Artur Queiroz*, Luanda
Aldemiro Vaz da Conceição mostrou-me um despacho do Presidente José Eduardo dos Santos que dizia mais ou menos isto: “Angola, África e o Mundo têm de conhecer tudo sobre a Batalha do Cuito Cuanavale”. Para cumprimento dessa tarefa, nomeou uma equipa de homens da sua confiança. Aldemiro, meu antigo companheiro na Redacção da Emissora Oficial de Angola (RNA), incumbiu-me de levar à prática essa tarefa, com notícias e reportagens, publicadas no Jornal de Angola sob o título genérico OS MESES QUE MUDARAM ÁFRICA E O MUNDO.
Comigo trabalhou, a tempo
inteiro, o repórter “
A todas e todos que me ajudaram nessa tarefa, nomeadamente membros do Fórum dos Combatentes da Batalha do Cuito Cuanavale (FOCOBACC), a minha eterna gratidão. Já no fim da carreira profissional, muito mais velho do que rapaz novo, fiz as reportagens da minha vida! Obrigado ao Presidente José Eduardo dos Santos.
Nunca bajulei ninguém, nunca tive uma relação fácil com os detentores do Poder, jamais abandonei os meus princípios de libertário. Quando aconteceu a maka do Quadro e a Peça de Teatro, no início do mandato presidencial de José Eduardo dos Santos, escrevi um texto publicado no semanário português “Expresso” no qual critiquei duramente a detenção de quem pôs de pé essas actividades culturais, nomeadamente Fernando da Costa Andrade (Ndunduma). Responsabilizei o Presidente da República por essas detenções.
Hoje, dia 8 de Julho de 2022, recordo que Angola deve a José Eduardo dos Santos e seus colaboradores (tremenda equipa de mulheres e homens excepcionais) a Paz. A Reconstrução Nacional. As Novas Centralidades (Pela primeira vez na História Universal um governo construiu novas cidades de raiz, com mais habitantes do que muitas pequenas e médias urbes no chamado mundo ocidental). A democracia representativa (Praticamente toda a direcção da UNITA lhe deve a vida).
Um dia se saberá até que ponto a sua obra é importante. Porque temos de confrontá-la com a obra dos que lhe vão suceder. A História não tem pressa de acolher os seus actores e de medir a sua grandeza.
José Eduardo dos Santos deu poucas entrevistas. Numa delas, quando o jornalista lhe perguntou como gostava de ser lembrado, ele respondeu, sem a mínima hesitação: “Quero ser lembrado como um bom cidadão e um bom angolano”.
No mundo, queiram ou não os arautos dos donos, O Presidente José Eduardo dos Santos será sempre lembrado como o líder político que libertou África e o Mundo do regime de apartheid na África do Sul. O libertador de Nelson Mandela, O político sagaz que envolveu os próceres do regime racista numa teia de liberdade que restituiu o Poder à maioria negra sul-africana. E pulverizou a “Solução UNITA” para África. Após a morte de Jonas Savimbi em 22 de Fevereiro de 2002, as potências ocidentais já não podem indicar títeres para tratar dos seus negócios. África mudou.
Se Angola estudar e respeitar o legado de José Eduardo dos Santos será sempre um país livre. Mas também é impossível não seguir, não estudar, não respeitar. Pelo menos enquanto o MPLA existir.
Não vou apresentar as minhas condolências à família enlutada. Isso seria tão redutor que roçava as fronteiras do insulto. Apresento as minhas sentidas condolências ao Povo Angolano. Um dia todos saberão a dimensão da perda.
Hoje morreu o construtor da catedral da liberdade
ªJornalista