O Expresso Curto desta manhã de inicio da semana fala-nos do fonógrafo que Edison inventou, do Mundial de Futebol, do Mar-Oceano, dos peixinhos, dos peixões e dos tubarões que são tão bons de comer em bifes suculentos ligeiramente grelhados e banhados com molho de manteiga ou de caldeirada com peixes graúdos e ricos. Pitéus que de só neles falar nos fazem babar.
Além disso existem os outros tubarões, mas esses comem-nos as papas da cabeça – miolos e tudo - os magros ordenados, reformas e pensões e além disso tomam por abusada sobremesa uma caterva de impostos. Quais? Quem? Os grandes empresários – nacionais e estrangeiros – os pequenos empresários que querem ser grandes à custa da exploração dos que para eles trabalham, os banqueiros e os políticos que andam de mãos dadas com a corrupção, o nepotismo e as trocas baldrocas com o maior dos descaramentos. Esses sim são grandes tubarões que nos devoram gerando desigualdades, pobreza e fome.
Outros assuntos são abordados neste Curto fabricado pela jornalista Margarida Cardoso, do Expresso do tio Balsemão Impresa de Bilderberg e da Quinta da Marinha ou outras quintas de ricalhaços. Daí, dos assuntos abordados, salientamos a COP27 e os seus “ares de faz de conta que nos preocupamos com o clima mas o que queremos mesmo e muito é a bagalhoça e que quem cá ficar que feche a porta…” Sobre isso a ONU do Toninho Guterres faz o que pode no lamaçal que mal e pouquinho governa. “Fala p’rá aí”, pensam e dizem os que o acham um verbo-de-encher. E é!
Por agora já basta de parlapié. Basta de escrever tanto e não dizer nada. Avancemos para o autêntico Curto do Expresso a que por vezes nos apetece recorrer… porque sim. Gostamos de aprender, até quando consideramos que não aprendemos nada, aprendendo isso mesmo, nada! Pensem bem: o nada é alguma coisa. Não é? Então aprendemos isso! Boa. Fixe. Ai, ai, as nossas orelhas estão agora mesmo a crescer…
Fiquem com o Curto e não esqueçam o Bento de Jesus Caraça, que deixou a herança gloriosa do “aprender, aprender sempre”. Pois. Inté.
MM | PG
ANDA TUBARÃO NA COSTA
Margarida Cardoso, jornalista | Expresso (curto)
Bom Dia!
Bem vindo a mais um Expresso Curto 145 anos depois de Thomas Edison
apresentar o fonógrafo
Por estes dias, quase todos os caminhos parecem ir dar ao Mundial de Futebol,
mas se quiser aceitar o desafio de fugir ao óbvio pode surfar uma onda
diferente com Tiago Pitta e Cunha e deixar-se surpreender pelo Atlântico. É que
ao contrário do que costumamos dizer, “Portugal não tem mar”, corrige o
administrador executivo da Fundação Oceano Azul e Prémio Pessoa 2021 sem
complexos em desmontar “velhos mitos urbanos” nacionais tendo como pretexto
o Dia Mundial da Pesca que se celebra esta segunda-feira.
“O que temos é Oceano, por isso caímos rapidamente em profundidades gigantescas
quando saímos para o Atlântico”, explica o especialista pronto a desmontar
outro mito urbano: “Portugal não tem recursos pesqueiros abundantes”. “Temos
sim, uma enorme variedade de peixe (mais de 200 espécies) e peixe de grande
qualidade”, sublinha antes de assegurar que “conhecer a nossa relação com as
pescas ajuda a perceber melhor o país onde vivemos”.
Razões para esta diversidade de espécies que terá distorcido a visão do país
real? Estamos numa zona de fronteira entre ecossistemas marinhos do Atlântico
norte e do Atlântico sul, à porta do Mediterrâneo. O ecossistema marinho
ibérico é muito variado, há muitos rios a desaguar ao longo da costa que
transportam nutrientes e organismos, há áreas de natalidade e repovoamento e há
canhões submarinos, como o da Nazaré, que vêm direitos à costa com vida marinha
além da água gelada, responde ao Expresso.
A verdade é que se os portugueses são os maiores consumidores de pescado da
Europa - a média anual é de
“E foi a pesca do bacalhau, com início no século XV, que nos levou às
descobertas no século XVI. Foi assim que ganhamos capacidade de navegação
e mão-de-obra para a aventura seguinte”, afirma.
Hoje, quando olhamos para os números das pescas, vemos que Portugal
capturou, em 2021, 140.562 toneladas de peixe, o valor mais alto desde 2014, mas
menos de metade do registo dos anos 60 do século passado, indica o INE -
Instituto Nacional de Estatística.
No caso da sardinha, principal recurso pesqueiro nacional e velha glória
da indústria exportadora lusa depois de enlatada, o tombo também é gigante,
de 63 mil toneladas para 26,6 mil em pouco mais de meio século. E se as
capturas duplicaram num ano ou quase triplicaram desde as 9.700 toneladas de
2019, Tiago Pitta e Cunha aproveita para questionar a explicação científica de
que a espécie está a migrar para norte devido às alterações climáticas. “Pensar
que o aquecimento global tem levado à deslocação de espécies tem fundamento,
até porque há relatos de que a sardinha já ronda a costa irlandesa e, por cá,
começam a aparecer alguns peixes tropicais. Mas o aumento recente da
sardinha não pode ser explicado por melhorias no clima, o que me leva a
acreditar que está diretamente ligado à melhor gestão de recursos feita
com alguma coragem política para impor limites nas capturas nos últimos anos”,
comenta.
E já agora, se de repente alguém lhe disser que anda a comer tubarão,
deve acreditar. Mas como nem tudo o que vem à rede é peixe para comer, Tiago
Pitta e Cunha adaptou o ditado popular “quem não tem cão caça com gato” às
pescas: “Quem não tem peixe-espada pesca tubarão”, diz em jeito de alerta para
a escassez destas espécies por pesca excessiva, tal como acontece com o atum ou
a raia.
Por esta altura, assume, andamos a comer tubarão sem saber. Pode ser
simplesmente “peixe” que chega ao nosso prato sem nome, pode estar numa
caldeirada ou na sopa de cação, por exemplo. Ou, então, ele é simplesmente
transformado em proteína de alimentação animal ou enriquece um suplemento
vitamínico.
Anda tubarão na costa, sim, e talvez se surpreenda mais uma vez ao saber que as suas
variedades em águas nacionais são muitas e Portugal, o sexto exportador de turbarão do mundo, “é o
terceiro maior destruidor da espécie na União Europeia ou o 12º no ranking mundial”.
E como pela boca morre o peixe, o mundo arrisca-se a chegar a 2050 sem
exemplares do predador.
OUTRAS NOTÍCIAS
Mundial A bola começou a rolar num mundial que é muito mais do que um campeonato de futebol, como sublinha o jornal
britânico The Guardian e pode esmiuçar na Tribuna se para lá do que se passa
nas quatro linhas quiser saber pormenores sobre os bastidores de subornos e corrupção, a estatística
desconhecida das vidas perdidas na construção dos estádios, as declarações do presidente da FIFA, Gianni Infantino
contra a “hipocrisia” dos críticos do Catar. Será um mundial sem o bola de ouro Karim Benzema, com seis árbitras. Será o último campeonato do mundo para Ronaldo e Messi. No
Catar, vamos ver a seleção nacional “fazer tudo para ganhar”, garante Ruben Neves. Para já, no
jogo inaugural, o Equador bateu o Catar por 2-0 porque “a opulência catarense fora de campo contrastou com a nulidade
no relvado”.
Cop27 Não foi fácil. Dois dias depois do previsto, a conferência anual do clima da ONU aprovou um “acordo
histórico” que prevê a criação de um fundo para financiar danos
climáticos sofridos por países “particularmente vulneráveis”. Nas reações há “esperança e frustração”.
Ucrânia A Central Nuclear de Zaporíjia voltou a ser bombardeada e a Agência
Internacional de Energia Atómica acusou os responsáveis pelos “ataques
deliberados” de estarem a “brincar com o fogo”. Neste conflito que pode continuar a acompanhar em direto,
no Expresso, a União Europeia vai doar 14 milhões de euros à Ucrânia para
autocarros escolares.
Política No primeiro comício como secretário-geral do PCP, em Matosinhos, Paulo
Raimundo, acusou PSD, Chega e Iniciativa Liberal de terem
“objetivos reacionários e antidemocráticos” com os projetos de revisão
constitucional. O presidente do PSD, Luís Montenegro, acusou o Governo de
apresentar um Orçamento de Estado que é apenas “papel, powerpoints e
execução zero”, enquanto o primeiro-ministro, António Costa, garantiu que o
PRR está a ser executado de acordo com o calendário e “ninguém está acima da lei”.
Delinquência Juvenil A análise é da PSP: Os jovens delinquentes são cada vez mais novos e
há crianças de 11 e 12 anos envolvidas em práticas de violência, a usar mais
armas brancas.
Irão O Tribunal Revolucionário de Teerão condenou um sexto arguido à
morte pela participação nos protestos contra o uso obrigatório do véu
islâmico.
Síria Bombardeamentos turcos matam 31 pessoas na Síria.
EUA Um atirador matou cinco pessoas num bar gay nos EUA.
Isabel dos Santos A Interpol emitiu um mandado de captura internacional em nome
da empresária a pedido da Procuradoria-Geral da República de Angola
por suspeitas dos “crimes de peculato, fraude qualificada, participação ilegal
em negócios, associação criminosa e tráfico de influência, lavagem de dinheiro”.
FRASES
Os relvados do mundial estão manchados de sangue
Pedro Neto, diretor-executivo da Amnistia Internacional, em declarações à SIC
Notícias sobre o mundial do Qatar
Pelo que nós, europeus, fizemos nos últimos 3.000 anos, devemos desculpas pelos
próximos 3.000 anos antes de dar lições morais aos outros
Gianni Infantino, presidente da FIFA, sobre os críticos do mundial do Catar
Hoje há necessidade de jovens verdadeiramente transgressores, inconformados,
que não sejam escravos dos telemóveis, mas que mudem o mundo
Papa Francisco, na cidade italiana de Asti, terra natal de seu pai e
avós
PODCASTS A NÃO PERDER
“O país é bafiento ao nível da misoginia, não é inclusivo para
minorias. Está ainda dominado pelo 'mainstream' engravatado”. Susana
Peralta, professora de economia da Nova SBE, especialista
Tudo sobre os estádios de futebol, as tradições árabes e as
polémicas deste Mundial. Nove episódios de A Caminho do Catar
Vasco Sacramento: dos concertos de sonho ao fim da parceria com
Ana Moura. O diretor da agência Sons em Trânsito e responsável
pela direção de carreiras e vida de estrada de nomes como António Zambujo,
Carolina Deslandes ou Agir, fala no Posto Emissor sobre o papel de
gestor de egos, a importância de manter a sede em Aveiro e a saída de Ana Moura
da sua alçada.
O QUE ANDO A VER
Uma percentagem pode dizer quase tudo: 70% da roupa que doamos ruma a
locais como Kantamanto, o maior mercado de roupa em segunda mão de África, no
Gana. Mas também importa saber que muita desta roupa em segunda mão deixada num
contentor perto de si, recolhida, selecionada, embalada e enviada para África
tem tão má qualidade que acaba em lixeiras imensas. Dos 15 milhões de peças que
chegam semanalmente a Katamanto, 40% vai para o lixo. A Grande Reportagem
“Obroni Wawu - A roupa dos brancos mortos”, de Amélia Moura Ramos, na OPTO, confronta-nos diretamente com as consequências
do consumo desenfreado de moda, revelando histórias de quem vive dos
desperdícios do ocidente no Gana, mas também de quem vive com as suas
consequências, como os pescadores que lançam a rede ao mar e apanham peixe
misturado com a roupa que ninguém quer.
E porque é que esta é a roupa dos brancos mortos? Quando os primeiros fardos
começaram a chegar, nos anos
Em agenda, tenho uma visita ao Centro Português de Fotografia, no Porto,
para ver a mostra dos trabalhos de fotojornalismo vencedores do “Prémio Estação
Imagem 2022 Coimbra” que inclui imagens captadas na Ucrânia por Rui
Duarte Silva, meu colega na Delegação Norte do Expresso, vencedor na categoria
“Notícias”.
Como hoje é 21 de novembro e neste dia, em 1973, ficou provado o
desaparecimento de 18,5 minutos de gravações da Casa Branca relacionadas
com o caso Watergate, termino com um convite para ver mais logo o filme Os
Homens do Presidente e acompanhar os repórteres do Washington Post Bob
Woodward (Robert Redford) e Carl Bernstein (Dustin Hoffman) na
investigação do escândalo político que levou à demissão do então
presidente dos EUA Richard Nixon.
Continue na nossa companhia no Expresso, na Sic, na Tribuna e na Blitz.
Boas leituras e boa semana
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