Joana Petiz | Diário de Notícias | opinião
Está explicado, caso encerrado. António Costa foi ver a bola a Budapeste porque a UEFA o convidou a assistir ao jogo. E sentou-se ao lado de Viktor Orbán por questões de protocolo. Qual é a questão? Bola é bola! Se calhar também estranhavam ver Costa abraçado a André Ventura a comemorar um golo do Benfica... francamente!
É verdade que o primeiro-ministro
se desviou do caminho e aproveitou o Falcon da Força Aérea em que seguia rumo à
Moldávia, aproveitando a boleia para assistir à final da Liga Europa, mas foi
um desvio pequeno - e até era
Até porque, cumprindo a máxima de que há sempre um português em toda parte, apesar de nem haver equipas lusas na final, sempre lá estavam Mourinho e Rui Patrício - era uma excelente oportunidade para lhes dar um abraço, pá. Não é que seja alta política, mas nos dias que correm cada voto conta. Ainda mais quando é no estrangeiro.
É certo que os socialistas estão
na fila da frente dos que se opõem às decisões tomadas pelo chefe do governo
húngaro sobre a própria Hungria, com António Costa a dirigir até uma carta em
que frontalmente critica a forma como o homólogo húngaro governa o seu país,
nomeadamente no que respeita à comunidade LGBTQI. Mas o que é que isso tem que
ver com bola? E não estando Costa e Orbán a torcer por nenhum dos finalistas,
era uma oportunidade excelente para ganhar um amigo que possa ajudar a cumprir
ambições políticas europeias. Isto, claro, a acreditar nas más línguas que leem
neste momento um piscar de olho de um primeiro-ministro português que já só
pensa
Até o Presidente já veio tentar esclarecer a coisa. "A Hungria é um estado da União Europeia. Orbán é um primeiro-ministro da UE. Podemos concordar ou discordar dele nas migrações, na política económica e social e em muita coisa, mas faz parte do grupo de países que são nossos aliados", disse Marcelo Rebelo de Sousa. Tudo verdade. O problema é que socialistas como Ana Gomes e até António Costa não concordam muito com esta leitura diplomática. Basta ver o tratamento que dão aos deputados do terceiro partido mais votado do país. Por outro lado, esconder durante tantos dias um desvio feito pelo mui nobre motivo de ir saudar um português que está longe da pátria até faz pensar que o primeiro-ministro tinha o rabo preso...
Mas agora Costa explicou tudo: foi à Hungria, porque o convidaram. Para ir a Pedrógão lembrar os mortos dos incêndios ninguém o convidou.
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