segunda-feira, 15 de maio de 2023

PODE UM GIGANTE VIRAR?

Eunice Lourenço, editora de política | Expresso (curto)

Bom dia

Antes de mais, um convite: quarta-feira, 17 de maio, às 14h00, Junte-se à Conversa com David Dinis, Vítor Matos e Hugo Franco. Desta vez sobre "Para que servem as secretas?". Inscreva-se aqui

Quando estive na Turquia, em 2018, tive uma aula prática de desvalorização de moeda: quando cheguei, no início de agosto, com um euro comprava 5 garrafas de água; quando saí, uma semana depois, já comprava seis. Estava ainda muito no início uma crise económica, que se mantem até hoje, agravada e muito com a pandemia, que teve naturalmente um forte impacto num país onde o turismo é tão importante, e com os mais recentes sismos de março, que terão provocado mais de 50 mil mortos.

Muitos dos desalojados pelos sismos voltaram pela primeira vez aos seus locais de residência para votar este domingo, em que a participação eleitoral rondou os 90%. O descontentamento com a resposta de emergência e a situação económica, com uma forte desvalorização da lira turca, uma inflação que anda entre 10 e 20% em taxas anuais eram vistos como potenciadores de uma viragem na política turca. A viragem ficou, contudo, pelo menos adiada.

O Presidente, Recep Tayyip Erdogan, que está há 21 anos no poder, começou a noite eleitoral com forte vantagem, acabou por estar muito próximo da vitória à primeira volta, mas vai ter de ir a uma segunda volta, marcada para 28 de maio. Teve 49% dos votos, enquanto que o candidato da oposição, Kemal Kiliçdaroglu. teve 45% O mapa eleitoral mostra as diferenças do país: a oposição ganhou nas grandes cidades e na costa, enquanto Erdogan mantém o seu poder eleitoral nas províncias mais rurais. Erdogan terá, á partida, vantagem na segunda volta, uma vez que o terceiro candidato, agora excluído, Sinan Ogan, é um nacionalista de direita, pelo que os seus eleitores devem transferir-se para o atual Presidente.

Foi, contudo, uma noite de facas longas, com desconfianças sobre contagem de resultados e acusações de manipulação de sondagens e de previsões. A campanha segue dentro de momentos e no dia 28 haverá vencedor para a presidência desta potência regional, Já nas legislativas, o partido AKP de Erdogan e os seus aliados nacionalistas do MHP conseguiram a maioria absoluta, elegendo mais de 300 dos 600 deputados.

Outras Notícias

Visitas 1Roma, Berlim e Paris: Zelensky teve um fim-de-semana cheio, que incluiu um encontro com o Papa. E hoje já está em Londres, para um encontro com o primeiro-ministro Richi Sunak. O The Guardian avança que deve receber a garantia de que a Grã-Bretanha vai fornecer mais material militar à Ucrânia incluindo drones de longa distância, que podem atingir mais de 200 km, o que permite, por exemplo, operações na Crimeia. Da Alemanha, recebeu a promessa de um pacote de ajuda de 2,7 ,il milhões. E Macron prometeu mais tanques. Uma ronda europeia que pode acompanhar aqui.

Visitas 2. O primeiro-ministro, António Costa, parte esta segunda-feira para a Islândia, onde fica até quarta-feira. Começa com uma visita ao país a convite a primeira-ministra Katrín Jakobsdóttir e que terá uma forte componente na área da energia. Terça e quarta-feira, participa na IV Cimeira do Conselho da Europa, que tem na agenda a situação na Ucrânia, com enfoque na questão da responsabilização da Rússia pelos crimes cometidos na guerra.

Audições. Estamos a entrar numa semana quente na comissão de inquérito parlamentar (CPI) à TAP. O ex-adjunto do ministro das Infraestruturas, Frederico Pinheiro, e a chefe de gabinete, Eugénia Cabaço, vão ser ouvidos na quarta-feira, e o ministro João Galamba, está marcado para quinta, às 17h. Em entrevista ao Expresso, o socialista Jorge Seguro Sanches, que se demitiu da presidência da CPI, deixa recados ao ministro, ao Parlamento e às direções partidárias.

Escolhas. A primeira ronda para eleição do diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM) decorre esta segunda-feira e, como explica o Público, são necessários dois terços dos votos de 175 países. António Vitorino está confiante na reeleição para o cargo, mas, como o Expresso já tinha avançado, o resultado está tremido porque a Administração Biden decidiu avançar com uma candidatura alternativa de Amy Pope, o que gerou desconforto diplomático em Genebra, onde o que seria normal era a recondução de Vitorino para um segundo mandato.

Estudos. As empresas e o Estado devem dar atenção à intervenção na saúde mental de acordo com um estudo do Laboratório Português dos Ambientes de Trabalho Saudáveis, que aconselha o desenvolvimento de estratégias de gestão de conflitos e de formação na área da liderança. Segundo o estudo os trabalhadores em maior risco são os da saúde, educação e administração pública, seguindo-se os setores dos transportes, área social e comércio e retalho.

Festas. Benfiquistas ansiosos por festejos ainda preparam os cachecóis para uma ida ao Marquês de Pombal quando viram o Casa Pia a ganhar ao Porto nas Antas. Mas, na segunda parte, o FCP virou o jogo e adiou a festa vermelha. Será sábado, se o Famalicão der uma ajuda? Ou domingo, na casa do adversário de sempre?

Corridas. Foi como que uma final da Liga dos Campeões, pelo público e pelo entusiasmo, como que conta o Rui Cardoso. As classificativas de Paredes, Cabeceiras de Basto e Fafe permitiram a Kalle Rovanperä/Jonne Alttunen em Toyota limitar-se a gerir a vantagem, vencer a 56ª edição do Rali de Portugal e reforçar a liderança no Mundial de Ralis. Mas no último dia, ainda houve emoção nas Torrinheiras e minutos ganhos e perdidos entre suecos e britânicos.

Frases

“Os políticos têm todos medo da justiça. Esse é um dos grandes problemas em Portugal. É que quem não é independente em Portugal são os políticos. Têm medo de falar da justiça. (…) É em sede de Parlamento que deve haver a criação de condições para que a justiça possa ser escrutinada. A justiça não é autogoverno puro. Em Portugal, o Ministério Público é autogoverno. Então, isto é um problema de autogoverno. Portanto, isto está tudo errado.”

Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras, em entrevista ao Diário de Notícias

“A estabilização da inflação vai dar-nos um horizonte de maior previsibilidade que permita que o Governo possa olhar para o seu objetivo de valorização do peso de salários no PIB e, em 2024, tem de dar um passo em frente, em particular nos salários da função pública, porque me parece relevante.”

Eurico Brilhante Dias, líder parlamentar do PS, em entrevista ao Público

O que ando a ler

Da lama de Santiago ao entusiamo português no Panamá, passando pelo “chic a Valer” de Paris, Aura Miguel conta a história e várias histórias das Jornadas Mundiais da Juventude em “Um Longo Caminho até Lisboa”. Jornalista na Renascença, credenciada junto do Vaticano, Aura Miguel – de quem fui colega durante 13 anos e com quem acompanhei a Jornada de Madrid, em 2011 – esteve em todas as Jornadas Mundiais, exceto a de Buenos Aires, em 1987. E percorre esses encontros num livro naturalmente oportuno quando faltam menos de três meses para a Jornada Mundial da Juventude que vai decorrer em Lisboa de 1 a 6 de agosto. Além de Aura Miguel contar como viu cada encontro, o livro tem excertos do que mais importante foi dito pelos Papas e cronologias do que se passou no mundo, em Portugal e na Igreja entre Jornadas. E tem um prefácio do próprio Papa Francisco a apontar já para a JMJ de Lisboa.

Podcasts a não perder

Estamos sentados à espera que chova? Miguel Sousa Tavares critica a falta de resposta de Portugal para o problema da seca, que se agrava ano após ano. O "fascismo higiénico" das alterações à lei do tabaco e o rumo da CPI à TAP dominada por "Galambadas" são outros dos temas da semana em análise no podcast Miguel Sousa Tavares de Viva Voz. Ouça o episódio e fique a par da opinião do comentador.

Posso ir preso se não declarar a minha empregada doméstica? Agora, se tiver uma empregada doméstica, mesmo que a tempo parcial, e não a declarar à Segurança Social, é considerado crime. Saiba tudo sobre as novas regras com o podcast Economia dia a dia.

Daniel Oliveira conversa com Carolina Deslandes sobre as palavras que disse nas suas letras, as que voltaria a dizer e aquelas de que se arrepende. Já as que fazem parte de “Caos”, o novo álbum, refletem a pessoa complexa em que a cantora se tornou nos últimos cinco anos, a última vez que veio ao programa. Ouça o Alta Definição em podcast.

Tenha uma boa semana e mantenha-se sempre atualizado com o seu Expresso

LER O EXPRESSO

Sem comentários:

Mais lidas da semana