quinta-feira, 23 de junho de 2022

A troca do século: Rússia deve propôr troca de mercenários ocidentais por Assange

#Traduzido em português do Brasil

Ao todo, a troca do século é uma vitória para a Rússia em todos os aspectos. De fato, poderia ser assim para os EUA e o Reino Unido também se seus governos estivessem atentos o suficiente às percepções globais e especialmente domésticas para considerar seriamente essa proposta pragmática, mas seu ódio ideológico a tudo o que Assange representa pode cegá-los para essa realidade.

Andrew Korybko* | One World

Julian Assange, do WikiLeaks, está com a saúde deteriorada e quase certamente morrerá na prisão após sua “extradição” do Reino Unido para os EUA, onde enfrenta 175 anos atrás das grades por acusações forjadas depois de expor crimes de guerra americanos por meio de sua plataforma. Esse ícone global da liberdade de expressão e do jornalismo independente gera simpatia em todo o mundo, exceto os liberais-globalistas unipolares mais radicais , e é por isso que é preciso libertá-lo a todo custo. Embora seja um tiro no escuro, a única chance realista de que isso aconteça pode ser a Rússia oferecer a troca do século pela qual propõe publicamente a troca de mercenários ocidentais detidos dos EUA e do Reino Unido por Assange.

Dois britânicos já foram condenados à morte, enquanto não se pode descartar que os dois americanos que acabaram de ser capturados enfrentarão o mesmo destino após seus próximos julgamentos. Essas quatro figuras em si não são tão importantes quanto Assange, mas o fato de que todos eles podem enfrentar o pelotão de fuzilamento gerou atenção global e gerou muita controvérsia em seus países de origem. O Eixo Anglo-Americano é conhecido por sua crueldade, especialmente em termos de como explora seus cidadãos como peões apenas para descartá-los quando sua utilidade estratégica expirar, como já aconteceu com os quatro combatentes estrangeiros. No entanto, muitos de seus compatriotas detestam apaixonadamente essa abordagem fria.

Ao propor publicamente a troca do século – esses quatro mercenários ocidentais detidos em troca de Assange – a Rússia cumpriria simultaneamente vários objetivos estratégicos. Primeiro, faria a tentativa mais realista até agora de libertar esse ícone global da liberdade de expressão e do jornalismo independente. Em segundo lugar, isso contrariaria poderosamente as falsas alegações da Western Mainstream Media (MSM), liderada pelos EUA, de que a Rússia é uma chamada “ditadura” que não apoia sinceramente tudo o que Assange representa. Terceiro, poderia inspirar protestos pacíficos organizados de acordo com as leis americanas e britânicas em apoio a essa proposta, o que poderia pressionar as bases para que concordassem com isso.

Quarto, a provável recusa desses dois governos em cumprir os termos da troca do século da Rússia exporia seu ódio ardente às duas coisas que Assange representa, liberdade de expressão e jornalismo independente. E quinto, os EUA e o Reino Unido estariam basicamente admitindo para seus próprios cidadãos que preferem ser mortos por fuzilamento em Donbass do que salvar suas vidas trocando-os por Assange. Esse resultado final seria o último prego no caixão de sua reputação aos olhos do público, já que as pessoas agora saberiam que suas autoridades não podem ser contadas para salvar suas vidas se forem capturadas e condenadas à morte por lutar no mesmo proxy. guerra que os EUA e o Reino Unido estão travando contra a Rússia.

Ao todo, a troca do século é uma vitória para a Rússia em todos os aspectos. De fato, poderia ser assim para os EUA e o Reino Unido também se seus governos estivessem atentos o suficiente às percepções globais e especialmente domésticas para considerar seriamente essa proposta pragmática, mas seu ódio ideológico a tudo o que Assange representa pode cegá-los para essa realidade. Seja como for, não há mal nenhum em tentar, e é por isso que a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zakharova, deveria considerar esta proposta durante uma de suas próximas coletivas de imprensa. Isso moldaria irreversivelmente as percepções globais sobre seu país e aqueles dois, sem mencionar a possibilidade de salvar a vida de cinco pessoas, uma das quais é indiscutivelmente inocente.

*Andrew Korybko -- analista político americano

COMO A COLÔMBIA VENCEU -- Boaventura

#Publicado em português do Brasil

Eleição de Petro-Francia abala décadas de domínio das oligarquias. Resultado mostra: para enfrentar direita antissistema, é preciso expor seu vazio programático, mobilizar ruas, dialogar com jovens e e apostar num projeto radical de mudança

Boaventura de Sousa Santos* | Outras Palavras

Pela primeira vez na história da Colômbia um candidato de esquerda ganhou as eleições presidenciais. Pela primeira vez, uma mulher negra e da classe trabalhadora (mineira e empregada doméstica) foi eleita vice-presidente. O continente latino-americano não cessa de nos surpreender e, se as surpresas por vezes nos deprimem, outras vezes enchem-nos de esperança. Neste caso, a esperança é decisiva porque a alternativa, tanto na Colômbia como no continente, seria o desespero e o possível colapso da já frágil democracia. É, pois, importante analisar as causas desta vitória e o que ela significa.

Neste país de 49 milhões de habitantes, em que um quarto dos eleitores tem 28 anos ou menos, a grande maioria dos jovens votou em Gustavo Petro e Francia Marquez (sobretudo os de idade entre 18 e 24 anos). É na juventude que está mais viva a necessidade de mudança. Foi ela uma das principais forças da mobilização nacional que em 2021 parou o país para reclamar o fim das políticas neoliberais de austeridade. Foi o famoso Paro Nacional de que resultaram 46 mortos em confrontos com a polícia e o exército. A energia inconformista que o Paro gerou foi canalizada com êxito para estas eleições. Para isso contribuíram decisivamente dois fatores: o uso persistente e competente das redes sociais que seduziu a geração TikTok e logrou desmontar a argumentação fraudulenta, elitista, misógina e racista do candidato de direita, ao mesmo tempo que expôs os “esqueletos no armário” de muitos (incluindo jornalistas) que o apoiavam; a mobilização de artistas e intelectuais que transformaram a eleição de Petro e Francia num ato de cultura contra a barbárie.

As principais reformas estruturais propostas por Petro e Francia são as seguintes: mobilizar a sociedade colombiana como sociedade cuidadora que reconheça e recompense o trabalho de cuidado das mulheres; estabelecer uma nova relação entre a sociedade e a natureza que dê prioridade à defesa da vida sobre os interesses econômicos, promova a transição energética e democratize o conhecimento ambiental; passar de uma economia extrativista a uma economia produtiva que diminua a desigualdade na propriedade e uso da terra mediante a reforma agrária que inclua o acesso e uso da água e transforme o mundo rural colombiano em peça-chave da justiça social e ambiental; garantir o cumprimento dos acordos de paz de 2016, promovendo um novo contrato social que garanta os direitos fundamentais, em particular os direitos das vítimas do conflito armado, e estimule uma política de convivência pacífica e de reconciliação.

Brasil | Mortes de Bruno e Dom não são fatos isolados como quer mostrar governo

#Publicado em português do Brasil

O presidente do Indigenistas Associados (INA), Fernando Vianna, disse que a região em que os dois foram assassinatos foi invadida por pessoas que praticam diversos crimes ambientais em conexão com o narcotráfico internacional

O presidente do Indigenistas Associados (INA), Fernando Vianna, rebateu a versão propagada pelo governo Bolsonaro segundo a qual os assassinatos do indigenista Bruno Ferreira e do jornalista inglês Dom Phillips se tratam de fatos isolados no Vale do Javari, a oeste do Amazonas. Segundo Viana, a região em questão foi invadida por pessoas que praticam diversos crimes ambientais em conexão com o narcotráfico internacional.

“Bruno e Dom foram assassinados barbaramente na mesma região em que, em 2019, também foi assassinado um colaborador da Fundação Nacional do Índio (Funai) por conta de suas atividades. Maxiel era o nome desse colaborador”, lembrou Vianna durante audiência nesta quarta-feira (22) na Comissão dos Direitos Humanos do Senado. De acordo com o servidor licenciado da Funai, antes da morte, as bases do órgão no interior da terra indígena foram objeto de ataques a tiros seguidas vezes.

“Esses grupos que entram, que invadem para praticar, para se apoderar ilicitamente dos recursos naturais da terra indígena Vale do Javari estão, hoje em dia, articulados com criminalidades, com forças do crime muito mais complexas, muito mais amplas, que têm conexões com o narcotráfico internacional. Estamos tratando de uma terra indígena numa região de tríplice fronteira, com Peru e Colômbia, tráfico internacional de armas”, explicou.

Ele diz que essa situação grave vem sendo denunciada pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) há muito tempo. E Bruno foi exonerado do cargo de coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Funai por que “vinha fazendo o que deveria ser feito”.

Dinheiro desviado: Angola quer recuperar 50 mil milhões de dólares até 2027

Estado angolano estima recuperar, nos próximos cinco anos, cerca de 50 mil milhões de dólares retirados ilicitamente do erário público. Até ao momento já foram recuperados efetivamente pouco mais de 5 mil milhões.

A informação foi avançada na quarta-feira (22.06) pela diretora do Serviço Nacional de Recuperação de Capitais (Senra).

Eduarda Rodrigues adiantou que desde o início da luta contra a corrupção em Angola foram efetivamente recuperados 5,2 mil milhões de dólares, parte em dinheiro e parte em património. 

No âmbito de processos criminais, foram apreendidos 12,9 mil milhões de dólares, enquanto no exterior do país estão apreendidos 6,1 mil milhões de dólares (5,6 mil milhões de euros), disse a responsável, que falava na sétima edição do Café Cipra sobre o "Combate à Corrupção e a Recuperação de Ativos", em que foram também oradores o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz, e o inspetor-geral da Administração do Estado, Sebastião Gunza.

"Em Angola, a nível de apreendidos, temos bens no valor de 6,7 mil milhões de dólares, estes são os valores efetivos", frisou.

Dinheiro desviado

A diretora do Serviço Nacional de Recuperação de Ativos salientou que, de acordo com as investigações em curso, saíram ilicitamente do país 150 mil milhões de dólares entre 2003 e 2017.

Eduarda Rodrigues realçou que dados da União Africana indicam que anualmente saem do continente de forma ilícita mais de 50 mil milhões de dólares.

"Para quem tem alguma dúvida de que efetivamente possam ter saído 150 mil milhões de dólares é só olhar para esse dado e estamos a falar de um período, do início dos anos 2000 até 2017, portanto, isto é uma luta, não se recupera de um dia para o outro, é através de cooperação internacional", destacou.

De acordo com a responsável, todos os bens recuperados até à data foram no âmbito de entregas voluntárias, enquanto a nível dos processos judiciais o Estado "continua a correr". "Temos bens apreendidos e estamos na luta", disse.

Deutsche Welle | Lusa

Angola | A MUKANDA DO RAFAEL E O DESPEITO DA LUZIA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Rafael Mukanda, alto quadro da UNITA, partiu tudo, à boa maneira do Galo Negro, quando soube que Abel Chivukuvuku é o número dois da lista nacional de deputados da UNITA. O fogoso jovem não compreendeu o sinal que Adalberto da Costa Júnior mandou à sociedade angolana e ao eleitorado. Eu explico, ainda que muito preocupado com o que aí vem.

Abel Chivukuvuku é terrorista de papel passado. Tirou o curso de sabotagem e terrorismo urbano numa academia militar e policial marroquina. Nos anos de fogo da Jamba foi o grande mentor dos assassinatos políticos e das fogueiras que dizimaram as elites femininas da UNITA. Quando Savimbi se instalou no Miramar, em Luanda, a capital angolana foi invadida por uma onda de terror, organizada e executada pelo “número dois” desta lista nacional do partido.

Jonas Savimbi fugiu para o Huambo quando os votos estavam a ser contados. E na capital do Planalto Central, acolitado pelo bispo Viti (quando era padre baptizou a minha filha…) e com Abel Chivukuvuku a seu lado, levantou as suspeitas de fraude eleitoral. Depois fez um ligeiro sinal com a bengala e o seu ajudante falou: “Se publicarem os resultados eleitorais vamos reduzir Angola a pó. Vamos balcanizar Angola!” Este é o programa político de Chivukuvuku.

Publicados os resultados eleitorais que deram a maioria absoluta ao MPLA, Abel Chivukuvuku, Jeremias Chitunda, Alicerces Mango, Salupeto Pena e Ben Bem desencadearam a guerra nas ruas de Luanda. Terrorismo. Centenas de civis foram barbaramente assassinados pelos militares da UNITA, que tentaram tomar o poder pela força. Primeiro tentaram tomar de assalto o Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro. Falharam. Depois tentaram assaltar a sede central do MPLA. Foram rechaçados. Avançaram sobre a Rádio Nacional de Angola (RNA) e a Televisão Pública de Angola (TPA). Falharam. A partir daí partiram para a doutrina de Chivukuvuku: Reduzir Luanda a pó. Quase conseguiram.

Abel Chivukuvuku foi capturado em combate e salvo de um linchamento pelo povo enfurecido no bairro Sambizanga. Como estava gravemente ferido, foi levado para o Hospital Militar onde lhe salvaram a vida. Até as pernas esfaceladas a tiro foram salvas. Quando teve alta, declarou o seu arrependimento pelo ataque terrorista e jurou nunca mais apontar armas e disparar sobre a democracia. Sentou-se à mesa do Orçamento, como deputado da UNITA, enquanto o chefe Savimb i e seus sicários partiam tudo, destruíam tudo, escorraçavam milhões de angolanas e angolanos das suas terras, matavam quem não conseguia fugir.

Guiné-Bissau | MANDATO DA FORÇA MILITAR DA CEDEAO "NÃO ESTÁ CLARO"

O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, congratulou-se com a presença dos militares da CEDEAO, mas a sociedade civil volta a fazer críticas. Para Gueri Gomes, da Casa dos Direitos, a missão "deixa muito a desejar".

A principal tarefa da Missão de Apoio à Estabilização da Guiné-Bissau (MASB), instalada oficialmente na segunda-feira (20.06) no país, é garantir a segurança do Presidente da República e dos titulares dos outros órgãos de soberania, de acordo com a decisão dos líderes da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) conhecida logo após a tentativa de golpe de Estado de 01 de fevereiro

Na terça-feira (21.06), depois de uma visita ao Centro de Instrução Militar, em Cumeré, no norte da Guiné-Bissau, o Presidente Umaro Sissoco Embaló referiu-se à força da CEDEAO como uma referência para as Forças Armadas guineenses.

"Precisamos de umas Forças Armadas republicanas que possam ser chamadas para a manutenção da paz, como as forças dos nossos irmãos da CEDEAO que estão aqui para estabilizar", afirmou.

"Para todos nós, nunca mais seria possível o que aconteceu no dia 01 de fevereiro, mas em toda a sociedade é normal ter gente não correta", acrescentou. "E isso não significa que as Forças Armadas da Guiné-Bissau não são corretas ou são marginais, não. São Forças Armadas republicanas", justificou.

Direitos humanos: Ativistas alertam para violações na Guiné Equatorial

Em Portugal, ativistas da Guiné Equatorial alertam para as práticas de tortura e o perigo que ainda representa a vigência da lei de justiça militar, a qual pode colocar em risco a eliminação total da pena capital.

Tarde ou cedo, a pena de morte será abolida na Guiné Equatorial. É o que acredita Maria Jesus Bikene Obiang, advogada do projeto APROFORT, que apoia iniciativas para a abolição da pena capital naquele país da África central. 

Mas, ela confirma à DW que o novo Código Penal ainda não foi sancionado pelo Governo e que o documento está pendente para ratificação pelo Presidente da República.

Na opinião da advogada equato-guineense, a aprovação do documento, no âmbito da justiça ordinária, não pressupõe a total abolição da pena de morte na Guiné Equatorial, "porque, como aconteceu repetidamente noutras ocasiões, o Código de Justiça Militar continua a contemplar a pena de morte".  

Além de torturas, dá nota de ter dado assistência jurídica a vários cidadãos civis em processos nos quais foram julgados sob a jurisdição militar; ou seja, com recurso ao código de justiça militar. A advogada considera que, no âmbito da justiça ordinária, a pena de morte pode ser eliminada. Mas alerta que constitui um perigo o facto desta continuar contemplada no Código de Justiça Militar. 

Angola | O VENCEDOR LEVA TUDO MENOS VIGARISTAS – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Políticos vigaristas são aqueles que apostam as fichas todas na falta de memória do eleitorado, para melhor poderem enganar apoiantes e votantes. Políticos honestos são os que nunca se cansam de proclamar que a memória do Povo Angolano tem futuro. Sem memória, nem o presente conseguimos compreender. Sempre que somos convocados a votar não podemos esquecer como tudo começou. Até 1991, tínhamos uma democracia popular e o socialismo. Depois partimos para a democracia representativa e a economia de mercado (capitalismo). Uma mudança pacífica, chancelada pelos eleitores nas primeiras eleições multipartidárias, que o MPLA venceu com maioria absoluta. 

O partido vencedor bateu a concorrência, quando a propaganda hostil garantia que seria esmagado pela UNITA e pelo partido que congregava os golpistas de 27 de Maio de 1977 e uns restos da Revolta Activa, o PRD, enfeitado com a figura do padre Joaquim Pinto de Andrade. Se os propagandistas tivessem memória, sabiam que os padres na política são autênticos desastres. E os povos de todo o mundo odeiam traidores e assassinos. Como ficará comprovado no dia 24 de Agosto. 

O candidato número um do MPLA, Marcolino Moco, foi indigitado primeiro-ministro e de imediato anunciou que ia fazer Governo com membros de todos os partidos que elegeram deputados. Se hoje um político recalcitrante no falhanço e na derrota, disser que o vendedor de eleições passadas leva tudo (the winner takes all) é vigarista e está a mentir. Coloca as fichas todas, até a da honra, na falta de memória das massas. Nesse primeiro Governo ficaram reservadas pastas ministeriais e secretarias de Estado à UNITA, o maior partido da Oposição. Mas Jonas Savimbi não deixou e mobilizou os seus sicários para a guerra.

O partido dos golpistas de 27 de Maio de 1977 e uns restos da Revolta Activa, o Partido da Renovação Democrática (PRD) elegeu apenas um deputado. Mesmo assim, indicou um secretário de Estado para o Governo de unidade nacional. Ninguém ficou de fora. Ninguém foi ao tapete. Todos ganharam ainda que o MPLA tenha ganho mais do que os outros todos juntos. A UNITA lançou então o grito da fraude. Mas naquelas eleições o jogo foi arbitrado pela ONU e pela Troika de Observadores, constituída por Portugal, Rússia e EUA. Os jogadores não podiam interferir no trabalho dos árbitros. A UNITA violou gravemente as regras e interferiu.

Os pequenos partidos, com excepção do PLD, foram ao Huambo, ajoelharam aos pés de Jonas Savimbi, beijaram-lhe a mão e fizeram coro com a UNITA: Fraude, fraude, fraude. Os golpistas do 27 de Maio der 1977 e restos da Revolta Activa, representados por Justino Pinto de Andrade, foram os que mais se destacaram na gritaria e no rastejar aos pés de Jonas Savimbi. Depois receberam uma lição de mau comportamento do sul-africano Sean Cleary, oficial dos serviços secretos do regime de apartheid e nessa época o conselheiro especial do líder da UNITA.

PORQUE ALGUMAS NAÇÕES SÃO NEUTRAS NA GUERRA RÚSSIA – UCRÂNIA?

#Traduzido em português do Brasil

Países da Ásia, África e Oriente Médio se recusaram a isolar Moscou, apesar dos esforços de lobby da UE

Priyanka Shankar | Al Jazeera

Bruxelas, Bélgica – Autoridades da União Europeia estão se preparando para se reunir em Bruxelas na quinta-feira, onde devem conceder o status de candidatura da UE à Ucrânia em um gesto de solidariedade em meio ao conflito com a Rússia.

Ao mesmo tempo, o bloco vem realizando uma campanha global de lobby para aumentar o apoio a Kiev, com a chefe da UE Ursula von der Leyen, o chanceler alemão Olaf Scholz, a presidente finlandesa Sanna Marin e outros líderes europeus viajando para o sul da Ásia – nomeadamente Índia, África , Ásia-Pacífico e Oriente Médio.

Novos acordos comerciais foram assinados e mais apoio humanitário e financeiro foi prometido , na tentativa de apoiar algumas dessas nações a aliviar sua dependência da Rússia.

Mas falando no fórum GLOBSEC em Bratislava no início deste mês, Subrahmanyam Jaishankar, o ministro das Relações Exteriores da Índia, disse que a Europa deveria crescer com a mentalidade de que seus problemas são os problemas do mundo.

“O mundo não pode ser tão eurocêntrico como costumava ser no passado”, disse ele.

“Se eu tomasse a Europa coletivamente, que tem estado singularmente silenciosa sobre muitas coisas que estavam acontecendo, por exemplo na Ásia, você poderia perguntar por que alguém na Ásia confiaria na Europa em qualquer coisa”, acrescentou.

De acordo com Vivek Mishra, membro da Observer Research Foundation (ORF) em Nova Délhi, “o eurocentrismo foi desafiado na academia em várias ocasiões, mas talvez pela primeira vez por um importante formulador de políticas indianas no território europeu”.

Ele disse à Al Jazeera que os comentários de Jaishankar eram “consistentes com a mudança da UE para o Indo-Pacífico do transatlântico e ressaltam a ideia de que os problemas asiáticos são tão importantes quanto em qualquer lugar do mundo”.

Ele acrescentou: “Não pode haver uma vantagem comparativa para a Europa ou o Ocidente sobre a Ásia ou os assuntos asiáticos. Há um tom colonial ali, que precisava ser chamado”.

O ato de equilíbrio da Índia de apaziguar tanto a Rússia quanto o Ocidente pegou a UE desprevenida, mas em abril em Nova Délhi, von der Leyen reiterou os perigos da guerra na Ucrânia em uma entrevista coletiva.

“O resultado da guerra do [presidente russo Vladimir] Putin não só determinará o futuro da Europa, mas também afetará profundamente a região do Indo-Pacífico e o resto do mundo. Para o Indo-Pacífico, é tão importante quanto para a Europa que as fronteiras sejam respeitadas. E que as esferas de influência são rejeitadas. Queremos uma visão positiva para um Indo-Pacífico pacífico e próspero”, disse ela a repórteres.

Na época, a UE havia estabelecido um conselho conjunto de comércio e tecnologia com a Índia com o objetivo de fortalecer os laços econômicos e estratégicos com o país.

Mas a Índia continuou a manter sua posição neutra em relação à Rússia.

A União Africana também não aceitou os esforços de lobby da UE para isolar a Rússia.

Preocupado com a crise alimentar mundial, em recente encontro com líderes da UE, Macky Sall, presidente do Senegal e presidente da União Africana (UA), disse que as sanções do bloco à Rússia ameaçavam a importação de grãos e fertilizantes para a África.

Em entrevista ao semanário francês Le Journal du Dimanche, Sall disse que a UA quer pagar (pela importação de grãos e fertilizantes), mas agora está “se tornando impossível”.

“Por isso, pedimos aos europeus o mesmo mecanismo do gás e do petróleo”, disse ele.

O líder da UA também se encontrou com Putin no início de junho e eles concordaram que as sanções não resolveriam a crise alimentar.

“Eu entendo o sentimento dessas regiões, porque quando os países da África e da Ásia tiveram guerras, a Europa às vezes jogou um jogo unilateral”, disse Jacob F Kirkegaard, membro sênior do German Marshall Fund, à Al Jazeera.

“A UE certamente subestimou o fato de que a pura indignação sentida no continente sobre esta guerra e inimizade contra a Rússia não é compartilhada pelo resto do mundo”, acrescentou.

Mas Harry Nedelcu, chefe de política da Rasmussen Global e encarregado de sua Força-Tarefa Ucrânia Livre, disse à Al Jazeera que o ônus também recai sobre a Rússia.

“A resposta do ministro das Relações Exteriores da Índia e também as declarações da União Africana ilustram a narrativa da Rússia e sua capacidade de virar a realidade de cabeça para baixo e fazer a vítima parecer que é o problema”, disse ele.

“A Rússia está basicamente dizendo que a crise alimentar é culpa da Ucrânia. Mas, na realidade, a comida não está saindo porque a Rússia está invadindo a Ucrânia. A Rússia atacou a Ucrânia e impediu que os grãos ucranianos chegassem ao resto do mundo”, acrescentou.

A UNIÃO AFRICANA NÃO QUIS SABER DE ZELENSKY

Apesar da insistência ucraniana e das pressões de países europeus, há meses, 51 dos 55 chefes de Estado africanos boicotaram o encontro virtual com o presidente da Ucrânia, no dia 20.

A esmagadora maioria dos países do continente africano ignorou a campanha de pressão ocidental para que se juntassem ao apoio à guerra por procuração entre o Ocidente e a Rússia em território ucraniano, refere o portal Multipolarista, que destaca o empenho da França e da Alemanha nesse sentido.

A Ucrânia andava a tentar organizar desde Abril uma vídeo-conferência entre a União Africana (UA) e o presidente desse país, Volodymyr Zelensky, que era repetidamente adiada pelo organismo africano, refere o periódico Le Monde, notando como «a simples organização de uma mensagem por vídeo ilustra as relações tensas entre o Sr. Zelensky e os líderes do continente», que «mantêm uma posição neutral».

A sessão veio a concretizar-se esta segunda-feira, via Zoom. No entanto, a grande maioria dos chefes de Estado africanos boicotou a sessão: apenas quatro – em 55 – se juntaram ao encontro, o que confirma que a «neutralidade» africana se manteve face à guerra por procuração na Ucrânia.

Tendo por base uma fonte interna, o portal The Africa Report identificou os chefes de Estado presentes na reunião virtual e à porta fechada como o presidente do Senegal, Macky Sall, o presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, o presidente do Congo, Denis Sassou Nguesso, e Mohamed al-Menfi, líder do Conselho Presidencial da Líbia – reconhecido por alguns países como governo legítimo do país norte-africano, que continua dividido territorialmente desde que a NATO iniciou a sua destruição, em 2011.

Na sessão com Zelensky, esteve ainda presente o político chadiano Moussa Faki Mahamat, actual presidente da Comissão da UA, além de alguns diplomatas de outros países.

Da parte da UA, nota-se uma tentativa de manter o evento o mais discreto possível, uma vez que não há qualquer alusão a ele nem na página oficial, nem na conta de Twitter do organismo.

A referência oficial ao encontro foi feita por Moussa Faki Mahamat na sua conta de Twitter, afirmando que «reiterava a posição da UA de urgente necessidade de diálogo para acabar com o conflito, de modo a permitir que a paz regresse à região e a restaurar a estabilidade global».

Xi Jinping: "Uso de sanções vai acabar por afetar o mundo inteiro"

O Presidente da China apela à promoção da paz e defende que se façam "esforços" para melhorar a governação económica global.

O Presidente chinês assegurou quarta-feira, na cerimónia de abertura do Fórum Empresarial do bloco BRICS, que aqueles que se aproveitam da sua posição para "impor sanções" vão acabar por afetar "pessoas em todo o mundo".

Xi Jinping enfatizou que a guerra na Ucrânia "suou o alarme da humanidade", e que está preocupado com os danos que os restantes países podem sofrer, "à custa dos outros".

"Perante a turbulência e instabilidade no mundo, devemos ter firmemente em mente a aspiração original da Carta da ONU, bem como a nossa missão de promover a paz", disse o governante chinês, pedindo esforços conjuntos para salvaguardar a paz.

Xi Jinping reiterou que "confrontos entre blocos" vão contra a paz e trazem "guerras e conflitos", numa altura em que os Estados Unidos tentam construir alianças para contrapor a ascensão da China na região da Ásia-Pacífico.

O chefe de Estado chinês também sustentou que o desenvolvimento global deve ser orientado para uma "nova era", especificando que as "aspirações dos povos e os interesses da comunidade internacional" devem ser aqueles que orientam todos os países.

Como em discursos anteriores, o líder chinês ressaltou a necessidade de o mundo inteiro se unir perante as dificuldades e defender os "benefícios mútuos".

GRANDES EXERCÍCIOS NAVAIS DOS EUA E DA NATO NO PACÍFICO

#Traduzido em português do Brasil

Ann Wright tem vários motivos para  cancelar  os jogos militares de guerra da Orla do Pacífico deste ano.

Ann Wright* | Consortium News

Enquanto a atenção do mundo está voltada para o brutal conflito Rússia-Ucrânia, do outro lado do mundo, no Oceano Pacífico, a competição/confronto dos EUA e da OTAN em relação à China e à Coreia do Norte está tomando um rumo cada vez mais militar.

O comando militar do Indo-Pacífico dos EUA com sede em Honolulu, Orla do Pacífico ou RIMPAC 2022, jogos de guerra militar, terá 38 navios de 26 países, quatro submarinos, 170 aeronaves e 25.000 militares praticando manobras de guerra naval nas águas havaianas a partir de junho 29-ago. 4. Além disso, unidades terrestres de nove países desembarcarão nas ilhas do Havaí em desembarques anfíbios.

Oposição cidadã 

Muitos cidadãos dos 26 países do RIMPAC não concordam com a participação de seu país nos jogos de guerra do RIMPAC, chamando-os de provocadores e perigosos para a região.  

A Pacific Peace Network, com membros de países/ilhas de todo o Pacífico, incluindo Guåhan, Jeju Island, Coreia do Sul, Okinawa, Japão, Filipinas, Ilhas Marianas do Norte, Aotearoa (Nova Zelândia), Austrália, Havaí e Estados Unidos, exigem que o RIMPAC seja cancelado, chamando a armada naval de “perigosa, provocativa e destrutiva”.

 petição da rede para o cancelamento do RIMPAC afirma que:

“A RIMPAC contribui dramaticamente para a destruição do sistema ecológico e o agravamento da crise climática na região do Pacífico. As forças de guerra do RIMPAC vão explodir navios desativados com mísseis, colocando em risco mamíferos marinhos, como baleias jubarte, golfinhos e focas-monge havaianas e poluindo o oceano com contaminantes dos navios. As forças terrestres realizarão ataques terrestres que rasgarão as praias onde as tartarugas marinhas verdes vêm se reproduzir.”

A petição rejeita “o gasto maciço de fundos na guerra quando a humanidade sofre com a falta de alimentos, água e outros elementos que sustentam a vida. A segurança humana não se baseia em exercícios militares de guerra, mas no cuidado com o planeta e seus habitantes”.

Outros grupos de cidadãos na região do Pacífico estão somando suas vozes à chamada para cancelar o RIMPAC. 

Em sua declaração sobre o RIMPAC, o  Women's Voices, com sede no Havaí, o Women Speak declarou que:

“O RIMPAC causa devastação ecológica, violência colonial e adoração de armas. O naufrágio de navios da RIMPAC, testes de mísseis e explosões de torpedos destruíram os ecossistemas das ilhas e perturbaram o bem-estar das criaturas marinhas. Essa convocação de militares promove a masculinidade tóxica; tráfico sexual e violência contra  as populações locais ”.

 Em um artigo de opinião de 14 de junho no The Honolulu Star Advertiser , o único jornal estadual do Havaí, três ativistas locais do Comitê de Direitos Humanos do Havaí nas Filipinas escreveram: 

“Somos um com o povo do Havaí na oposição às guerras lideradas pelos EUA, para as quais Balikatan (manobras de guerra terrestre EUA-Filipinas) e RIMPAC são aquecimentos. Do jeito que está, nossos governos reúnem o povo do Havaí e o povo das Filipinas para se preparar para a guerra, a morte e a destruição.

A postura militar na Ásia-Pacífico também arrisca uma guerra nuclear e a potencial extinção da espécie humana. Em vez disso, devemos trabalhar em prol da cooperação global para enfrentar as ameaças das mudanças climáticas e da perda de biodiversidade; construir para a paz, a vida e a convivência”.

 petição do cidadão para Cancelar o RIMPAC  tem assinaturas individuais e endossantes organizacionais de todo o mundo.

EUA-CIA-UE: MANIPULAR, DIVIDIR E CONTROLAR PARA REINAR

#Traduzido em poruguês do Brasil

Censura do Estado de Segurança Nacional de vozes anti-imperialistas a última fase de sua estratégia de longo prazo para dividir e controlar

Stansfield Smith | Internacionalist 360º

Os governantes dos EUA usam muitas ferramentas para perturbar e desorganizar a esquerda anti-guerra e anti-imperialista. Três discutidos aqui incluem: um, o controle corporativo da mídia de notícias lhes dá liberdade para espalhar desinformação e notícias falsas contra alvos estrangeiros e domésticos. Segundo, eles usam recursos governamentais e de fundações corporativas para financiar e promover uma esquerda compatível para combater a esquerda anti-imperialista. Terceiro, os governantes usam seu controle das mídias sociais e da internet para censurar essas vozes.

Desde 2016, a censura de sites, páginas do Facebook, Twitter e contas do Paypal aumentou de forma alarmante. Eles têm como alvo aqueles que contrariam as narrativas que o governo e a mídia de grandes empresas nos alimentam, seja intervenção dos EUA e tentativa de derrubada de outros governos, covid ou histórias de interferência russa. 

Com a guerra na Ucrânia, o imenso poder de propaganda do governo dos EUA e da mídia corporativa foi dirigido contra a Rússia e se intensificou em uma escala esmagadora. 

Como o império dos EUA começou a Guerra Fria logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, com a ascensão do macarthismo (que antecedeu Joe McCarthy), a manipulação e supressão de notícias muitas vezes caiu sob o controle da Operação Mockingbird da CIA . A mídia corporativa seguiu as instruções da CIA ao representar os interesses dos governantes dos EUA.  A CIA financiou e administrou secretamente uma ampla gama de grupos de frente e indivíduos para combater o que os governantes dos EUA consideravam seus inimigos. Encorajou aqueles na esquerda que se opunham ao socialismo realmente existente, buscando promover divisões na esquerda para minar o comunista e construir a esquerda não comunista. 

Importantes figuras liberais e de esquerda que trabalharam com a CIA incluíram Gloria Steinem , líder feminista chave, Herbert Marcuse , considerado um intelectual marxista, Walter Reuther, presidente do United Auto Workers Union (1946-1970), David Dubinsky, presidente da International Ladies Sindicato dos Trabalhadores do Vestuário (1932-1966). A CIA colaborou com Baynard Rustin , líder do Partido Socialista e colaborador próximo de Martin Luther King, com Norman Thomas e Michael Harrington , que se tornaram os pais do terceiro campista (“nem Washington nem Moscou”) Socialistas Democráticos da América (DSA). Da mesma maneira,Carl Gershman, fundador do Social Democrats, EUA, e mais tarde diretor fundador (1983-2021) da frente da CIA National Endowment for Democracy (NED). 

Através do Congresso para a Liberdade Cultural , a CIA financiou a publicação de críticos de esquerda, como o livro The New Class , de  Leszek Kolakowski e Milovan Djilas . A CIA auxiliou o “marxismo ocidental” da  Escola de Frankfurt , que incluía Theodore Adorno e Max Horkheimer, ex-diretor da New School of Social Research, também subsidiada pela Fundação Rockefeller.

Fundações corporativas, como as fundações Rockefeller, Ford , Open Society e Tides , entre muitas outras, canalizaram dinheiro da CIA para causas progressistas. A Guerra Fria Cultural (pp.134-5) observou que, de 1963 a 1966, quase metade das doações de 164 fundações no campo das atividades internacionais envolveram dinheiro da CIA. A Fundação Ford continua como um dos principais financiadores de grupos progressistas nos EUA; por exemplo, as fundações Open Society e Ford financiaram fortemente o Black Lives Matter.

A CIA é considerada uma organização implacável que derruba governos democráticos que as corporações americanas consideravam uma ameaça aos seus lucros. Embora seja verdade, negligenciado é o trabalho “mais gentil” da CIA: subscrever e encorajar uma esquerda compatível, que procure forças no Partido Democrata para liderança política. Este terceiro campo de esquerda oferece uma alternativa a uma esquerda anti-imperialista ou comunista, e ainda assim parece progressista o suficiente para atrair jovens radicalizantes, ativistas e intelectuais. Essa estratégia astuta da CIA promoveu confusão, dissensão e divisões entre esses setores da população. 

Essas operações secretas do governo dos EUA e da CIA foram detalhadas em The Mighty Wurlitzer: How the CIA Played America , Finks: How the CIA Tricked the World's Best Writers , The Cultural Cold War e AFL-CIO's Secret War against Developing Country Workers: Solidarity or Sabotar?

Em 1977 , Carl Bernstein revelou as interconexões da CIA com a grande mídia empresarial. Mais de 400 jornalistas colaboraram com a CIA, com o consentimento de seus chefes de mídia. Trabalhando em uma aliança de propaganda com a CIA incluía: CBS, ABC, NBC, Time, Newsweek, New York Times, Associated Press, Reuters, United Press International, Miami Herald, Saturday Evening Post e New York Herald Tribune. O New York Times ainda envia histórias ao governo dos EUA para aprovação de pré-publicação , enquanto a CNN e outros agora empregam figuras do estado de segurança nacional como “analistas”. 

Reuters, BBC e Bellingcat operam de forma semelhante, participando de programas secretos de desinformação financiados pelo governo britânico para “enfraquecer” a Rússia. Isso envolve a colaboração com a seção de Contra Desinformação e Desenvolvimento de Mídia do Ministério das Relações Exteriores britânico.

A CIA paga jornalistas na Alemanha, França, Grã-Bretanha, Austrália e Nova Zelândia para plantar notícias falsas. Udo Ulfkotte , ex-editor do Frankfurter Allgemeine Zeitung, um dos maiores jornais alemães, mostrou como a CIA controla a mídia alemã em Presstitutes: Embedded in the Pay of the CIA . Ulfkotte disse que a CIA o fez plantar histórias falsas em seu jornal, como o presidente líbio Gaddafi construindo fábricas de gás venenoso em 2011.

A CIA estava intimamente envolvida com a extinta Associação Nacional de Estudantes e com a liderança sindical. O Instituto Americano de Desenvolvimento do Trabalho Livre da AFL-CIO recebeu financiamento da USAID, do Departamento de Estado e do NED para minar os movimentos sindicais militantes no exterior e ajudar a fomentar golpes assassinos, como contra o presidente Allende do Chile (1973) e o Brasil (1964), como bem como defenderam o domínio de seus senhores em casa. Isso continua com o Centro de Solidariedade AFL-CIO , que recebe US$ 30 milhões por ano do NED.

A CIA criou editoras, como a Praeger Press, e usou outras empresas como John Wiley Publishing Company, Scribner's, Ballantine Books e Putnam para publicar seus livros. Criou vários jornais políticos e literários, como o Partisan Review . Essa publicação da CIA totalizou mais de mil livros , principalmente voltados para um público de esquerda liberal, buscando reforçar um terceiro campo da esquerda e minar a solidariedade com o outrora poderoso movimento comunista mundial.

Essa missão amplamente cumprida anos atrás, hoje o estado de segurança nacional trabalha para minar a esquerda anti-imperialista e construir uma esquerda inclinada ao “mal menor” do Partido Democrata.

NATO vs RÚSSIA. O QUE ACONTECE A SEGUIR

– Em Davos a narrativa otimista da NATO toca como um disco rachado, enquanto no terreno a Rússia acumula vitórias que podem afundar a ordem atlântica

Pepe Escobar [*]

Três meses após o início da Operação Z da Rússia na Ucrânia, a batalha do Ocidente (12%) contra o Resto (88%) continua em metástase. No entanto, a narrativa – estranhamente – permanece a mesma. Na segunda-feira, em Davos, o presidente executivo do Fórum Económico Mundial, Klaus Schwab, apresentou o comediante e presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, no seu último tour para solicitação de armas, com uma homenagem ardente. Herr Schwab enfatizou que um ator que se faz passar por um presidente defendendo neonazistas é apoiado por “toda a Europa e a ordem internacional”.

Ele se refere, é claro, a todos exceto os 88% do planeta que subscrevem o Estado de Direito – em vez da falsa construção que o ocidente chama de 'ordem internacional baseada em regras'.

De volta ao mundo real, a Rússia, lenta mas seguramente, vem reescrevendo a Arte da guerra híbrida. No entanto, dentro do carnaval de operações psicológicas (psyops) da NATO, infiltração cognitiva agressiva e servilismo impressionante dos media, muito está a ser feito do novo pacote de 'ajuda' de US$40 mil milhões para a Ucrânia, considerado capaz de se tornar um divisor de águas na guerra. [1]

Essa narrativa de 'mudança de jogo' é cortesia das mesmas pessoas que queimaram milhões de milhões de dólares para proteger o Afeganistão e o Iraque. E vimos o que aconteceu.

A Ucrânia é o Santo Graal da corrupção internacional. Esses US$40 mil milhões podem ser um divisor de águas para apenas duas classes de pessoas:   em primeiro lugar, o complexo industrial militar dos EUA e em segundo um bando de oligarcas ucranianos e ONGs neo-trapaceiras, que querem açambarcar o mercado negro de armas e ajuda humanitária e depois lavar os lucros nas Ilhas Cayman.

Uma análise rápida dos US$40 mil milhões revela que US$8,7 mil milhões serão destinados a reabastecer o stock de armas dos EUA (portanto, não indo para a Ucrânia);   US$3,9 mil milhões para o USEUCOM (o 'escritório' que dita táticas militares para Kiev); US$5 mil milhões para uma “cadeia global de fornecimento de alimentos” confusa e não especificada;   US$6 mil milhões para armas reais e “treinamento” para a Ucrânia;   US$9 mil milhões em “assistência económica” (que desaparecerá em bolsos selecionados); e   US$0,9 mil milhões para refugiados.

As agências de risco dos EUA rebaixaram Kiev para a lixeira de entidades de empréstimos não reembolsáveis, de modo que grandes fundos de investimento americanos estão abandonando a Ucrânia, deixando a União Europeia (UE) e seus estados membros como a única opção do país.

Poucos desses países, além de entidades russofóbicas como a Polónia, podem justificar para suas próprias populações o envio de enormes somas de ajuda direta a um estado falido. Portanto, caberá à máquina da UE sediada em Bruxelas fazer apenas o suficiente para manter a Ucrânia em coma económico – independentemente de qualquer contribuição dos estados membros e instituições.

Esses 'empréstimos' da UE – principalmente na forma de remessas de armas – sempre podem ser reembolsados pelas exportações de trigo de Kiev. Isso já está a acontecer em pequena escala através do porto de Constanza, na Roménia, onde o trigo ucraniano chega em barcaças via Danúbio e é carregado em dezenas de navios de carga todos os dias. Ou, através de comboios de caminhões rodando com a extorsão do armas por trigo. No entanto, o trigo ucraniano continuará a alimentar o ocidente rico, não os ucranianos empobrecidos.

Além disso, aguarde que a NATO neste verão venha com outra psyop monstruosa para defender seu direito divino (não legal) de entrar no Mar Negro com navios de guerra a fim de escoltar navios ucranianos que transportam trigo. Os media pró-NATO vão apresentar isto como o Ocidente a ser 'salvo' da crise global de alimentos – que por acaso é causada diretamente por pacotes histéricos e em série de sanções ocidentais.

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