segunda-feira, 21 de novembro de 2022

VERIFICAÇÃO DE FACTOS NA UCRÂNIA

Declan Hayes | Strategic Culture Foundation

Tomemos Kherson e FTX como dois exemplos da censura da OTAN às guerras duras e brandas na Ucrânia. A mídia estatal britânica e irlandesa mostrou horas de cidadãos sorridentes cumprimentando seus libertadores ucranianos em Kherson, assim como deram as boas-vindas a seus “libertadores” em 1941 . Avançando um pouco mais, descobrimos que o porta-voz dos khersonianos libertados era o chefe de um esquadrão da morte nazista baseado em Kiev , que havia chegado recentemente, junto com os “libertadores” de Azov em Kherson.

#Traduzido em português do Brasil

Além disso, ao percorrer o Twitter, não importa o Telegram, encontramos inúmeros incidentes de libertadores ucranianos torturando e despachando os acusados ​​de colaborar com a Rússia. Embora a mutilação e o assassinato de russos e outras minorias tenham sido um motivo constante, a mídia estatal britânica e irlandesa nunca considerou isso digno de notícia, graças em grande parte à forma como as reportagens tendenciosas de Norma Costello , Sally Hayden e inúmeros outros Lord e Lady Haw Haws fez o assassinato de iranianos, sírios, palestinos, russos e civis iraquianos nas mãos de procuradores da OTAN sem importância alguma. Para mim, e bilhões como eu em todo o mundo, aquela censura partidária, pela qual Julius Streicher e Lord Haw Haw foram enforcados no final da guerra, é grosseira e criminalmente ofensiva moralmente além das palavras.

Veja a seguir meu próprio crime recente de postar este gráfico das empresas criminosas da FTX em minha linha do tempo no Facebook. Antes de criticar meus críticos – e Beethoven, não esqueçamos, também teve seus críticos – vamos examinar o gráfico, que sugere, como o prisioneiro político Julian Assange sugeriu em relação ao genocídio afegão da OTAN, que há um esquema maciço de lavagem de dinheiro em andamento na Ucrânia , onde o dinheiro dos contribuintes dos EUA é lavado e reciclado de volta para Joe Biden e outros falcões de guerra da América, em particular aqueles da ala do Partido Democrata da indústria de guerra dos EUA.

Parafraseando o criminoso de guerra americano Donald Rumsfeld , temos um número de conhecidos aqui e um número de incógnitas que tentamos tornar conhecidos extrapolando do que é um gráfico simples, não um PhD multitomed ou os resultados de uma investigação criminal internacional sobre o Família do crime organizado de Biden, que tem um histórico de lucrar com a miséria da Ucrânia.

A multilateralidade é a equação da libertação possível para toda a humanidade

Martinho Júnior, Luanda 

"Fiel filho de minha Pátria, ingressei voluntariamente nas fileiras do Exército de Libertação da Ucrânia e com alegria juro que lutarei fielmente contra o bolchevismo pela honra do povo. Esta luta estamos travando junto com a Alemanha e seus aliados contra um inimigo comum. Com lealdade e submissão incondicional, acredito em Adolf Hitler como líder e comandante supremo do Exército de Libertação. A qualquer momento estou preparado para dar minha vida pela verdade”. -- Consta em “Quem são os nacionalistas integrais ucranianos?” – https://archive.ph/H4kIU 

O SANCIONAMENTO DOS RESISTENTES AO “HEGEMON” UNIPOLAR, VAI TER UM FIM

Ao adoptar a hegemonia unipolar, os Estados Unidos tentam isolar, por via de métodos nazis, as resistências ao seu próprio projecto bárbaro de domínio, procurando asfixiá-las uma a uma, isolando-as como se fossem organismos cancerígenos prontos a fazer desaparecer do mapa do Sul Global.

São esses os termos inerentes da IIIª Guerra Mundial em curso de há mais de 75 anos a esta parte, numa longa lista que nem a paciência de William Blum esgotou! Tem sido assim em relação à heroica República de Cuba (e por isso também a bloqueiam de há mais de 6 décadas), tem sido assim em relação à República Árabe Síria trespassada pelo caos, pelo terrorismo e pela desagregação, tem sido assim em relação à República Popular Democrática da Coreia, tem sido assim em relação à República Bolivariana da Venezuela, tem sido assim em relação à República Islâmica do Irão e procuram, desde o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas no início dos anos 90 do século XX, que seja assim em relação à Federação Russa.

Para levar a cabo essa tarefa o império assumiu, por via dos “straussianos”, carácter nazi que tenta esconder, ou esbater, animando regimes afins, cobrindo todo o espectro de retóricas disponíveis, desde a de “regimes ditatoriais” de feição, a “regimes democráticos” seus vassalos e reféns, passando por todos os “emparceiramentos”…

A última “performance” é o “ariete” neonazi apontado contra a sobrevivência da Federação Russa, que constitui o regime da Ucrânia instalado pelo Nobel da Paz que dá pelo nome de Barack Hussein Obama, desde antes os ingredientes sociopolíticos do golpe EuroMaidan em Kiev, 2014.

A SOBREVIVÊNCIA DA RÚSSIA É UM FACTOR DE LIBERTAÇÃO PARA TODA A EUROPA

A Federação Russa, parte integrante do Não-Alinhamento fomentador de emergência e multilateralidade, ao lutar pela sua própria sobrevivência contra o vasto espectro nazi que dá corpo à hegemonia unipolar, é um factor de relevo para a libertação de toda a Europa, com repercussões no resto do mundo.

Os discursos sucessivos do Presidente Putin são reveladores do enorme esforço da multilateralidade em curso, no sentido de resgatar a Europa do anátema da vassalagem cujo conteúdo é o zombi-híbrido EU/NATO.

Sem reservas de matérias-primas, jamais será o “hegemon” a entidade capaz de conduzir a União Europeia ao concerto justo das nações, dos estados e dos povos, antes pelo contrário, fará crescer ainda mais a dependência e a vassalagem, ainda que acima dos limites (é para isso que ocupam militarmente)!

A ave de rapina que constitui a política externa dos Estados Unidos, ao incrementar medidas económicas protecionistas que também atingem a Europa em crise, lançará as nações, os estados e os povos europeus em acentuada decadência, no momento em que as tecnologias europeias podem ser amplamente negociadas no resto do mundo, em especial numa Ásia onde cruzam as Novas Rotas da Seda, do Pacífico ao Atlântico disseminando cooperação, solidariedade e justo “ganha-ganha”…

O “hegemon” faz tudo o que é possível, em função do seu carácter nazi, para continuar a amarrar curto a Europa (e os outros continentes, apesar das desvantagens enormes que já tem na Ásia), reforçando as suas bases militares no EuroCom, AfriCom e SouthCom, inculcando em todos eles a ideologia nazi que “providenciam” também para os organismos reféns da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte.

Assim os acontecimentos na Ucrânia, que tiveram início no começo do século XXI em função das redes “stay behind” ao longo de todo o século XX, não se circunscrevem àquela região, antes fluem em toda a Europa, com uma evidência: a crise redundante da destruição da infraestrutura e estrutura energética na Ucrânia que agora se faz sentir, é concomitante ao “efeito boomerang” das sanções malparadas da União Europeia contra os produtos energéticos russos (petróleo e gás), em obediência à hegemonia unipolar.

…Tudo isso resulta comprovadamente duma paciente colectânea de redes “stay behind” ao longo de todo o século XX, algo a reter para filtrar o que é o “hegemon”!...

A libertação da Europa, está a entrar numa fase acelerada de radicalização entre hegemonia unipolar e a multilateralidade, pelo que a União Europeia, mesmo continuando no espectro ideológico-nazi da russofobia e do “apartheid global”, só poderá encontrar abrigo nas vias que se distendem desde a República Popular da China, as Novas Rotas da Seda transcontinentais e transoceânicas.

De diversos modos a Federação Russa participa dessa equação, por onde passam algumas dessas rotas continentais, a que acresce agora a navegação pelo Árctico durante todo o ano, encurtando as ligações marítimas entre o Pacífico e o Atlântico (os novos quebra-gelos atómicos russos já garantem essa navegação todo o ano).

Copa do Mundo 2022: Exploração do trabalho envergonha todos, não somente o Catar

Crystal A. Ennis* | Monitor do Oriente

Em todo o planeta, de leste a oeste, trabalhadores imigrantes enfrentam condições hediondas de exploração. Por que somente o Catar é alvo de críticas?

#Publicado em português do Brasil

Em junho de 2021, mais de cinquenta operários estrangeiros foram encontrados em condições “chocantes”: espaços imundos e pequenos, grades nas janelas, sem extintores ou detectores de incêndio, botijões de gás nos quartos onde quatro a seis pessoas dormiam. Os trabalhadores se queixaram de agressões físicas por parte do capataz. Após a prefeitura intervir, os operários em questão desapareceram.

Meses depois, vinte trabalhadores imigrantes reclamaram a um sindicato local sobre atraso de semanas em seus salários. As condições também eram precárias: carga-horária abusiva, espaços superlotados, acomodações infestadas de insetos. Um operário foi demitido três semanas após começar o serviço, simplesmente por pedir para ir ao banheiro. Quando solicitou a rescisão de seu contrato, seus empregadores lhe disseram: “Vá embora ou quebraremos seu pescoço!”

Com a Copa do Mundo FIFA 2022 prestes a começar, histórias de exploração do trabalho contra imigrantes vulneráveis voltaram a ganhar as manchetes.

A vitória da candidatura do Catar para receber o torneio de futebol, em 2010, foi um momento de enorme entusiasmo para o Oriente Médio. Trata-se do primeiro país da região a sediar uma Copa do Mundo. Desde então, contudo, o processo foi tomado por controvérsia e inundado por discursos sensacionalistas e orientalistas sobre um Golfo corrupto e opressor, particularmente abusivo em suas relações de trabalho.

Isso não quer dizer que as condições dos trabalhadores asiáticos e africanos radicados no Catar, em particular nas obras para a Copa do Mundo, não seja menos que atroz. Entidades do direito do trabalho – entre as quais, Equidem e Centro de Pesquisa sobre Negócios e Direitos Humanos – relatam graves abusos, incluindo roubo de salários, riscos de saúde e segurança, mortes, taxas ilegais de recrutamento, discriminação de raça e gênero e assédio sexual.

Estes registros hediondos sugerem uma tendência global, na qual precariedade e exploração se impõem cada vez mais à mão-de-obra. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) reportou recentemente que 50 milhões de pessoas no mundo vivem sob condições de escravidão, um índice que cresceu substancialmente nos últimos cinco anos.

No entanto, embora todos os exemplos citados acima se refiram a abusos contra trabalhadores imigrantes, nenhum deles ocorreu nos locais de obra da Copa do Mundo. Ambos se sucederam na Holanda: o primeiro referente a trabalhadores rurais e o a segundo, operários de uma fábrica de processamento de carne. Relatos similares ecoam em todo o continente europeu. A exploração do trabalho, em particular contra imigrantes com vistos temporários, é abundante. Trata-se de algo inerente às estruturas do capitalismo mundial, que incentiva negócios a maximizarem lucros por meio de mão-de-obra barata.

Tratar o Catar como exceção – de modo orientalista, islamofóbica e mesmo racista – representa mera distração dos problemas estruturais e sistêmicos da exploração e desigualdade.

Israel matou 30 crianças palestinas e deteve mais de 750 até agora este ano

Por ocasião do Dia Internacional da Criança, 20 de novembro, a Sociedade dos Prisioneiros Palestinos (PPS) afirmou que Israel deteve mais de 750 crianças e menores palestinos desde o início deste ano, alguns dos quais foram feridos por tiros antes de serem presos.

#Traduzido em português do Brasil

Segundo dados fornecidos por esta organização humanitária, 160 menores de 18 anos cumprem pena nas prisões israelenses, incluindo três meninas, duas delas de 16 anos e a terceira de 17, e cinco estão em detenção administrativa sem acusação ou julgamento. e com base em provas secretas.

O PPS afirmou em seu relatório que a maioria das crianças foi submetida a todo tipo de tortura física e psicológica durante sua detenção, em violação dos acordos e convenções internacionais sobre os direitos da criança.

Hussein Zubeidat, 14, da cidade de Bani Naim, a leste da cidade de Hebron, no sul da Cisjordânia, deve comparecer a uma audiência no tribunal israelense em 20 de novembro.

Zubeidat, um estudante da nona série, foi detido perto do assentamento ilegal de Kiryat Arba na cidade ocupada de Hebron. Soldados israelenses o espancaram e tiraram suas roupas e postaram fotos e um vídeo do menino sem roupas.

ASSASSINATOS INTENCIONAIS

As forças de ocupação israelenses mataram 30 crianças palestinas na Cisjordânia ocupada e em Jerusalém desde o início de 2022, informou a Defesa para Crianças Internacional-Palestina (DCI-Palestina) na quarta-feira. Segundo o grupo de direitos humanos, onze das crianças mortas pelos israelenses eram de Jenin.

“Todas as crianças foram mortas após serem baleadas com munição real em suas extremidades superiores”, explicou DCI-Palestine. "Esta é uma evidência de assassinato intencional."

A organização observou que os dados coletados no terreno mostram que as forças de ocupação israelenses visam sistematicamente as partes superiores do corpo para matar ou deixar as crianças com dor permanente. “O uso da força letal foi a norma adotada pelas forças de ocupação israelenses”, acrescentou, especialmente durante a operação Wave Breaker lançada em 31 de março na Cisjordânia ocupada, principalmente na cidade de Jenin.

O DCI-Palestine pediu investigações "sérias e transparentes" sobre o assassinato das crianças e para responsabilizar o governo de ocupação israelense.

“A falta de responsabilidade e investigações, além da impunidade, encoraja as forças de ocupação israelenses a cometer seus crimes contra crianças palestinas”, observou DCI-Palestine, “incluindo assassinato, mutilação e detenção”-

Rebelion

Fonte: Agência Wafa, Monitor do Oriente Médio [Imagem: Um menino é detido pelas forças de ocupação israelenses na cidade de Kisan, na Cisjordânia, perto de Belém]

O OCIDENTE RENUNCIA À LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Em França, a Secretária de Estado encarregue da cidadania, Sonia Backès (na foto), tenta desacreditar as opiniões não-conformistas. Ela equipara-as às derivas sectárias. O Estado, anunciou, organizará "julgamentos das derivas sectárias e do conspiracionismo" (sic). Na União Soviética, colocavam os opositores em hospitais psiquiátricos.

Thierry Meyssan*

É um debate que se acreditava encerrado : os Ocidentais haviam afirmado que a liberdade de expressão é uma condição prévia indispensável à democracia e que não a violariam jamais. Ora, os Estados Unidos, o Reino Unido, a Polónia, a Itália e a Alemanha enfileiraram já na via da censura. Agora, há coisas que não se podem dizer.

A liberdade de expressão era uma característica do Ocidente desde o século XVIII. Foi essa a base sobre a qual o sistema político da classe média foi construído: a democracia. O princípio segundo o qual a vontade geral surgiria do confronto de diversas opiniões não era contestado. Qualquer ataque a essa liberdade era visto como um golpe dado à resolução pacífica dos conflitos.

No entanto, no início do século XX, quando a Guerra Mundial dilacerou o Ocidente, os Britânicos, depois os Norte-Americanos, não hesitaram em utilizar meios modernos de propaganda, não apenas face aos seus inimigos, mas também contra a sua própria população [1]. Pela primeira vez, governos democráticos puseram em prática programas para enganar seus concidadãos. No fim desta guerra, os Britânicos orgulhavam-se dos seus sucessos, deixando entrever uma possível utilização da propaganda de guerra em tempos de paz. Além disso, quando o sistema económico capitalista foi ameaçado e mesmo antes de ser desencadeada a Segunda Guerra Mundial, as democracias e a liberdade de expressão foram postas entre parêntesis, e a propaganda foi retomada, primeiro em Itália e na Alemanha, depois em todo o Ocidente.

Desde há três quartos de século, os Ocidentais juram defender os seus valores e não aplicar mais a propaganda para uso interno.

Hoje em dia, tal como nos anos 30, o actual sistema capitalista está ameaçado pelo desenvolvimento das desigualdades entre os eleitores de uma maneira que nunca tínhamos conhecido.

Se o industrial Henry Ford dizia, durante a crise de 1929, que o salário de um patrão não devia exceder 40 vezes o de um dos seus operários, hoje o de Elon Musk é 38,5 milhões de vezes superior ao de alguns de seus empregados nos Estados Unidos. O princípio democrático «Um homem, um voto» já não tem nenhuma relação com a realidade.

É neste contexto que a liberdade de expressão tem sido contestada pelos Ocidentais. As redes sociais, nomeadamente o Facebook e o Twitter, censuraram governos e, finalmente, o Presidente dos Estados Unidos. Eles não violavam a Constituição, uma vez que essa apenas garantia esta liberdade face aos abusos do poder político. O facto de Elon Musk ter acabado de comprar o Twitter e de ter anunciado querer torná-lo uma rede livre não muda aquilo que se passou. Já se instalou a ideia de que não se pode dizer tudo.

Os intelectuais percebem que vamos mudar de regime económico e político. No decurso dos últimos anos, muitos deles transformaram-se em apoiantes do Poder, seja ele financeiro ou político, e abandonaram a sua função crítica. Seja qual for a evolução, eles estarão do lado do mais forte. Desde há seis anos, não param de nos avisar para o perigo das Fake News, quer dizer, de informações tendenciosas e da necessidade de controlar o que as pessoas dizem e escrevem. O seu discurso distingue as pessoas que estão do lado da verdade das que lavram no erro, negando o princípio da igualdade democrática.

Enredados na armadilha de Tucídides, os Anglo-Saxões provocaram a guerra civil na Ucrânia e a intervenção russa para lhe por fim. Pouco a pouco, o Ocidente entra em guerra, no sentido militar, contra a Rússia e, no sentido económico, contra a China. Todas as ideias feitas segundo o qual não é possível guerrear com potências com as quais temos intensas trocas económicas são desmentidas. Tal como durante as duas Guerras Mundiais, o mundo divide-se em dois campos que estão em vias de se separar.

Assim, no Ocidente a propaganda governamental está de volta.

Pela primeira vez, o escrutínio presidencial dos EUA de 2020 foi contestado. O Congresso declarou Joe Biden o vencedor, mas na realidade ninguém pode afirmar quem ganhou. Não é possível, como durante o caso Bush v. Gore (2000), recontar os boletins porque o problema não está aí: em muitos lugares, a contagem dos votos decorreu à porta fechada. Talvez ninguém tenha trapaceado, mas não houve transparência na eleição; um procedimento essencial em democracia. Já em 2000, o Supremo Tribunal Federal havia posto fim à recontagem dos votos, considerando que a Constituição não faz referência à eleição do presidente por sufrágio universal directo, mas que a remete para a vontade de cada Estado. Em virtude disso, a modo pela qual a Florida designara o vencedor não era da alçada das instâncias federais.

Antes de qualquer outro debate, as eleições de meio de mandato são, portanto, dominadas pela questão do não-respeito dos procedimentos democráticos pelo campo « Democrata ».

A UTOPIA DO HIDROGÉNIO

Samuel Furfari [*]

O hidrogénio é agradável, cativante, fascinante, desde pelo menos 1923, quando um cientista britânico o viu como a solução para uma futura escassez de carvão. Ele já imaginava produzir eletricidade usando turbinas eólicas e, por eletrólise da água, produzir a preciosa molécula como combustível.

Também foi visto como um meio de aliviar as necessidades de energia durante as crises do petróleo e evitar outras. Então a luta contra as mudanças climáticas permitiu que a ideia viesse à tona.

Substanciais recursos financeiros foram-lhe dedicados, na Europa, nos Estados Unidos e alhures. Até são construídos protótipos de carros e comboios. Mas o resultado é sempre o mesmo: o esforço não compensa, ou então, como na fusão nuclear, a outra ilusão energética, não antes de um prazo tão longo que beira a ficção científica. 

Então, como é que o hidrogénio volta de vez em quando, como uma serpente marinha, e que os decisores europeus o encaram como uma prioridade, em detrimento de energias do futuro como o gás natural e o nuclear? 

Existem dois tipos de razões, as "filosóficas" (uma palavra grande neste contexto) e as prosaicas [1].

Do lado das razões "filosóficas", o hidrogénio é um pouco, para os tomadores de decisão política, a "molécula filosofal" da energia, que torna "verde" tudo o que toca.

SAI BIFE DE TUBARÃO GRELHADO E AMANTEIGADO PARA A MESA DO CANTO

O Expresso Curto desta manhã de inicio da semana fala-nos do fonógrafo que Edison inventou, do Mundial de Futebol, do Mar-Oceano, dos peixinhos, dos peixões e dos tubarões que são tão bons de comer em bifes suculentos ligeiramente grelhados e banhados com molho de manteiga ou de caldeirada com peixes graúdos e ricos. Pitéus que de só neles falar nos fazem babar.

Além disso existem os outros tubarões, mas esses comem-nos as papas da cabeça – miolos e tudo - os magros ordenados, reformas e pensões e além disso tomam por abusada sobremesa uma caterva de impostos. Quais? Quem? Os grandes empresários – nacionais e estrangeiros – os pequenos empresários que querem ser grandes à custa da exploração dos que para eles trabalham, os banqueiros e os políticos que andam de mãos dadas com a corrupção, o nepotismo e as trocas baldrocas com o maior dos descaramentos. Esses sim são grandes tubarões que nos devoram gerando desigualdades, pobreza e fome.

Outros assuntos são abordados neste Curto fabricado pela jornalista Margarida Cardoso, do Expresso do tio Balsemão Impresa de Bilderberg e da Quinta da Marinha ou outras quintas de ricalhaços. Daí, dos assuntos abordados, salientamos a COP27 e os seus “ares de faz de conta que nos preocupamos com o clima mas o que queremos mesmo e muito é a bagalhoça e que quem cá ficar que feche a porta…” Sobre isso a ONU do Toninho Guterres faz o que pode no lamaçal que mal e pouquinho governa. “Fala p’rá aí”, pensam e dizem os que o acham um verbo-de-encher. E é!

Por agora já basta de parlapié. Basta de escrever tanto e não dizer nada. Avancemos para o autêntico Curto do Expresso a que por vezes nos apetece recorrer… porque sim. Gostamos de aprender, até quando consideramos que não aprendemos nada, aprendendo isso mesmo, nada! Pensem bem: o nada é alguma coisa. Não é? Então aprendemos isso! Boa. Fixe. Ai, ai, as nossas orelhas estão agora mesmo a crescer…

Fiquem com o Curto e não esqueçam o Bento de Jesus Caraça, que deixou a herança gloriosa do “aprender, aprender sempre”. Pois. Inté.

MM | PG

MP abre inquérito a mensagens de ódio, SOS Racismo lembra queixas arquivadas

PORTUGAL NAZI E RACISTA

Associação diz que a infiltração da extrema-direita tem sido ignorada pelos responsáveis ao longo dos anos. Em 2011 denunciou um fórum digital gerido por agentes das forças de segurança que acolhia mensagens de ódio por parte de polícias e militares da GNR.

As publicações de mensagens de ódio de teor racista e de incitamento à violência por parte de agentes em funções na PSP e da GNR serão alvo de inquérito judicial, afirmou a Procuradoria-Geral da República. Em causa está a reportagem do novo consórcio de jornalistas de investigação portugueses que ao longo de um ano detetaram o rasto do ódio online deixado por cerca de 600 membros das forças de segurança, tendo como alvo minorias étnicas, ativistas antirracistas, dirigentes do Bloco de Esquerda e membros do Governo como a ex-ministra Francisca van Dunen e o próprio primeiro-ministro.

Em comunicado, a associação SOS Racismo - cujo dirigente Mamadou Ba é um dos principais visados pelas ameaças e mensagens de ódio propagadas em grupos fechados nas redes sociais, restritos a polícias -  afirma que "a democracia não sobrevive quando as forças policiais praticam crimes, quando manifestam publicamente discursos de ódio e quando violentam e ofendem pessoas - a democracia não sobrevive quando a extrema-direita toma conta do espaço público, do espaço político, das instituições e das forças policiais".

Apelando à investigação dos factos e à punição dos criminosos, a associação acrescenta que ninguém terá razões para se mostrar surpreendido com esta realidade, pois a própria SOS Racismo a tem denunciado junto das entidades responsáveis, até agora sem sucesso.

"Em 2011, o SOS Racismo apresentou queixas junto do Ministério da Administração Interna e do Ministério Público, sobre a existência de um Fórum digital, gerido por militares da GNR, onde vários elementos da PSP e da GNR expressavam discursos de ódio racial e apelavam à violência contra comunidades racializadas – todas os elementos estavam devidamente identificados no Fórum, as mensagens eram claras, evidentes e objetivamente violentas. Ainda assim, as queixas apresentadas foram arquivadas", recorda a associação, concluindo que os factos agora trazidos a público pelo consórcio de jornalistas de investigação "não são uma novidade para ninguém – muito menos para a PSP, para a GNR, para o Ministério da Administração Interna, para o Governo ou para o Ministério Público".

A infiltração da extrema-direita nas forças de segurança foi ainda denunciada em 2018 pela Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância e a própria ex-líder da IGAI, Margarida Blasco, dizia nesse ano ter recebido várias denúncias. A SOS Racismo recorda ainda as intervenções públicas do Agente Principal do Corpo de Intervenção Manuel Morais no mesmo sentido. Mas nada disso teve consequências.

"Tais factos deixam claro que a presença da extrema-direita nas forças policiais é uma realidade e que o discurso de ódio é uma prática corrente, com implicações diretas na atividade dos agentes – veja-se, por exemplo, o caso da esquadra de Alfragide, que terminou com a condenação efetiva de vários agentes da PSP", sublinha a associação, congratulando-se com o "trabalho corajoso e relevante efetuado pelo consórcio de jornalistas de investigação" que voltou a trazer o tema junto da opinião pública e esperando que desta vez haja consequências.

Esquerda.net

Portugal | GENTE FARDADA FORA-DA-LEI

Paulo Baldaia | TSF | opinião

É essencial começar por dizer que a notícia dos operacionais da PSP e GNR apanhados numa investigação jornalística a violar a lei e os regulamentos das corporações a que pertencem, cometendo crimes de ódio nas redes sociais, não é o retrato das forças de segurança em Portugal. É o ponto a que chegamos pela cobardia do poder político, sempre incapaz de cortar o mal pela raiz.

Como pode alguém justificar que polícias condenados por crimes cometidos no exercício de funções, tendo de cumprir pena, sejam depois readmitidos na corporação? Como pode alguém justificar que esse mesmo polícia tenha sido promovido dias antes de entrar na prisão para cumprir pena?

Sindicalistas que dizem lutar por melhores salários e melhores condições de trabalho, essenciais para devolver a dignidade de uma profissão que tem de ser acarinhada por todos, não podem desvalorizar o que é transmitido neste trabalho jornalístico. Não podem insinuar que existe um complot entre os jornalistas e o governo para atrapalhar a manifestação do dia 24 e as negociações salariais. Sindicalistas que dizem lutar pelos direitos dos polícias devem condenar os comportamentos racistas e xenófobos, homenageando dessa forma todos os que honram a farda.

Há um perigo para toda a sociedade nesta cedência cobarde para não comprar problemas, seja o governo, as direcções nacionais das polícias ou os mil e um sindicatos das forças de segurança. Para as pessoas racializadas o perigo é maior, porque é sobre elas que se abate o ódio de gente que anda armada, agindo fora da lei, em nome da lei.

O Ministério da Administração Interna mandou abrir um inquérito e o Ministério Público vai investigar, olhando para o trabalho dos jornalistas e dos investigadores digitais não parece que sobre muito trabalho para fazer. Em defesa da Polícia de Segurança Pública e da Guarda Nacional Republicana, é preciso tirar a farda a todos os fora-da-lei.

Polémica | Catar? "Portugal não deveria fazer-se representar ao mais alto nível"

A ex-ministra Alexandra Leitão revelou que não se sente satisfeita por ver Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e Augusto Santos Silva a deslocarem-se ao Catar.

A ex-ministra socialista, Alexandra Leitão, considerou que as "mais altas figuras do Estado português" não deveriam deslocar-se ao Catar para assistir aos jogos de Portugal no Campeonato do Mundo, que começou no domingo.

No seu espaço de comentário na CNN Portugal, a ex-governante deixa duras críticas à realização da competição naquele país pela FIFA, referindo-se "às grandes suspeitas de corrupção e subornos" no processo de atribuição do Mundial ao Catar.

"O Catar é um estado que tem a lei islâmica, com tudo o que isso representa, como discriminação para as mulheres e para homossexuais, mas também, em particular, tem um sistema de castas, em que só são cidadãos os nacionais - que são cerca de 10% da população do país - e o resto são migrantes, que são tratados numa situação de servidão, praticamente escravatura. Aquilo a que assistimos é um estado autocrático, xenófobo e homofóbico, que, do ponto de vista dos direitos humanos, não merece nenhum respeito", afirma Alexandra Leitão.

O Mundial de futebol tem sido marcado por várias polémicas, entre as quais a exploração de migrantes, a quem são retirados os documentos e trabalham em situações muito precárias, sob calor extremo e longos horários. 

Por tudo isto, afirma Alexandra Leitão, a competição não deveria realizar-se no Qatar, acrescentando que se estimam "segundo o The Guardian, ter morrido 6.500 pessoas na construção das infraestruturas do Mundial". No entanto, "a Amnistia Internacional tem um relatório em que chega a falar em 15 mil mortos, portanto, estamos a falar de uma situação muito grave".

"Por tudo isto, Portugal não deveria fazer-se representar ao mais alto nível. Isto não tem nada a ver com a seleção portuguesa, mas acho que o Presidente da República, o primeiro-ministro e o presidente da Assembleia da República não deveriam deslocar-se ao Catar".

Recorde-se que, na semana passada, o primeiro-ministro afirmou que os responsáveis políticos portugueses estarão no Campeonato do Mundo de Futebol, no Catar, a apoiar a seleção nacional e não a violação dos direitos humanos ou a discriminação das mulheres nesse país.

"O campeonato do mundo é onde é. Todos temos uma posição sobre o que é o Qatar, mas aquilo que faz com que a nossa seleção esteja no campeonato do mundo é por ser uma das poucas que conseguiu ser apurada", começou por alegar António Costa.

Depois, o primeiro-ministro separou política e futebol, mantendo a ideia de Marcelo Rebelo de Sousa, ele próprio e Augusto Santos Silva assistirem a jogos de Portugal no Catar.

"O campeonato do mundo é lá [no Catar] e quando formos lá não vamos seguramente apoiar o regime do Catar, a violação dos direitos humanos no Qatar e a discriminação das mulheres no Qatar. Quando formos lá, vamos apoiar a seleção nacional, a seleção de todos os portugueses, a seleção que veste a bandeira", sustentou.

Notícias ao Minuto | Imagem: Vieira da Silva - © Global Imagens

Pode acompanhar a polémica depois do noticiário das 10 horas:

Fórum TSF: Marcelo, António Costa e Augusto Santos Silva devem ir ao Catar? 

Angola | SONHOS DE MANTEIGA E CORAÇÃO DE FERRO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Não me levem a mal. Quando soube que o senhor Álvaro Sobrinho era grande accionista do Sporting fiquei muito feliz. Sou sportinguista desde Fernando Peyroteo, benfiquista desde Eusébio, adepto fervoroso do Belenenses desde Matateu, doente pelo FC Porto desde Miguel Arcanjo, indefectível do Vitória de Setúbal do Conceição, Zé Maria e Jacinto João, varzinista do coração desde o meu amigo Benje o melhor guarda-redes do mundo e arredores. Espero que todos os problemas que o senhor Sobrinho tem com a Justiça se esclareçam e lhe devolvam o passaporte angolano. Não quero ver ninguém na prisão, nem o Adalberto da Costa Júnior e aquele sinédrio de bandidos que o manipulam.

A natureza humana é forçosamente anti-capitalista. Abomina o anarquismo, para mal dos meus pecados que são incomensuráveis. O Homem, enquanto dignidade infinita, ser único e irrepetível, está mais para o comunitarismo, comunismo, socialismo e seus derivados.  Tanto se me dá. Continuo a sonhar com o fim do sistema que, segundo o Papa Francisco, mata! Sabem como imagino o fim do capitalismo? Convido-o para um copo num bar de hotel. Nunca se esqueçam, os melhores bares do mundo estão nos hotéis. Mas não entrem num restaurante de hotel. São Horríveis! Até a comida sabe aplástico.

O Senhor Capitalismo, meu convidado, de cartola, cifrões nos olhos e anéis nos dedos vai bebendo um bloody Mary enquanto me fala do seu sucesso. Eu, num passe de mágica, meto no copo um pemba fortíssimo. Ao quinto coquetel o monstro levanta-se e vai ao urinol. Olha desinteressado para o jacto de urina e vê que está mijando azul! Fica preocupado. O pânico dá lugar à preocupação porque sente uma vontade indómita de continuar a verter aquele rio azul.

À medida que o senhor Capitalismo urina, mais vontade tem de urinar. O urino já é um rio azul que liberta do caudal um cheiro acre. A criatura vai definhando, desaparecendo ate ficar a pontinha do pénis e tudo desaparece quando cai a última gota azul. É este fim épico que sonho para o Capitalismo.

Provavelmente só no tempo dos meus tetranetos vai acontecer. Mas faz-me bem sonhar. Quando estou com algum amigo rico, fico inquieto porque tenho medo que ele vá ao urinol e desapareça quando cair a última gota de urina. Nesses momentos desejo ardentemente que o meu sonho dourado não se realize. Os amigos são-no em todas as ocasiões e circunstâncias.

Amigo de ricos? Sim, sou. Mas são todos angolanos. Também sou amigo de padres, bispos e cardeais. Considero o Papa Francisco o único líder mundial com cabeça tronco e membros. Pensa. Fala. Ama a Humanidade. É cá dos meus. Tive uma grande admiração pelo padre Franklin, que foi meu professor no Liceu Salvador Correia. Pelo padre Muaka, meu professor no Colégio das Beiras. 

O cónego Apolónio, com quem falei esta semana por gentileza de um amigo comum, é um amigo. Grande Homem. Grande Angolano. Mas fiquei triste. Disse-me que o seu projecto educacional na Centralidade de Cacuaco está podre, como o Estádio Nacional 11 de Novembro. Fiz ao cónego Apolinário uma entrevista notável. Um dia vou procurar o texto e mando-vos. Entrevistei para a Emissora Oficial de Angola (RNA) o padre Alexandre do Nascimento quando o Instituto Pio XII entrou em grandes convulsões, no ano de 1974. Desde então nutro por ele imensa consideração e respeito. O nosso Cardeal. Entrevistei o arcebispo D. Filomeno Vieira Dias, jornalista. Um angolano de eleição ao qual muito devemos.

Entrevistei o arcebispo D. Hélder Câmara, brasileiro, que enfrentou corajosamente a ditadura militar brasileira. Fui colega de Redacção do cónego Rui Osório e do padre Mário de Oliveira, dois grandes jornalistas portugueses. Ambos se esforçaram para eu fazer as pazes com deus mas falharam. O conflito é insanável tal como o Angualusa tem um conflito insanável com a gramática. Grande escritório. A Luzia Moniz é uma tremenda escritória. Agora lembrei-me de Karl Kraus que, pesaroso, concluiu que o mercado estava sem jornalistas porque tinham ido todos para escriturários. Um dia estava bem-disposto e escreveu na Die Fackel que o jornalismo é o serviço militar dos poetas. Menos mal.

Margareth Nanga é investigadora de Direitos Humanos. Entrevistada pela CNN Portugal, parceira da TPA, afirmou que “Isabel dos Santos cometeu muitos crimes que têm uma dimensão transnacional”. Por isso, “tem de ser detida e vir a Angola esclarecer tudo”.  

Espero que a investigadora do Miala não leve a mal se lhe disser que no elenco dos Direitos Humanos está um que é marca do Estado Democrático e de Direito: A presunção de inocência, até uma sentença transitar em julgado. 

A PGR não condena. O Ministério Público é uma parte igual e com a mesma dignidade da Defesa. Em democracia, que eu saiba, os julgamentos ainda não são feitos nas televisões e pelas investigadoras do Miala.

A Organização Internacional da Francofonia (OIF) vai ter um novo membro observador, Angola. A entronização aconteceu hoje durante a 18ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo do organismo que decorre em Djerba, na Tunísia. Mais um passo importante da diplomacia à moda de Kinkuzu ou Morro da Cal.

África está a escorraçar os colonialistas franceses com grande determinação. Finalmente. Angola aproveita o momento em que outros Estados africanos se libertam dos colonialistas e vai observar os restos. Angola pediu ao presidente Macron para aderir e ele condescendeu. 

O Presidente da Costa do Marfim, Félix Houphouët-Boigny, chorava copiosamente à chegada a Paris, quando morreu De Gaulle. “Morreu o meu pai”, dizia o estadista africano. Bokassa teve a mesma reacção. Quando Macron for plantar batatas, estou a imaginar o nosso ministro Tete António chorar convulsivamente pelo seu pai, afastado do Eliseu pelo voto popular. 

Vocês pensam mesmo que o meu coração é de ferro? Tenham maneiras e se querem chorar, chorem pelos magistrados judiciais que não receberam mansões nem dez por cento dos confiscos, quando já estavam a gastar por conta.

*Jornalista

ZÉ KALANGA: “O FUTEBOL ANGOLANO ESTÁ A MORRER”

A poucos dias do início do Mundial no Catar, a DW falou com Zé Kalanga. O antigo craque dos "palancas negras" mostra-se desiludido com a atual situação do futebol em Angola.

Paulo Baptista Nsimba, mais conhecido nas lides desportivas por "Zé Kalanga", é um dos nomes incontornáveis do futebol angolano. 

Foi muito graças ao seu contributo que Angola participou no Mundial de 2006, na Alemanha. Foi do pé de Kalanga que nasceu o golo de Akwá, frente ao Ruanda, que carimbou o passaporte dos "palancas negras" para a fase final do campeonato do mundo.

"Foi um acontecimento histórico", lembra Zé Kalanga, em conversa com a DW África. Era a estreia de Angola num Mundial de Futebol. "Epá! Foi emocionante para nós atletas e para o povo angolano."

Do sonho ao pesadelo

Angola não foi além da fase de grupos na competição, mas a chama do futebol manteve-se acesa durante algum tempo. 

Depois da participação no Mundial, sonhou-se com o desenvolvimento da modalidade no país e mais financiamento, recorda o analista desportivo Lino Filipe. 

"Havia muita expetativa, pensava-se que haveria solução para tudo, só que, pronto, o nosso futebol acabou decaindo. Então, ficámos apenas num sonho."

Faltaram investimentos na formação de atletas e em infraestruturas. A manutenção de muitos estádios parece ter ficado esquecida. Ainda no ano passado, a Confederação Africana de Futebol (CAF) proibiu a realização de jogos no Estádio Nacional 11 de Novembro, construído em 2010, por falta de condições.

O estado de degradação dos balneários, do relvado e das bancadas chamaram a atenção da CAF.

Zé Kalanga mostra-se profundamente desiludido com o rumo que o futebol nacional tomou. 

Quando lhe pedimos para dizer o que terá corrido mal, em concreto, o futebolista, que recentemente se retirou do futebol ativo, depois de ter acabado a carreira nos "Bravos do Maquis", respondeu: "Olha, meu irmão, acerca disso, eu acho que não tenho resposta para dar, porque ultimamente, desde que deixei de jogar, já não acompanho o futebol angolano."

"Estou a ser mesmo sincero, de coração. O que sei é que o futebol angolano está a morrer."

De olho no Mundial do Catar

A paixão pelo desporto-rei, essa "continuará para sempre", afirma Zé Kalanga, afirmando-se expectante quanto ao Mundial deste ano no Catar. 

África estará representada por cinco seleções: Senegal, Gana, Marrocos, Tunísia e Camarões.

Zé Kalanga espera dos representantes do continente um desempenho superior a edições anteriores: "Espero que as seleções africanas façam uma boa participação. A última seleção que o fez foi o Gana. E espero que, neste Mundial, possam chegar às meias-finais; se forem à final, melhor ainda."

O Gana será o primeiro adversário de Portugal, no dia 24 de novembro, no grupo H. O Mundial no Catar começa no domingo. O jogo inicial será entre a seleção anfitriã e o Equador.

José Adalberto | Deutsche Welle

Domingos Simões Pereira promete resgatar Guiné-Bissau da "deriva"

Após oito anos à frente do PAIGC, Domingos Simões Pereira foi reconduzido na liderança da maior formação política do país, envolvida em lutas internas e num braço de ferro com o atual regime guineense.

Domingos Simões Pereira foi reeleito, este domingo (20.11), líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), com mais de 90% dos votos, no X Congresso daquela formação política, que mobilizou milhares de militantes e simpatizantes.

Depois das desistências de dois candidatos, Raimundo Pereira e Martilene dos Santos, restaram quatro nomes na disputa pela liderança do PAIGC. Com um total de 1.268 votantes, Simões Pereira arrecadou a maioria dos votos: "O vencedor deste X Congresso é o camarada Domingos Simões Pereira, que tem 1162 votos, correspondente a 91,64%.", confirmou a presidente da Comissão Eleitoral, Aminata Sila.

Em relação aos outros candidatos, Octávio Lopes arrecadou 62 votos, correspondente a 4,89%, João Bernardo Vieira obteve 32 votos, total de 2,52%, e Edson Araújo obteve quatro votos, correspondente a 0,32%.

"Vai haver um rumo"

"A decisão que acaba de sair resulta do sentimento de avaliação dos delegados. A partir deste momento, há uma direção, há um presidente", aifrmou Simões Pereira, após a vitória. "Vai haver um rumo e vamos convocar toda a família do PAIGC para, de facto, transformarmos a aspiração do povo guineense num programa, num compromisso e numa visão do futuro", prometeu.

O congresso do PAIGC teve lugar numa altura em que o país enfrenta uma crise social, com greve nos setores da educação e da saúde, associada ao aumento de custo de vida.

Domingos Simões Pereira, que na abertura do evento classificou como "incompetente" o atual Governo guineense, apontou um objetivo essencial para o seu partido: "Os delegados ao X Congresso quiseram dizer à nação guineense que o PAIGC está pronto para um compromisso, para um compromisso do futuro, que permita resgatar esta desgovernação e esta deriva que está a acontecer e repor a todos os cidadãos guineenses o direito de sonhar, o direito de trabalhar para o futuro e de acreditar que é possível".

Aristides Gomes | Polícia tenta deter ex-PM guineense em congresso do PAIGC

A polícia guineense tentou deter Aristides Gomes durante o X Congresso do PAIGC, em Bissau. Longe do país desde 2021, o ex-PM teve que deixar o local da reunião por "questões de segurança". Mas os trabalhos prosseguiram.

Os trabalhos do congresso do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) prosseguiram na sexta-feira (18.11), depois de a polícia ter tentado deter o antigo primeiro-ministro Aristides Gomes, que saiu do recinto onde decorre a reunião.

"Acabou por sair daqui uma vez que a sua própria segurança estava ameaçada. Não sabemos onde se encontra e até que ponto poderá estar em segurança", afirmou o porta-voz do congresso, Spencer Embaló, quando questionado pela agência de notícias Lusa sobre o seu paradeiro.

A polícia da Guiné-Bissau entrou sexta-feira no recinto e na sala onde decorre o congresso do PAIGC para tentar deter o antigo primeiro-ministro Aristides Gomes, que chegou ao país para participar no congresso do partido.

"Pelo fardamento acreditamos que são forças de ordem, a maioria estava com a cara tapada, entraram violentamente na sala, também violentamente armados, sem autorização nenhuma. Isto é uma reunião política, uma atividade política que pressupõem o exercício de toda a liberdade que acreditamos que ainda existe neste país", lamentou Spencer Embaló.

Segundo outra fonte partidária, a polícia evocou um mandado judicial emitido pelo Ministério Público, mas alguns congressistas impediram as forças de segurança de levar o antigo primeiro-ministro e militante do PAIGC.

Guiné Equatorial | Obiang concorre pela sexta vez para mandato que pode não concluir

ELEIÇÕES

Teodoro Obiang Nguema Mbasogo deve ser reeleito pela sexta vez Presidente da Guiné Equatorial para um mandato de sete anos que ativistas preveem que não irá concluir.

Teodoro Obiang Nguema Mbasogo deve ser este domingo reeleito pela sexta vez Presidente da Guiné Equatorial para um mandato de sete anos, que vários ativistas preveem que não irá concluir, numa estratégia de manter o poder na sua família.

As eleições presidenciais deste domingo coincidem com eleições legislativas, senatoriais e municipais — o que constitui uma infração à Constituição equato-guineense, que exclui a realização simultânea das presidenciais com outros plebiscitos.

As presidenciais estavam, por outro lado, previstas para abril próximo, sendo esta antecipação também expressamente excluída na Magna Carta do país.

Um total de 427.661 eleitores, de entre uma população de 1,45 milhões de habitantes, dispõe de cartão de eleitor para escolher hoje um de três candidatos à presidência, assim como o partido para ocupar os 100 assentos na câmara baixa do Parlamento em Malabo (99 dos quais atualmente reservados ao Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE), partido único até 1991), parte do senado (cujos 70 assentos são ocupados pelo PDGE), e os dirigentes dos 37 municípios do país.

Eleições na Guiné Equatorial: Observadores ou "cúmplices"?

Deutsche Welle | Lusa

As eleições deste domingo (20.11) na Guiné Equatorial recebem missões de observadores da União Africana e da CPLP, mas os equato-guineenses sentem esta presença como "cúmplice" de um regime opressivo, dizem ativistas.

"Não acredito em grandes mudanças porque as circunstâncias também não mudaram muito. Estas eleições são muito parecidas com as anteriores, o partido governante [PDGE] ocupa o espaço nos órgãos de comunicação social, e a Junta Nacional de Eleições (JNE) e os observadores não vão ser imparciais. Tudo isto é muito semelhante aos anos anteriores", descreveu, em declarações à agência de notícias Lusa, um ativista da Comissão Equato-guineense de Juristas (CEJ).

"Os observadores deveriam, se tivessem mais tempo e se fossem selecionados de forma independente, produzir melhores relatórios, mas costumam chegar ao país apenas poucos dias antes das eleições, o que nem sequer lhes dá tempo para analisar o acesso aos meios de comunicação, ou dados relativos aos financiamentos e utilização dos fundos, entre outras coisas", acrescentou.

A União Africana (UA) enviou uma missão de 53 observadores, que se encontra no país desde o passado dia 13, liderada pelo ex-Presidente da Guiné-Bissau José Mário Vaz, e cujo mandato termina no próximo dia 26, e divulgará uma declaração preliminar sobre o processo eleitoral no dia 22 de novembro de 2022, dois dias depois das eleições.

De igual modo, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) enviou uma missão eleitoral às eleições equato-guineenses, que se manterá no país até dia 23, constituída por 15 observadores, designados pelos Estados-membros, pela assembleia parlamentar da organização e seu pelo secretariado-executivo, com o objetivo de "testemunhar a fase final da campanha eleitoral, o dia da votação e o apuramento parcial dos votos", segundo uma nota divulgada na semana passada.

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