segunda-feira, 21 de novembro de 2022

SAI BIFE DE TUBARÃO GRELHADO E AMANTEIGADO PARA A MESA DO CANTO

O Expresso Curto desta manhã de inicio da semana fala-nos do fonógrafo que Edison inventou, do Mundial de Futebol, do Mar-Oceano, dos peixinhos, dos peixões e dos tubarões que são tão bons de comer em bifes suculentos ligeiramente grelhados e banhados com molho de manteiga ou de caldeirada com peixes graúdos e ricos. Pitéus que de só neles falar nos fazem babar.

Além disso existem os outros tubarões, mas esses comem-nos as papas da cabeça – miolos e tudo - os magros ordenados, reformas e pensões e além disso tomam por abusada sobremesa uma caterva de impostos. Quais? Quem? Os grandes empresários – nacionais e estrangeiros – os pequenos empresários que querem ser grandes à custa da exploração dos que para eles trabalham, os banqueiros e os políticos que andam de mãos dadas com a corrupção, o nepotismo e as trocas baldrocas com o maior dos descaramentos. Esses sim são grandes tubarões que nos devoram gerando desigualdades, pobreza e fome.

Outros assuntos são abordados neste Curto fabricado pela jornalista Margarida Cardoso, do Expresso do tio Balsemão Impresa de Bilderberg e da Quinta da Marinha ou outras quintas de ricalhaços. Daí, dos assuntos abordados, salientamos a COP27 e os seus “ares de faz de conta que nos preocupamos com o clima mas o que queremos mesmo e muito é a bagalhoça e que quem cá ficar que feche a porta…” Sobre isso a ONU do Toninho Guterres faz o que pode no lamaçal que mal e pouquinho governa. “Fala p’rá aí”, pensam e dizem os que o acham um verbo-de-encher. E é!

Por agora já basta de parlapié. Basta de escrever tanto e não dizer nada. Avancemos para o autêntico Curto do Expresso a que por vezes nos apetece recorrer… porque sim. Gostamos de aprender, até quando consideramos que não aprendemos nada, aprendendo isso mesmo, nada! Pensem bem: o nada é alguma coisa. Não é? Então aprendemos isso! Boa. Fixe. Ai, ai, as nossas orelhas estão agora mesmo a crescer…

Fiquem com o Curto e não esqueçam o Bento de Jesus Caraça, que deixou a herança gloriosa do “aprender, aprender sempre”. Pois. Inté.

MM | PG

ANDA TUBARÃO NA COSTA

Margarida Cardoso, jornalista | Expresso (curto)

Bom Dia!

Bem vindo a mais um Expresso Curto 145 anos depois de Thomas Edison apresentar o fonógrafo

Por estes dias, quase todos os caminhos parecem ir dar ao Mundial de Futebol, mas se quiser aceitar o desafio de fugir ao óbvio pode surfar uma onda diferente com Tiago Pitta e Cunha e deixar-se surpreender pelo Atlântico. É que ao contrário do que costumamos dizer, “Portugal não tem mar”, corrige o administrador executivo da Fundação Oceano Azul e Prémio Pessoa 2021 sem complexos em desmontar “velhos mitos urbanos” nacionais tendo como pretexto o Dia Mundial da Pesca que se celebra esta segunda-feira.

“O que temos é Oceano, por isso caímos rapidamente em profundidades gigantescas quando saímos para o Atlântico”, explica o especialista pronto a desmontar outro mito urbano: “Portugal não tem recursos pesqueiros abundantes”. “Temos sim, uma enorme variedade de peixe (mais de 200 espécies) e peixe de grande qualidade”, sublinha antes de assegurar que “conhecer a nossa relação com as pescas ajuda a perceber melhor o país onde vivemos”.

Razões para esta diversidade de espécies que terá distorcido a visão do país real? Estamos numa zona de fronteira entre ecossistemas marinhos do Atlântico norte e do Atlântico sul, à porta do Mediterrâneo. O ecossistema marinho ibérico é muito variado, há muitos rios a desaguar ao longo da costa que transportam nutrientes e organismos, há áreas de natalidade e repovoamento e há canhões submarinos, como o da Nazaré, que vêm direitos à costa com vida marinha além da água gelada, responde ao Expresso.

A verdade é que se os portugueses são os maiores consumidores de pescado da Europa - a média anual é de 60 kg per capita - também vão buscar proteína marinha animal a mais de 5 mil quilómetros de distância. “O bacalhau mostra que Portugal soube superar-se para ultrapassar a falta de biomassa nas suas águas, mas não deixa de ser uma excentricidade termos um país no extremo sul da Europa que vai procurar a sua proteína no extremo norte do continente quando a regra geral é consumir o que está à mão”, nota.

“E foi a pesca do bacalhau, com início no século XV, que nos levou às descobertas no século XVI. Foi assim que ganhamos capacidade de navegação e mão-de-obra para a aventura seguinte”, afirma.

Hoje, quando olhamos para os números das pescas, vemos que Portugal capturou, em 2021, 140.562 toneladas de peixe, o valor mais alto desde 2014, mas menos de metade do registo dos anos 60 do século passado, indica o INE - Instituto Nacional de Estatística.

No caso da sardinha, principal recurso pesqueiro nacional e velha glória da indústria exportadora lusa depois de enlatada, o tombo também é gigante, de 63 mil toneladas para 26,6 mil em pouco mais de meio século. E se as capturas duplicaram num ano ou quase triplicaram desde as 9.700 toneladas de 2019, Tiago Pitta e Cunha aproveita para questionar a explicação científica de que a espécie está a migrar para norte devido às alterações climáticas. “Pensar que o aquecimento global tem levado à deslocação de espécies tem fundamento, até porque há relatos de que a sardinha já ronda a costa irlandesa e, por cá, começam a aparecer alguns peixes tropicais. Mas o aumento recente da sardinha não pode ser explicado por melhorias no clima, o que me leva a acreditar que está diretamente ligado à melhor gestão de recursos feita com alguma coragem política para impor limites nas capturas nos últimos anos”, comenta.

E já agora,  se de repente alguém lhe disser que anda a comer tubarão, deve acreditar. Mas como nem tudo o que vem à rede é peixe para comer, Tiago Pitta e Cunha adaptou o ditado popular “quem não tem cão caça com gato” às pescas: “Quem não tem peixe-espada pesca tubarão”, diz em jeito de alerta para a escassez destas espécies por pesca excessiva, tal como acontece com o atum ou a raia.

Por esta altura, assume,  andamos a comer tubarão sem saber. Pode ser simplesmente “peixe” que chega ao nosso prato sem nome, pode estar numa caldeirada ou na sopa de cação, por exemplo. Ou, então, ele é simplesmente transformado em proteína de alimentação animal ou enriquece um suplemento vitamínico.

Anda tubarão na costa, sim, e talvez se surpreenda mais uma vez ao saber que as suas variedades em águas nacionais são muitas e Portugal, o sexto exportador de turbarão do mundo, “é o terceiro maior destruidor da espécie na União Europeia ou o 12º no ranking mundial”. E como pela boca morre o peixe, o mundo arrisca-se a chegar a 2050 sem exemplares do predador.

OUTRAS NOTÍCIAS

Mundial A bola começou a rolar num mundial que é muito mais do que um campeonato de futebol, como sublinha o jornal britânico The Guardian e pode esmiuçar na Tribuna se para lá do que se passa nas quatro linhas quiser saber pormenores sobre os bastidores de subornos e corrupção, a estatística desconhecida das vidas perdidas na construção dos estádios, as declarações do presidente da FIFA, Gianni Infantino contra a “hipocrisia” dos críticos do Catar. Será um mundial sem o bola de ouro Karim Benzema, com seis árbitras. Será o último campeonato do mundo para Ronaldo e Messi. No Catar, vamos ver a seleção nacional “fazer tudo para ganhar”, garante Ruben Neves. Para já, no jogo inaugural, o Equador bateu o Catar por 2-0 porque “a opulência catarense fora de campo contrastou com a nulidade no relvado”.

Cop27 Não foi fácil. Dois dias depois do previsto, a conferência anual do clima da ONU aprovou um “acordo histórico” que prevê a criação de um fundo para financiar danos climáticos sofridos por países “particularmente vulneráveis”. Nas reações há “esperança e frustração”.

Ucrânia A Central Nuclear de Zaporíjia voltou a ser bombardeada e a Agência Internacional de Energia Atómica acusou os responsáveis pelos “ataques deliberados” de estarem a “brincar com o fogo”. Neste conflito que pode continuar a acompanhar em direto, no Expresso, a União Europeia vai doar 14 milhões de euros à Ucrânia para autocarros escolares.

Política No primeiro comício como secretário-geral do PCP, em Matosinhos, Paulo Raimundo, acusou PSD, Chega e Iniciativa Liberal de terem “objetivos reacionários e antidemocráticos” com os projetos de revisão constitucional. O presidente do PSD, Luís Montenegro, acusou o Governo de apresentar um Orçamento de Estado que é apenas “papel, powerpoints e execução zero”, enquanto o primeiro-ministro, António Costa, garantiu que o PRR está a ser executado de acordo com o calendário e “ninguém está acima da lei”.

Delinquência Juvenil A análise é da PSP: Os jovens delinquentes são cada vez mais novos e há crianças de 11 e 12 anos envolvidas em práticas de violência, a usar mais armas brancas.

Irão O Tribunal Revolucionário de Teerão condenou um sexto arguido à morte pela participação nos protestos contra o uso obrigatório do véu islâmico.

Síria Bombardeamentos turcos matam 31 pessoas na Síria.

EUA Um atirador matou cinco pessoas num bar gay nos EUA.

Isabel dos Santos A Interpol emitiu um mandado de captura internacional em nome da empresária a pedido da Procuradoria-Geral da República de Angola por suspeitas dos “crimes de peculato, fraude qualificada, participação ilegal em negócios, associação criminosa e tráfico de influência, lavagem de dinheiro”.

FRASES

Os relvados do mundial estão manchados de sangue
Pedro Neto, diretor-executivo da Amnistia Internacional, em declarações à SIC Notícias sobre o mundial do Qatar

Pelo que nós, europeus, fizemos nos últimos 3.000 anos, devemos desculpas pelos próximos 3.000 anos antes de dar lições morais aos outros
Gianni Infantino, presidente da FIFA, sobre os críticos do mundial do Catar

Hoje há necessidade de jovens verdadeiramente transgressores, inconformados, que não sejam escravos dos telemóveis, mas que mudem o mundo
Papa Francisco, na cidade italiana de Asti, terra natal de seu pai e avós

PODCASTS A NÃO PERDER

“O país é bafiento ao nível da misoginia, não é inclusivo para minorias. Está ainda dominado pelo 'mainstream' engravatado”. Susana Peralta, professora de economia da Nova SBE, especialista em economia Política e economia Pública, adora dar aulas, investigar e opinar sobre o que a rodeia, e é a convidada de Bernardo Mendonça em A Beleza das Pequenas Coisas.

Tudo sobre os estádios de futebol, as tradições árabes e as polémicas deste Mundial. Nove episódios de A Caminho do Catar em que Nuno Luz entrevista portugueses que vivem e trabalham no Catar e também treinadores de futebol e jornalistas que fizeram a cobertura de notícias sobre a violação de direitos humanos durante a construção de uma série de estádios altamente tecnológicos e inovadores.

Vasco Sacramento: dos concertos de sonho ao fim da parceria com Ana Moura. O diretor da agência Sons em Trânsito e responsável pela direção de carreiras e vida de estrada de nomes como António Zambujo, Carolina Deslandes ou Agir, fala no Posto Emissor sobre o papel de gestor de egos, a importância de manter a sede em Aveiro e a saída de Ana Moura da sua alçada.

O QUE ANDO A VER

Uma percentagem pode dizer quase tudo: 70% da roupa que doamos ruma a locais como Kantamanto, o maior mercado de roupa em segunda mão de África, no Gana. Mas também importa saber que muita desta roupa em segunda mão deixada num contentor perto de si, recolhida, selecionada, embalada e enviada para África tem tão má qualidade que acaba em lixeiras imensas. Dos 15 milhões de peças que chegam semanalmente a Katamanto, 40% vai para o lixo. A Grande Reportagem “Obroni Wawu - A roupa dos brancos mortos”, de Amélia Moura Ramos, na OPTO, confronta-nos diretamente com as consequências do consumo desenfreado de moda, revelando histórias de quem vive dos desperdícios do ocidente no Gana, mas também de quem vive com as suas consequências, como os pescadores que lançam a rede ao mar e apanham peixe misturado com a roupa que ninguém quer.

E porque é que esta é a roupa dos brancos mortos? Quando os primeiros fardos começaram a chegar, nos anos 60, a roupa era de boa qualidade e os africanos, alheios ao conceito de desperdício, acreditavam que só poderia ser de estrangeiros mortos. Afinal, quem mais iria desfazer-se de coisas tão boas? O que o ocidente já não veste passou, assim, a ser Obroni Wawu, no Gana, Mitumba, no Quénia, Salaula, na Zâmbia, ou Kafa Ulaya na Nigéria.

Em agenda, tenho uma visita ao Centro Português de Fotografia, no Porto, para ver a mostra dos trabalhos de fotojornalismo vencedores do “Prémio Estação Imagem 2022 Coimbra” que inclui imagens captadas na Ucrânia por Rui Duarte Silva, meu colega na Delegação Norte do Expresso, vencedor na categoria “Notícias”.

Como hoje é 21 de novembro e neste dia, em 1973, ficou provado o desaparecimento de 18,5 minutos de gravações da Casa Branca relacionadas com o caso Watergate, termino com um convite para ver mais logo o filme Os Homens do Presidente e acompanhar os repórteres do Washington Post Bob Woodward (Robert Redford) e Carl Bernstein (Dustin Hoffman) na investigação do escândalo político que levou à demissão do então presidente dos EUA Richard Nixon.

Continue na nossa companhia no Expresso, na Sic, na Tribuna e na Blitz.

Boas leituras e boa semana

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