que tenta pertencer há meio século e cumpre quase todos os requisitos) e face aos Balcãs? Portugal levou 7 anos para ter selo de aprovação. Montenegro é candidato há 12, a Estónia aguardou 13, etc.

O que ganhariam os europeus com esta integração? Toda a propaganda em torno desta putativa candidatura ajuda a Ucrânia neste momento de guerra? Em que medida contribui para a paz? Eis algumas das perguntas básicas a colocar antes de desatarem a agitar as bandeirinhas e entrar em modo cheerleader. Ou ainda não enjoaram de tanta demagogia?

Segundo todos os relatórios internacionais (eg UNICEF ou Human Rights Watch), antes do actual conflito, a Ucrânia padecia de pobreza extrema e apresentava indicadores sociais e económicos ao nível de muitas nações africanas. Narco-Estado, chão de trabalho infantil, covil de pedofilia, barrigas de aluguer, tráfico de seres humanos, enfim, o horizonte era negro. A corrupção medrava e a discriminação de minorias raciais ou outras era tremenda. Tomada pela extrema da extrema direita, golpeada pela violência, a Ucrânia sangrava muito antes da invasão de Putin. Agora, é hemorrágico. Como se pode desenrolar em via verde a pertença à UE de um território que está parcialmente ocupado por uma potência nuclear que controla grande parte dos seus recursos, sendo que outra parte, designadamente as suas infraestruturas, está quase toda destruída? Como declaravam os auditores da União Europeia no Outono passado, nem sequer está garantida a independência do sistema judicial perante os portentos oligárquicos. Ucrânia na Europa? Isso era anedota para os eurocratas de Bruxelas até há pouco tempo.

Kiev cumprirá a médio prazo o Acordo de Copenhaga? Parece que nem sequer consegue corresponder ao artigo 2.° do Tratado: "A União funda-se nos valores do respeito pela dignidade humana, da liberdade, da democracia, da igualdade, do Estado de direito e do respeito pelos direitos do Homem." Razão tem Macron quando diz que este processo de entrada levará anos, ou mesmo décadas. Se tivesse seguido o protocolo Minsk... Depois, além de já estarem na lista de espera outros países, considerando os 44 milhões de ucranianos, terá a Europa capacidade de absorção sem cortar ajudas a países já membros? O erário europeu estica até que ponto? Que fundos e apoios cessarão? É que a adesão pressupõe a unanimidade. Posto isto, não será que Von der Leyen & companhia estarão a mentir aos ucranianos, acenando-lhes com um oásis inatingível? Ou seja, a iludir todos nós?

Há quem advogue um plano Marshall Express para a mutilada Ucrânia, ajudando à reconstrução posteriormente. Mas casos como a Hungria ou a Polónia já deviam ter deixado claro que mudanças após pertença são bem mais complexas. A questão central é uma solução digna (como a que já se avistava com neutralidade e desmilitarização parcial do país), concomitante a um acordo consistente que proteja os interesses europeus. Independentemente dos interesses dos EUA. Ou não?

*Psicóloga clínica. Escreve de acordo com a antiga ortografia

PARA GOVERNAREM COM JUSTIÇA É PRECISO QUE ABRAM OS OLHOS, MULAS!


Desigualdades, pobreza, fome em Portugal. Governo fecha os olhos perante a realidade e carências vigentes devido a injustiça social, salários de miséria, etc. É o que o governo Costa tem vindo a semear no país... (PG)

Portugal | TRABALHADORES MAS POBRES

Inês Cardoso* | Jornal de Notícias | opinião

Há um certo discurso populista que se atira a apoios como o rendimento social de inserção e em períodos de baixo desemprego acentua tiradas preconceituosas de que as prestações incentivam a preguiça. Ou que critica quem vive do subsídio de desemprego por alegadamente não querer aceitar trabalho duro e mal pago. Como se a pobreza fosse culpa de quem vive esmagado por ela, numa leitura insensível e simplista que ignora por completo o país que somos.

As ideias feitas tornam-se ainda mais perigosas numa altura em que os sinais de pobreza aumentam, mas não são facilmente traduzidos pelas estatísticas. E em que se percebe que há um número crescente de pessoas com emprego, sem condições para aceder a apoios sociais, mas ainda assim pobres. Esse é um dos fenómenos que mais traduzem as limitações do nosso modelo económico, assente em baixos salários.

A inflação e o preço elevado da habitação têm contribuído nos últimos meses para agravar o cenário que vai sendo descrito pelas instituições que andam no terreno, em sucessivos levantamentos e trabalhos jornalísticos. Deco, Cáritas, Banco Alimentar e mesmo técnicos dos organismos oficiais retratam um crescimento silencioso de famílias a precisar de apoio. Quase 70% das pessoas que este ano pediram ajuda à Deco trabalham.

Repetidas vezes ouvimos o presidente da República insistir no tema e há poucos dias o recado ao Governo foi claríssimo, esperando que o plano de ação contra a pobreza seja implantado "rapidamente". Do primeiro-ministro temos recebido poucas respostas, num período que tem sido de mais insistência na frente externa do que no ataque às emergências dentro de portas.

Não é difícil perceber o que será a vida dos portugueses com a inflação galopante, a subida das taxas de juro e o risco de as rendas dispararem em 2023. E não se trata apenas de olhar para quem ficou sem emprego, para quem precisa de apoios de emergência, para quem recebe ajuda alimentar. Mas de perceber que o rendimento do trabalho não chega para evitar a pobreza. Envergonhada, silenciosa, mas nem por isso menos real.

*Diretora do JN

Milhares de pessoas marcharam em Londres contra o aumento do custo de vida

A multidão começou a sua marcha ao meio dia em direção ao parlamento, onde no final haverá um discurso da secretária-geral do Congresso de Sindicatos Britânico.

Milhares de manifestantes marcharam no sábado (18.06) pelo centro de Londres, no Reino Unido, para exigir que o Governo britânico, liderado por Boris Johnson, tome medidas urgentes para aliviar o aumento do custo de vida, segundo a agência Efe.

De acordo com a agência espanhola, a multidão começou a sua marcha ao meio dia em direção ao parlamento, onde no final haverá um discurso da secretária-geral do Congresso de Sindicatos Britânico (TUC, na sigla em inglês), Frances O'Grady.

De acordo com o TUC, os trabalhadores britânicos perderam cerca de 20 mil euros desde 2008, devido à falta de acompanhamento dos salários face à inflação.

Os manifestantes empunhavam cartazes com mensagens como "Cortem as guerras, não o bem-estar" ou "Acabemos com a pobreza energética, isolemos as casas agora", enquanto se ouviam assobios, saudações e aplausos quando se acendeu a chama azul que marcava o início da marcha, segundo a agência Efe.

Nas últimas horas também foi conhecido o fracasso das negociações para desconvocar as greves no setor ferroviário e do metro, marcadas para a próxima semana, com o objetivo de pedir uma melhoria completa das condições de trabalho nestes setores dos transportes.

O secretário-geral do sindicato dos Transportes, Marítimo e Ferroviário (RMT, na sigla em inglês), Mick Lynch, reconheceu que "apesar dos esforços nas negociações, não foi possível obter um acordo viável para resolver as disputas".

Assim, as paralisações em 13 operadores ferroviários continuam previstas para terça-feira, quinta-feira e sábado, com o metro de Londres a ser afetado na terça-feira.

TSF | Lusa | Imagem: EPA

Actualizado por PG

Mélenchon promete dar cidadania francesa a Assange se for primeiro-ministro

O fundador do Wikileaks vai ser extraditado para os EUA. O líder da oposição de esquerda de França, Jean-Luc Mélenchon, afirmou esta sexta-feira que concederá a nacionalidade francesa a Julian Assange, se for nomeado primeiro-ministro.

O Governo britânico emitiu esta sexta-feira o decreto de extradição do jornalista e fundador da WikiLeaks - organização transnacional sem fins lucrativos sediada na Suécia que denuncia, no seu portal da Internet, informação secreta sobre a atuação de Governos e empresas -- para os Estados Unidos, onde é judicialmente perseguido por uma fuga maciça de documentos confidenciais.

"Se eu for primeiro-ministro na segunda-feira, o senhor Julian Assange -- que julgo que fez o pedido -- será naturalizado francês e nós pediremos que ele seja transferido para França", declarou o líder da aliança de esquerda NUPES (Nova União Popular Ecologista e Social) numa conferência de imprensa em Paris, no último dia da campanha para a segunda volta das eleições legislativas do próximo domingo.

A aliança NUPES, que reúne socialistas, comunistas, ecologistas e o movimento de esquerda radical de Mélenchon, A França Insubmissa (LFI), obteve quase um empate com a coligação Ensemble! do Presidente da República, Emmanuel Macron, na primeira volta das legislativas.

Jean-Luc Mélenchon, que não é candidato, reivindica o cargo de chefe do Governo em caso de vitória no escrutínio de domingo.

Julian Assange, australiano de 50 anos, é procurado pela Justiça dos Estados Unidos, que quer julgá-lo pela divulgação, a partir de 2010, de mais de 700.000 documentos secretos sobre as atividades militares e diplomáticas norte-americanas, em particular no Iraque e no Afeganistão. Poderá ser condenado a um máximo de 175 anos de prisão.

Após um longo braço-de-ferro judicial com várias reviravoltas, a Justiça britânica autorizou formalmente a 20 de abril a sua entrega à Justiça norte-americana, mas cabia à ministra do Interior britânica, Priti Patel, assinar um decreto de extradição, o que fez hoje.

Em comunicado, a WikiLeaks classificou a notícia como "um dia sombrio para a liberdade de imprensa" e anunciou que Julian Assange apresentará recurso da decisão, dispondo, para tal, de um prazo de 14 dias.

TSF | Lusa

Franceses votam este domingo. Maioria absoluta em risco para Macron

Urnas vão estar abertas entre as 08h00 e as 18h00 nas áreas rurais e pequenas cidades, e até às 20h00 nas grandes cidades.

Os eleitores franceses deslocam-se este domingo às urnas para votar na segunda volta das eleições legislativas, após a coligação presidencial e a esquerda terem registado um empate técnico na primeira volta, colocando a maioria absoluta de Macron em risco.

As urnas vão estar abertas entre as 08h00 (07h00 de Lisboa) e as 18h00 nas áreas rurais e pequenas cidades, e até às 20h00 (19h00 em Lisboa) nas grandes cidades.

Estas eleições vão definir a composição da Assembleia Nacional francesa, depois de, nas últimas eleições legislativas, em 2017, o partido de Emmanuel Macron'La République en Marche', ter obtido uma maioria absoluta confortável, com 351 deputados num total de 577.

Desta vez, os cálculos parecem mais complicados para Macron: depois de ter ganho as eleições presidenciais em abril, com 58,55% dos votos na segunda volta, o Presidente francês enfrenta agora uma esquerda unida, que formou a coligação Nova União Popular Ecológica e Social (NUPES).

Apesar de nenhuma sondagem dar à NUPES a possibilidade de obter uma maioria, a sua progressão pode ditar o fim da maioria absoluta de Macron, o que o obrigaria a negociar com outros partidos para conseguir aprovar leis.

Uma das últimas sondagens, publicada na sexta-feira pelo instituto Ipsos Steria para a France Télévisions, estima que a coligação presidencial deve obter entre 265 e 305 deputados - são necessários 289 para obter a maioria absoluta -, a NUPES entre 140 e 180, seguida do partido de centro-direita Republicanos, entre 60 e 80, e a União Nacional, de Marine Le Pen, com entre 20 e 50 deputados.

Na primeira volta, no passado domingo, a coligação Juntos! (Ensemble!, em francês), que apoia Macron, ficou ligeiramente à frente da NUPES, com cerca de 20 mil votos de diferença. A União Nacional ficou em terceiro lugar, com 18,68% dos votos, seguida dos Republicanos, com 10,42%.

Na segunda volta destas legislativas - que funcionam com base num sistema uninominal de duas voltas -, a coligação presidencial vai enfrentar candidatos da NUPES em 270 círculos eleitorais, e candidatos da União Nacional noutros 108.

A NUPES enfrenta ainda a União Nacional em 62 círculos eleitorais. Já os Republicanos concorrem contra a União Nacional em 25 círculos eleitorais, em 24 contra a NUPES e em 18 contra a coligação presidencial.

Na primeira volta, foram eleitos cinco deputados - quatro da NUPES e um da coligação Juntos! - por terem obtido mais 50% e o voto de pelo menos 12,5% dos cidadãos recenseados nos cadernos eleitorais.

TSF | Lusa

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