quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Repórter do N.Y.Times incorporado revelou três verdades inconvenientes sobre Bakhmut

Andrew Korybko* | Substack | # Traduzido em português do Brasil

Primeiro, Kiev carece de forças experientes para conduzir operações de vigilância e, portanto, as terceiriza para estrangeiros. Em segundo lugar, os habitantes locais têm medo desses mercenários ocidentais. E, finalmente, esses mesmos combatentes estrangeiros estão mais uma vez militarizando ilegalmente áreas residenciais, com a preocupação de que eles também estejam usando os locais acima mencionados como escudos humanos.

O New York Times (NYT) incorporou um repórter em uma equipe de vigilância que operava nos arredores de Artyomovsk, mais conhecida pela comunidade internacional por seu nome ucraniano Bakhmut. Seu relatório resultante dos dois dias de seu correspondente no campo foi publicado na quinta-feira sob o título "A Caça Infravermelha às Tropas Russas na Batalha de Bakhmut", que inadvertidamente revelou três verdades inconvenientes sobre a maneira pela qual Kiev está travando a última fase do Conflito Ucraniano.

Para começar, a "equipe de vigilância" com a qual o jornalista do NYT estava inserido na verdade não é ucraniana, mas composta por vários ocidentais que se juntaram à chamada "Legião Estrangeira" de Kiev. O americano, o britânico e o canadense têm experiência militar anterior, enquanto o relatório não está claro se seu colega australiano tem o mesmo. Em qualquer caso, isso sugere que Kiev não experimentou forças suficientes em suas próprias fileiras para realizar essa vigilância em si, em vez de terceirizá-la para estrangeiros.

O segundo detalhe politicamente inconveniente que foi revelado no artigo é que o ex-fuzileiro naval dos EUA que liderou essa equipe em particular advertiu explicitamente a todos "Sem inglês" ao se aproximar da cidade. O NYT acrescentou que "muitos dos residentes restantes de Bakhmut já suspeitavam de estrangeiros, especialmente aqueles com rifles". Isso sugere que os habitantes locais são amigos da Rússia e / ou têm medo dos mercenários estrangeiros de Kiev, o último dos quais poderia ser devido a seus crimes de guerra relatados.

Merkel revela que os EUA e a NATO planearam a guerra na Ucrânia contra a Rússia

Strategic Culture Foundation em Rebelión | # Traduzido em português do Brasil

Os comentários de Merkel revelam que a mentalidade de guerra no Ocidente contra a Rússia existe há mais de uma década, se não mais.

É deixando irrefutavelmente claro que os Estados Unidos e seus parceiros em A OTAN tem vindo a planear há muitos anos a actual guerra em Ucrânia x Rússia, o que faz as perspectivas de paz ainda mais evasivo. Como negociar com uma mentalidade beligerante tão profundamente enraizado?

Governos e mídia ocidental acusa a Rússia de "agressão não provocada" contra a Ucrânia e exigir que Moscou forneça compensação deslumbrante financeira e enfrente julgamentos por crimes de guerra.

A amarga ironia é que a guerra na Ucrânia, que está se intensificando perigosamente e poderá se tornar um cataclismo nuclear, é semeado pelos Estados Unidos e seus cúmplices. É o Ocidente que é mais responsável por esta terrível situação, não a Rússia.

A ex-chanceler alemã Angela Merkel (2005-2021) tem sido a mais recente fonte Ocidental em abrir ou baixar a guarda. Em entrevista recente concedida a Der Spiegel revelou as verdadeiras raízes da guerra.

A revelação de Merkel foi involuntária. Merkel falou em acalmar o regime Ucraniano, que vai acabar por reforçar a sua força de combate contra Rússia. Ela menciona esse raciocínio para justificar porque se opôs. A Ucrânia quis aderir à OTAN em 2008. De acordo com Merkel, não é que essa adesão seja errada mas não era nem é o momento certo.

A DERROTA DE MARROCOS E A ESMOLA DE BIDEN – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Senado dos Estados Unidos da América aprovou por larga maioria um pacote de 40 mil milhões de dólares de ajuda militar e humanitária à Ucrânia. Antes, a USAID (instituição tenebrosa controlada pela CIA) foi ao Banco Mundial buscar 8,5 biliões para a Ucrânia comprar armas e pôr a funcionar as instituições governamentais. 

Hoje Joe Biden anunciou, no encerramento do Fórum de Negócios da Cimeira EUA-África, que vai destinar 500 milhões de dólares para projectos nos países africanos, que incluem esta parte fabulosa: Compra de fertilizantes para os camponeses.

A propaganda da Redacção Única alimentada e controlada pelo estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) diz que a guerra em Angola acabou há 20 anos. Mentira. Só no final do próximo ano as instituições especializadas dão por concluída a desminagem em todo o território. 

As comunidades rurais devem considerar que estamos em guerra. Portanto, antes dos fertilizantes do Joe Biden, aguardem pela retirada de todas as minas terrestres e outros explosivos que matam e mutilam. Sabem quem implantou esses engenhos mortíferos? As forças do regime racista de Pretória e seus criados da UNITA.

Dificuldade não negligenciável. Daqui a um ano, Biden pode estar preso. A Justiça já está a investigar os negócios da sua família na Ucrânia, nomeadamente as fábricas de armas biológicas. 

Anti China e Rússia: CIMEIRA EUA - ÁFRICA JUNTA 49 LÍDERES AFRICANOS

Biden sedia cúpula de 49 líderes africanos para combater o crescente poder da China e da Rússia em todo o continente

Democracy Now | # Traduzido em português do Brasil

Líderes de 49 países africanos estão em Washington, D.C., esta semana para uma cúpula de três dias organizada pelo governo Biden. A Cúpula de Líderes EUA-África ocorre quando os Estados Unidos estão tentando combater a crescente influência da China e da Rússia na África. Na segunda-feira, o conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan anunciou uma promessa de 55 mil milhões de dólares em apoio económico, de saúde e de segurança para África nos próximos três anos. Espera-se também que o presidente Biden expresse apoio à adesão da União Africana ao G20 e pressione para que o Conselho de Segurança das Nações Unidas inclua um membro permanente da África. A cúpula em Washington ocorre no momento em que partes da África lidam com crises, incluindo a emergência climática e a instabilidade política, com os últimos dois anos vendo golpes no Mali, Sudão, Burkina Faso e Guiné. "A China está definitivamente se aproximando em segundo plano" da cúpula, diz Lina Benabdallah, professora assistente de política da Universidade Wake Forest. Também conversamos com a antropóloga Samar Al-Bulushi, da Universidade da Califórnia, Irvine, que observa que a cúpula de Biden ocorre "em um momento em que o significado geoestratégico da África está em ascensão e em um momento em que a influência dos EUA no continente está em declínio".

Transcrição

Esta é uma transcrição apressada. A cópia pode não estar em sua forma final.

AMY GOODMAN: Líderes de 49 nações africanas estão em Washington, D.C., esta semana para uma cúpula de três dias na África organizada pelo governo Biden. A Cúpula de Líderes EUA-África ocorre quando os Estados Unidos estão tentando combater a crescente influência da China e da Rússia na África. Na segunda-feira, o conselheiro de segurança nacional de Biden, Jake Sullivan, revelou que os Estados Unidos estão prometendo US $ 55 bilhões em apoio econômico, de saúde e segurança para a África nos próximos três anos.

JAKE SULLIVAN: Trabalhando em estreita colaboração com o Congresso, os EUA comprometerão US $ 55 bilhões para a África ao longo dos próximos três anos em uma ampla gama de setores para enfrentar os principais desafios do nosso tempo. Esses compromissos se baseiam na liderança e parceria de longa data dos Estados Unidos em desenvolvimento, crescimento econômico, saúde e segurança na África nas últimas três décadas.

AMY GOODMAN: Durante a Cúpula de Líderes EUA-África, espera-se que o presidente Biden expresse apoio à União Africana para se juntar ao G20 e pressionar para que o Conselho de Segurança das Nações Unidas inclua um membro permanente da África. A Axios também está relatando que Biden está planejando sua primeira viagem como presidente à África Subsaariana no próximo ano.

A cúpula de Washington ocorre no momento em que a África enfrenta inúmeras crises, desde a emergência climática até a instabilidade política. Nos últimos dois anos, houve golpes de Estado no Mali, Sudão, Burkina Faso e Guiné. Oficiais treinados pelos EUA lideraram vários desses golpes. As quatro nações não foram convidadas para a cúpula de Washington; nem a Eritreia nem os líderes do Sahara Ocidental, que está ocupado por Marrocos desde a década de 1970. Um líder africano proeminente que não participará da cúpula desta semana é o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, que enfrenta um possível impeachment por alegações de corrupção.

A cúpula ocorre quando os EUA continuam a expandir sua presença militar na África. O presidente Biden enviou recentemente tropas dos EUA de volta à Somália, revertendo uma ordem de Donald Trump de retirar as tropas.

Estamos acompanhados agora por dois convidados. Lina Benabdallah é professora assistente de política na Universidade Wake Forest, na Carolina do Norte. Ela é autora de Shaping the Future of Power: Knowledge Production and Network-Building in China-Africa Relations. E Samar Al-Bulushi é antropóloga da Universidade da Califórnia, Irvine, com foco em policiamento, militarismo e a chamada guerra ao terror na África Oriental. Ela também é editora colaboradora da publicação Africa Is a Country e membro do Quincy Institute. Seu próximo livro é intitulado War-Making e World-Making. Em agosto, os professores co-escreveram um artigo intitulado "Administração Biden precisa combinar retórica com ação sobre a política da África".

Damos as boas-vindas a ambos ao Democracy Now! Professor Samar Al-Bulushi, vamos começar com você. Fale sobre o significado da cúpula, por que os EUA a estão realizando, a reunião de 49 líderes africanos em Washington, DC. Quem está lá e quem não está?

IRMANDADE NAZI AVANÇA IMPARÁVEL – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O mundo está perigosíssimo. O estado terrorista mais perigoso do planeta e arredores (EUA) apostou em submeter tudo e todos aos seus interesses. Todos espezinhados sob a sua patorra. Albert Einstein, uma das poucas vozes que condenou o ataque a Hiroshima e Nagazaki com bombas atómicas, disse na época: “O mundo é um lugar perigoso para viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que deixam o mal acontecer”. Não é para me gabar, mas nunca fiquei atrás do manto covarde do silêncio.

A senhora Úrsula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, é caixeira viajante da indústria bélica dos EUA. Já foi várias vezes a Kiev vender armas e emprestar biliões na lógica da agiotagem dos “mercados”. Promotora de vendas. Lobista para o negócio da guerra na Ucrânia ter sucesso, por cima dos cadáveres de ucranianos que nem conseguem fugir.

A presidente da Comissão Europeia tem sido ajudada no lóbi mortífero pelo seu propagandista Josep Borrell. O espanholito nem finge que está ao serviço dos traficantes de armas. Outro lobista das armas e da guerra na Ucrânia é Charles Michel, presidente do Conselho Europeu. Roberta Metsola, presidente do Parlamento Europeu, faminta de dinheiro, é uma das mais esforçadas lobistas da guerra na Ucrânia. Todos têm uma característica comum. Pertencem à extrema-direita europeia sem faca na boca nem cabeça rapada. Lobos com pele de carneirinho caraculo com o pelo encaracolado.

A  grega Eva Kaili, vice-presidente do Parlamento Europeu, ousou dizer ante os deputados que o Catar é neste momento o país mais aberto do Médio Oriente. O Iraque está nas mãos de agentes da CIA xiitas e sanguinários. O Koweit é uma espécie de quintalão de uma família milionária do petróleo. Não há direitos naquela espécie de país. Nem humanos nem desumanos. A Arábia Saudita, a pedido do estado terrorista mais perigoso do mundo, deixa as mulheres conduzir automóveis. É uma ditadura sangrenta, estagnada na época medieval. 

Eva Kaili foi presa num dia e no dia seguinte expulsaram-na de tudo quanto é sítio. Os seus bens foram confiscados. Ninguém faz esta pergunta singela: Então o Estado de Direito? Onde está a presunção de inocência até uma condenação transitada em julgado? Onde estão os direitos de defesa? Se isto tivesse acontecido num país africano as amnistias internacionais e outros traficantes dos direitos humanos faziam logo um miango ensurdecedor. Como se passa na Bélgica, está tudo certo. A irmandade nazi vai de vento-em-popa. 

CORRUPÇÃO NA UE? SÓ AGORA ESTÁ A DAR BRADO? PARA 'ABAFAR' QUANDO?

A novela da corrupção na União Europeia mostra a "infecção" que por ali vai pavoneando-se no âmago da instituição. Que há corrupção mesmo agora descoberta e nos caminho investigativos. É dos jornais. Legitimamente pergunta-se com toda a propriedade: só agora foi descoberta a existência desses crimes na União Europeia? Sim. Descoberta só agora é o que tem sido público para os cidadãos europeus. E a que não veio ao conhecimento público? 

Quem acredita que em tantas medidas aprovadas no parlamento europeu e de outras que nem por isso (défice democrático e de transparência) a corrupção não invadiu os reais e justos interesses dos contribuintes europeus? Ninguém. Tem havido nomeações de altos cargos na UE - que não por eleições legitimas - que deixa amargos de boca e desconfianças aos cidadãos europeus, e mais, e mais, e tuti-fruti partidariamente... Depois acontece o que acontece e ilegalidades abafadas deixando desconfianças, suspeições e o diz que disse comum que por aí ouvimos e lemos. Pagam também os justos pelos pecadores e a fulanização do "eles" naqueles poderes eleitos e não eleitos mas somente nomeados, escolhidos opacamente, talvez por interesses esconsos (caso de Durão Barroso, de Portugal, por exemplo) tem o peso disso mesmo e da cruel visão convencida de que são todos iguais, corruptos, de conluios e nepotismos. Sentem-se injustiçados os justos e protegidos pelo rebanho os prevaricadores, os desonestos que por ali naquele parlamento e noutros existem e se mantêm de pedra e cal. Os amigos dos lobis. Os criminosos de colarinho branco. Atualmente veio a público este caso catariano, como uma bomba entre tantas que na Europa atacam a democracia e os seus cidadãos. Mas quantos casos estão no limbo? Esses tais querem a confiança dos europeus? Como, se não a merecem!

A seguir trazemos ao PG o Expresso Curto, com abordagem - à sua maneira - pelo jornalista lá do burgo João Miguel Salvador, também ele se agarra à vaca fria da corrupção europeia. "Crime e traição na novela europeia", escreve ele. Sim, mas esse "fenómeno" não deve ser só de agora. Investiguem. Haja quem tenha coragem. A sério. Doa a quem doer!

Bom dia e um queijo com um tinto borbense de estalo. Saúde mesmo sem haver médicos e enfermeiros que cheguem para todos os portugueses e outros cidadãos que vivem em Portugal ou que somente nos visitam e adoecem. A falta de vergonha dos responsáveis da saúde lusa continua. Nessa área e em muitas outras. Salários de miséria, caridadezinhas a modos que salazaristas e cerejistas santificados mas criminosos é o que abunda a par das dificuldades financeiras e da fome numa bandeira que perdeu o vermelho e o verde, adquirindo a cor negra. O Curto do Expresso a seguir. Pois.

MM | PG

CASO DE CORRUPÇÃO EXPÕE PODER DE LOBISTAS NO PARLAMENTO EUROPEU

São cerca de seis mil as organizações internacionais registadas e acreditadas como lobistas na União Europeia (UE). Entre elas, 62 têm sede em Portugal, correspondendo a 2% do total de entradas no Registo de Transparência, uma base de dados online onde as organizações que tentam ter impacto nas instituições da UE se encontram registadas.

Eurodeputada grega está no centro de uma investigação de corrupção envolvendo o Catar. Agora, o bloco discute aumentar o controle sobre o lobby. As instituições políticas da União Europeia (UE) estão em crise devido a um escândalo de corrupção envolvendo o Parlamento Europeu.

A ex-vice-presidente do Parlamento Europeu Eva Kaili, de origem grega, é uma das quatro pessoas detidas e acusadas pelos promotores belgas de “participação em organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção”.

A socialista – que já foi expulsa de seu partido político e destituída de uma das 14 vice-presidências do Parlamento Europeu – está envolvida num caso de corrupção relacionado com subornos do Catar para influenciar as decisões do Parlamento Europeu relativas à celebração do Mundial de futebol naquele país.

Os supostos vínculos entre Kaili e o Catar estariam em discursos elogiosos sobre o Estado do Golfo no Parlamento Europeu, votos a favor em casos relacionados ao Catar em comitês nos quais ela não tinha assento e presença em vários eventos não registrados no país.

Em uma declaração publicada na internet, a Missão do Catar na União Europeia chamou as alegações de “infundadas e gravemente desinformadas”.

Embora os detalhes oficiais sobre o escopo e a profundidade da investigação policial na Bélgica permaneçam escassos, as atividades dos membros do Parlamento Europeu e de outros órgãos da União Europeia serão agora alvo de um maior controle.

Especialistas sobre UE questionam também se as medidas anticorrupção já existentes no bloco são suficientes.

“Quando há uma formulação de políticas altamente complexa e consolidada como na UE, ela se torna pouco transparente e, então, fica mais fácil comprar influência”, disse Jacob Kirkegaard, do German Marshall Fund, em entrevista à DW. “Você pode comprar um vice-presidente do Parlamento Europeu por 600 mil euros! Eles são realmente tão baratos assim?”

“Esta [Eva Kaili] é claramente uma mulher que não tinha medo de ser apanhada. Isso indica que quaisquer medidas e processos do Parlamento Europeu não têm efeito de dissuasão”, disse Kirkegaard. “Mesmo pessoas estúpidas, se tivessem medo, não fariam o mesmo.”

Medidas para maior transparência

Mas quais medidas estão em vigor na UE? O bloco possui um banco de dados no qual ONGs, grupos de lobistas, consultores, instituições de caridade e outras organizações que queiram influenciar a legislação devem se registrar.

Todos os listados no Registro de Transparência são obrigados a declarar seus orçamentos e quaisquer doações acima de 10 mil euros para ONGs.

A ONG Fighting Impunity, que está no centro do atual escândalo de corrupção, não está no registro.

Seu presidente, o ex-eurodeputado italiano Pier Antonio Panzeri, também foi preso. E o companheiro de Eva Kaili, Francesco Giorgi, também trabalha na ONG. Além disso, a Fighting Impunity compartilha um escritório com a organização italiana sem fins lucrativos No Peace Without Justice, cujo diretor também foi detido neste caso.

“Devido às brechas no sistema, isso estava prestes a acontecer”, afirmou Paul Varakas, presidente da Sociedade de Profissionais de Assuntos Europeus (SEAP), que ajuda lobistas a se inscreverem no Registro de Transparência, em entrevista à DW.

Em 2021, o Parlamento Europeu se recusou a aplicar o princípio da “condicionalidade estrita” anexado ao Registro de Transparência – o que os teria forçado a se reunir apenas com lobistas registrados.

Altos funcionários da Comissão Europeia, o braço executivo da UE, já são obrigados a cumprir esse princípio e só podem se reunir com lobistas listados no registro.

Mas os eurodeputados argumentaram que isso infringiria sua “liberdade de mandato” e rejeitaram, assim, as medidas para forçá-los a revelar todas as suas reuniões.

“É assim que eles [a ONG Fighting Impunity] estavam fazendo”, disse Varakas. “Você tinha uma ONG influenciando a tomada de decisões sem ter a obrigação de divulgar nada. Eles foram convidados por um eurodeputado que não precisava declarar [a participação, por exemplo, em encontros]. Foi simples para eles.”

A SEAP e outras organizações afirmam agora que, embora o registro obrigatório – e os requisitos de divulgação associados a ele – possa ser penoso para atores menores, como ONGs, a pressão sobre o Parlamento Europeu para se alinhar ao “princípio da condicionalidade” será imensa.

Após o escândalo, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reiterou o pedido de criação de um órgão de ética que supervisionasse todas as instituições da UE.

“Temos internamente um [órgão de supervisão] na Comissão Europeia com regras muito claras, e acho que é hora de discutirmos como poderíamos estabelecer isso para todas as instituições da UE”, disse Ursula von der Leyen numa coletiva de imprensa em Bruxelas, na segunda-feira (12/12).

Imunidade de eurodeputados

Os eurodeputados também gozam de imunidade diplomática para realizar seu trabalho político sem receio de serem processados.

De acordo com o Protocolo sobre Privilégios e Imunidades da UE, eles não podem “estar sujeitos a qualquer forma de investigação, detenção ou procedimentos legais em relação às opiniões ou votos expressos por eles no exercício de suas funções”.

A imunidade não é válida, porém, “quando um eurodeputado for apanhado em caso de flagrante delito, e isso não pode impedir o Parlamento Europeu de exercer seu direito de revogar a imunidade de um dos seus membros”.

Se necessário, os eurodeputados têm o direito de pedir que a sua imunidade seja respeitada, mas o gabinete de imprensa do Parlamento Europeu disse que nenhum pedido dessa natureza foi feito por Eva Kaili.

Os juízes de acusação na Bélgica também não pediram o levantamento da imunidade.

“Se não houver pedido de revogação da imunidade, isso sugere que o juiz concluiu que os critérios foram atendidos para que a imunidade não seja mais aplicada”, disse o porta-voz do Parlamento Europeu, Jaume Duch, em Estrasburgo.

No passado, pedidos de imunidade foram feitos em relação a pedidos de extradição. Mas como os crimes envolvendo Eva Kaili foram supostamente cometidos na Bélgica, a extradição não se aplicaria neste caso.

Isto é Dinheiro

Subornos do Qatar ligam família de ex-deputado a embaixador marroquino

O italiano Panzeri, em prisão preventiva, aparenta estar no centro do esquema. Eva Kaili reitera inocência através do advogado em Bruxelas.

Ao contrário do previsto, a ex-vice-presidente do Parlamento Europeu Eva Kaili só vai ser ouvida pelo magistrado encarregado do caso de subornos do Qatar na próxima semana, uma vez que os funcionários da prisão em que se encontra detida, Saint-Gilles, estão em greve, mas o seu advogado na Bélgica disse que a cliente "desconhecia a existência" do dinheiro encontrado nas buscas à sua casa.

Os outros suspeitos foram ouvidos, tendo sido determinada a prisão preventiva para o companheiro da eurodeputada grega Francesco Giorgi e ao antigo eurodeputado Pier Antonio Panzeri, enquanto o secretário-geral da ONG No Peace Without Justice, Niccolò Figà-Talamanca, ficou sujeito a prisão domiciliária com pulseira eletrónica.

Em declarações à AFP, o advogado André Risopoulos disse que o processo de Kaili foi separado dos restantes alegados cúmplices de um esquema de "organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção", e reiterou as declarações do seu colega em Atenas, Michalis Dimitrakopoulos, sobre a inocência da ex-pivô de noticiários, ao afirmar que esta ignorava a existência do dinheiro em sua casa.

Além de 600 mil euros encontrados na casa de Panzeri, mais de 900 mil euros foram apreendidos na residência de Kaili e no quarto de hotel onde estava hospedado o seu pai Alexandros, que foi detido e mais tarde libertado, tal como Luca Visentini, secretário-geral da Confederação Sindical Internacional.

Se em Bruxelas os belgas exultam com o procurador Michel Claise, retratado nos jornais como um humanista autor de livros policiais e conhecido no meio judicial como o Xerife, em Itália tentam ligar os pontos entre os vários italianos envolvidos no escândalo. No centro do mesmo aparenta estar Pier Antonio Panzeri, cuja mulher Maria Colleoni e a filha Silvia foram presas pela polícia italiana no âmbito das investigações. Na próxima semana terão de justificar os 17 mil euros em numerário encontrados na sua casa de forma a evitar a extradição para a Bélgica.

Segundo o pedido de extradição belga, a que teve acesso o Politico, as escutas a Panzeri permitiram aos investigadores afirmar que não só "parecem estar perfeitamente ao corrente das atividades" do marido e pai, atual presidente da ONG Fight Impunity, mas também "participam no transporte das ofertas", além de terem em seu uso o cartão de crédito de uma pessoa a quem chamam de "gigante".

O documento belga liga ainda o embaixador de Marrocos na Polónia, Abderrahim Atmoun, às ofertas concedidas à família Panzeri. O companheiro de Kaili, Giorgi, é secretário-geral da ONG de Panzeri e assessor do eurodeputado Andrea Cozzolino, também italiano.

César Avó | Diário de Notícias

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