segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

OS EUA PODEM SER OS MAIORES PERDEDORES NA GUERRA CONTRA A RÚSSIA

Um insight inesperado (para a elite): os EUA podem ser os maiores perdedores na guerra contra a Rússia

Para onde vai a Europa na sequência das alegações do Nord Stream? É difícil ver uma Europa dominada pela Alemanha divergindo para longe de Washington.

Alastair Crooke* | Strategic Culture Foundation | # Traduzido em português do Brasil

“A OTAN nunca foi tão forte; A Rússia é um pária global; e o mundo continua inspirado pela bravura e resiliência ucranianas; em resumo, a Rússia perdeu, a Rússia perdeu estratégica, operacional e taticamente – e eles estão pagando um preço enorme no campo de batalha”.

Ele, (General Mark Milley, Chefe do Estado-Maior da Defesa dos EUA) não acredita em uma palavra disso. Sabemos que ele não acredita porque, há dois meses, disse exatamente o contrário – até ser repreendido pela Casa Branca por se desviar da mensagem de Joe Biden. Agora ele está de volta, jogando no 'Team'.

Zelensky provavelmente também não acredita na palavra da recente promessa europeia de tanques e aeronaves – e ele sabe que é principalmente uma quimera. Mas ele joga no Team. Alguns tanques extras não farão diferença no terreno, e sua quinta mobilização está sendo resistida em casa. Os militares europeus estão esperando este episódio, seus arsenais rodando no 'tanque de reserva'.

Zelensky diz repetidamente que deve ter tanques e aviões até agosto para ensacar suas defesas sangrentas. Mas, contraditoriamente, Zelensky é avisado , é crítico; “conseguir ganhos significativos no campo de batalha” agora – pois é a “visão muito forte” do governo que será mais difícil depois disso obter apoio do Congresso (ou seja, agosto já passou da hora; será tarde demais).

Claramente, os EUA estão preparando o terreno para um 'Anúncio da Vitória' na primavera – como os comentários ilusórios de Milley prenunciam – e um pivô – apenas um pouco antes do início do calendário das Eleições Presidenciais dos EUA.

Uganda apenas condenou agenda LGBT do Ocidente e redobrou os laços com a Rússia

Poucos países em todo o mundo desafiaram tão abertamente a pressão ocidental como Uganda fez neste fim de semana.

Andrew Korybko* | Substack | # Traduzido em português do Brasil

O Bilhão de Ouro do Ocidente liderado pelos EUA deve estar chocado com Uganda flexionando sua soberania depois que seu presidente condenou sua agenda LGBT e seu ministro das Relações Exteriores dobrou os laços com a Rússia. Os primeiros declararam que “não respeitam a opinião alheia e querem transformar o anormal em normal e impô-lo aos outros. Não concordaremos”, enquanto o segundo dizia que “Agora os colonizadores nos pedem para sermos inimigos da Rússia, que nunca nos colonizou; Isto é Justo? Não é."

Em relação à agenda LGBT, todas as suas expressões públicas foram recentemente proibidas na Rússia, que considera a imposição agressiva do Bilhão de Ouro de relações sexuais não tradicionais (especialmente aquelas que são impostas às crianças) um vírus ideológico destinado a destruir as sociedades tradicionais. Quanto à pressão sobre terceiros países para despejar seus próprios, o Kremlin está confiante de que isso falhará na África, uma vez que seu amplo apoio a seus interesses objetivos o torna um parceiro importante demais para ser abandonado.

Seja como for, poucos países em todo o mundo desafiaram tão abertamente a pressão ocidental como Uganda fez neste fim de semana. O presidente Museveni já provou que tem um profundo entendimento da transição sistêmica global para a multipolaridade depois de receber o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Lavrov, no verão passado, mas agora ele mostrou que também entende profundamente suas dimensões ideológicas e estratégicas na Nova Guerra Fria, juntamente com suas implicações econômicas e políticas. uns.

Rejeitar a imposição externa extremamente agressiva de “valores” civilizacionalmente diferentes como a agenda LGBT na sociedade de seu país preserva seus valores tradicionais, enquanto ter seu ministro das Relações Exteriores dobrando os laços com a Rússia fortalece a soberania de Uganda. Estes se combinam para fortalecer sua “Segurança Democrática”, que se refere à ampla gama de táticas e estratégias contra-Guerra Híbrida para defender modelos nacionais de democracia de ameaças externamente exacerbadas de dividir para reinar.

Como em todos os países, Uganda tem suas próprias ameaças de Guerra Híbrida, que podem ser ainda mais agudas por respostas potencialmente desajeitadas para frustrá-las. No entanto, ao proteger os valores tradicionais e recusar-se a subordinar-se voluntariamente como um vassalo ocidental, Uganda está orgulhosamente flexionando sua soberania de maneiras que o Golden Billion não esperava, considerando sua “parceria júnior” anterior com ele. Essa observação mostra que mesmo os antigos parceiros do Ocidente estão recalibrando suas políticas.

O 4F EM CUBA E NA VENEZUELA NA VANGUARDA DA EMERGÊNCIA MULTILATERAL

A MARCA INDELEVEL DOS QUATRO 4F

Martinho Júnior, Luanda

Os três 4F de que me debrucei no escrito anterior, são marcas indeléveis na história do Sul Global, mas há um quarto 4F ainda a evocar, a sublinhar e a colocar no lugar devido na longa marcha dos povos em busca de dignidade: o 4 de Fevereiro de 1962, quando em discurso o Comandante Fidel de Castro apresentou a todos os povos do mundo, em plena Praça da Revolução, a Segunda Declaração de Havana!

Se no primeiro 4F, o de 1794 no Haiti, está implícita a libertação da escravatura, o de 1961 em Angola está implícita a libertação do colonialismo, o de 1962 em Cuba está implícita a libertação do imperialismo seguindo uma via socialista e por fim, o de 1992 na Venezuela está implícita a libertação do neoliberalismo, enquanto produto refinado do neocolonialismo e do imperialismo!

Em todos os casos, as datas tornaram-se percussoras de princípios e se algumas delas foram derrotas táticas, casos do 4 de Fevereiro de 1961 em Angola e do 4 de Fevereiro de 1992 na Venezuela, nem por isso a energia humana que elas emanavam deixou de se tornar imprescindível para grandes vitórias estratégicas dos povos que desde logo se propunham nos seus horizontes temporais.

No caso do Haiti a declaração do fim da escravatura feita na Convenção Nacional em época da Revolução Francesa, abriu caminho à Revolução do Haiti para, em função dela, chegar dez anos depois à autodeterminação, à independência e à soberania do estado que só foi possível porque de armas na mão os escravos rebeldes venceram sucessivamente os exércitos de três dos mais poderosos opressores coloniais da época: o britânico, o francês (Napoleão) e o espanhol.

No caso de Cuba, o 4 de Fevereiro de 1992 é por si uma vitória ideológica estratégica num horizonte temporal que acabou por irromper pelo século XXI adentro, como resposta à expulsão da Revolução Cubana da Organização dos Estados Americanos, OEA, 

O sentido das quatro memórias, completa-se numa mesma trincheira comum abrangente em todo o Sul Global, mas a de 1962 em Cuba e a de 1992 na Venezuela, trinta anos a separar entre si, merecem a abordagem mais atenta e actualizada por que a luta dos povos oprimidos não terminou com o fim da escravatura, nem com o fim do colonialismo (em Porto Rico e no Sahara a situação é colonial), nem com o fim do “apartheid” sul-africano na África Austral (outros “apartheids” estão em curso recaindo sobre a Palestina e sobre a Rússia)! 

Escravatura, colonialismo e “apartheid” são subprodutos do génio maior do imperialismo e os factos demonstram-no: o império consumado em hegemonia unipolar empertigou-se ainda mais no momento em que em função da ganância da aristocracia financeira mundial e das oligarquias avassaladas, se esgota em meio ano aquilo que a Mãe Terra só consegue repor num ano e isso quando a humanidade alcançou mais de 7 mil milhões de seres vivos!

O império da hegemonia unipolar tornou-se na mais irracional, perversa, extensiva e opressiva barbaridade de todos os impérios conhecidos e é o império da hegemonia unipolar que pode ir buscar essas velhas receitas, guardadas nos baús de sua pirataria genocida, para engrossar seus recursos nazis da actualidade!

Brasil na OTAN? Ministro das Relações Exteriores diz que há ‘impossibilidade’

Sputnik – O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, respondeu a questionamentos neste sábado (18) sobre a eventual participação do Brasil na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) durante a Conferência de Segurança de Munique.

Conforme informou o portal Metrópoles, o chanceler brasileiro foi categórico ao ser questionado sobre a possibilidade de o país ingressar na OTAN: “não”.

Bronwen Maddox, diretora-geral do think tank Chatham House — Instituto Real de Relações Internacionais, foi quem questionou o ministro sobre a relação entre o país e o bloco atlântico. Ao ouvir a negativa, a Maddox perguntou a motivação.

Vieira, então, citou que há uma “impossibilidade” geográfica para a adesão.

Panorama internacional

‘Não vejo Biden desejoso de Lula como comandante’ das negociações de paz na Ucrânia, afirma analista

Enquanto os países da OTAN defendem um incremento exponencial de armamentos para a Ucrânia, o Brasil tem pregado a negociação da paz através da criação de um grupo de países que possa mediar o conflito.

Mesmo pressionado pelo Ocidente a enviar armamentos e munições, Brasília mantém a posição neutra. Em encontro com o presidente dos EUA, Joe Biden, em Washington, o mandatário brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reforçou a postura.

A posição do Brasil é a mesma de outros países da América Latina, inclusive da Colômbia, que é oficialmente “parceira global” da OTAN.

* Texto republicado em Pátria Latina

Imagem: ©Folhapress / Ton Molina

O BRASIL DIANTE DA DISPUTA EUA - CHINA

Encontro de Lula e Biden mostrou-se infrutífero. Agora, o presidente viajará a Pequim: mais que relações comerciais vantajosas, o que está em jogo são as novas bases para a cooperação Sul-Sul. E Washington, decadente, já não tem muito a oferecer…

Diego Pautasso* | Outras Palavras | # Publicado em português do Brasil

Introdução

Lula se encontra não apenas diante do imperativo da reconstrução nacional, mas de retomar o protagonismo internacional do Brasil. Esse desafio se torna particularmente complexo tendo em vista a transição sistêmica e a crescente competição sino-estadunidense.

1. Notas sobre a visita aos EUA

No dia 10 de fevereiro, o presidente Lula visitou Joe Biden, chefe de Estado dos EUA. Na delegação brasileira, além do presidente, foram a Washington os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente), Anielle Franco (Igualdade Racial), o Assessor Especial, embaixador Celso Amorim, o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento Econômico e Comércio, Márcio Elias Rosa, e o senador Jaques Wagner.

Antes do encontro com o presidente Biden, Lula concedeu entrevista exclusiva a Christiane Amanpour, da rede CNN. Nela, abordou temas diversos, tais como os ataques à democracia no Brasil, o papel dos militares na política, os processos contra o ex-presidente Bolsonaro, a guerra na Ucrânia, a polarização política e a força da extrema direita, bem como temáticas ambientais.

A questão democrática certamente foi um ponto que aproximou os dois presidentes. Os episódios golpistas do 8 de Janeiro em Brasília e os paralelos com o processo que culminou com a invasão do Capitólio em Washington, em 2021, revelaram a necessidade recíproca de isolar a extrema direita. Lula, apesar do grande apoio nos círculos internacionais de poder, precisa fortalecer sua legitimidade interna, dado que boa parte do empresariado e das classes médias são fortemente anti-lulistas, e ter força para enfrentar a oposição bolsonarista no Parlamento.

Contudo, há divergências nessa agenda democrática. Biden organizou uma Cúpula pela Democracia, em dezembro de 2021, dirigindo seu discurso contra países não-alinhados, notadamente China, Rússia, Irã e Venezuela. Já Lula, apesar do interesse na frente democrática voltada contra a ascensão da extrema-direita, segue seu pragmatismo e o princípio de não intervenção em assuntos domésticos. Não apenas isso, Lula demonstrou não aderir à linha de tentar isolar Venezuela e Cuba e ainda se opõem às sanções estadunidenses como forma de lidar com estes países.

Além da democracia, o encontro trouxe ainda outros temas para a agenda bilateral, tais como as questões ambientais, em especial a questão climática; de investimentos produtivos, sobretudo em energia limpa; e de direitos humanos, em particular no combate à pobreza e ao racismo. Na Declaração Conjunta, entre outros indicativos, “se comprometeram a revitalizar o Plano de Ação Conjunta Brasil-EUA para a Eliminação da Discriminação Racial e Étnica”; “reconhecem o papel de liderança que o Brasil e os EUA podem desempenhar por meio da cooperação bilateral e multilateral, inclusive sob a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e o Acordo de Paris”; e decidiram discutir “o combate ao desmatamento e à degradação, o fortalecimento da bioeconomia, da implantação de energia limpa, das ações de adaptação e a promoção de práticas agrícolas de baixo carbono”1.

O presidente Lula disse ainda que o presidente Joe Biden se dispôs a participar do Fundo Amazônia com valor estimado em US$ 50 milhões. O fundo, criado há 15 anos para financiar ações de redução de emissões provenientes da degradação florestal e do desmatamento na Amazônia, conta com doações internacionais e já recebeu recursos da Noruega e Alemanha. Lula deixou claro, porém, ao falar com a imprensa na frente da Casa Branca, residência oficial do governo norte-americano, que não quer “transformar a Amazônia em um santuário da humanidade” nem abrir mão da soberania brasileira sobre a região.

Lula disse ainda que o Brasil se auto-marginalizou nos últimos quatro anos, pois Jair Bolsonaro “não gostava de manter relações com nenhum país” e “menosprezava relações internacionais”. Segundo Lula, Bolsonaro é uma cópia fiel [de Trump]. Não gosta de sindicatos, não gosta de trabalhador, não gosta de mulheres, não gosta de negros, não gosta de conversar com empresários, não gosta de falar com a imprensa”2. Ao término da fala de Lula, Biden sorriu e disse ser muito familiar – em alusão ao modo de fazer política de seu antecessor.

O pragmatismo e experiência de Lula juntos não permitiram que Biden pautasse a reunião. O atual presidente estadunidense pressionou para que o Brasil tomasse partido ao lado de Zelenski na Guerra na Ucrânia. Contudo, o presidente Lula já havia negado o envolvimento no conflito na reunião com o presidente francês, Emmanuel Macron, e com o chanceler alemão, Olaf Scholz, na semana passada, em visita recente a Brasília. Lula não apenas rejeitou em ambos os casos, como seu intento de criar um grupo de países para buscar a paz. O presidente brasileiro deixou claro em coletiva à imprensa que não vai aderir a uma Nova Guerra Fria – e inclusive já marcou visita à China.

Lula também se encontrou com os deputados democratas Pramila Jayapal (Washington), Alexandria Ocasio-Cortez (Nova York) e Sheila Jackson Lee (Nova York) na Blair House e, ainda, o senador Sanders, do Partido Democrata. Sanders e Lula destacaram o imperativo de fortalecer as bases da democracia, com destaque para os riscos da desinformação. Tanto Trump quanto Bolsonaro basearam suas atuações políticas na disseminação de fake news e no enfraquecimento das instituições estatais.

O que se observa claramente é que os EUA estão disputando a posição internacional do Brasil agora com o novo governo Lula. É sabido que a influência brasileira é expressiva em toda a região sul-americana e que a atual diplomacia brasileira deve convergir com os movimentos internacionais voltados ao fortalecimento da ordem multipolar. Para Lula, não se tratava de obter grandes conquistas dos EUA – que estes parecem sem condições de ofertar, como ficou claro. O objetivo é estabelecer um bom canal de diálogo e evitar que os EUA se transformem num empecilho à movimentação global da diplomacia brasileira.

Angola | O CORPO INERTE E A BANDEIRA DA LIBERTAÇÃO


Artur Queiroz*, Luanda

“Hoje África é como um corpo inerte, onde cada abutre vem debicar o seu pedaço”. Estas palavras são de Agostinho Neto. Para acabar com o festim, o MPLA e seu líder assumiram a caça aos abutres do colonialismo português e seus mentores no topo dos quais se situava o estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA). Derrotados os ocupantes (esclavagistas e genocidas), proclamada a Independência Nacional a luta continuou até ao esmagamento do regime racista de Pretória, guardião dos interesses de todas as aves der rapina ocidentais, nomeadamente Reino Unido, França Alemanha e Estados Unidos da América.

A libertação só não veio mais cedo porque a serpente colonialista, esclavagista e genocida, pôs em Angola os ovos da traição. Surgiram organizações que em nome da luta pela liberdade, lutavam contra a independência. Nacionalismo ancorado em regionalismo e tribalismo abafou o patriotismo. Quase mataram a Pátria Angolana. O resultado da Grande Insurreição, em 15 de Março de 1961, é o exemplo mais gritante dessa realidade. 

Na linha entre o Bindo (Cuanza Norte) e o Quitexe (Uíge) estavam as principais roças de café do Norte de Angola, juntamente com o Vale do Loge. Foi nesta região que os guerreiros da UPA atacaram em força. Mas como não estavam imbuídos de um espírito patriótico, fracassaram rotundamente. Ficaram pelos massacres e foram massacrados. Politicamente a Grande Insurreição foi um fracasso. Desde então, a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) herdeira da UPA e da União dos Povos do Norte de Angola foi de derrota em derrota até à insignificância política e eleitoral. Procurem a resposta no “nacional”. 

A libertação do Norte de Angola só ficou concluída depois da Independência Nacional, no ano de 1978, 17 longos anos depois da Grande Insurreição. O nacionalismo é conservador, reaccionário e muito volúvel. Dá para todos os lados inclusive servir os abutres que debicam o seu pedaço no corpo inerte de África.

O MPLA não tem “N” na sua sigla. Os seus fundadores não caíram na armadilha do nacionalismo reaccionário e retrógrado, apesar do movimento ter congregado pequenas organizações nacionalistas que já existiam antes de 10 de Dezembro de 1956. Nasceu como Movimento Popular de Libertação de Angola. Cresceu e triunfou como libertador de África. E libertou a honra da Humanidade desse crime hediondo que foi o regime de apartheid de Pretória até à vitória das FAPLA na Batalha do Cuito Cuanavale, Triângulo do Tumpo. 

A direcção do MPLA decidiu abrir a Frente Leste após consolidar a guerrilha na Frente Norte. Esta decisão deu tal amplitude à luta armada de libertação nacional que o colonialismo pouco tempo mais podia resistir. Um povo que se levanta em armas do Maiombe ao Ninda só pode triunfar. Perguntem ao Comandante José Condesse de Carvalho (Toka) o que foi a Rota Agostinho Neto. Como foi possível, em dois anos, obrigar os colonialistas a despacharem para a Zona Militar Leste milhares de homens, inclusive Flechas da PIDE, tropas especiais (Lungué Bungo) e força aérea em Saurimo, Luena, Cangamba, Cazombo e Lumbala Nguimbo (Gago Coutinho).

Entre o Maiombe e o Ninda estava Luanda. As células clandestinas multiplicaram-se sobretudo entre a juventude estudantil. A guerrilha da Frente Leste estava a criar condições para levar a luta armada ao distrito de Malange e ao Planalto Central. À boleia do caminho-de-ferro era atingida a capital do Cuanza Norte, Ndalatando, e a capital de Angola! E sobretudo a frente para o mar no Lobito. A revolução ia chegar de comboio! 

Angola | PRESIDENTE CHEGA A LUANDA PROVENIENTE DE ADIS ABEBA

O Presidente da República, João Lourenço, regressou ao país, domingo, proveniente de Addis Abeba, Etiópia, onde participou na 36ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA).

No Aeroporto Internacional "4 de Fevereiro”, o Chefe de Estado angolano, acompanhado da Primeira-Dama, Ana Dias Lourenço, recebeu cumprimentos de boas-vindas da Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, e de altos funcionários do Executivo.

Em Addis Abeba, a agenda do Presidente João Lourenço incluiu uma intensa actividade diplomática à margem da 36ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da UA, que decorreu sábado e domingo.

As audiências tiveram como foco, fundamentalmente, a abordagem de temas ligados à paz em África, bem como outros sobre a política e a diplomacia internacional. 

A 36ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da UA teve como um dos pontos principais da agenda a implementação do Acordo da Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA).

Na Cimeira estiveram em destaque aspectos ligados à segurança no continente e à aplicação da Agenda 2063. Este ano, a Cimeira decorreu sob o lema "Acelerar a Implementação da Zona de Comércio Livre Continental Africana”.

Jornal de Angola | © Fotografia por: Manuel Kindala| Edições de Novembro

Angola | Adiós Nonino e a Invenção do Amor – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O amor é uma invenção por isso é urgente reinventá-lo porque aquele que está inventado já não responde. Jaz morto e arrefece como o menino de sua mãe que morreu mas matas dos Dembos, Uíje, Zaire e Cabinda. Nas savanas e matas do Leste. Nas cidades vilas e sanzalas da paz. O poeta Daniel Filipe sobre este negócio escreveu estas palavras inapagáveis nem por mialas, terramotos e ventos invernais:

“Em letras enormes do tamanho/do medo da solidão da angústia/um cartaz denuncia que um homem e uma mulher/se encontraram num bar de hotel/numa tarde de chuva/entre zunidos de conversa/e inventaram o amor com carácter de urgência/deixando cair dos ombros/ o fardo incómodo da monotonia quotidiana”. É isso. Inventemos o amor neste país que esmaga quem ousou lutar pela liberdade. Nesta pátria que era sonora e agora murmura aos seus filhos segredos em surdina não vá o mobutismo espirrar mais sangue e erguer novas prisões. 

Inventemos o amor com carácter der urgência. Sabem o que era Angola quando os nossos Heróis se ergueram em armas contra o colonialismo, o imperialismo, o racismo e o tribalismo? Tomem notas, por favor. Ensino no 4 de Fevereiro 1961, há apenas 62 anos era assim: 

Dois sectores, um para brancos e assimilados o outro para indígenas. Dois graus, o primário e o secundário. O primário era para brancos e assimilados. Tinha em toda a Angola 300 escolas e 15.403 alunos.

Ainda no ensino primário existia o Ensino Elementar Profissional com 60 escolas e 3.944 alunos. Para formar professores existia a Escola do Magistério do Cuima com 150 alunos. Os negros tinham direito ao Ensino Rudimentar para Indígenas a cargo das Missões Católicas Portuguesas com 500 escolas para 17.114 alunos. Total da População Escolar no Ensino Primário em 1961, ano do 4 de Fevereiro: 36.661 alunos.

Vamos ao Secundário. Tinha o Ensino Liceal com duas escolas do Estado: Liceu Nacional de Salvador Correia (Luanda) e Liceu Nacional de Diogo Cão em Sá da Bandeira (Lubango). Mais 19 escolas secundárias particulares. Eu frequentava o Colégio Padre Américo no Uíje, mais tarde absorvido pelo Colégio Santa Teresinha porque o director, Padre Antunes, foi acusado de abusar de uma menina e o pai, administrador do Kimbele, queria matá-lo! Um dia vou contar-vos esta história digna de um filme. Mas o actor principal tem que ser o General Foge a Tempo.

Total de alunos no ensino secundário: 3.174 alunos.

Exercícios navais China, Rússia e África do Sul para proteger o transporte marítimo

China anuncia exercícios navais conjuntos com a Rússia e a África do Sul para proteger o transporte marítimo e as atividades econômicas marítimas

Liu Xuanzun | Global Times | # Traduzido em português do Brasil

O Ministério da Defesa da China anunciou no domingo que o segundo exercício naval conjunto entre China, Rússia e África do Sul será realizado de segunda a 27 de fevereiro, com o objetivo de salvaguardar o transporte marítimo e as atividades econômicas marítimas em meio aos intensos esforços do Exército Popular de Libertação da China (PLA). para restaurar o intercâmbio e a cooperação com países estrangeiros, inclusive abrindo um contratorpedeiro ao público em uma exposição internacional em Abu Dhabi, depois que tais interações foram prejudicadas pela pandemia nos últimos anos.
 
Em meio aos exageros dos países ocidentais que afirmam que tal exercício é "controverso", analistas chineses enfatizaram que a China tem seu livre arbítrio para realizar exercícios conjuntos com quaisquer países amigos e que o exercício contribuirá para a paz e a estabilidade na região e a proteção de rotas marítimas para navios comerciais e não está relacionada a conflitos ou tensões em outras partes do mundo.

De acordo com os acordos alcançados pela China, Rússia e África do Sul, as marinhas dos três países iniciarão seu segundo exercício naval conjunto em regiões marítimas e aéreas a leste de Durban, na África do Sul, e Richards Bay, de 20 a 27 de fevereiro, informou o Ministério da Defesa Nacional da China Defesa disse em um comunicado de imprensa no domingo.
 
O tema deste exercício é uma operação de segurança conjunta na salvaguarda do transporte marítimo e das atividades económicas marítimas, disse o ministério.

ANTI-CHINA | A máquina de guerra da OTAN sustenta a vida de uma guerra após a outra

Global Times | opinião | # Traduzido em português do Brasil

Já faz quase um ano desde o início do conflito Rússia-Ucrânia. A OTAN liderada pelos EUA ainda está atolada no conflito que ela mesma criou. No entanto, já pensou em outro.

Na Conferência
de Segurança de Munique (MSC), no sábado, o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, expressou ansiedade, ligando o conflito em curso Rússia-Ucrânia à China. "O que está acontecendo na Europa hoje", alertou, "pode ​​acontecer na Ásia amanhã", o que muitos acreditam ser um indício de preocupação com uma guerra na ilha de Taiwan.

Stoltenberg disse o que estava na cabeça dos EUA. Como um capanga político dos EUA, a OTAN realiza a vontade dos EUA. Também na conferência, a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, afirmou que o apoio da China à Rússia no conflito recompensaria a agressão. Obviamente, Washington não apenas tenta drenar o valor geopolítico da crise na Ucrânia, mas também chama os brancos e negros para colocar a culpa na China. A OTAN e os EUA dançam no mesmo tom para fortalecer a chamada ameaça da Rússia e da China, em uma tentativa de fazer os estados membros da OTAN acreditarem que apenas os EUA podem fornecer-lhes um guarda-chuva de segurança. Sequestrar a segurança dos estados membros da OTAN sempre foi o objetivo do secretário-geral dos EUA e da OTAN.    

A única ferramenta que uma máquina de guerra sustenta sua vida é a guerra. Stoltenberg considera o MSC uma plataforma para atiçar as chamas. No aniversário de um ano do conflito Rússia-Ucrânia, não há sinais de relaxamento no campo de batalha. Stoltenberg indicou que o risco de uma escalada do conflito na Ucrânia é incomparável com o perigo que poderia surgir no caso de uma vitória russa. 

Obviamente, a OTAN acha desnecessário esconder sua essência como origem da guerra. Como produto da Guerra Fria, deveria estar descansando nas cinzas da história, mas agora transfunde o sangue do medo que cria em solo europeu. Ao mesmo tempo, está exacerbando a ansiedade na Ásia em preparação para outra guerra. A OTAN está em guerra ou a caminho de estar em guerra.

Song Zhongping
, um especialista militar chinês e comentarista de TV, disse ao Global Times que os EUA esperam que a OTAN possa estender sua presença em todo o mundo, e não apenas permanecer uma organização militar transatlântica. Portanto, os EUA devem continuar promovendo ameaças externas, unir os Estados membros cujos interesses nem sempre se alinham e fazê-los gastar mais em seu orçamento militar. Na quarta-feira, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disse na sede da OTAN em Bruxelas que os países da OTAN concordarão com uma nova promessa neste verão de aumentar os gastos com defesa acima de sua meta anterior.

"O objetivo dos EUA é controlar a OTAN e a Europa e transformar a OTAN em uma aliança militar global. As palavras de Stoltenberg podem ser vistas como abrindo caminho para o envolvimento da OTAN nos assuntos da Ásia-Pacífico", observou Song.

Sun Xihui, pesquisador associado do Instituto Nacional de Estratégia Internacional da Academia Chinesa de Ciências Sociais, disse ao Global Times que Stoltenberg tentou aumentar a situação tensa na Ásia e causar ansiedade entre o Japão, a Coreia do Sul e até mesmo os países do Sudeste Asiático. que fortaleceriam os laços militares com os EUA e a OTAN. Por outro lado, Stoltenberg esperava atrair a atenção internacional sobre a situação na ilha de Taiwan como forma de pressionar a China.

Mas cabe aqui um lembrete: os interesses dos EUA não são iguais aos interesses dos Estados membros da OTAN. Alguns dentro da OTAN consideram a Rússia uma ameaça real, mas não veem a China da mesma forma. Enquanto isso, alguns países europeus, especialmente grandes potências como Alemanha e França, não têm confiança inabalável em relação aos EUA. Especialmente depois da recente saga sobre a explosão do Nord Stream, que aprofundou a desconfiança. Além disso, a julgar pela forma como a guerra Rússia-Ucrânia evoluiu, a capacidade da OTAN está aquém do seu desejo, e só ficará sem saber se se estender à Ásia.

"A OTAN continua falando sobre a China, o que só prova que é a máquina de execução da vontade dos EUA. Isso frustra a busca da Europa pela independência estratégica e sequestra a defesa coletiva da Europa", disse Song.

Imagem: O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg Foto: AFP

EUA instados a mostrar sinceridade nas relações EUA-China após histeria sobre o balão

A pedido do lado dos EUA, o principal diplomata da China, Wang Yi, manteve um compromisso não oficial com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, no sábado, horário local, à margem da Conferência de Segurança de Munique (MSC) na Alemanha, onde o oficial chinês pediu ao lado dos EUA para corrigir sua abordagem errada, já que a forma como Washington lidou com o recente incidente do dirigível prejudicou as relações China-EUA. 

Chen Qingqing e Wan Hengyi | Global Times | # Traduzido em português do Brasil

Os observadores chineses acreditam que, a partir da leitura do departamento de estado dos EUA, Washington quase não demonstrou sinceridade ao consertar as relações EUA-China, que foram ainda mais prejudicadas por sua reação exagerada histérica e abuso de força ao lidar com o recente incidente com o balão chinês. Também reflete que o governo Biden tem pouca flexibilidade em sua política para a China em meio a um ambiente político doméstico tóxico nos EUA. 

Um engajamento tão curto e não oficial é um sinal da difícil situação que os dois países enfrentam agora, disseram observadores, que preveem que as tensões nas relações bilaterais provavelmente não diminuirão no curto prazo, especialmente quando os EUA estão entrando em um ciclo eleitoral. 

Wang, diretor do Gabinete da Comissão de Relações Exteriores do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCC), declarou a posição solene da China sobre o incidente do dirigível e disse a Blinken que os EUA deveriam enfrentar e resolver os danos infligidos às relações bilaterais depois que os EUA abusaram de sua força e derrubaram um dirigível civil não tripulado chinês que se desviou do espaço aéreo dos EUA devido a força maior, de acordo com um comunicado no site do Ministério das Relações Exteriores da China no domingo.

No sábado, Wang criticou a reação de Washington ao incidente do balão, chamando a forma como lidou com o assunto de "histérica" ​​e uma aparente violação das normas e convenções internacionais.

De fato, são os EUA o país número um em termos de vigilância e reconhecimento, cujos balões de alta altitude sobrevoaram ilegalmente a China várias vezes. Os EUA não estão em posição de difamar a China, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China no domingo em um comentário sobre a interação de Wang-Blinken.  

O que os EUA precisam fazer é demonstrar sinceridade e enfrentar e resolver os danos que seu abuso de força causou às relações China-EUA. Se os EUA continuarem a dramatizar, exagerar ou escalar a situação, a China certamente responderá fazendo o que for necessário. Todas as consequências decorrentes disso serão suportadas pelo lado dos EUA, disse o porta-voz. 

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