quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Processo eleitoral em Angola foi "um sucesso retumbante", diz CNE

Comissão Nacional Eleitoral diz que escrutínio decorreu num clima de "calma, tranquilidade e serenidade". Observadores portugueses falam em "total normalidade".

porta-voz da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de Angola, Lucas Quilundo, disse esta quarta-feira que o "processo de eleição foi um sucesso retumbante" após o fecho das urnas. Cerca de 14,4 milhões de angolanos foram chamados a votar em mais de 13 mil assembleias de voto no país e no exterior - incluindo Lisboa e Porto - para eleger os 220 deputados à Assembleia Nacional, sendo o líder do partido mais votado automaticamente presidente. João Lourenço, do MPLA (no poder desde a independência em 1975), procura um segundo mandato, tendo pela frente o líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior. Os resultados são esperados nos próximos dias.

"Uma vez mais, e de forma exemplar, os eleitores angolanos deram prova de civismo e mostraram espírito bastante pacífico", afirmou Quilundo, que falava aos jornalistas no Centro de Imprensa Aníbal de Melo, em Luanda. A meio do dia, já tinha dito que as eleições decorriam em clima de "calma, tranquilidade e serenidade" dos eleitores, "sem situações suscetíveis de perturbar o processo", encorajando o clima cívico dos cidadãos e dos agentes eleitores.

Observadores portugueses que acompanharam o processo eleitoral consideram que este correu sem incidentes e com "total normalidade", correspondendo a "um passo em frente do ponto de vista da democratização" do país. O presidente do Partido Socialista (PS), Carlos César, convidado pelo presidente angolano e pela CNE, disse que a eleição estava a correr "de forma razoavelmente próxima das visões mais otimistas que poderiam existir para o seu desfecho", e o facto de haver uma dúvida quanto ao vencedor "é sinal de que há um mínimo de densidade democrática no ato eleitoral".

O ex-ministro social-democrata José Luís Arnaut, convidado também por João Lourenço, disse que "o processo correu com total normalidade", tendo passado por cerca de 30 mesas de voto na região de Luanda. "O que pude constatar do que eu vi com os meus olhos e do que auscultei dos presidentes das mesas de voto nas assembleias mais significativas aqui da região de Luanda (...) foi que o processo ocorreu com toda a normalidade e não foram assinalados nenhumas situações", disse.

"Eventualmente poderá ter havido aqui e ali alguns problemas, mas isso há em todo o lado e não são significativos", afirmou, sublinhando que "a normalidade do processo eleitoral é um sinal positivo a assinalar, que decorre também da normalidade da campanha".

Candidatos votaram cedo

João Lourenço votou logo às 8.00 horas na assembleia de voto n.º 105. "Acabámos de exercer o nosso direito de voto, é rápido e é simples", disse, exibindo o dedo indicador com tinta indelével e convidando os outros eleitores a fazerem o mesmo. O candidato do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) salientou que todos saem a ganhar: "É a democracia que ganha, é Angola que ganha."

O líder da UNITA, que votou também bem cedo no Bairro 28 de Agosto em Luanda, apelou igualmente ao voto, mas criticou os procedimentos eleitorais, dando o exemplo da sua mesa de voto, em que os cadernos de eleitores não foram distribuídos aos fiscais. Adalberto Costa Júnior disse esperar que "os votos sejam todos contados" e "todos respeitados".

A oposição tem criticado a transparência do processo eleitoral, acusando o partido governamental de o instrumentalizar e colocar em causa a transparência. Surgiu assim o movimento "Votou, Sentou", que pedia aos eleitores para continuarem perto das mesas de voto e seguirem a divulgação oficial da ata. Em algumas mesas, esse protesto decorreu sem problemas, segundo a rádio Voz da América.

Em 2017, João Lourenço foi eleito com 61% dos votos, depois de José Eduardo dos Santos o ter nomeado como sucessor. Após a vitória eleitoral, afastou-se contudo do ex-presidente e iniciou, para surpresa de todos, uma ampla operação anticorrupção, afastando várias pessoas ligadas a antigo chefe de Estado de cargos do governo.

José Eduardo dos Santos morreu em julho, em Barcelona, e após uma disputa entre a família sobre onde deveria ser sepultado, o corpo foi repatriado para Luanda - as cerimónias fúnebres estão previstas para o próximo domingo.

Diário de Notícias | Lusa

Imagem: Os votos já começaram a ser contados. Resultados são esperados nos próximos dias. © PAULO NOVAIS/LUSA

A ARGÉLIA E OS SEUS SESSENTA ANOS DE COERÊNCIA HISTÓRICA – II

Martinho Júnior, Luanda

INDEPENDÊNCIA, SOBERANIA E MUDANÇA DE PARADIGMA

A ARGÉLIA É UM FACTOR PROGRESSISTA DE VANGUARDA PARA ÁFRICA E PARA A EUROPA 

- continuação

… “Hemos tenido oportunidad de conocer más profundamente, más detalladamente el pensamiento y la situación concreta de cada uno de los movimientos que luchan por su liberación en estos momentos.  Hemos tenido oportunidad de conocer la situación concreta de cada uno de los pueblos que luchan y, sobre todo, hemos tenido la oportunidad de ver cómo se acrecienta la solidaridad de los pueblos entre sí (APLAUSOS), cómo crece la fuerza del movimiento revolucionario a escala mundial, y cómo crece y podrá crecer en los tiempos venideros la ayuda de unos pueblos a otros, la ayuda de todos los pueblos a cada uno de los pueblos que luchan, la ayuda —a una escala y a un nivel que no conoció nunca antes la humanidad— de los pueblos unos a otros.  Y cómo a pesar del poderío militar y técnico de los imperialistas, será incuestionablemente mucho más poderosa la fuerza unida de los pueblos revolucionarios. 

El imperialismo será inevitablemente derrotado.  ¿Quiénes nos han enseñado esa lección?  Nos la han enseñado los pueblos.  ¿Quién entre los pueblos nos ha dado en estos tiempos la más extraordinaria lección?  El pueblo de Viet Nam (APLAUSOS PROLONGADOS).  Viet Nam es un país pequeño; los imperialistas lo han dividido en dos partes:  Viet Nam del Norte y Viet Nam del Sur.  Para los revolucionarios es un solo Viet Nam, para nosotros (APLAUSOS)”…

(DISCURSO PRONUNCIADO POR EL COMANDANTE FIDEL CASTRO RUZ, PRIMER SECRETARIO DEL COMITE CENTRAL DEL PARTIDO COMUNISTA DE CUBA Y PRIMER MINISTRO DEL GOBIERNO REVOLUCIONARIO, EN EL ACTO CLAUSURA DE LA PRIMERA CONFERENCIA DE SOLIDARIDAD DE LOS PUEBLOS DE ASIA, AFRICA Y AMERICA LATINA (TRICONTINENTAL), EN EL TEATRO CHAPLIN, LA HABANA, EL 15 DE ENERO DE 1966)

POR DENTRO DA VISITA DE BOA VONTADE DE EMMANUEL MACRON À ARGÉLIA

#Traduzido em português do Brasil

O presidente francês, Emmanuel Macron, embarcará em uma “visita de boa vontade” de três dias na quinta-feira à Argélia.

A visita ocorre em um momento em que alguns dos aliados europeus de Paris, lutando para substituir os combustíveis fósseis russos antes do que promete ser um inverno frio, procuram Argel para suas necessidades energéticas.

A questão do memorial, a guerra na Ucrânia e o gás argelino, os vistos, a segurança no Sahel... e sair das brigas do primeiro quinquênio: a próxima visita de Emmanuel Macron à Argélia está cheia de problemas.

Emmanuel Macron, o primeiro presidente francês nascido após a Guerra da Argélia (1954-1962), não parou, desde sua eleição em 2017, tentando normalizar as relações entre os dois povos. Ainda candidato, ele impressionou os espíritos ao chamar a colonização de "crime contra a humanidade" e, desde então, multiplicou os gestos memoriais.

No entanto, parece que a Argélia não abraçou esse trabalho de memória e lamentou o fato de o presidente francês não expressar "arrependimento" pelos 132 anos de colonização francesa.

Após meses de tensão, Emmanuel Macron censurou o governo argelino por explorar o "aluguel de memória" da guerra de independência para manter sua legitimidade e questionou a existência de uma nação argelina antes da colonização.

O ENORME ESQUEMA DE LAVAGEM DE DINHEIRO DA UCRÂNIA

Declan Hayes | Strategic Culture Foundation

Antes de olhar para os mandados do governo da Ucrânia, que entregam o jogo a qualquer pessoa com uma formação financeira ou matemática rudimentar, vamos apenas examinar rapidamente os cofres vazios de Kiev.

#Traduzido em português do Brasil

O golpe ucraniano de lavagem de dinheiro de Zelensky pode muito bem superar o golpe holandês da mania das tulipas , o golpe do pântano da Flórida e a bolha do mar do sul como o maior golpe da história registrada.

Antes de olhar para os mandados do governo da Ucrânia, que entregam o jogo a qualquer pessoa com uma formação financeira ou matemática rudimentar, vamos apenas examinar rapidamente os cofres vazios de Kiev. No Leste, as forças aliadas russas garantiram a maior parte dos geradores de receita em moeda forte da Ucrânia. Estes aparentemente incluem salas de caldeiras financeiras, laboratórios de guerra biológica e fábricas ligadas a Hunter Biden para produzir uma série de opióides, como metadona, bem como as substâncias do tipo efedrina de t-fedrina e trifedrina, que também entraram em ação com os representantes sírios da OTAN. O resultado líquido de tudo isso é porque a OTAN terá que terceirizar essa produção para outro estado gangster complacente, para a Bósnia, por exemplo, é dinheiro perdido para a Ucrânia.

Embora a Rússia deva usar todo esse espólio, junto com os nazistas Azov que capturaram, para ir atrás dos peixes maiores e mais culpados, esse não é nosso foco principal aqui. Pois não apenas a Rússia capturou um arsenal de armas fumegantes que deveria afastar todas as famílias Biden e Pelosi pelo resto de suas vidas naturais, mas também capturou mais recursos fungíveis. Até agora, as forças aliadas russas garantiram pelo menos US$ 12,4 trilhões em depósitos de energia, metais e minerais da Ucrânia. Esse número inclui mais de 63% dos depósitos de carvão da Ucrânia, 11% de seus depósitos de petróleo, 20% de seus depósitos de gás natural, 42% de seus metais e 33% de seus depósitos de terras raras e outros minerais críticos, incluindo lítio.

Embora os avanços da Rússia signifiquem que há muito menos dinheiro na vaquinha de Zelensky para pagar aos credores de Zelensky, a Polônia é uma dor de cabeça ainda maior para a junta de Kiev e os Estados Unidos, para que não esqueçamos, sempre insistiram em receber seu quilo de carne e muito mais.

Portugal | FARINHA PARA ENGORDA

Joana Amaral Dias* | Diário de Notícias | opinião

Mal nasceu e o Banco de Fomento já soma e multiplica escândalos, confirmando que foi nado e criado para ração de tachos e panelas.

Não é um novo banco, mas também não é um banco novo. A história repete-se, é a mais antiga do mundo, é a de sempre, a receita é velha, velha é a receita. Este Banco de Fomento é mais um Banco Bolorento, Bafiento, com o propósito de sempre - dar cobertura a um punhado que se julga muito empreendedor, mas não faz nada sem o doce amparo do Estado. Enfim, mais uma cantina de gamelas e marmitas para os tudo bons rapazes e raparigas. Como era evidente desde o seu anúncio, o seu propósito nunca foi estimular a economia e apoiar as empresas - até porque para isso já existe, supostamente, a Caixa Geral de Depósitos, o maior banco nacional, com recursos e mecanismos de compliance bastantes para responder ao PRR.

A coisa nasceu torta, selando-lhe a já aberrante sina: ainda em 2020 escolheram Vítor Fernandes para essa instituição bancária que vai gerir a Bazuka. Sucede que se esse nome já levantava orelhas em virtude da sua passagem pela Caixa, confirmou-se depois que terá sido um dos banqueiros no ex-BES a favorecer os esquemas de Luís Filipe Vieira na dívida de 54 milhões da Imosteps. O Banco de Portugal lá teve de reavaliar a sua idoneidade... sendo que foi Mário Centeno quem, enquanto ministro das Finanças, vendeu o Novo Banco... claro que inicialmente passou pelo crivo sem resistência. Que bar aberto!

Este Banco de Fomento é mais um Banco Bolorento, Bafiento, com o propósito de sempre - dar cobertura a um punhado que se julga muito empreendedor, mas não faz nada sem o doce amparo do Estado.

Mas não foi caso único. Também já se verificou a entrada em via verde de um secretário de Estado para o dito banco, Alberto Souto Miranda ou a história de Mário Ferreira. A ainda CEO, Beatriz Freitas, que também acumula as funções de chairman, ainda não aprovou as contas de 2021 (e as de 2020 só foram aprovadas este ano), gerando uma opacidade inaceitável, quando já está no Tribunal de Contas a transferência de 250 milhões de euros dos fundos para capitalizar o banco. Ora, capitalizar um banco público que nunca prestou contas só pode ser crime. A este regabofe soma-se a saída do director de compliance. Porquê? Nunca se apurou, da mesma forma que não se entende quem pode receber, os critérios de elegibilidade das candidaturas, a publicitação dos concursos, a fiscalização da tesouraria das empresas beneficiadas, a imparcialidade do júri, limites de verbas, etc... Sobretudo, não se percebe a estratégia para o país. Muito menos neste lamaçal de obscurantismo. Ou será esse mesmo o interesse nacional?

Em 23 meses, o Banco Bolorento contratou externamente o fornecimento de 8,8 milhões de euros em bens e serviços, sendo que celebrou 73 contratos de ajuste direto, no valor de seis milhões de euros. Já a sua Comissão de Auditoria avisou que os objetivos estratégicos estão condicionados. Controlo interno é área que preocupa - e é aquela que está a ser auditada pelo Banco de Portugal. Isto já para não falar no escorbuto de independência deste banco, visto que Diogo Lacerda Machado, o melhor amigo de António Costa, depois de entrar pela saída de emergência na TAP, e após vários loops, é administrador da holding beneficiária de tais fundos.

É preciso dizer mais? O Bafiento é um compacto de esquemas, trocas de favores, saques e esbulhos do dinheiro dos portugueses e dos europeus. Já Marcelo prometeu ao país um controlo férreo destes fundos, lembram-se? O Presidente da República também não.

*Psicóloga clínica -- Escreve de acordo com a antiga ortografia

Portugal | VICE-PRESIDENTE DO CHEGA DEMITE-SE – zangam-se os compadres…

Mithá Ribeiro demite-se de vice-presidente do Chega em colisão com Ventura

O vice-presidente do Chega pediu a demissão desta função depois de o líder do partido ter assumido a coordenação do gabinete de estudos do partido. André Ventura aceitou a demissão.

O Chega acaba de sofrer outro abalo na sequência de novo reforço da centralidade do presidente do partido, André Ventura, que assumiu “provisoriamente e com efeitos imediatos” a coordenação do gabinete de estudos da força política. Em reacção, o até aqui vice-presidente do Chega, Gabriel Mithá Ribeiro, anunciou ter pedido a demissão deste cargo. Ventura vai reorganizar o partido.

Numa publicação feita no Facebook, o também deputado e responsável por desenhar o programa que o Chega apresentou às últimas eleições legislativas revelou que depois de já ter pedido a demissão da vice-presidência do partido a 9 de Julho último, esse mesmo pedido “torna-se inevitável” depois de conhecido o seu afastamento da liderança do gabinete de estudos. Um afastamento que Mithá Ribeiro atribui a uma decisão do próprio André Ventura – “Por decisão de Vossa Excelência”.

O deputado foi também candidato do partido à vice-presidência da Assembleia da República mas a eleição foi chumbada – assim como havia sido a candidatura inicial do deputado Diogo Pacheco de Amorim –, resultado que Mithá Ribeiro considerou decorrer de uma “questão racial”.

O parlamentar publica ainda um despacho assinado pelo próprio Ventura, e publicado no site do partido, segundo o qual “nos termos das competências estatutariamente definidas, e tendo em vista o processo de reorganização dos vários órgãos partidários anunciado no último conselho nacional, fica atribuída ao presidente da direcção nacional, provisoriamente e com efeitos imediatos, a coordenação do gabinete de estudos do partido até à aprovação, no próximo conselho nacional, da nova configuração orgânica deste, em termos de organização, competências, membros e respectivos direitos de voto nos vários órgãos deliberativos do partido”.

Em conferência de imprensa realizada já durante a tarde desta segunda-feira, André Ventura anunciou ter aceitado a demissão do até aqui seu vice-presidente, explicando que Mithá Ribeiro pedira ainda em Julho a renúncia para “se focar no trabalho de representação [parlamentar] do distrito de Leiria”. “O Chega desencadeará imediatamente os procedimentos que tem de desencadear do ponto de vista estatutário para a substituição do seu vice-presidente”, acrescentou em declarações feitas na sede do partido.

Ventura prosseguiu dizendo que ele próprio irá promover uma “profunda reorganização institucional interna [do partido], que afectará também o gabinete de estudos e a comissão política nacional”, razão pela qual considera dever ser o líder do Chega a assumir a “responsabilidade” por essa reformulação, que será proposta em sede de conselho nacional.

Questionado se este afastamento estaria relacionado com a partilha nas redes sociais, por Mithá Ribeiro, de um artigo crítico das propostas do Chega em matéria de justiça, André Ventura assegurou que não há qualquer relação. Frisou ainda, citado pela agência Lusa, esperar “que não” haja uma ruptura da parte de Mithá Ribeiro, adiantou que esta terça-feira irão reunir-se para analisar a demissão e assegurou que “não é impossível que o próprio Gabriel Mithá Ribeiro volte a ser coordenador do gabinete de estudos”.

Portugal | Falta uma estratégia nacional para a água e a segurança hídrica

A política da água não pode ser objecto de preocupação apenas nos momentos de seca. A situação com que o País está confrontado exige medidas urgentes e adequadas, mas não alarmistas nem precipitadas.

AbrilAbril | editorial

Face à situação de seca que atravessa o País, voltamos hoje ao tema da água e dos recursos hídricos, num período em está colocada a exigência de mitigar as consequências da falta de água, garantindo que ela não falte nas torneiras, para consumo humano e nos campos, para assegurar a produção agro-pecuária. Daí, a necessidade, por exemplo, de conter modelos de exploração agrícola intensiva e superintensiva, que colocam em risco o fornecimento de água para abastecimento humano, e projectos de exploração mineira que ponham em causa os recursos hídricos.

No momento em que se agravam os problemas, confrontamo-nos com o facto de, por um lado, as estruturas públicas terem perdido capacidade de assegurar a gestão, a planificação e até a monitorização de protocolos internacionais. Por outro, o de sucessivos governos terem adiado investimentos, nomeadamente em barragens, albufeiras e obras hidroagrícolas. Investimentos indispensáveis à captação das águas de superfície para garantir o abastecimento regular, para facilitar a reposição dos lençóis freáticos e para assegurar os caudais ecológicos essenciais à salvaguarda ambiental.

Entretanto, ao longo de décadas tem-se acentuado e intensificado a ofensiva contra a gestão pública da água, através da aposta na transferência forçada de competências do Estado Central para as autarquias, ao mesmo tempo que aumenta a pressão para a expropriação dos municípios da gestão da água, uma competência claramente municipal.

Os governos, sejam do PS ou do PSD, têm dificultado o acesso das autarquias aos fundos comunitários, limitando investimentos fundamentais, com o objectivo de forçar a agregação dos sistemas de água visando a sua posterior privatização. Isto é, privilegiam o negócio em detrimento do controlo democrático da gestão da água.

É urgente e necessário definir critérios de hierarquização do uso da água em condições de seca, que privilegiem a sua utilização para uso humano, a saúde e os serviços públicos, a pequena e média agricultura e ainda o equilíbrio dos ecossistemas.

Nesse sentido, é preciso avançar com um plano nacional para a prevenção estrutural dos efeitos da seca. A propósito, importa recordar que, em 2020, os votos contra de PS, PSD e IL (BE e PAN abstiveram-se) inviabilizaram um projecto do PCP nesse sentido.  Assim, ficou pelo caminho ficou a possibilidade de implementar um plano integrado das necessidades de utilização da água para fins múltiplos, com as adequadas e possíveis capacidades de armazenamento, promovendo a utilização racional e eficiente da água como factor de desenvolvimento económico e social.

É urgente o desenvolvimento de uma estratégia nacional de garantia de segurança hídrica que passe pelo investimento e controlo público dos recursos hídricos, acompanhada de mais meios públicos para gerir, monitorizar e planificar a gestão de recursos hídricos.

É necessário avançar com investimentos há muito adiados, nomeadamente na construção de barragens, de albufeiras e na recuperação de regadios já existentes, designadamente os tradicionais. Mas também a modernização e construção de estações de tratamento de águas residuais e um maior aproveitamento destas para diversos fins.

A política da água não pode ser objecto de preocupação apenas nos momentos de seca, antes impõe uma estratégia de longo prazo. Mas, a situação com que o País está confrontado exige medidas adequadas, não alarmistas ou precipitadas, mas urgentes e ponderadas.

Imagem: É preciso avançar com um plano nacional para a prevenção estrutural dos efeitos da seca -- Nuno Veiga / Agência Lusa 

Portugal | A LOJA DO MESTRE ANDRÉ


Henrique Monteiro | Henricartoon

AS ELEIÇÕES EM ANGOLA ESTÃO A DECORRER DENTRO DA NORMALIDADE

CNE diz que todas as assembleias de voto em Angola "estão em perfeito funcionamento" e "sem incidentes"

O porta-voz da CNE afirma que o processo eleitoral está a "decorrer de forma ordeira e pacífica".

porta-voz da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) anunciou esta quarta-feira que as 13.238 assembleias de voto espalhadas pelos 164 municípios angolanos "estão abertas e em perfeito funcionamento" e "não há registo de qualquer incidente" que possa beliscar a votação.

Lucas Quilundo, que falava aos jornalistas no primeiro 'briefing' do dia, duas horas depois do início da votação dos eleitores angolanos, disse que todas as assembleias de voto abriram oficialmente as 07h00 locais (mesma hora em Lisboa) e o processo decorre dentro da normalidade.

"O processo decorre neste momento de forma ordeira e pacífica e o ambiente geral no país é calmo e não há registo de qualquer anomalia", afirmou o porta-voz, na sua primeira comunicação no Centro de Imprensa Aníbal de Melo (CIAM), centro da capital angolana.

O responsável da CNE exortou igualmente os responsáveis das assembleias de voto a seguirem estritamente os pressupostos legais no atendimento e acompanhamento aos eleitores.

Pediu igualmente prioridade de voto aos agentes das Forças Armadas Angolanas (FAA), dos serviços de saúde e de emergência e às pessoas portadoras de deficiência no acesso às assembleias.

O porta-voz da CNE, órgão que coordena o processo eleitoral, apelou ainda para a necessidade de "não se colocarem impedimentos aos eleitores que circunstancialmente não se apresentem às assembleias sem as máscaras faciais" devido à Covid-19.

A CNE tem previsto um novo 'briefing' sobre as quintas eleições gerais angolanas as 12h00 locais.

As quintas eleições gerais em Angola perpetuam a disputa entre os dois principais partidos do país, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, Governo) e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, oposição), que tentam conquistar a maioria dos 220 lugares da Assembleia Nacional.

João Lourenço, atual Presidente, tenta um segundo mandato e tem como principal adversário Adalberto Costa Júnior, líder da UNITA.

No total, concorrem oito formações políticas, sete partidos e uma coligação, que tentam conquistar o voto dos 14,4 milhões de eleitores. As cerca de 13 mil assembleias de voto no país e diáspora vão estar abertas entre as 07:00 e as 17:00 (mesma hora em Lisboa).

O processo eleitoral, que tem cerca de 1.300 observadores nacionais e internacionais, tem sido criticado pela oposição, considerando-o pouco transparente.

TSF | Lusa | Imagem: © Paulo Novais/Lusa

Angola | A LONGA MARCHA DA TRAIÇÃO – Artur Queiroz

“As FAPLA como exército regular tinham pouco mais do que um ano quando tiveram de enfrentar a Operação Savana, desencadeada pelas tropas sul-africanas, trazendo encavalitadas a UNITA, a FNLA e a Facção Chipenda, para matarem à nascença a República Popular de Angola que iria ser proclamada a 11 de Novembro de 1975. Esta primeira agressão sul-africana foi travada na Batalha do Ebo.” -- https://ivairs.wordpress.com/

Artur Queiroz*, Luanda

A operação Protéa, desencadeada contra Angola pelo alto comando das tropas sul-africanas, começou a 23 de Agosto 1981, há 41 anos. com um ataque aéreo contra vários objectivos económicos e sociais em Xangongo e Ondjiva. Milhares de angolanas e angolanos deram a vida pela paz e reconciliação nacional, durante a guerra contra os invasores estrangeiros, apoiados pela UNITA. O preço foi muito elevado, mas para os combatentes, a Independência Nacional, a liberdade e a dignidade estão acima de tudo e nada paga esses valores.

No dia 23 de Agosto 1981, Os bombardeamentos dos racistas de Pretória e seus ajudantes da UNITA mataram milhares de angolanos, militares e civis. Morreram durante ataques surpresa da aviação e artilharia inimigas. A comunidade internacional nem sequer quis saber do número de mortos. Os que hoje enchem a boca com a democracia, fugiam para muito longe dos campos de batalha. São os accionistas da Sociedade Civil em consórcio como Galo Negro. Quem amanhã votar na UNITA está a dar um voto de confiança à Irmandade Afrikaner, que continua a dominar a direcção do Galo Negro e ainda sonha com o regresso do regime de apartheid.

A invasão estrangeira foi feita às claras e com meios abundantes. Era impossível esconder a agressão. Pretória atacou o Sul de Angola com 11 mil homens, 36 tanques Centurion M41, 70 blindados AML90, 200 veículos de transporte de tropas tipo Rattel, Buffel e Sarracen. Um número indeterminado de canhões G-5 e de 155 milímetros. Mísseis terra-ar Kentron de 127 milímetros, 90 aviões de guerra e helicópteros. E o biombo habitual, as tropas da UNITA. Os traidores do Povo Angolano. Os que mataram às ordens dos racistas. 

A comunidade internacional, sobretudo as grandes potências, não viram o enorme movimento de tropas. Estes foram os meios dos crimes contra Angola. Os mandantes são conhecidos por todos. Os cúmplices, hoje vivem em paz entre os angolanos. São os sicários da UNITA, que hoje dominam a direcção do partido.

As tropas integradas na “Operação Protéa” foram travadas na Cahama e de lá as forças agressoras estrangeiras nunca passaram. Inseguras quanto aos resultados finais, tiveram o cuidado de destruir a ponte sobre o rio Cunene, em Xangongo (antiga vila Roçadas) para as forças angolanas não terem capacidade de as perseguir. Do rio para Norte, somente actuava a aviação inimiga até ao dia em que os “karkamanos” perderam o domínio do ar. Entre os agressores estavam os matadores da UNITA. Quem amanhã votar no Galo Negro, vota em quem matou milhares de angolanos e destruiu Angola.

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