sábado, 22 de abril de 2023

LAMPEDUSA, ONDE SE DESUMANIZAM OS IMIGRANTES

Viagem à cidade insular italiana. Lá, militares estão em guerra permanente. O inimigo: africanos que remam até a Europa, onde são presos e humilhados. O socorro humanitário é proibido. E o mar traz às praias roupas, sapatos e histórias

Berenice Bento* | Outras Palavras | # Publicado em português do Brasil

No aeroporto de Palermo, na aérea de embarque para Lampedusa, tentava compreender o porquê daquela presença ostensiva de militares. Entre um parágrafo e outro, baixava meu livro e os observava. Eram carabineiros, com mochilas, armas e uniformes. O embarque começou. Ali estavam eles, cerca de 15, todos na fila de embarque. No curto voo de uma hora até a ilha tive como vizinho um militar que portava sua arma como se ela fosse sua prótese identitária, o que só aumentava minha falta de ar.

Durante os 11 dias (de 19 a 29 de março de 2023) em que fiquei na ilha, essa foi uma presença constante. Aos poucos, percebi que eram carabineiros, guardas costeiros, guardas de finanças, soldados do exército, agentes da FRONTEX e da Interpol que cruzavam as precárias ruas da ilha com seus corpos, carros, armas, camburões. No porto, a estética da guerra continuava: fragatas, barcos e botes do Estado italiano. Nos céus, aviões de combate rasgavam o firmamento. Lampedusa tem uma população de cerca cinco mil habitantes, 20% são de militares. Em algum momento, me senti como estivesse na Cidade Ocupada de Jerusalém Oriental. Foi lá, pela primeira vez, que me deparei com o horror da estética da guerra. Cada esquina era patrulhada por grupos de soldados/as israelenses. Lampedusa também está militarmente ocupada, é uma base militar não apenas da Itália, mas da Europa. Quem é o “palestino” ali? Quem é o inimigo?

Sorridente e acompanhado. As imagens das boas-vindas a Lula da Silva

Visita de Estado a Portugal

Apoiantes do presidente do Brasil juntaram-se perto da Praça do Império. Primeira-dama do Brasil também esteve na cerimónia.

Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido na manhã deste sábado por Marcelo Rebelo de Sousa na Praça do Império, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa. 

O presidente do Brasil fez-se acompanhar pela primeira-dama brasileira, Rosângela Lula da Silva, e seguiu-se uma cerimónia oficial de boas-vindas.

Foram prestadas Honras Militares, com a execução dos Hinos Nacionais dos dois países e salva de tiros, e houve também revista e desfile da Guarda de Honra. 

Ao mesmo tempo, vários apoiantes do PT assistiram à cerimónia, demonstrando apoio ao presidente do Brasil.

Marcaram também presença, além da comitiva do presidente do Brasil, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho.

Antes de seguir para o Palácio de Belém, para se reunir, em privado, com Marcelo Rebelo de Sousa, Lula da Silva esteve no Mosteiro dos Jerónimos para depositar um coroa de flores no túmulo de Luís de Camões.

Veja as imagens da cerimónia de boas-vindas na fotogaleria AQUI.

Notícias ao Minuto

Presidente do Brasil: Lula da Silva quer grupo de nações a negociar a paz na Ucrânia

Visita de Estado a Portugal

Depois da polémica em torno das declarações de Lula da Silva sobre o conflito na Ucrânia, o presidente do Brasil não fugiu à questão da guerra da Ucrânia e defende a mobilização de um grupo de países que se sente à mesa para negociar a paz com as duas nações. Sobre o apoio militar da União Europeia aos ucranianos, Lula da Silva entende que quem não fala de paz, está a contribuir para a guerra.

Embora compreenda o papel da Europa, Lula da Silva não retira uma palavra ao que já disse sobre o conflito na Ucrânia e recusa fornecer armas ao país para se defender da invasão russa: "Se não fala em paz, você contribui para guerra", sustenta o líder brasileiro, que pede aos europeus que entendam, também, o posicionamento do seu país. "A guerra não constrói absolutamente nada, só destrói".

Carla Sofia Luz | Jornal de Notícias

Na imagem: Lula da Silva reafirmou a sua posição de não ser parte no conflito na Ucrânia. Foto:  PATRICIA DE MELO MOREIRA / AFP

Ler em Jornal de Notícias:

Lula pede mais diálogo e ousadianas relações económicas entre Portugal e Brasil

"Bom dia, presidente Lula". Marcelo recebe chefe de Estado brasileiro nos Jerónimos

Portugal | TODOS A BELÉM: ESTAMOS PRONTOS

Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

Um esclarecimento prévio aos leitores para que não interpretem mal o título. Não venho, de forma alguma, defender a dissolução do Parlamento, nem acompanhar a claque de Pedro Santana Lopes e muito menos gerar um movimento que lhe faça concorrência. Apenas partilhar reflexão sobre o contexto, os objetivos e possíveis desenvolvimentos políticos associados à romaria que a Direita, incluindo a sua extrema, vem fazendo ao palácio de Belém, gritando "estamos prontos". Este grito significa apenas ânsia desesperada de aceder ao poder.

Aos desesperados da Direita não importa se o PSD chega como suporte de uma alternativa, ou se tem de levar consigo o lixo político que nega o regime democrático e renega a Constituição da República. Sobre esta matéria as declarações de Montenegro são meros exercícios de retórica para esconder aquela certeza. Entretanto, o chefe do chiqueiro político, à saída de Belém, assegura: "o presidente da República não será obstáculo a qualquer tipo de participação governamental por parte do Chega". As máquinas da lavagem do personagem vão trabalhando a todo o vapor, com o objetivo de o tornar pessoa respeitável e acomodável numa hipotética maioria de Direita.

Percorrendo as propostas políticas da Direita não se descobre uma, que seja coerente e sustentada, para se criar um perfil da economia que acrescente mais valor no que produzirmos. Todos os dias pregam que tudo pode continuar na mesma, bastando haver "mais crescimento económico". Todavia, sem essa mudança o desenvolvimento é uma miragem. Agarraram-se aos disparates e à prepotência do Governo na gestão da TAP, mas escondem o criminoso processo de privatização que fizeram. E onde se situa a Direita quando se discutem melhorias da qualidade do emprego e de salários? Situa-se no campo oposto a esta demanda, o que significa perpetuar a pobreza e a falta de profissionais qualificados no setor público e em subsetores do privado.

O país tem um Governo com maioria absoluta, o que lhe daria - com um programa consistente e um Governo competente - margem para secundarizar os estados de alma do presidente da República. Mas, o Partido Socialista não conseguiu tratar a ressaca da maioria absoluta e o seu Governo tem fraca qualidade e plena ausência de brilho. Isso tem facilitado condições de manobra a Marcelo Rebelo de Sousa, que conseguiu fazer com que o primeiro-ministro pareça um aluno carente, em permanente estado de necessidade da confirmação do seu talento por parte do professor. Para alimentar essa carência, o professor ora o aplaude, ora lhe dá reprimendas.

Refém nesse enredo, António Costa é mais um ministro a "dizer coisas", dia após dia, muitas vezes sem aprofundamento, e até com pouco rigor. Daí resultam parcas respostas aos problemas com que as pessoas se debatem e quase nada para as transformações de que o país precisa.

O primeiro-ministro não pode andar a mudar de agulha de um dia para o outro manipulando fundamentações. Isso corrói a sua credibilidade e impede-o de valorizar decisões com significado para as pessoas, como o recente aumento das pensões. A viragem necessária exige muito mais que a distribuição de uns trocos vindos das folgas orçamentais. Os problemas dos portugueses não se resolvem com decisões políticas de ocasião ditadas por marketing eleitoral, mas sim com políticas estruturadas e objetivos estratégicos.

*Investigador e professor universitário

Pavlo Sadokha diz que nunca estiveram previstas manifestações contra Lula

PORTUGAL

O presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal afirmou hoje que nunca esteve prevista qualquer manifestação de protesto contra o Presidente do Brasil, mostrando-se surpreendido pelas palavras em sentido contrário avançadas por um membro do Governo brasileiro.

Em declarações à agência Lusa, Pavlo Sadokha afirmou desconhecer as razões da afirmação do ministro de Estado brasileiro, Márcio Macedo, feitas depois de receber, na sexta-feira, na embaixada do Brasil em Lisboa, uma carta aberta para protestar contra as polémicas declarações do Presidente Lula da Silva sobre o conflito desencadeado com a invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.

Na carta aberta, a comunidade ucraniana lembra que Lula da Silva referiu que a solução pacífica para acabar com a guerra é a Ucrânia desistir dos seus territórios, considerando que as culpas têm de ser repartidas pelos dois lados.

As palavras do Presidente brasileiro, proferidas na presença do chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, foram de imediato criticadas pelo Ocidente, sobretudo pela União Europeia e pelos Estados Unidos, o que obrigou Lula da Silva a "emendar a mão" para salientar que condena a invasão russa da Ucrânia e defende a paz.

"Ao mesmo tempo em que o meu Governo condena a violação da integridade territorial da Ucrânia, defendemos uma solução política negociada. Falei da nossa preocupação com os efeitos da guerra, que extrapolam o continente europeu", disse, posteriormente, Lula da Silva.

"Não falamos sobre as manifestações até porque nunca estiveram previstas manifestações, nem para hoje, nem para terça-feira [25 de abril]. O único ato que tínhamos previsto era a entrega de uma carta aberta na embaixada", explicou hoje à Lusa o presidente da associação.

EUA | NO PAÍS DOS COWBOYS A MORTE ESPREITA EM CADA ESQUINA

Dois tiroteios em Washington causam pelo menos oito feridos

Oito pessoas ficaram feridas na noite desta sexta-feira na sequência de dois tiroteios em Washington, informou hoje o departamento da polícia metropolitana, com as autoridades a suspeitarem que os incidentes estão relacionados.

Foi o facto de os incidentes terem ocorrido na mesma área da cidade, mas em locais distintos, e num curto espaço de tempo que levou a polícia a suspeitar que possam estar relacionados, embora se desconheça ainda o motivo.

Em conferência de imprensa um dos responsáveis dos serviços de patrulha da polícia metropolitana, Andre Wright, referiu que a polícia foi chamada a intervir após um alerta para disparos na rua Lebaum, por volta das 22h00 locais, tendo encontrado sete homens com ferimentos de bala, mas que não corriam perigo de vida.

"Houve algum caos por causa do número de vítimas e entes queridos", referiu Wright citado pela AP.

Os polícias ainda se encontravam neste local quando receberam uma denúncia de um tiroteio na 2nd Street onde encontraram uma rapariga de 12 anos com ferimentos de bala nos membros inferiores.

A maior parte dos feridos foi levada para hospitais, disse ainda o responsável policial.

As autoridades procuram agora um carro descrito por várias testemunhas na rua Lebaum, segundo as quais os atiradores "dispararam indiscriminadamente" sobre as pessoas quando passaram pelo quarteirão.

"Está uma ótima noite. Havia pessoas a divertirem-se e a passarem por esta rua e pela 2nd Street", disse Andre Wright, prometendo que as autoridades não vão ficar paradas perante a atitude dos que "por alguma razão pensam que não há problema em disparar contra vários indivíduos".

Notícias ao Minuto | Lusa

O DÓLAR CONFRONTADO

Arcádio Esquivel, Costa Rica | Cartoon Movement

Cerca de fronteira da Polónia e a 'Academia Himars' aumentam tensões com a Rússia

Varsóvia continua uma política de servidão a Washington

Ahmed Adel* | South Front | # Traduzido em português do Brasil

A Polônia está erguendo um muro no enclave russo de Kaliningrado, anunciou suas intenções de abrir uma “Academia Himars” para treinamento militar e está permitindo o posicionamento dessas armas americanas em seu território. Essas ações altamente provocativas servem como confirmação de que a Polônia tem planos agressivos para aumentar as tensões com Moscou.

O ministro da Defesa polonês, Mariusz Błaszczak, twittou em 18 de abril: “Os primeiros sistemas de mísseis HIMARS fabricados nos EUA chegarão à Polônia este ano. Queremos estabelecer uma Academia Himars onde o treinamento neste tipo de sistema de artilharia de foguetes ocorrerá.”

Washington considera a Polônia como nada mais do que a primeira linha de frente em qualquer confronto futuro entre a Rússia e a OTAN na Europa. Por esta razão, Washington está transformando o país em sua principal base europeia, razão pela qual, além do sistema Himars, Varsóvia decidiu construir uma cerca na fronteira com a Rússia, algo provavelmente feito sob instrução dos EUA.

Varsóvia afirma que a cerca de fronteira é necessária para conter o fluxo de imigração ilegal depois de alegar falsamente em novembro de 2022 que o Kremlin estava planejando facilitar a passagem ilegal de imigrantes asiáticos e africanos pela fronteira como parte de sua “guerra híbrida”. No entanto, isso é obviamente uma falácia, já que a Polônia não enfrenta grandes ameaças migratórias como os países mediterrâneos da Europa.

Do ponto de vista militar, a parede não vai parar as colunas de tanques se um conflito estourar. Os russos que vivem em Kaliningrado não estão desertando para a Polônia e, ao mesmo tempo, o muro não é uma proteção contra migrantes do Afeganistão e da África, pois é mais fácil chegar à Bielo-Rússia, como ocorreu durante a última crise migratória.

ESPANHA ESTÁ PRESTES A ENVIAR EQUIPAMENTO DE DEFESA NAVAL PARA KIEV

A medida parece absolutamente irresponsável, pois pode levar a uma nova onda de escalada.

Lucas Leiroz* | South Front | # Traduzido em português do Brasil

De forma um tanto irresponsável e provocativa, o governo espanhol anunciou um novo pacote de ajuda militar ao regime neonazista de Kiev, que inclui equipamentos de defesa naval. Como se sabe, as defesas navais são itens de alta relevância estratégica, e seu fornecimento representa um grande avanço no nível de coparticipação no conflito por parte do país exportador. Nesse sentido, é possível dizer que Madri está dando um passo perigoso na guerra por procuração da OTAN com a Rússia, gerando altos riscos de escalada.

O anúncio do envio de novas armas espanholas para a Ucrânia foi feito em 20 de abril pela ministra da Defesa, Magarita Robles. Segundo o governante, o novo equipamento visa reforçar as forças armadas ucranianas em diferentes sectores considerados estratégicos, como a defesa terrestre, antiaérea e sobretudo naval. Robles afirma que melhorar a situação ucraniana no campo de batalha naval é um passo essencial para garantir a estabilidade da segurança regional, o que “justificaria” a necessidade de enviar tais armas ao regime ucraniano.

“As novas remessas visam reforçar as Forças Armadas da Ucrânia em áreas como veículos blindados, meios de proteção de tropas terrestres, defesas antiaéreas e defesas navais. Esta última é considerada essencial para a segurança da 'rota do mar verde' que permite o escoamento do grão ucraniano através do Mar Negro”, afirmou em conferência de imprensa.

É curioso notar que a ministra usou como desculpa para a decisão de seu país a suposta necessidade de defender as posições ucranianas no Mar Negro, protegendo o escoamento dos grãos por uma rota segura. Obviamente, o ministro disse isso ignorando absolutamente a verdade clara de que o lado ucraniano é o único que provoca repetidamente os navios e portos russos na região, impedindo o funcionamento efetivo dos acordos de grãos e aumentando os riscos de insegurança alimentar.

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