< Artur Queiroz*, Luanda >
Portugal democrático está em guerra com o Chega, exército do Portugal fascista, colonialista, racista e xenófobo. As tropas governamentais são comandadas pelo Tio Célito. Eu sou repórter metediço e cobri o acontecimento. Publiquei uma reportagem no “Bom Dia” da RTP, anunciando que os fascistas declararam unilateralmente o cessar-fogo. E soltei a bomba mediática. André Ventura enveredou pela paz porque o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa lhe prometeu casamento. Tive imenso sucesso.
Alguns dias depois fui ao Palácio de Belém cobrir uma actividade presidencial e, embora educadamente, convidaram-me a sair. Porquê? Estrebuchei. Berrei: Isto é um atentado à liberdade de imprensa! Mas gentilmente foi-me dito que produzi uma notícia falsa e por isso a minha presença era inaceitável
A RTP, canal púbico português de televisão, publicou uma reportagem sobre o cessar-fogo decretado unilateralmente em Cabinda pela UNITA B. Não meteram jindungo na caldeirada, por isso omitiram a parte em que esse gesto de boa vontade se deveu a uma promessa de casamento a Adalberto da Costa Júnior. Quando o chefe do Galo Negro foi ao Palácio da Cidade Alta encontrar-se com o Presidente João Lourenço, os repórteres da RTP foram delicadamente convidados a irem comer caldo verde e chouriço incendiado no bagaço.
Os Media da UNITA e seus soldados na guerra contra o regime democrático dizem que a Presidência da República deixou ficar na sala de imprensa “outros jornalistas, na sua maioria afectos ao regime”. Vou falar a sério. O Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social condenou a falsa reportagem exibida no programa “Bom Dia Portugal”, da RTP, que falava do cessar-fogo em Cabinda anunciado pela UNITA B.
Se em vez de paleio o ministério tivesse expulsado de Angola a RTP falsária, já não era necessário pôr os jornalistas, que nada têm a ver com o programa “Bom Dia Portugal”, a pagarem a factura da falsidade. Com a entrada cortada no Palácio da Cidade Alta, a RTP tem as portas abertas do antro dos sicários da UNITA.
Adalberto da Costa Júnior foi ao
Palácio da Cidade Alta falar com o Presidente João Lourenço. Reconheceu que é
preciso procurar “espaços de diálogo” dada a situação política
Sobre o pacote da legislação eleitoral, o líder do Galo Negro reconheceu que é possível, na Assembleia Nacional, “encontrar um consenso que traga à democracia, a pluralidade e a transparência das propostas eleitorais”. Finalmente alguém se lembrou que em Angola existe a Assembleia Nacional, sede do Poder Legislativo. Casa das Leis.
Claro que os sicários da UNITA nisto de legislar têm uma palavra a dizer. O Luaty Beirão nem se fala. Entre uma bazaruta e um alto snif, o Brigadeiro Mata Frakus legisla à ganância! Sem o parecer e a opinião da Cesaltina Abreu, não há lei que vá lá das pernas. A Ordem dos Advogados tem o monopólio de legislar. Os antigos bastonários são o estádio supremo da sabedoria legislativa. Estamos alvos.
Isabel dos Santos foi exonerada do conselho de administração da Sonangol em Novembro de 2017. Desde então os Media são inundados de notícias sobre ela. Até o ministro das relações exteriores britânico meteu as mãos na massa. Todos os seus bens caíram na esfera da “recuperação de activos”. Muitos foram vendidos. Outros estão a ser exauridos. Outros falidos. E quando é preciso desviar as atenções, lá vem a empresária à baila.
O processo judicial contra Isabel dos Santos chegou fao Tribunal Supremo, oito anos depois. A instrução contraditória está marcada para o dia 22 de Maio. O Ministério Público faz à empresária a acusação encomendada e para todo o serviço no combate à corrupção: “Peculato, burla qualificada, abuso de poder, abuso de confiança, falsificação de documentos, associação criminosa, participação económica em negócio, tráfico de influências, branqueamento de capitais, fraude fiscal, e fraude fiscal qualificada”.
Os Generais Kopeplipa e Dino levaram com o mesmo tempero. Mas há algo de novo! Neste julgamento a juíza presidente do colectivo quer saber por que razão, os fiéis depositários dos bens apreendidos os venderam ou ocuparam. Grande maka! Isto ainda acaba mal e o Presidente João Lourenço vai ter muita sarna para se coçar, quando o seu reinado chegar ao fim e já não for fonte de todas as maravilhas que acontecem em Angola.
Um escriba da UNITA decidiu enganar os jovens e escreveu no portal do Galo Negro (Club K) que a Jamba era um paraíso e não o inferno de que se fala. E dá exemplos. Na Jamba não existiam meninos de rua, diz o artista. Pois não. O Savimbi atirava com as crianças para as fogueiras. Na Jamba, “capital das terras livres de Angola” não existiam crianças fora do sistema de ensino diz o escriba. Na Jamba os serviços de saúde eram uma maravilha, não existiam surtos de cólera, acrescenta. Nem existiam engarrafamentos de trânsito. Graças ao sinaleiro!
Típico dos sicários da UNITA. Confundem tudo. Mas este foi demasiado longe. Comparar um acampamento militar, mantido pela Casa dos Brancos e os racistas de Pretória, com um país, é o fim da macacada! O acampamento militar tinha a população de uma comuna média do Cuando Cubango. O município do Rivungo, que integra a comuna da Luiana, tem pouco mais de 50.000 habitantes. Comparar um acampamento militar com um país, só mesmo na cabeça de um galo louco. A manipulação e as falsas notícias atingiram um nível assustador.
Pessoa próxima e amiga, diz-me que ignorei o facto de José Eduardo dos Santo não ter vencido à primeira volta, as eleições presidenciais de 1992. Uma tonta sedenta de dinheiro dos diamantes de sangue escreveu no Novo Jornal que foi um “cartão amarelo” ao Presidente de Angola. Tantos anos depois, até os meus amigos preferem a matumbice.
O candidato José Eduardo dos Santos teve 49,56 por centro dos votos (1.953.335 de eleitores). O terceiro candidato mais votado foi António Alberto Neto que registou 2,16 por cento ou 85.246 votos. Acontece que este candidato beneficiou da iliteracia. Os votantes viram nele o Presidente Agostinho Neto e votaram. São votos no líder do MPLA. Se transferirem estes votos para José Eduardo dos Santos vão ver que a sua votação fica igual à do MPLA, o seu partido.
* Jornalista
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