quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Angola | CARLOS SÃO VICENTE É INOCENTE E A SUA PRISÃO ILEGAL -- Artur Queiroz

Carlos São Vicente

A Nossa Família Está a ser Vítima de Injustiças e Abusos

Artur Queiroz*, Luanda

ENTREVISTA A MARIA EUGÉNIA NETO

O empresário e investidor Carlos São Vicente continua detido no estabelecimento prisional de Viana e os recursos até agora apresentados para Tribunais superiores têm o mesmo destino de sempre: Condenação sem provas. O Tribunal nem se dignou ouvir duas testemunhas cujos depoimentos arrasavam a acusação e a convicção dos magistrados judiciais. O Presidente da República José Eduardo dos Santos e o PCA da Sonangol, Manuel Vicente, podiam responder a dúvidas que existissem. Mas ninguém os encontrou! A saga da injustiça, da prepotência e do abuso de autoridade continua. O que pensa deste atropelos ao Estado de Direito e Democrático Maria Eugénia Neto, viúva do Fundador da Nação Angolana e militante do MPLA desde a sua fundação? Fomos entrevistá-la.

Artur Queiroz - A família do empresário Carlos São Vicente está em silêncio desde que foi detido em 2020. Quer fazer-nos um ponto da situação?

Maria Eugénia Neto - A família optou pela contenção verbal mas não está passiva. Nunca esteve. Temos acompanhado o processo em todas as suas fases. A nossa expectativa era que fosse feita Justiça. Mas, infelizmente, não foi isso que aconteceu. O processo está cheio de irregularidades, desde a primeira hora.

AQ - Está a referir-se ao momento da prisão preventiva?

MEN - Isso mesmo. O meu genro, Carlos São Vicente, foi preso sem provas. A prisão preventiva começou no dia 22 de Setembro de 2020. Depois de várias prorrogações ilegais atingiu o prazo máximo permitido por Lei, em 26 de Setembro de 2022. Esse prazo foi ultrapassado. Estamos perante uma prisão arbitrária aplicada em manifesto abuso de poder. 

AQ - A defesa de Carlos São Vicente recorreu ao Habeas Corpus?

MEN - Demos entrada de um pedido de Habeas Corpus no dia 11 de Outubro de 2022. Até hoje não foi decidido. Como se a liberdade de um cidadão fosse coisa sem valor. Como se fosse aceitável tão grave manifestação de arbitrariedade e abuso de poder. 

AQ - Qual foi o argumento que justificou o pedido de Habeas Corpus?

MEN - O fundamento foi o facto do Dr. São Vicente continuar preso além do prazo fixado por lei para a prisão preventiva. O prazo era 26 de Setembro de 2022. O outro fundamento é a ilegalidade porque vários artigos da Constituição e do Código do Processo Penal foram violados.

AQ - Carlos São Vicente continua preso enquanto os Tribunais apreciam os seus recursos. Há perigo de fuga ou alarme social?

MEN  - Carlos São Vicente, meu genro, está preso por vingança e por inveja. Tenho pena que ele esteja a sofrer os mesmos desmandos a que foi sujeito Agostinho Neto pela PIDE e o regime colonialista. Mas mesmo esses, depois da deportação para Cabo Verde, colocaram-no em prisão domiciliária. O meu genro continua fechado numa cela da prisão de Viana. Não compreendo esta sanha vingativa nem esta perseguição.

Angola | A MISSÃO AMERICANA APEDREJADA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

NO dia 4 de Fevereiro de 1961 os revolucionários do MPLA apontaram armas ao coração do colonialismo. Nasceu naquele momento a matriz da luta do Povo Angolano, segredo de todas as vitórias do MPLA, até ao dia 24 de Agosto de 2022. Os colonos puseram Luanda a ferro e fogo. Atacaram a Sé Catedral (igreja dos Remédios), prenderam o cónego Manuel das Neves e mataram milhares de luandenses indefesos. A fúria dos nazis abateu-se sobre a Igreja. D. Moisés Alves de Pinho (fundador do jornal O Apostolado), arcebispo de Luanda, ousou defender os seus padres que aderiram à luta.

Poucos dias depois, em 15 de Março de 1961 rebentou no Norte de Angola a Grande Insurreição liderada pela UPA de Holden Roberto. Eu estava lá e assisti a horrendos crimes cometidos pelas milícias, mobilizadas e armadas pelos colonos ricos, comandados pelo governador Hélio Felgas, contra civis. Centenas de mortos nas ruas. Em frente ao internato do colégio que frequentava havia um terreno baldio. Estava juncado de mortos. Gente que apenas queria fugir da violência assassina.

Em Maio cheguei a Luanda e fiquei internado no centro de refugiados, criado na antiga casa de saúde do Dr. Machado Faria. Ali mesmo ao lado (do outro lado da rua é o Hotel Trópico) ficava a nova Missão Americana, um edifico muito bonito, com belos vitrais. O templo estava vandalizado! Os colonos em fúria vingaram-se dos revoltosos do Norte de Angola, apedrejando a Missão Americana. Era assim que chamavam ao templo da Igreja Metodista Unida. Porque os líderes religiosos eram quase todos cidadãos norte-americanos.

Quando os colonos ficaram saciados de violência e morte, o templo foi reabilitado, os vitrais reconstituídos e abriu as portas ao culto. Não para mim que estou de relações cortadas com deus, desde pequenino. Mas a “missão” era e é um edifício majestoso. Ver tudo partido como eu vi em 1961, foi uma dor de alma.

Aproveito para dizer que um dia fui convidado a participar numa acção de formação para jovens estudantes de comunicação social. Dentro do templo. Estando de relações cortadas com o dono da casa, não aceitei. Mas as insistências foram muitas e eu abri uma excepção. Gostei muito de conviver com aquela juventude, empenhada, avida de saber e educada. 

Em Outubro de 1972, a “missão americana” passou a ser dirigida por um bispo angolano, Emílio de Carvalho, uma figura eclesiástica que muito aprecio. Hoje foram comemorados os 50 anos (meio século. Estou mesmo a ficar velho!) do episcopado angolano na Igreja Metodista Unida. Fiquei muito contente quando vi nas comemorações o arcebispo Filomeno Vieira Dias que entrevistei quando era bispo de Cabinda e, informo quem não sabe, foi jornalista. Portanto, meu camarada de profissão. Um pensador notável!

Brasil | NAS ENTRELINHAS

Henrique Monteiro | Henricartoon

Brasil | Agitação Social: Rodovias federais têm 167 bloqueios nesta quarta, diz PRF

Dados são de boletim divulgado às 6h30; grupos são contrários ao resultado das eleições. STF já mandou corporação e PMs estaduais retirarem manifestantes.

Pedro Alves Neto, Iana Caramori e Wellington Hanna, g1 DF e TV Globo

02/11/2022 07h04  - Brasil -- Atualizado há 45 minutos

Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que, às 6h30 desta quarta-feira (2), havia 167 bloqueios em rodovias federais do país, realizados por grupos contrários ao resultado das eleições. O total é menor que o registrado no início da manhã de terça (1º), quando eram 271 pontos de retenção.

A PRF afirma que já desfez 563 manifestações. Os grupos ocupam as rodovias ilegalmente desde domingo (30), após o anúncio do resultado da votação. Na segunda (31), o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a corporação e as polícias militares estaduais tomem as medidas necessárias para desobstruir as vias.

Veja como está a situação de cada unidade da federação, de acordo com informações da PRF, às 6h30 desta quarta-feira:

EUA | James Gordon Meek, o jornalista que sabia demais sobre a guerra na Ucrânia

A revista Rolling Stone publicou um artigo sobre o desaparecimento do jornalista da ABC, James Gordon Meek, no fim de Abril [1]. Este caso não foi até agora objecto de qualquer publicação.

Meek servira como Conselheiro sénior da luta anti-terrorista junto da Comissão de Segurança da Pátria da Câmara dos Representantes. Ele parece ter tido uma dupla vida profissional de jornalista e agente de Inteligência. Em todo o caso, estava muito envolvido nesse meio e a altíssimo nível. Aquando do seu desaparecimento estava escrevendo um livro sobre a Operação Pineapple (Abacaxi -ndT) durante a queda de Cabul [2] .

Ele postou seu último tweet em 27 de Abril. Tratou-se da retoma de um tweet de um antigo agente da CIA com a menção : «Factos». O texto do agente era : « Realmente, isto começou há muito tempo. Tratamos disso entre 2014-2022. Não agora. É uma experiência de laboratório sobre TTPs [tácticas, técnicas e procedimentos] russas. Sobre a EW [guerra electrónica]. Sobre tudo. É por isso que os Ucranianos (com os nossos conselhos/assistências) vão tão bem. Perguntem aos da IC [comunidade da Inteligência] ou da UW [guerra não convencional]. «Tratamos de uma tonelada de merda».

Imediatamente após ter postado este tweet, Meek demitiu-se das suas funções na ABC. Segundo seus amigos e colegas, ele não explicou nada, mas parecia que o céu acabava de cair sobre a sua cabeça.

Um raide policial foi feito à sua casa. Segundo os seus vizinhos, carros pretos e um veículo blindado iguais aos empregues pelo FBI sitiaram a sua casa. Homens armados revistaram-na. Ignora-se se ele estava em casa na altura. De qualquer forma, ninguém o viu sair, nem o viu desde então.

As autoridades nada revelam a seu propósito.

Voltairenet.org | Tradução Alva

- Página Twiter de Meek

Notas:

1] « FBI Raids Star ABC News Producer’s Home », Tatiana Siegel, Rolling Stones, October 24, 2022.

[2] “Socorro privado no Afeganistão: Operações “Ananas Express” e “Dunquerque””, Tradução Alva, Rede Voltaire, 31 de Agosto de 2021.

A UCRÂNIA TEM POR HERÓI NACIONAL UM COLABORADOR NAZI E DO HOLOCAUSTO

Uma publicação no Facebook apresenta duas imagens: uma estátua erguida na cidade de Lviv e uma coleção de selos, ambas homenagens a Stepan Bandera, um ultranacionalista ucraniano bastante controverso na história da Europa de leste pela sua ideologia de extrema-direita e colaboração com os nazis. No post em causa, a autora afirma que “Stepan Bandera foi um colaborador nazi ucraniano do Terceiro Reich, colocado por Hitler em 1944 à frente de um governo fantoche e organizador do terrorismo na Ucrânia após a derrota da Alemanha. Ele matou e mandou matar dezenas de milhares de Polacos e judeus”.

“Em 2015, o novo regime "democrático" da Ucrânia aboliu o feriado de 9 de maio, que celebrava a derrota do nazi-fascismo, e, em vez dele, decidiu "celebrar" o aniversário do criminoso Bandera como uma celebração patriótica nacional. Nossos guerrilheiros lutaram contra aqueles como Bandera, que as milícias ucranianas hoje têm em suas bandeiras, como o infame "Batalhão Azov" (que é diretamente inspirado nas SS), enquadrado nas forças especiais do exército regular ucraniano", continua o texto.

Fascistas: OU VÊM COM BOTAS CARDADAS OU COM PÉZINHOS DE LÃ

Senhoras e senhores, apresento-vos Galeazzo Bignami (Fratelli d’Italia) o novo Vice-Ministro das Infra-estruturas e da Mobilidade Sustentável de Itália, do governo de Giorgia Meloni.

Aqui fotografado em 2016, numa despedida de solteiro.

Já sei que é tudo uma brincadeira, que o facto de ter feito parte, tal como muitos dos militantes dos FdI, do Movimento Social Italiano (os herdeiros de Mussolini), não vem ao caso, que o facto de os FdI terem, no seu símbolo, a mesma chama que o símbolo do Movimento Social Italiano, é apenas coincidência e os fascistas não são eleitos (tirando aqueles que o foram). 

No entanto, deixo aqui, para memória futura.

João L Maio | Aventar

Na imagem: Galeazzo Bignami, o nome vice-ministro das infra-estruturas italiano, indicado por Giorgia Meloni, em 2016.

HITLER E SALAZAR NÃO ERAM FASCISTAS?

Pedro Tadeu* | Diário de Notícias | opinião

Um académico, o doutor Carlos Martins, defendeu esta semana, aqui no DN, que não se pode apelidar de fascistas os regimes de Salazar e Franco sem, na sua opinião, falhar ao rigor da definição de fascismo. Ele secunda, assim, uma opinião de outros académicos que têm vindo a insistir com essa redefinição.

Não é fácil discutir este tema porque, em primeiro lugar, ele não é exclusivamente histórico, não é académico, ele é, antes de mais nada, político e a conclusão, para um lado ou para o outro, da definição académica do fascismo ou do não-fascismo de Salazar tem um efeito político muito concreto no Portugal do presente.

Se a sociedade atual aceitar que o regime do Estado Novo era fascista, está apenas a confirmar a definição que lhe deram inúmeras pessoas que viveram esses tempos, nomeadamente as vítimas da ditadura salazarista: os mais de 30 mil presos políticos, os cerca de 200 assassinados por motivação política, os presos e mortos do campo de concentração do Tarrafal, os milhares de torturados em interrogatório, os vários políticos de vários quadrantes que tentaram a oposição à ditadura, os que nas colónias lutaram pela independência dos seus países, os soldados que foram fazer a guerra colonial e inúmeros cidadãos anónimos, ainda vivos, que se lembram bem do que aquilo era.

Como é que se pode, a quem sofreu as consequências da violência política de Salazar, a quem se mobilizou e mobilizou outros para combater o fascismo português (ou a quem, mesmo sem nada ter feito por isso, acabou também por ser vítima da arbitrariedade do regime), explicar agora que, afinal, não foi contra o fascismo que lutaram, não foi o fascismo que os oprimiu, foi apenas um "um regime católico-conservador autoritário", como esta corrente académica lhe pretende chamar?

E aos filhos dessas pessoas (muitos deles privados, durante anos, de contacto com os progenitores), aos netos, aos familiares dessas vítimas? Quem tem coragem para lhes dizer que não, o fascismo português que vitimou os seus ascendentes e que marcou indelevelmente as suas histórias familiares e pessoais, afinal não existiu...?

O efeito político da negação do fascismo português terá, para estas pessoas, a consequência da descredibilização e denegação da própria democracia portuguesa, cujo nascimento partiu de um assumido golpe contra o fascismo - como logo no dia 25 de Abril de 1974 foi gritado entusiasmadamente por uma multidão nas ruas de Lisboa.

Em contrapartida, a negação do fascismo português encherá de alegria quem atualmente procura modificar ou, mesmo, liquidar a democracia nascida em 1974 e encontrará aí um instrumento precioso, com um embrulho académico, para, do lado populista de direita, pôr em causa o atual funcionamento das instituições democráticas e, do lado da direita liberal, para diminuir o, ainda, pendor esquerdista da Constituição e, em alguns casos, enevoar cumplicidades pessoais ou familiares com a ditadura que ainda podem ensombrar o presente democrático.

Mesmo do ponto de vista estritamente académico, o raciocínio dos que defendem a tese de que não houve fascismo nas ditaduras de Portugal e Espanha parte de uma comparação direta, em espelho, com o fascismo de Mussolini e o nazismo de Hitler. É uma base de raciocínio que me parece profundamente errada.

Se formos, por exemplo, comparar as várias democracias existentes no mundo, dos Estados Unidos à Suécia, da Inglaterra à Índia, do Brasil a Portugal, da França à Alemanha, encontramos inúmeras diferenças na forma como elas foram erguidas, na forma como as suas instituições funcionam, na forma como o Estado lida com a oposição política, na forma como os partidos funcionam, na forma como a autoridade é exercida... Se pode haver tantas diferenças entre tantos regimes democráticos - e o mundo académico aceita isso sem discussão - porque é que os fascismos todos que existiram, para o serem, têm de replicar exatamente os modelos de Mussolini e Hitler?

Vou ter de voltar ao tema, que o espaço me está a faltar, mas deixo esta pergunta: A eugenia social dos nazis não diferencia mais Hitler de Mussolini do que a alegada falta de radicalidade de Salazar, se comparada com a de Mussolini, o fundador do fascismo? E então? Hitler, tal como dizem sobre Salazar, afinal não era fascista? O nazismo não é uma forma diferente do fascismo italiano?

*Jornalista

Portugal | PROFESSORES EM GREVE ESTA QUARTA-FEIRA CONTRA O OE2023

Professores exigem medidas tornem a profissão mais atrativa, o fim das vagas de acesso aos 5.º e 7.º escalões, o combate à precariedade, a criação de estímulos para atrair profissionais e a recuperação do tempo de serviço congelado.

Os professores realizam esta quarta-feira uma greve nacional contra o Orçamento do Estado para 2023 e o que consideram ser a falta de investimento na Educação, no dia em que o ministro é ouvido no parlamento sobre a proposta.

A greve foi convocada por sete organizações sindicais, incluindo a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) e a Federação Nacional da Educação (FNE), que exigem a valorização da carreira docente, o combate à precariedade e a necessidade de promover o rejuvenescimento do setor.

A greve coincide com a ida do ministro da Educação, João Costa, ao parlamento para ser ouvido no âmbito da discussão na especialidade do OE2023, que prevê 6,9 mil milhões de euros para o ensino básico e secundário e administração escolar.

Para as estruturas sindicais que representam os professores, este valor é, no entanto, insuficiente e representa o que consideram o subfinanciamento do setor. Por outro lado, consideram também que o OE2023 deixa por responder vários problemas.

As reivindicações são comuns e incluem medidas que tornem a profissão mais atrativa, o fim das vagas de acesso aos 5.º e 7.º escalões, o combate à precariedade, a criação de estímulos para atrair professores para zonas com falta de profissionais e a recuperação do tempo de serviço congelado.

Recentemente, os sindicatos têm-se manifestado também contra o novo regime de mobilidade por doença, que foi revisto em junho, introduzindo um conjunto de critérios que limitam a transferência de professores.

O protesto acontece também numa altura em que decorre o processo negocial do regime de recrutamento e mobilidade de docentes, havendo uma proposta concreta do Ministério da Educação que já foi rejeitada pelas organizações sindicais.

Em causa, está a possibilidade de os diretores escolares contratarem diretamente uma parte do seu quadro docente, tendo em conta o perfil dos docentes.

Além da greve, a Fenprof convocou para o mesmo dia uma concentração em frente à Assembleia da República a partir das 15:00, uma hora antes do início da audição de João Costa.

A FNE vai promover iniciativas com dirigentes sindicais em várias escolas do país, durante a manhã.

Há duas semanas, o ministro da Educação disse, a propósito da greve, que cabe aos sindicatos o papel de reivindicar e ao Governo compete "continuar o investimento na educação", assegurando que Portugal tem registado um crescimento continuado e consolidado nas despesas com o setor.

TSF | Lusa | Imagem: © Miguel A. Lopes/Lusa

Brasil | "ISTO É UMA FAÍSCA E VAI PEGAR FOGO" - reportagem TSF

Base bolsonarista está nas ruas e interpretou o discurso do presidente como que indo ao encontro das suas reivindicações. No entanto, entre eles, evitam falar no nome de Bolsonaro para que ele não seja implicado em tentativas de golpe. A luta nas ruas promete continuar com desejos de intervenção das Forças Armadas.

Eu sou a veia e você é a agulha / Eu sou o gás e você é a fagulha / Eu sou o fogo e você é a gasolina / Eu sou a pólvora e você a mina". A música de Roberta Sá e de Lenine não foi apropriada pela base bolsonarista, mas é a descrição perfeita para o momento atual do país: um presidente que não reconhece a derrota eleitoral num minidiscurso ao Brasil e apoiantes na rua favoráveis a um golpe militar.

Jair Bolsonaro, perdedor nas urnas na eleição de domingo passado, demorou dois dias para quebrar o silêncio num país que começa a sofrer com os protestos, nomeadamente, os bloqueios dos camionistas. Sobre os constrangimentos causados, até em infraestruturas críticas como aeroportos, houve nota de que "as manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas", mas que "os métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedades, destruição de património e cerceamento do direito de ir e vir".

No entanto, "os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral". Ou seja, música para os ouvidos da base que, junto a colunas de som, em frente ao Comando Militar do Sudeste, em São Paulo, festejaram as palavras do presidente com direito a foguetes.

Se a base já estava inflamada, agora está ainda mais. "Achei que ele foi contundente com aquilo que a gente esperava já, a gente, que está aqui, esperava que se pronunciasse deste jeito, não se prejudicando, mas ele está do nosso lado. Estamos cientes de que o sistema inteiro jogou contra ele e ele não se pode prejudicar, então ele foi neutro", nota um dos apoiantes à TSF.

Outro qualifica o discurso como "muito bom" para, em seguida, dizer que "ele simplesmente não admitiu". "Ele não reconheceu uma eleição limpa, não foi limpa na verdade", diz Cláudio que mostrou alguma reserva em divulgar o apelido.

Já nas mensagens nos grupos bolsonaristas, circula uma cábula com o "recado do presidente no discurso". Das frases ditas por Bolsonaro, retiram-se recados como: "o nosso motivo", "continuem", valores "para defender" ou "resistência ao comunismo" e "contem comigo".

No entanto, mesmo que Jair Bolsonaro tivesse, em algum momento, falado sobre um processo eleitoral limpo, aqui ninguém ia acreditar. A ideia está fechada, corre à velocidade das mensagens nos grupos de Whatsapp e, no protesto, até se antecipava a mensagem de que "ele vai falar o que tem de falar" porque "não pode dizer mais".

O grande temor dos manifestantes é colar Bolsonaro à instigação de um golpe no país. Literalmente de um dia para o outro, deixaram de falar tanto em Jair Bolsonaro, autocensuraram-se na linguagem e agora dizem que estão "pelo Brasil" e não por Bolsonaro. Ainda assim, vibram a cada palavra do presidente.

Falar de Lula da Silva, vencedor das eleições, ou Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, desses podem falar. Na verdade, quanto mais alto melhor: é de ladrão para cima nos cânticos que vão alternando com o hino nacional brasileiro ou alguns "Pai Nosso". Afinal, é "Deus no comando", como se lê em alguns cartazes.

Pedido de "socorro"

À medida que as pessoas vão chegando, também os cartazes e tarjas vão aparecendo. Muitos deles voltados para as Forças Armadas, inclusive a maior de todas: "Socorro Forças Armadas". É na intervenção militar que reside a esperança, ou seja, num golpe.

"Eu prefiro uma intervenção militar, eu prefiro ser governado pelos militares do que ser governado por um corrupto. Não sou só eu não, são 58 milhões de brasileiros, não aguentamos mais isto", diz o mesmo Cláudio que considerou "muito bom" o discurso de dois minutos feito por Bolsonaro.

Precisamente pelo facto de a ideia golpista ganhar escala a cada hora que passa, o Tribunal Superior Eleitoral decidiu ordenar às plataformas WhatsApp e Telegram que bloqueassem os grupos onde fossem convocadas paralisações nas estradas e fosse feita a apologia do golpe militar.

"Censura", comentam amiúde nos protestos, esquecendo que muitos dos argumentos que vão utilizando, por exemplo, para alegar fraude eleitoral, serem até agora comprovadamente falsos pela justiça e também pela comunicação social.

No entanto, à medida que os grupos vão sendo bloqueados, vão sendo criados outros ao mesmo ritmo. É uma pedra na engrenagem, mas nada demove os contactos de continuarem com o apelo para que "todos saiam à rua". Mesmo que as notícias falsas corram à mistura.

Na noite desta terça-feira, uma das mensagens que circulava dizia que "uma jornalista da CNN" tinha acabado de apurar que "Alexandre Moraes acabou de mandar uma notificação extrajudicial" para o regulador das telecomunicações brasileiro e que, por sua vez, passaria para as empresas de internet. Objetivo? "A partir das 22h, todos os servidores de internet do Brasil vão ser desligados para evitar que seja coordenada a maior manifestação da história do Brasil nesta quarta-feira". "Repassem urgente", termina este utilizador que continuou a receber mensagens no grupo madrugada fora.

Mais curioso foi uma outra pessoa deste grupo retransmitir esta mesma mensagem quando já passavam 23 minutos das 22 horas.

A força das fake news é tal que a Revista Fórum fez um artigo que colocou na categoria de "Universo Paralelo", falando em "momento de alucinação coletiva". Tratavam-se de vídeos de manifestações onde bolsonaristas comemoravam a prisão de Alexandre de Moraes. Nota: ele não foi preso (apesar dos cânticos de "Hey, Xandão, seu lugar é na prisão").

"Imprensalixo"

Outro dos alvos mais recentes dos apoiantes de Bolsonaro, que adicionam a "Liberdade" ao lema fascista "Deus, Pátria, Família", é a imprensa.

Ao microfone, um jovem nordestino de 19 anos vestido com um camuflado prega ser necessário não sair das ruas e continuar a luta contra uma eleição que "não foi limpa" e a favor do "descondenado". Diz ainda que ali está para ficar porque não quer, no futuro, comer do lixo ou que quando tiver uma filha ela vá a uma casa-de-banho unissexo.

Daí para a imprensa que "festejou" a vitória de Lula foi um tiro. Diz que Bolsonaro cortou verbas para a comunicação social e que, por isso, é que os media são favoráveis a Lula. "A mamata acabou", vai dizendo arrancando aplausos e notando que esse dinheiro deve ser investido no povo. Mais palmas.

No caso da imprensa internacional, o caso muda de figura. Se por um lado criticam o tom com que Bolsonaro é descrito nos meios fora do Brasil, também querem passar a mensagem porque acham que o mundo não está suficientemente atento "à fraude eleitoral" que dizem que está a acontecer no Brasil. Mas, por mais de uma vez, antes de abrirem a boca, perguntam à TSF: "Qual é o vosso posicionamento político?"

E agora?

Com este barril de pólvora a encher, a mobilização para esta quarta-feira tem sido bastante esforçada. Todos os grupos de Telegram e Whatsapp que ainda não foram abaixo, fazem apelos para que os bolsonaristas saiam para as portas dos quartéis de todo país, como também para darem o máximo de apoio aos camionistas e homens do agronegócio que bloqueiam estradas.

O facto de Bolsonaro já ter assumido ao Supremo Tribunal Federal que "acabou", reconhecendo assim a vitória de Lula, não passa de uma nota de rodapé para a base do presidente que, vestida de verde e amarelo, quer o máximo de pessoas na rua para que a "bandeira jamais seja vermelha".

O que vai acontecer ninguém sabe, mas que a mobilização continua forte, on e offline, isso ninguém pode negar. "Isto é uma faísca e vai pegar fogo", diz um apoiante à TSF falando dos próximos dias. "O nosso jogo é perigoso, menina / Nós somos fogo / Nós somos fogo / Nós somos fogo e gasolina", já cantavam a Roberta Sá e o Lenine.

Filipe Santa-Bárbara, enviado especial ao Brasil – TSF - 02 Novembro, 202

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Brasil | PATRIOTAS DELE

Roberto Liebgott | Desacato | opinião

Enfeitavam-se de amarelo e verde com postura cívica e, como se escoteiros fossem, brincavam de ser soldados de um capitão de mentira.

#Publicado em português do Brasil

Trafegavam com seus carrões, pelas ruas e avenidas, quase sempre em velocidade temerosa, impondo-se como os únicos amantes da pátria.

Uma pátria só deles, de ninguém mais, porque os outros tinham a cor preta, vermelha – do sangue – os infiéis, sem família, comunistas a serem combatidos.

Veneradores de um mito desmistificado pela ignorância, falta de compostura, de ética e desmoralizado pelos próprios atos, palavras e omissões.

Patriotas de um bruto sem escrúpulos, um agitador destemperado, integralmente focado em seus interesses de poder, de riqueza e perversidades.

Patriotas de um pária, um degenerado, debochava dos doentes sufocados por falta de oxigênio, que agitava e incentivava garimpeiros assassinos a invadirem e matarem os Yanomami.

Patriotas de um incendiário das florestas, um “geno e ecocida”, propagador contumaz de mentiras – mesmo diante da derrota eleitoral inconteste – incentiva os imbecis a agirem por ele, enquanto trama outra armação para se dar bem.

Patriotas que agora se desfazem, embrulharam as bandeiras, muitos as escondem, querem outra vez o anonimato de sua intolerância, machismo, racismo e homofobia.

Patriotas que retornam aos porões sujos de suas consciências, ficarão lá à espreita, aguardando uma nova oportunidade, um outro falso messias, quando então, seguros e avalizados, liberarão seus desejos abjetos, sórdidos, insanos.

Os patriotas dele não desaparecerão depois da eleição, estão em todas as partes, não haverá pacificação porque ela não atende seus interesses e necessidades de brutalizar, enganar, sufocar, torturar, explorar o outro que é pobre, preto, indígena, quilombola, lésbica, gay, travesti…

Porto Alegre, 01 de novembro de 2022

Imagem: Mauro Pimentel / AFP

Bolsonaro fala em "sentimento de injustiça" mas garante que cumprirá a "Constituição"

Bolsonaro foi derrotado por Lula da Silva e, nas primeiras declarações ao país após a derrota, não deu os parabéns ao novo Presidente.

Jair Bolsonaro faz a primeira declaração ao Brasil após a derrota nas eleições de domingo e não vai haver espaço para perguntas dos jornalistas. Começou por agradecer aos 58 milhões de brasileiros que votaram em si no último domingo e disse ver as manifestações como futro do "sentimento de injustiça" pela forma como decorreu o processo eleitoral.

"Os atuais movimentos populares são fruto da indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestação pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população como a invasão de propriedades e destruíção do património. A direita surgiu de verdade no nosso país. A nossa robusta representação no Congresso mostra a força dos nossos valores: Deus, pátria, família e liberdade", defendeu Bolsonaro.

Para o ainda chefe de Estado brasileiro, os sonhos da direita continuam "mais vivos do que nunca".

"Mesmo enfrentando todo o sistema, superámos uma pandemia e as consequências de uma guerra. Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei de controlar ou censurar media e as redes sociais", garantiu o Presidente.

Sem nunca referir ou dar os parabéns a Lula da Silva, Bolsonaro prometeu continuar a cumprir os valores da Constituição brasileira.

"É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros que, como eu, defendem a liberdade económica, a liberdade religiosa, de opinião, a honestidade e as cores verde e amarela da nossa bandeira", rematou

Após o conhecimento dos resultados, Jair Bolsonaro terá pedido uma reunião com os juízes do Supremo Tribunal Federal para entregar um relatório com queixas sobre várias irregularidades durante a segunda volta das eleições, mas os responsáveis terão recusado o pedido antes do ainda líder brasileiro assumir a derrota, avança a CNN Brasil.

Discurso de Bolsonaro inflama manifestantes

Entretanto, dezenas de apoiantes de Jair Bolsonaro continuam reunidos em frente ao Comando Militar do Sudeste, em São Paulo, e as palavras do ainda Presidente inflamaram mais os protestos.

Entre orações de Pai Nosso e "a nossa bandeira jamais será vermelha", estes manifestantes já não pedem uma "intervenção militar", mas uma "intervenção federal".

Além disso, seguindo a tónica que circula nos grupos de Whatsapp e Telegram, estão a autocensurar-se e procuram não falar no nome do presidente para não o implicar. "Não estamos por Bolsonaro, estamos pelo Brasil", dizem.

Desde ontem a noite, com receio de implicações a Bolsonaro, os manifestantes estão a tentar evitar colar Bolsonaro aos protestos. Em frente as instalações militares em SP, um homem apelava aos presentes que na declaração que Bolsonaro vai fazer ao país vai reconhecer o resultado, "porque é o que ele tem de fazer", mas apela que esta é "hora de ser o povo a agir".

Cátia Carmo com Filipe Santa-Bárbara, enviado especial da TSF ao Brasil

Guerra Sem Fim. O que há de errado com os Estados Unidos da América?

Philip Giraldi | Global Research, 01 de novembro de 2022

O major-general prussiano Carl von Clausewitz se baseou em sua própria experiência nas guerras napoleônicas para examinar a guerra como um fenômeno político. Em seu livro de 1832, “On War”, ele forneceu um resumo conciso e frequentemente citado de guerra versus paz, escrevendo em termos de estratégia político-militar que “a guerra é uma mera continuação da política por outros meios”. Em outras palavras, a guerra é uma ferramenta fornecida aos estadistas para alcançar os objetivos políticos de uma nação quando tudo mais falha.

#Traduzido em português do Brasil

Pode-se rejeitar a derradeira amoralidade do pensamento de Clausewitz sobre a guerra, ao mesmo tempo em que reconhecemos que algumas nações historicamente exploraram a guerra como uma ferramenta para a expansão física e a apropriação de recursos estrangeiros. Já na República Romana, os líderes eleitos do país dobravam como chefes de seus exércitos consulares, que deveriam sair a cada primavera para expandir o império. Mais recentemente, a Grã-Bretanha se envolveu em guerras coloniais quase constantes ao longo dos séculos para estabelecer o que se tornaria o maior império da história.

Os neocons dominantes da América caracteristicamente acreditam que herdaram o manto do império e das potências de guerra que andam de mãos dadas com esse atributo, mas evitaram outros aspectos da transição para transformar os Estados Unidos em uma nação feita e empoderada pela guerra . Em primeiro lugar, o que sai do outro lado depois de se iniciar as hostilidades com outro país é imprevisível. Começando com a Coréia e continuando com o Vietnã, Afeganistão, Iraque, bem como outras operações menores na América Latina, África e Ásia, a guerra americana trouxe nada além de tristeza para aqueles que o receberam com pouco positivo para mostrar a morte, destruição e dívida acumulada. Também esquecido na pressa de usar a força é a razão de serter um governo nacional federal, que é trazer benefícios tangíveis para o povo americano. Não houve nada disso desde o 11 de setembro e mesmo antes, enquanto a posição linha-dura de Washington sobre o que se tornou uma guerra por procuração contra a Rússia pela Ucrânia promete mais dor – talvez desastrosamente – e nenhum ganho real.

Se alguém tiver alguma dúvida de que ir à guerra se tornou a principal função de democratas e republicanos em Washington, basta considerar várias histórias que surgiram nas últimas semanas. A primeira vem do lado republicano, e inclui um desenvolvimento possivelmente positivo . O líder da minoria na Câmara, o republicano Kevin McCarthy , alertou há duas semanas que o Partido Republicano não necessariamente continuará a passar um “cheque em branco” para a Ucrânia se obtiver a maioria na Câmara nas eleições do próximo mês, refletindo o crescente ceticismo de seu partido sobre o apoio financeiro ilimitado ao regime corrupto. em vigor em Kiev. McCarthy explicou

“Acho que as pessoas vão estar em recessão e não vão passar um cheque em branco para a Ucrânia. Eles simplesmente não vão fazer isso. … Não é um cheque em branco grátis.”

'Loucura militar: ' EUA implantam B-52 com capacidade nuclear para a Austrália

Essa escalada da hostilidade dos EUA ocorre poucos dias depois que o governo Biden divulgou uma Revisão da Postura Nuclear que, segundo os defensores da não proliferação, torna a catástrofe mais provável, e não menos.

Kenny Stancil* | Common Dreams | em Consortium News

N o que os críticos estão chamando de “escalada perigosa”, os Estados Unidos estão se preparando para enviar até seis bombardeiros B-52 com capacidade nuclear para o norte da Austrália, onde estariam perto o suficiente para atacar a China.

#Traduzido em Português do Brasil

“A capacidade de enviar bombardeiros da Força Aérea dos EUA para a Austrália envia uma forte mensagem aos adversários sobre nossa capacidade de projetar poder aéreo letal”, disse a Força Aérea dos EUA  ao  “Four Corners”, um programa de televisão da Australian Broadcasting Corporation (ABC). Domingo.

Becca Wasser, membro sênior do Center for a New American Security, um think tank com sede em Washington DC, disse à ABC que “ter bombardeiros que poderiam atingir e potencialmente atacar a China continental poderia ser muito importante para enviar um sinal à China de que qualquer um dos suas ações sobre Taiwan também podem se expandir ainda mais.”

O jornalista investigativo e ex-correspondente da ABC Peter Cronau, no entanto, descreveu o plano, que veio “sem debate [ou] discussão”, como “loucura militar [que] está alimentando as tensões com a China”.

A mensagem de Cronau foi ecoada por David Shoebridge, um senador australiano dos Verdes de Nova Gales do Sul.

“Esta é uma escalada perigosa”,  escreveu Shoebridge no Twitter. “Isso torna a Austrália uma parte ainda maior da ameaça global de armas nucleares à própria existência da humanidade – e, com o aumento das tensões militares, desestabiliza ainda mais nossa região.”

De acordo com a ABC, “Washington está planejando construir instalações dedicadas” para os bombardeiros B-52 com capacidade nuclear na Base Aérea Real Australiana em Tindal, a menos de 320 quilômetros ao sul de Darwin, capital do Território do Norte do país.

O plano do Pentágono representa o mais recente ato de hostilidade dos EUA em relação à China.

As relações entre os dois países só pioraram desde agosto, quando a presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi (D-CA) e outros membros do Congresso visitaram  Taiwan (República da China, ou ROC) apesar da oposição de Pequim, que - juntamente com a maioria dos comunidade internacional, incluindo Washington desde a década de 1970 - considera a província separatista como parte da República Popular da China (RPC).

Em um afastamento de mais de quatro décadas da política “One China” – na qual os EUA reconhecem a RPC como o único governo legal da China e mantêm relações informais com a ROC enquanto adotam uma posição de “ambiguidade estratégica” para obscurecer até que ponto iria proteger Taiwan - o presidente dos EUA, Joe Biden,  ameaçou repetidamente  usar a força militar em resposta a uma invasão chinesa da ilha.

Embora Biden tenha  alertado  no início deste mês que o ataque da Rússia à Ucrânia aproximou o mundo do “Armagedom” do que em qualquer momento desde a crise dos mísseis cubanos, sua mudança para estacionar bombardeiros B-52 na Austrália aumenta ainda mais o risco global de uma guerra nuclear.

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