segunda-feira, 22 de maio de 2023

A guerra está em toda parte, então porque os líderes do G7 não estão investindo na paz?

Está na hora de levarmos a paz mais a sério

Em 19 de maio, os líderes das nações mais ricas do mundo se reunirão na cúpula do G7 em Hiroshima, a maior das duas cidades devastadas por bombas atômicas em 1945. O governo japonês espera que, "mostrando ao mundo a força da recuperação de Hiroshima (...) O Japão pode mais uma vez enfatizar [a] preciosidade da paz".

Jonatas Cohen* | Al Jazeera | opinião | # Traduzido em português do Brasil

Com um conflito sangrento na Etiópia logo atrás, a invasão russa ainda em curso na Ucrânia e no Sudão no precipício da guerra civil, a paz raramente pareceu tão frágil. No entanto, não está perdido para os diplomatas e os trabalhadores da paz do mundo que, em tempos de conflito e turbulência, o apoio à diplomacia e à resolução de conflitos desaparece.

É certo que as guerras são caras e muitas vezes justificadas por aqueles que as combatem como a melhor maneira de alcançar uma paz duradoura. Prometem que "terroristas" serão derrotados, "pátrias" serão criadas, realcançadas ou defendidas e será isso. Mas, claro, nunca é.

Como estamos vendo na Ucrânia, o conflito causa devastação duradoura em edifícios, comunidades, corpos e mentes. Acabar com a violência por meio de algum tipo de rendição, ou mais provavelmente, de um acordo de paz arduamente negociado, é o início e não o fim de um longo, intensivo e restaurador processo de construção de uma sociedade funcional e coesa e de endereçamento das queixas que levaram à guerra em primeiro lugar. A prevenção de conflitos requer o mesmo nível de investimento.

No entanto, apesar da tranquilidade global ter diminuído em 10 dos últimos 14 anos, o financiamento institucional para a construção da paz está em declínio em muitos países. Um briefing recente da Saferworld e da Mercy Corps mostra que os gastos do Reino Unido com construção da paz civil, prevenção de conflitos e resolução despencaram em US$ 300 milhões entre 2016 e 2021.

China apresenta protesto ao Japão por “ataques” a Pequim durante cimeira do G7

O Governo chinês apresentou, no domingo, um protesto ao embaixador do Japão em Pequim, Tarumi Hideo, pelas "difamações e ataques" realizados contra a China, durante a recente reunião do G7, na cidade japonesa de Hiroxima.

Numa nota de protesto contra as "especulações" sobre a China, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Sun Weidong, disse que o grupo das sete democracias mais desenvolvidas "está fixado numa mentalidade de confrontação e num pensamento da Guerra Fria" e que as suas ações "são contrárias à tendência histórica, aos factos objetivos e à moral internacional".

O Japão, na qualidade de anfitrião, "interferiu nos assuntos internos da China", adotando um comportamento que Sun definiu como "contrário aos princípios básicos do direito internacional", lê-se no comunicado, divulgado no portal do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

A declaração conjunta do G7, que reúne França, Alemanha, Itália, Reino Unido, Japão, Estados Unidos e Canadá, enviou várias mensagens à China.

O texto destacou a necessidade de manter relações construtivas em matéria económica com o país asiático e pediu a Pequim para usar a influência junto da Rússia para pôr fim à guerra na Ucrânia. O documento apelou ainda a Pequim para que abdique de reivindicações territoriais "injustificadas" e resolva pacificamente a questão de Taiwan.

Reiterando que Taiwan é parte do território chinês, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou que a resolução da "questão de Taiwan é uma questão que cabe aos próprios chineses decidirem" e que Pequim "não vai permitir que forças externas interfiram" nas questões de Xinjiang, Hong Kong ou Tibete.

Sun afirmou ainda que são os Estados Unidos "quem mais põe em perigo as regras da ordem internacional e perturba o funcionamento da economia mundial".

"O período em que os países ocidentais interferiam nos assuntos internos de outros países e manipulavam os assuntos mundiais acabou", disse o diplomata, que exortou o grupo a "parar de provocar divisão e confronto".

O diplomata pediu a Tóquio que "corrija a sua perceção da China", "entenda a autonomia estratégica" de Pequim e "promova realmente o desenvolvimento estável das relações entre os dois países de maneira construtiva".

Jornal de Notícias | agências

TAXA DE INFLAÇÃO EM MACAU SOBE 0,85% EM ABRIL

A taxa de inflação em Macau cresceu 0,85% em abril, comparativamente a igual mês do ano passado, informou hoje a Direção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

"O crescimento foi impulsionado, principalmente, pela ascensão das propinas escolares e dos salários dos empregados domésticos, assim como pela subida dos preços: das refeições adquiridas fora de casa, dos quartos de hotéis, da fruta e da gasolina", lê-se no comunicado.

"Todavia, a diminuição das rendas de casa e a redução dos preços dos bilhetes de avião compensaram parte do crescimento do índice de preços", acrescentou a nota.

No que diz respeito ao índice de preços no consumidor médio dos 12 meses terminados em abril subiu 0,99%, em relação aos 12 meses imediatamente anteriores, indicou a DSEC.

Sapo | Lusa

CNRT de Xanana Gusmão vence quintas eleições legislativas de Timor-Leste

ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2023 EM TIMOR-LESTE

O Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), de Xanana Gusmão, venceu as eleições de domingo em Timor-Leste, quando está praticamente concluída a contagem dos votos, faltando definir se obtém maioria absoluta.

A vitória dará ao partido uma ampla representação parlamentar, conseguindo pelo menos 31 dos 65 lugares do parlamento (mais dez do que tem atualmente), segundo os resultados nacionais provisórios do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE).

Neste momento falta apenas concluir o apuramento em três municípios -- Bobonaro, Covalima e Manatuto -, com a contagem nos três casos já bastante avançada e o CNRT a liderar em todos.

Quando estão contados 92,73% dos centros de votação de todo o país - e se mantém a tendência que ficou praticamente inalterada desde o iníciuo da contagem-, o CNRT lidera com 263931 votos e 41,59%, um resultado superior aos votos obtidos pelas três forças políticas que compõem o atual governo .

Se não chegar à maioria de 33 cadeiras, o CNRT deverá fazer um acordo com o Partido Democrático (PD), o que daria às duas forças políticas uma maioria clara, ainda que matematicamente a maioria absoluta ainda seja possível, tendo em conta os votos que falta contar.

O Partido Democrático (PD) passou de quarta a terceira força política em número de votos, invertendo uma tendência de queda no apoio ao partido que se mantinha desde as eleições de 2007, conseguindo mais uma cadeira para um total de seis. Obteve para já 57721 votos ou 9,09%.

Em segundo lugar, ficou a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), que tem atualmente 166147 votos e 26,18%, o que representa perder quatro das suas atuais 23 cadeiras.

Os resultados mostram uma punição aos partidos do Governo, em particular ao Partido Libertação Popular (PLP), do primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, que perde metade dos oito lugares no parlamento, passando de terceira a quinta força política.

Sapo | Lusa

Portugal | O MORTO VIVO


Henrique Monteiro | Henricartoon

Portugal | A ECONOMIA DAS PESSOAS

Pedro Araújo | Jornal de Notícias | opinião

Paolo Gentiloni, comissário europeu da Economia, veio a Lisboa, na última sexta-feira, e disse que há margem para aumentar os salários em Portugal. A afirmação não deixa de ser surpreendente e quase passou despercebida. Muitos terão pensado que foi um lapso.

Os números relativos ao PIB, ao défice e à dívida pública estão excelentes. Infelizmente, a vida das pessoas está bem pior. Desçamos ao país real. Imaginemos uma dona de um pequeno restaurante no interior do país. A história é real. No espaço de poucos meses, o cabaz de compras para confecionar os pratos que estão no menu encareceu mil euros. "Até durmo mal a pensar que vou à falência. Eu não posso duplicar os preços, se não fico sem clientes". Apliquemos este caso aos quase 37 mil restaurantes e cafés (muitos servem refeições) espalhados pelo país. O rendimento destas famílias terá caído a pique. Não dependem do Estado ou do patrão (eles é que são os donos) para que os seus proventos aumentem e, logo, possam fazer face à inflação.

Atentemos então nos milhões de clientes destes negócios da restauração. Se são trabalhadores independentes, estarão também a enfrentar agravamentos de custos. Se quem se senta à mesa é um trabalhador por conta de outrem (Estado ou privados), o problema é igualmente sério. Segundo o INE, a remuneração bruta média por trabalhador cresceu 3,6% no ano passado, em comparação com o ano anterior, tendo atingido 1411 euros. No entanto, devido aos quase 8% da inflação, o salário encolheu cerca de 4%.

De quem é a culpa de todo este espartilho? Do Estado e dos próprios empresários, por esta ordem de importância. Porquê? Se a carga fiscal baixasse - Portugal é dos países que mais penalizam o trabalho -, o empregado teria mais dinheiro disponível. Quanto ao empresário, quando a ganância é grande ou a crise eleva os seus custos, o capital humano é a vítima mais fácil no conjunto dos múltiplos fatores de produção.

*Editor-executivo-adjunto

Cavaco alimentou "frenesim da direita" de criar uma "crise política artificial", diz Costa

PORTUGAL

Para António Costa, o antigo chefe de Estado vestiu "a t-shirt de militante partidário" para "fazer discurso inflamado para animar as suas hostes partidárias". Primeiro-ministro afirmou que não se sente ofendido com as duras críticas de Cavaco Silva.

O primeiro-ministro, António Costa, disse esta segunda-feira que o antigo Presidente da República, Cavaco Silva, ao tecer durar críticas ao Governo, "desceu à terra" para "alimentar aquele frenesim em que agora a direita portuguesa está, de criar o mais rapidamente possível uma crise política artificial, de forma a não dar tempo que os portugueses sintam os benefícios desta recuperação económica".

Para António Costa, "só uma crise política artificial poderia hoje interromper a dinâmica de crescimento, com o emprego em máximo históricos e com Portugal a registar um equilíbrio externo já com saldo positivo neste trimestre".

À margem de uma iniciativa que assinala os 25 anos da Expo 98, no Parque das Nações, António Costa disse ainda que Cavaco Silva despiu o fato institucional como estadista para "vestir a t-shirt de militante partidário e fazer discurso inflamado para animar as suas hostes partidárias".

"O que me cabe não é cuidar dos interesses partidários da direita portuguesa, é cuidar do interesse nacional e garantir que os portugueses irão beneficiar das políticas que têm sido seguidas e que têm permitido a economia estar a recuperar", sublinhou o chefe do Governo, desvalorizando as declarações proferidas por Cavaco Silva no encerramento do 3.º Encontro Nacional dos Autarcas Social-Democratas (ASD), em Lisboa, no sábado.

Para António Costa, o antigo chefe de Estado é um "profundo conhecedor dos ciclos económicos e, portanto, percebe bem a dinâmica em que estamos neste momento na economia portuguesa". "Felizmente a economia portuguesa está a dar a volta às grandes dificuldades que teve de enfrentar com a pandemia, com a guerra, com a inflação", destacou.

Costa adiantou que não se sente ofendido pelas fortes críticas de que foi alvo por parte do antigo chefe de Estado, que acusou o Executivo de incompetência, de hipocrisia, de mentir, de usar a propaganda para "desinformar" os portugueses. Cavaco Silva aconselhou até António Costa a sair pelo seu pé de São Bento.

"Não me sinto ofendido, faz parte da luta política. Enquanto primeiro-ministro, tenho de me pôr acima desse terreno e focar-me no interesse nacional e dos portugueses", repetiu.

Questionado sobre o caso que envolve o ministro das Infraestruturas, João Galamba, o primeiro-ministro defendeu que "um episódio, por muito deplorável que seja, como foi, não se transforma no principal problema do país".

"O principal problema do país continua a ser para as pessoas a expectativa e a confiança de que a nossa economia vai manter esta trajetória de crescimento, que o emprego vai continuar a crescer, que os rendimentos vão continuar a melhorar, que a inflação vai mesmo continuar a baixar. Isto é que é o centro das preocupações das pessoas e, naturalmente, do Governo", reiterou.

Empurrão: Cavaco sente e sabe que Luís Montenegro não tem competência nem garra...

O Curto do Expresso apesar de fora das horas habituais. A opção de o considerarmos republicável devido ao sururu provocado na dislexa fala de Aníbal Cavaco Silva ex-desgraça política nacional, ex-informador da polícia política (PIDE) do fascista Oliveira Salazar, ex-primeiro-ministro, ex-presidente da República, ex-responsável pela sua conduta apensa a “rabos-de-palha” demonstrativos de interesses anotados como dúbios para os que quase sempre estiveram mais ou menos atentos ao referido sujeito.

Dele existe quem muito goste e os que nada gostam. Dele lembram-se casos como os do BPN e do BES, por exemplo… Que não perdeu um cêntimo quando estourou o BPN nem o BES - enquanto que muitos outros ficaram a “arder”. Quando já corria a verdade da calamitosa situação de falcatruas criminosas do Dono Disto Tudo, Ricardo Salgado, Cavaco afirmou (salvo erro PR a viajar por Macau) que se podia confiar no BES. Viu-se o resultado. Isto para não falar da balburdia da “troca” da casa velha, vivenda Mariani, pela casa nova na Aldeia da Coelha… Rabos-de-palha passados ficam para a história. Além de outros que pairavam em surdina. Mas convém não esquecer.

Eis que agora Cavaco soltou a verborreia viperina sobre o governo de António Costa, do PS, figadal adversário. Já antes o havia feito por escrito, no Observador e diz-se que também o fazia sinuosamente aqui e ali. Com diretas e indiretas. Claro que está no seu direito. Mas vindo dele sabe-se que dali sai peste porque faz parte do seu âmago. Talvez traumas de infância, se assim se pode deduzir.

Afinal o que Cavaco Silva denunciou acerca dele próprio é que já não tem capacidades para avançar, para se propor a dirigir o PSD, e muito menos para disputar o primado governativo em eleições constatando a necessidade de dar um empurrão ao seu partido político e ao seu anémico líder, Luís Montenegro (que até talvez também esteja a colecionar “rabos de palha” sobre a casa-palacete de seis andares, em Espinho, como consta). Nisso, parece que estão bem um para o outro.

Afinal, visto o que se viu e ouviu regista-se que Cavaco sente e sabe que Luís Montenegro não tem a competência nem a garra necessárias para dar luta a António Costa e ao Partido Socialista no governo. Por dó de alma falou como falou porque quer muito a direita com ilusórias vestes sociais-democratas no poder, o seu PSD. Cavaco, finalmente, está a ser um bom militante. Antes, na ocupação dos poderes, foi mais e quase só um bom amigo de conveniência dos endinheirados ou que lhe davam acesso a também o ser. Imensos portugueses por esses tempos passavam fome. Eram, então, os bons governos de Cavaco.

Pois é. Os episódios esquecem-se na espuma dos tempos. E assim a direita extrema e ressabiada aproveita casos e casinhos para crescer de braço dado com uma enorme procissão de donos e profissionais (?) da comunicação social, infelizmente despromovidos à classe de escribas.

E assim se faz Portugal. Alguns (poucos) vão bem e outros (muitos) vão mal.

O Curto, do Expresso a seguir. Opinião e acontecimentos a gosto e a desgosto dos que por ele enveredam. Somos livres, por enquanto, de aquilatar e opinar sobre o que vemos ouvimos e lemos. Vamos nessa. Viva a democracia em revolução permanente (isso era muito bom).

MM | PG

NÃO É SÓ A BANCA. NOS EUA COMEÇOU UMA CRISE SISTÉMICA

Giuseppe Masala [*]

“Eu estava em bancarrota, o governo estava em bancarrota, o mundo estava em bancarrota. Mas quem diabos tinha o raio do dinheiro?” -- Charles Bukowski

Como prova de que a atual crise bancária nos EUA é de natureza sistémica basta assinalar que, logo após o “resgate/encerramento” do Silicon Valley Bank, do First Republic Bank e do Signature Bank (que em conjunto possuíam 650 mil milhões de dólares em ativos), mais outros bancos como PacWest Bancorp, Western Alliance Bank e Metropolitan Bank rumam pelo mesmo triste caminho da quebra/nacionalização/encerramento e, quando possível, venda “em fatias” ao melhor ofertante.

O PacWest, por exemplo, no princípio de Março tinha as suas ações em torno dos 28 dólares e em apenas dois meses afundaram para 3,17 dólares. Além disso, não se trata de um banco pequeno que só opera num condado e sim de um banco com dimensão mais que respeitável, com 44 mil milhões de dólares em ativos.

O mesmo se pode dizer do Western Alliance Bank, cujas ações passaram de US$76 no princípio de Março para US$18,20 ontem. Mais uma vez, trata-se de um banco com dimensão significativa pois possui 65 milhões de dólares em ativos. E finalmente, nesta contagem de mortos, comatosos e feridos, o Metropolitan Bank tão pouco sai bem parado pois as suas ações caíram de 56 dólares no princípio de Março para o preço atual de US$19,86. Neste caso, a dimensão do banco é menor que a dos dois primeiros, com 6 mil milhões de dólares de ativos. Mas o importante é perceber que se trata de um grupo cada vez maior de bancos que estão a quebrar.

Crise sistémica?

Em primeiro lugar, isto significa que estamos diante de um facto sistémico e que a narrativa dos banqueiros que assumem demasiados riscos com o dinheiro dos poupadores não se sustenta. Uma crise sistémica significa algo mais do que isso.

Soam grotescas – ou, se se prefere, adotam a forma um rito coletivo de exorcismo, cada vez mais aborrecido – as palavras das autoridades que falam num sistema são e resistente. Com efeito, resiliente é a palavra utilizada neste mantra misericordioso. Naturalmente, o que ainda falta é o Big Bang – como o da quebra do Lehman Brothers em 2008 – um desastre que obrigue a casta sacerdotal da tecnocracia e da política financeira a dizer a verdade. Melhor ainda, o Big Bank já aconteceu, mas não nos Estados Unidos e nem sequer na Eurolândia. Estamos a falar da quebra do Credit Suisse, apesar de ter a sua sede num dos Estados mais ricos do mundo e com um Estado que suficiente peso financeiro suficiente para intervir a sério. Até agora tivemos sorte, mas quanto pode durar?

É justo explicar brevemente o que entendo por “crise sistémica”. Refiro-me, precisamente, a uma crise que afeta os três componentes fundamentais de um sistema económico nacional: as famílias, as empresas e as administrações públicas. Um sistema em que as famílias são os atores que “poupam” enquanto as administrações públicas e as empresas investem e, consequentemente, endividam-se. Quando a poupança das famílias satisfaz plenamente as necessidades de financiamento das empresas e das administrações públicas, o sistema encontra-se em equilíbrio perfeito. Se a poupança interna for insuficiente, recorre então aos investidores estrangeiros e o sistema é devedor líquido frente ao resto do mundo. Se, pelo contrário, as empresas e as administrações públicas precisam de menos financiamento do que pouparam as famílias, será investido no estrangeiro e o sistema nacional será credor líquido frente ao resto do mundo.

Pois bem, a situação dos EUA é muito grave no sentido de que o sistema do país (famílias, empresas e administração pública) está endividado com o resto do mundo em mais de 16 milhões de milhões de dólares. É claro que existe uma suposta “atenuante” para esta crise: os EUA inundaram o mundo com dólares para satisfazer a procura e tornar fluído o comércio mundial, uma vez que esta divisa foi a moeda padrão para os intercâmbios e fizeram isto sempre importando “tudo de todo o mundo”. Contudo, também é certo que o sistema estado-unidense padece de graves distorções, muitas vezes fruto de decisões ideológicas insensatas, como a ausência de um bem-estar estatal digno desse nome, deixando a saúde, a educação e as pensões em mãos de empresas privadas. Isto, dentre outros fatores, tornou impossível a competitividade dentro dos EUA e o seu sistema produtivo deslocalizou-se pelos quatro pontos cardeais em busca de custos laborais acessíveis. Sublinho isto porque até na Itália ouve-se alguns lunáticos ideologizados que falam do “bem-estar corporativo” em vez do bem-estar estatal: o tecido produtivo italiano oprimido por tal carga duraria menos que um gato na auto-estrada.

G7 PROFANA MEMÓRIA DE HIROXIMA COM CÚPULA BELICISTA

O Grupo dos Sete realizou uma cúpula de guerra de fato em Hiroshima, um lugar que é sinônimo do horror e do mal da guerra.

Strategic Culture Foundation | editorial | # Traduzido em português do Brasil

A quadrilha do "Grupo dos Sete", liderada pelos Estados Unidos, realizou um de seus jamborees cada vez mais sem sentido neste fim de semana na cidade japonesa de Hiroshima. A postura de solenidade dessas elites belicistas em um lugar que representa a barbárie suprema do imperialismo americano não é apenas doentia em sua hipocrisia e palavrões. A evidente falta de consciência e vergonha desses charlatães é um sinal seguro de que sua charada histórica privilegiada está chegando ao fim.

O presidente americano, Joe Biden, tirou um tempo da economia em colapso de seu país e dos escândalos sobre sua corrupção familiar desenfreada para participar da cúpula do G7 no Japão. Ele foi acompanhado pelos chamados líderes da Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália e Canadá, bem como o primeiro-ministro do país anfitrião, Fumio Kishida. Juntaram-se aos lacaios a principal boneca de ventríloquos da União Europeia, Ursula von der Leyen, e o comediante ucraniano que virou traficante de armas, também conhecido como "presidente", Vladimir Zelensky.

O processo começou com uma cínica e dissimulada "dedicatória" no Parque da Paz de Hiroshima, cuja peça central é a Cúpula de Genbaku, a icônica ruína espectral causada pelo bombardeio atômico dos EUA em 1945. A própria reunião de líderes neste lugar sagrado são as mesmas pessoas que estão criminosamente empurrando o mundo para outra conflagração.

Biden e seus comparsas logo dispensaram conversas ocas sobre "paz" e "desarmamento nuclear" para fazer da cúpula do G7 um apelo por mais hostilidade contra a Rússia e a China. Havia planos para mais guerra econômica (sanções) contra Moscou, que foi vilipendiada como de costume por "agressão não provocada" contra a Ucrânia. Houve promessas de fornecer mais armas para o barril de pólvora que os EUA e seus parceiros da Otan criaram na Ucrânia. Houve altas rejeições dos esforços diplomáticos internacionais para resolver o conflito, que foram propostos pela China e por nações latino-americanas e africanas.

G7 manipulador criticado por exclusividade, contra tendência

Grupo desce a uma câmara de eco dos pontos de discussão dos EUA, diz especialista

Global Times | # Traduzido em português do Brasil

A China rebateu fortemente um comunicado do G7 de tom duro, dizendo que o que o grupo faz é dificultar a paz internacional, minar a estabilidade regional e conter o desenvolvimento de outros países. Especialistas criticaram o comunicado dizendo que o G7 desceu a uma câmara de eco de pontos de discussão dos EUA. Tal declaração não reflete a dignidade e a autonomia de todos os membros, afirmaram.

Depois de reunir outros líderes do G7 para intensificar a condenação da China, o presidente dos EUA, Joe Biden, teria convidado líderes do Japão e da Coreia do Sul para se reunirem em Washington. Observadores chineses observaram que a série de movimentos expõe as intenções dos EUA de replicar a "crise da Ucrânia" na região Ásia-Pacífico, aprofundar a divisão entre os países regionais e até lançar uma guerra por procuração nesta área.

Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês criticou o comunicado e outros documentos adotados no G7, que critica a China em várias frentes, incluindo as supostas ameaças militares e econômicas representadas pela China e assuntos relacionados às regiões de Hong Kong, Xinjiang e Xizang. Também pressionou a China a pedir que a Rússia pare seu conflito com a Ucrânia.

"Apesardas sérias preocupações da China, o G7 usou questões relativas à China paradifamar e atacar a China e interferir descaradamente nos assuntos internos daChina. A China deplora veementemente e se opõe firmemente a isso e fez sériasdiligências junto ao Japão, anfitrião da cúpula, e a outras partesenvolvidas", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

O vice-ministro das Relações Exteriores da China, Sun Weidong, convocou o embaixador japonês na China, Tarumi Hideo, no domingo, e apresentou representações solenes sobre o debate sobre questões relacionadas à China na cúpula do G7 que está sendo realizada em Hiroshima, no Japão.

Entrincheiradas pelo confronto de campo e pela mentalidade da Guerra Fria, as ações do grupo G7 foram contra a tendência histórica, os fatos objetivos e a moralidade internacional, apontou Sun.

Timor-Leste | "NÓDOA" NOS RESULTADOS ELEITORAIS? PR QUER ESCLARECER

PR exige auditoria internacional a falhas na divulgação de resultados das legislativas em Timor-Leste

O Presidente timorense vai exigir uma auditoria internacional para investigar as falhas na divulgação dos resultados das eleições legislativas de domingo, disse hoje o chefe de Estado à Lusa.

José Ramos-Horta acusou ainda o Governo de ter partidarizado o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) nos últimos dois anos, retirando pessoas com experiência e capacidade da entidade que está a ser visada pelas falhas na divulgação dos resultados.

"Não compreendo porquê, já estamos no segundo dia, e não há atualização permanente da tabulação, não está sendo feita. O STAE apresenta a desculpa falaciosa de que o problema é da internet, [mas] não é problema da internet", afirmou o chefe de Estado, após uma reunião com o presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Timor-Leste.

"O problema é que ao longo destes dois anos partidarizaram o STAE, retiraram todo o pessoal com experiência durante muitos anos, e que foram objeto de elogios de todos, que trabalharam na Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e República Centro Africana. Retiraram e puseram pessoas que são políticos", acusou.

Por uma questão "de transparência", Ramos-Horta quer explicações, que entende só poderem ser garantidas através de uma auditoria internacional: "Eu vou exigir primeiro uma auditoria, [uma] auditoria aprofundada. E não vai ser uma auditoria nacional. Vai ser uma auditoria internacional, com gente competente, com capacidade de investigação criminal para ver o que se passou", prometeu.

O STAE admitiu algumas falhas, devido a problemas técnicos e de internet, que estão a atrasar a divulgação dos resultados.

Polícia deteve jovem com cartazes. Ativistas pedem liberdade de expressão

MOÇAMBIQUE

A polícia moçambicana deteve durante 20 horas um jovem na cidade de Pemba, capital provincial de Cabo Delgado, por estar na rua com cartazes de protesto, uma detenção contestada por ativistas e denunciada nas redes sociais.

Milo Samuel foi detido na sexta-feira na primeira esquadra de Pemba e restituído hoje à liberdade, depois da mobilização de ativistas que levaram um advogado até à esquadra.

Milo saiu sem prestar declarações, conduzido pela polícia para um veículo em que foi levado a casa.

“Não quero mais ser deslocado” lia-se num dos cartazes empunhado por Milo Samuel numa das principais ruas de Pemba, numa alusão a cerca de um milhão de pessoas que tiveram de fugir para aquela cidade e para outros locais devido aos ataques armados no interior da província.

Noutro cartaz estava escrito “Nós queremos eleições distritais”. O sufrágio foi adiado por iniciativa da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder.

Abudo Gafuro, ativista social que acompanhou o caso, descreveu que havia ainda outros dois cartazes em que o jovem se queixava da dificuldade em ter emprego, porque lhe exigiam sempre alguma experiência, e em que escreveu que para ter uma oportunidade é preciso ser membro partidário.

Moçambique | Reforço da segurança abre portas ao regresso a Cabo Delgado

Cada vez mais deslocados estão a regressar a Cabo Delgado. Voltam também algumas empresas que haviam suspendido as atividades devido às incursões terroristas. Regresso é acompanhado por escoltas na Nacional 380.

Com a melhoria do clima de segurança nas zonas alvo de incursões terroristas, houve um aumento da circulação de pessoas e veículos para a região norte da província de Cabo Delgado. Entre os viajantes estão deslocados que regressam a casa e comerciantes e empresas que retomam as suas atividades, depois de um longo período de paralisação. 

Albino Cosme é deslocado interno e regressou, esta semana, a Meangaleua, distrito de Muidumbe, a sua terra natal. Em entrevista à DW conta que "vai visitar a área onde vivia para, quando for possível, voltar [definitivamente] e iniciar uma nova vida" na sua antiga casa.

"Fui na semana passada, fiz limpeza e assim estou a retornar, porque os ruandeses estão ali a reforçar a segurança para toda a gente voltar", acrescenta Albino Cosme.

Partido de Xanana consolida liderança na contagem das legislativas em Timor-Leste

ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2023 EM TIMOR-LESTE

Com os resultados de 65% das assembleias de voto apurados, CNRT tem 40,29%. Na segunda posição está a Fretilin, com 27,51%.

O partido de Xanana Gusmão está a consolidar a liderança na contagem dos resultados das legislativas em Timor-Leste, esta segunda-feira, com 40,29% dos votos e quanto estão apuradas cerca de 65% das assembleias de voto.

Os dados correspondem a cerca de 400 mil votantes, de um total de mais de 890 mil eleitores recenseados e quando ainda não é conhecida a taxa de participação no escrutínio de domingo.

A contagem foi retomada esta manhã, depois de estar interrompida durante a madrugada.

Os valores são os divulgados até cerca das 15h30 (07h30 em Lisboa), mais de 24 horas depois do fecho das urnas, e correspondem ao total da tabulação nacional e da diáspora.

Depois do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), surge a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) em segundo lugar, com 27,51%, seguindo-se o Partido Democrático (PD), com 8,97%.

O CNRT venceu as eleições em todos os locais da diáspora: Austrália, Coreia do Sul, Reino Unido e Portugal.

Nesta altura, o Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) é o quarto partido mais votado, com 7,16% dos votos, seguindo-se o Partido Libertação Popular (PLP), do actual primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, que cai de terceira para quinta força no Parlamento (6,19% dos votos).

Mais nenhum dos restantes 12 partidos está acima da barreira de 4% dos votos válidos, necessária para eleger deputados.

Ainda assim, o mais próximo de o conseguir é o estreante Partido Os Verdes de Timor (PVT), que tem actualmente cerca de 3,54% dos votos.

Estas são as maiores eleições de sempre, tanto em número de eleitores, como de centros de votação.

Público | Lusa

Angola | Câmara Pires o Militante Anarquista -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Agostinho Neto lançou uma ofensiva diplomática mundial quando foi eleito, em Kinshasa, líder do MPLA. Os perdedores da eleição, unidos à volta de Viriato da Cruz, iniciaram de imediato acções contra a direcção que chegaram ao extremo da dissidência. O grupo maoista aderiu à FNLA que acabava de anunciar o Governo Revolucionário de Angola no Exílio (GRAE). O chefe dos contestatários pouco tempo esteve em Kinshasa, partindo para Paris e mais tarde para a República Popular da China onde faleceu. Outros ficaram e causaram muitos danos ao movimento popular e revolucionário.

Mário Pinto de Andrade, primeiro apoiante da candidatura de Agostinho Neto à liderança do MPLA, partiu para um périplo que incluiu países africanos e europeus, com a missão de mobilizar apoios à luta do MPLA. Mas o clima de contestação à direcção de Agostinho Neto cedo o afastou dessa missão e da militância activa no movimento. 

Agostinho Neto tomou em mãos a missão de levar a mensagem da nova liderança ao mundo para conquistar novos amigos e aliados. Foi a sua primeira grande vitória enquanto presidente do MPLA. Maria Eugénia Neto conta como foi a chegada do casal e os dois filhos ainda bebés à capital do Congo:

“Quando chegámos a Léopoldville estavam lá o Viriato da Cruz e o médico Eduardo dos Santos, na mesma casa. Estava também o médico Américo Boavida e outros, devidamente instalados. Não viviam em palácios nem palacetes, mas viviam com as mínimas condições. Todos sabiam que Neto voltaria com a família, que incluía duas crianças ainda bebés. Mas não foram capazes de arranjar uma casa para nós, por muito humilde que fosse. 

Agostinho Neto estava a suscitar reacções estranhas. Eu percebi logo que a sua liderança ia ser difícil e para ter êxito, teria que remover muitos obstáculos externamente, mas também no interior do movimento. Todos sabiam que o líder tinha ido a Rabat apenas para ir buscar a família, todos sabiam que tínhamos duas crianças de tenra idade, mas ninguém se lembrou de nos arranjar um alojamento. Ficámos na casa do Luís Azevedo, num colchão no chão. Apanhei um paludismo que ia morrendo.

Presidente angolano diz que parceria com EUA é promotora de mudanças

O Presidente angolano considera que os Estados Unidos da América (EUA) e Angola são parceiros em "circunstâncias iguais" e assinalou que a parceria entre os dois países tem promovido mudanças e prosperidade em Angola.

A mensagem de João Lourenço dirigida ao seu homólogo, Joe Biden, por ocasião do 30.º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas com os EUA, foi divulgada hoje na página oficial da Presidência angolana no Facebook.

O chefe de Estado mostrou apreço pelo estreitamento crescente dos laços entre os dois países e sublinhou que partilha os pontos de vista já expressos por Joe Biden com "palavras inspiradoras".

O Presidente dos EUA destacou na sexta-feira os "valores partilhados que unem" as duas nações, renovando o compromisso de alcançar em conjunto "um mundo mais pacífico, seguro e democrático para todos".

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