Paulo Baldaia | TSF | opinião
É essencial começar por dizer que a notícia dos operacionais da PSP e GNR apanhados numa investigação jornalística a violar a lei e os regulamentos das corporações a que pertencem, cometendo crimes de ódio nas redes sociais, não é o retrato das forças de segurança em Portugal. É o ponto a que chegamos pela cobardia do poder político, sempre incapaz de cortar o mal pela raiz.
Como pode alguém justificar que polícias condenados por crimes cometidos no exercício de funções, tendo de cumprir pena, sejam depois readmitidos na corporação? Como pode alguém justificar que esse mesmo polícia tenha sido promovido dias antes de entrar na prisão para cumprir pena?
Sindicalistas que dizem lutar por melhores salários e melhores condições de trabalho, essenciais para devolver a dignidade de uma profissão que tem de ser acarinhada por todos, não podem desvalorizar o que é transmitido neste trabalho jornalístico. Não podem insinuar que existe um complot entre os jornalistas e o governo para atrapalhar a manifestação do dia 24 e as negociações salariais. Sindicalistas que dizem lutar pelos direitos dos polícias devem condenar os comportamentos racistas e xenófobos, homenageando dessa forma todos os que honram a farda.
Há um perigo para toda a sociedade nesta cedência cobarde para não comprar problemas, seja o governo, as direcções nacionais das polícias ou os mil e um sindicatos das forças de segurança. Para as pessoas racializadas o perigo é maior, porque é sobre elas que se abate o ódio de gente que anda armada, agindo fora da lei, em nome da lei.
O Ministério da Administração Interna mandou abrir um inquérito e o Ministério Público vai investigar, olhando para o trabalho dos jornalistas e dos investigadores digitais não parece que sobre muito trabalho para fazer. Em defesa da Polícia de Segurança Pública e da Guarda Nacional Republicana, é preciso tirar a farda a todos os fora-da-lei.
Sem comentários:
Enviar um comentário