"Racistas, fascistas, não passarão", ouviu-se no protesto de Lisboa na tarde deste sábado. Grupo acabou por ser escoltado pela PSP.
Um grupo de representantes do
Chega foi recebido com insultos na manifestação da habitação a decorrer, na
tarde deste sábado,
"Racistas, fascistas, não passarão", ouviu-se no protesto quando os manifestantes se aperceberam da presença dos deputados Rui Paulo Sousa, Filipe Melo e Jorge Galveias.
Os manifestantes juntaram-se em torno dos deputados, o que levou a equipa de intervenção rápida da PSP a rodear os parlamentares, que após alguns minutos acabaram por ser escoltados para fora do local da manifestação.
"Estamos a ser agredidos em plena manifestação", queixaram-se. "Estamos num país livre. Se acham que somos fascistas é um problema deles", acrescentou Rui Paulo Sousa.
Nas redes sociais, o Chega reagiu ao incidente dizendo: "Parece que para a extrema-esquerda a democracia é isto, não é muito diferente do que acontecia no tempo da Outra Senhora. Quem são afinal os fascistas que não respeitam os outros?"
Inicialmente, o deputado Filipe Melo disse, em declarações aos jornalistas, que a comitiva do Chega não ia abandonar o local da manifestação, "porque as ruas não são da esquerda, são dos portugueses", mas os parlamentares acabaram por não participar no protesto, e subiram a Alameda D. Afonso Henriques dentro de um 'cordão' constituído por vários elementos da PSP.
"Decidimos abandonar a manifestação a pedido das forças de segurança e respeitando o trabalho que estão a fazer, porque caso contrário não o faríamos", justificou Filipe Melo.
Filipe Melo disse aos jornalistas que os deputados do Chega se tinham juntado à manifestação por entenderem que "a habitação é um direito de todos, não é um direito da extrema-esquerda".
"Infelizmente, é esta a democracia que estas pessoas tanto apregoam? É que se é isto a democracia, então estamos na democracia errada. Todos têm o direito de se manifestar, seja de esquerda, seja de centro, seja de direita, nós compreendemos as reivindicações deles todos, associamo-nos a essas reivindicações, a essas manifestações, estamos solidários com elas. Agora, não podemos é compactuar com agressões e insultos", afirmou.
Representantes de outros partidos marcam presença na manifestação de Lisboa, um das que acontecem este sábado um pouco por todo o país. O protesto, em que participam milhares de pessoas, é organizado por movimentos não partidários, que visam pedir ao Governo que assuma medidas que evitem subidas de preços das casas.
Os protestos começaram de manhã no Barreiro, Beja, Évora, Portalegre e Tavira.
Da parte da tarde, além de Lisboa, há manifestações no Porto, Aveiro, Braga, Coimbra, Covilhã, Guimarães, Lagos, Leiria, Portimão, Viseu, Samora Correia e Alcácer do Sal.
Em Lisboa, também uma imobiliária foi vandalizada.
"Estamos com medo do despejo a qualquer momento", afirma, preocupada Alcina Lourenço, 49 anos, uma moradora de Lisboa afetada pela crise habitacional. Da noite para o dia, viu a sua renda multiplicada por 20, passando de 30 para 600 euros. Incapaz de arcar com a nova despesa, vai deixar o apartamento do centro de Lisboa onde vive desde os seis anos.
"Não sei para onde ir", lamenta Alcina, que cuida do pai de 89 anos, que se desloca numa cadeira de rodas, e do marido, 61 anos, que faz tratamento contra o cancro.
No Porto, pelo menos oito mil pessoas ocuparam, segundo a PSP, toda a extensão da rua de Santa Catarina, manifestando-se pelo direito à habitação enquanto os turistas observavam a marcha.
Palavras de ordem como "Paz, Pão, Saúde, Habitação", "A Habitação é um direito, sem ela nada feito", "A casa é para morar, não é para especular", "Para os bancos vão milhões, para nós vêm tostões", "Nem gente sem casa, nem casa sem gente" foram das mais entoadas pelos milhares de manifestantes.
Diário de Notícias com Lusa e AFP
Imagem: PSP escolta elementos do Chega que foram expulsos de integrarem a manifestação / Lusa, António Pedro dos Santos
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