domingo, 19 de junho de 2022

CORTEM NAS GUERRAS NUNCA NA DEMOCRACIA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O primeiro-ministro Boris Johnson foi receber um banho de apoio a Kiev já que em casa nem os companheiros partidários o apoiam e os londrinos manifestam-se nas ruas contra o aumento do custo de vida. Também exigem ao governo que corte nos custos das guerra e não nos salários de quem trabalha. Os combustíveis na Europa atingiram o preço do ouro e a inflação devora os rendimentos dos trabalhadores. A democracia deles está cada vez mais reduzida aos votos. Só assim se compreende que Reino Unido, União Europeia e o estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) se ajoelhem aos pés dos nazis que desde 2014 tomaram o poder na Ucrânia.

Úrsula von der Leyen garante que a Ucrânia está a defender os valores da União Europeia. A morrer por eles, por isso, merece viver dentro do cartel. Draghi, Scholtz e Macron foram ajoelhar-se ante Zelensky a Kiev e elogiaram a democracia ucraniana. Garantiram que vão ajudar os ucranianos a ganha a guerra. A ida de todas e todos os políticos de topo do Ocidente a Kiev (Boris Johnson repetiu a dose), incluindo o secretário-geral da ONU, tem sempre o mesmo roteiro. Vão a Irpin e a Bucha ver os estragos feitos não se sabe por quem, dão uma volta na praça onde está sedeado o poder, fazem declarações de amor a Zelensly e retiram em boa ordem. Os russos são terríveis. Podiam poupar-nos a estes espectáculos degradantes com uns mísseis ultrasónicos mas preferem castigar-nos.

Esses números circenses mal-amanhados são cobertos por dezenas de jornalistas ocidentais que fazem as perguntas previamente combinadas. Mas até hoje ninguém quis saber por que razão Guterres, Úrsula von der Leyen, Charles Michel, Borrel, Macron., Scholtz, Draghi ou António Costa não falaram com os líderes dos partidos da Oposição. Ou com os seus deputados eleitos. Sendo todos tão defensores da democracia, tão amantes do regime democrático, é incompreensível que cheguem a Kiev, vão ver as valas comuns a Irpin e Bucha, dão duas de conversa a Zeklensky e cai o pano sobre o palco.

O mundo precisa de saber o que pensam os políticos da oposição ucraniana sobre a guerra que está a devastar o país. Que está a matar milhares de ucranianos. O que pensam desse crime de guerra atroz que é os nazis de Zekensky servirem-se das populações mais vulneráveis como escudos humanos. E também precisamos de saber se a Oposição na Ucrânia está de acordo com a guerra dos EUA e da OTAN (ou NATO). Com a adesão à União Europeia. Com o endividamento perpétuo de um país onde o salário médio é de 250 euros e o mínimo 130 euros! Porquê estes números num país que afinal é o celeiro do mundo.

Sobre essa coisa da adesão da Ucrânia à União Europeia, a Oposição ucraniana não tem uma palavra a dizer? A decisão não tem de ser tomada, obrigatoriamente, no Parlamento, pelos deputados eleitos? O secretário-geral da ONU, tão indignado com os crimes de Bucha não quis saber porque foi abatido pela pide do Zelensky, um alto funcionário do estado que fazia parte da primeira equipa de negociações. Não quis saber do paradeiro do líder da Oposição, Viktor Medvedchuk, preso pela pide do Zelensky num lugar que nem a família sabe. Nenhum líder político ocidental quis saber da situação em que se encontram os dirigentes e deputados dos 11 partidos da Oposição ilegalizados. Os políticos ocidentais turistas de Kiev são coniventes com esses crimes. Cúmplices. 

O que se passa na Ucrânia é demasiado grave para ser tratado pelos Media ocidentais como um espaço de entretenimento ou encher chouriços televisivos em horário nobre. Zelensky é actor de profissão, Mas Guterres, Úrsula, Biden, Jens Stoltenberg, Macron, Draghi, Scholtz, Boris Johnson, todas e todos querem mostrar que são melhores do que ele, na arte da palhaçada. Como pode a Ucrânia aderir à União Europeia, se Zekensky for corrido do poder pelo povo a quem prometeu acabar com a guerra no Leste e levar o país para a OTAN (ou NATO)? Os partidos da Oposição foram ilegalizados para sempre? Viktor Medvedchuk vai ser executado ou fica perpetuamente na cadeia? 

Na democracia deles, isso é possível. Mas não vai ser fácil. Porque a Federação R ussa comprometeu-se a desarmar e desnazificar a Ucrânia. Isso significa que as tropas russas só retiram quando os nazis forem desarmados e afastados do poder. Mais uma vez, o Presidente Putin tem razão. Quando a operação na Ucrânia acabar, nadas mais será igual. Porque no decurso das acções militares, já aconteceram coisas tão extraordinárias que o mundo unipolar se vai desmoronar. 

Quem mais acredita em democratas que vão à Ucrânia e ignoram a prisão do líder da Oposição? Que se estão nas tintas para a ilegalização de 11 partidos da Oposição? Para a eliminação selectiva de todas e todos os que ousam manifestar-se contra a guerra? (Depois são atirados para as valas comuns de Irpin e B ucha) Quem mais confia em políticos que vão a um país e nem sequer se preocupam em falar com um dirigente ou um deputado da Oposição?

As potências ocidentais pensavam que com a guerra à Federação Russa por procuração passada a Zelensky, iam criar uma vaga de fundo planetária contra os comunistas. Falharam. A russofobia ia triunfar. Falharam. Os cidadãos do mundo acidental sabem que o comunismo faz falta para não sermos todos tratados como os ucranianos. E sabem que o Presidente Putin é tão comunista como eu sou uma rosa branca às riscas amarelas. Pode ser que a desnazificação da Ucrânia alastre ao resto da Europa e aos EUA. 

O fórum económico de São Petersburgo pode ter marcado o ponto de partida para esse sucesso ímpar. Só é pena que os ucranianos estejam a ser empurrados para a morte, pelos EUA, a União Europeia e o Reino Unido. Não havia necessidade. Não lhes digam que já ganharam a guerra, que vão ganhar a guerra, que está prestes a vitória na guerra. Todo o mundo sabe que a Federação Russa, se quiser, resolve tudo nuns minutos. Esperemos que os líderes ocidentais não sejam tão irresponsáveis e cruéis que arrastem a guerra até esse ponto. Se assim acontecer, é caso para se criar um novo Tribunal de Nuremberga. Biden, se entretanto não cair da bicicleta, tem lá u lugar garantido. Os seus criado da OTAN (ou NATO) e da União Europeia, também.

*Jornalista

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