sábado, 2 de setembro de 2023

Diplomacy Watch: A BUSCA POR UM FIM DE GUERRA NA UCRÂNIA

Em meio às mudanças na dinâmica do campo de batalha, a grande mídia começa a perguntar se a guerra deveria terminar na mesa de negociações.

Blaise Malley | Responsible Statecraft | # Traduzido em português do Brasil

No New Yorker desta semana, o jornalista Keith Gessen escreveu um artigo desvendando o que chamou de “argumentos dolorosos e complicados” sobre se e quando Washington deveria prosseguir negociações na Ucrânia.

Ele usa o exemplo de Samuel Charap, pesquisador da corporação RAND – que defendeu que os Estados Unidos buscassem um fim para a guerra – para explorar os apelos de um pequeno grupo de especialistas em Washington, que, na formulação de Gessen “argumentam que pode haver uma maneira de acabar com a guerra mais cedo ou mais tarde, congelando o conflito e trabalhando para proteger e reconstruir a grande parte da Ucrânia que não está sob ocupação russa”

O artigo responde ao que o autor vê como as quatro questões-chave sobre quando e se a diplomacia pode ser bem sucedida, analisando os debates sobre a natureza das negociações, as perspectivas militares para o futuro previsível, as intenções finais de Vladimir Putin e, como Gessen colocou no Twitter , se existe “alguma solução aceitável, mesmo que temporária, que deixe partes da Ucrânia ocupadas pelas forças russas?” 

Na primeira pergunta, Charap expôs a sua opinião sobre como é a diplomacia e o que ela espera alcançar. “A diplomacia não é o oposto da coerção”, disse ele à New Yorker. “É uma ferramenta para atingir os mesmos objectivos que alcançaríamos através de meios coercivos. Muitas negociações para acabar com as guerras ocorreram ao mesmo tempo que os combates mais ferozes da guerra.” 

Charles Kupchan, membro do Conselho de Relações Exteriores, que também argumentou que Washington precisa de um plano para chegar à mesa de negociações, é citado no artigo de Gessen que descreve como poderiam ser os estágios iniciais de tal diplomacia na conclusão da contra-ofensiva atual. como. 

“Eu não diria: 'Você [referindo-se ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky] faça isso ou fecharemos a torneira.' Mas você se senta e tem uma conversa profunda sobre o rumo da guerra e o que é melhor para a Ucrânia, e você vê o que resulta dessa discussão.”

Portugal | INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NO CÓDIGO DE TRABALHO

A 3 de abril foram aprovadas alterações ao Código de Trabalho. A nova versão conta agora com elementos relativos à utilização da inteligência artificial em ambientes de trabalho. Algumas implicações vão ser decisivas para as organizações representativas dos trabalhadores.

António Brandão Moniz* | Esquerda | opinião

A 3 de abril foram aprovadas alterações ao Código de Trabalho através da publicação da Lei n.º 13/2023 de 3 de abril que “altera o Código do Trabalho e legislação conexa, no âmbito da agenda do trabalho digno”. A nova versão conta agora com elementos relativos à utilização da inteligência artificial em ambientes de trabalho. Algumas implicações vão ser decisivas para as organizações representativas dos trabalhadores, ou seja, as comissões de trabalhadores e as organizações sindicais.

Quais foram, então, as alterações que integram o elemento de digitalização do trabalho, e como estão agora expressas no código?

O artº 3º do Código de Trabalho refere “As normas legais reguladoras de contrato de trabalho só podem ser afastadas por instrumento de regulamentação coletiva de trabalho que, sem oposição daquelas normas, disponha em sentido mais favorável aos trabalhadores quando respeitem às seguintes matérias” (nº3), e refere várias matérias (Direitos de personalidade, igualdade e não discriminação, Dever de informação do empregador, Direitos dos representantes eleitos dos trabalhadores, etc.). Mas agora estabelece uma outra: “Uso de algoritmos, inteligência artificial e matérias conexas, nomeadamente no âmbito do trabalho nas plataformas digitais” (alínea o).

O artº 24º refere-se ao “Direito à igualdade no acesso a emprego e no trabalho”. O nº 3 mencionava que “O disposto nos números anteriores não prejudica a aplicação” de disposições legais relativas ao exercício de uma atividade profissional por estrangeiro ou apátrida (a), ou de disposições relativas à conciliação da atividade profissional com a vida familiar (b). Com esta alteração este nº 3º refere agora “O disposto nos números anteriores também se aplica no caso de tomada de decisões baseadas em algoritmos ou outros sistemas de inteligência artificial e não prejudica a aplicação de...”, e as duas áreas de aplicação (a e b) mantêm-se.

Habitação? Carta à Comissão Europeia pode ser "boa notícia para Portugal"

O Presidente afirmou que o envio da carta é feito porque António Costa "tem a sensação" de que a Comissão está disponível para "estudar o problema" e que se for assim "pode ser uma boa notícia para Portugal".

Marcelo Rebelo de Sousa voltou hoje a discordar das medidas do Executivo de Costa no que toca à habitação mas afirmou que a carta enviada à Comissão Europeia pode trazer "boas notícias".

"A carta enviada à Comissão Europeia trata de um problema muito específico dentro da habitação. As minhas dúvidas eram globais e dizem-se numa palavra: aquilo que foi apresentado, no momento em que foi apresentado, com o que falta ainda regulamentar e pôr de pé, é suficiente para produzir efeitos no prazo de tempo pretendido? Eu acho que não", afirmou este sábado Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas em São João da Pesqueira. 

"O Governo acha que sim: espero que o Governo tenha razão", asseverou, dizendo que a questão da Comissão Europeia é diferente. 

"Atendendo à conjuntura vivida, há um problema que diz respeito às rendas e trata-se de sensibilizar a Comissão para dar um tratamento que parece justo àquilo que é a possibilidade de o Governo ter flexibilidade no tratamento quanto a dinheiros que possam ser utilizados no domínio da habitação", afirmou, dando o caso de a inflação subir mais. 

O Presidente disse ainda que o envio da carta é feito porque António Costa "tem a sensação" de que a Comissão está disponível para "estudar o problema" e que se for assim "pode ser uma boa notícia para Portugal". 

Recorde-se que a ministra da Habitação disse esta sexta-feira que a carta que o Governo fez chegar à Comissão Europeia sinaliza a habitação como uma prioridade que é "transversal a toda a Europa", numa listagem que visa definir "os grandes desafios comuns".

Segundo disse aos jornalistas Marina Gonçalves, no Entroncamento (Santarém), à margem de uma visita às obras de reabilitação urbana num bairro de habitação pública, "a carta que o primeiro-ministro enviou [para a Comissão Europeia] é enviada todos os anos [desde 2022] para definir aquelas que são as prioridades ao nível europeu". 
 
A ministra frisou ainda que "o problema de acesso à habitação e o aumento dos custos é um problema transversal a toda a Europa".

Marta Amorim | Notícias ao Minuto

Leia Também: Habitação? "Governo fez a derradeira admissão daincompetência"

Portugal | “ENTENDAM-SE, PORRA!”

Rafael Barbosa* | Jornal de Notícias | opinião

Quanto mais se aproxima o novo ano letivo, maior a certeza de que o sobressalto para alunos e famílias será igual ao do velho. A discussão em torno do tempo de serviço “congelado” aos professores e as múltiplas greves que originou prolongam-se para os primeiros dias de setembro. Um dos principais sindicatos (pela mobilização de que mostrou ser capaz), não faz por menos: o S.TO.P. convocou cinco dias de greve aos primeiros dias de aulas (18 a 22 de setembro). É impossível dizer se está a dar um passo maior que a perna. Mas, venha ou não a ser uma greve bem-sucedida, só o anúncio já é uma brutalidade. Que mereceu aliás uma crítica feroz de Mário Nogueira, líder da rival Fenprof. Também o ministro da Educação carregou contra os sindicatos que, mais do que defender a escola pública, penalizam os alunos. É difícil dizer quem é o principal responsável pelo desastre que se anuncia. Mas é possível afirmar que os alunos e as suas famílias não aguentam mais um ano de guerrilha. Adaptando o que durante muitos anos se leu na adiada barragem do Alqueva, “Entendam-se, porra!”

Creche gratuita para todos. É o objetivo do programa “Creche Feliz”. No ano letivo passado, chegou a 58 mil crianças. No arranque deste, o objetivo é chegar a 70 mil. O problema é que o ano já começou e muitas famílias não garantiram um lugar, e muito menos gratuito (em particular no Porto e em Aveiro). O programa prevê que, na ausência de lugar na rede solidária (IPSS), os pais inscrevam as crianças em creches privadas, garantindo o Estado o pagamento. Sucede que a Segurança Social não deu resposta aos pedidos dos privados que querem e podem aderir. Como disse a Confederação das Associações de Pais, a legislação foi célere, mas foi só isso. Uma medida de enorme impacto social está a ser travava pela incompetência burocrática do Estado. Um filme que se repete demasiadas vezes.

*Diretor adjunto

OS CATAVENTOS DO COMENTÁRIO

– O infame papel dos media na propaganda de guerra

Carlos Branco [*]

A «operação especial» levada a cabo pela Rússia na Ucrânia tem captado a atenção internacional e, em particular, a europeia. Desde a primeira hora que considero ser a solução diplomática o caminho para a paz. Contudo, uma máquina de propaganda bem oleada tem passado a ideia de que era possível uma vitória ucraniana rápida e fácil, o que não coincide com os factos. Apesar desta realidade ser cada vez mais incontornável, os mensageiros dessa propaganda, que repetiram e amplificaram a vitória ucraniana como certa dizendo tudo e o seu contrário, contribuíram para a manipulação da opinião pública que, no momento presente, é confrontada com o falhanço da estratégia de Biden e com a necessidade de uma solução política.

Como muitos analistas, também eu considerei que a Rússia não invadiria a Ucrânia, “só o farão in extremis.” A razão por detrás dessa consideração é, ainda hoje, válida. A Rússia não estava militarmente preparada para o confronto que daí adviria. Tinha-se preparado para enfrentar sanções, mas não para fazer face à resposta solidária do Ocidente, em especial nos termos e na dimensão em que ocorreu. Mas o in extremis aconteceu. As forças ucranianas concentradas no Donbass preparavam-se para atacar as duas repúblicas independentistas. Putin antecipou-se e invadiu a Ucrânia.

A necessidade da solução diplomática

A falta de preparação russa, não constituindo uma debilidade ao ponto de ser militarmente derrotada pela Ucrânia, mesmo ajudada pelo Ocidente, foi responsável pelos revezes em Kharkiv e em Kherson, interpretados por observadores menos experientes como um caminho irreversível para a claudicação. Sem perceber o que se estava a passar, viram erradamente nesses acontecimentos a antecâmara da derrota russa.

A convicção arrogante do Ocidente de que seriam “favas contadas” levou à sabotagem das iniciativas de paz quando, em março de 2022, Zelensky manifestou publicamente a intenção de renunciar a ser membro da NATO. Nessa altura, Minsk estava ainda na agenda e tudo era reversível. A continuação da guerra viria a ter consequências dramáticas em múltiplos aspetos, em particular na convivência futura de povos que tinham, até aí, coexistido sem problemas de maior no mesmo território.

Mas se a Rússia não estava preparada para este embate, o Ocidente também não! Três décadas de operações de paz deram no que deram. Foi evidente a incapacidade do Ocidente para fornecer, em tempo e em quantidade, os recursos necessários à manutenção de uma guerra prolongada.

Embora se soubesse que o confronto não envolveria apenas a Rússia e a Ucrânia, como a Newsweek deu nota, «seria pouco plausível admitir que um país com um PIB de $200 mil milhões e uma população de 44 milhões de habitantes conseguisse derrotar um país com um PIB de $1.8 triliões e uma população de 145 milhões,» ao que se acrescenta uma força aérea «não desprezível», uma indústria de defesa poderosa e capacidade nuclear. «A Ucrânia tem quase tanta possibilidade de vencer uma guerra contra a Rússia como o México tem de vencer uma guerra contra os EUA».

Exatamente por estar convicto de que a Rússia não iria ser derrotada militarmente, defendi sempre uma solução política para o conflito. O seu prolongamento iria ser altamente prejudicial, em especial para a Ucrânia, mas também para a Europa. Passado um ano e meio, a Ucrânia tem a economia destroçada, o aparelho produtivo destruído, menos de 30 milhões de habitantes, quase 50 mil amputados e mais de 200 mil mortos, civis e militares, numa estimativa modesta. E para quê? A Ucrânia traz à memória a guerra na Bósnia. Três anos de uma guerra fratricida conduziram, em Dayton, a uma solução política pior do que aquela inicialmente encontrada em Lisboa (plano Cutileiro).

FOGO DO DRAGÃO E O BEIJO ROUBADO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Há tantos anos que já lhes perdi a conta, fazia o jornal do Futebol Clube do Porto. Nessa altura Armando Pimentel e Monteiro Pinho, membros da direcção, desafiaram-me a lançar uma revista a cores, com o artista gráfico Hélder Bandarra. Com os olhos no emblema, propus que a publicação se chamasse “Dragões” porque os grandes clubes de Lisboa eram identificados por bichos, a águia e o leão. Aprovado! De tal maneira que a partir dessa data os “andrades” (forma depreciativa de identificar os portistas) passaram a lançar fogo pela boca. E hoje o estádio das Antas é a casa do Dragão.

Um dia entrevistei uma campeã da natação, menina educadíssima, tão inteligente que com 18 anos já estava na Universidade. Depois da entrevista fomos para o estádio porque havia um jogo de futebol. A menina passou o jogo todo a insultar o árbitro e os jogadores adversários que faziam faltas contra o Gomes, o Madjer e o Juary, com palavras soezes. Uma autêntica lançadora de impropérios pela boca, em vez de fogo! Aquilo era paixão pelo FC. Porto. As paixões transformam bichos feios em príncipes, bruxas assustadoras em belas adormecidas. As paixões no futebol são ainda mais transformadoras.

O mundo decadente do ocidente alargado está enredado num gesto e num beijo. O presidente da Federação Espanhola de Futebol, na tribuna de honra do estádio, levou a mão à ferramenta sexual quando as futebolistas inglesas foram derrotadas pelas espanholas na final do mundial. Que horror! Ao lado dele estava uma antiga apresentadora de televisão, esposa de um rapagão que usurpou a coroa de lata do pai e agora diz-se rei de Espanha. A filha do casal supostamente real dava saltos de alegria pela vitória das futebolistas espanholas. Imitava o Luís Rubiales mas sem levar as mãos à passarinha. 

Segundo acto desta ópera bufa. Bufões de todo o mundo exigem o enforcamento de Luís Rubiales na trave de uma baliza, com o estádio cheio. O presidente da federação espanhola de futebol, depois de abraçar e beijar cada jogadora, viu-se frente a frente com uma futebolista que falhou um penalti. O seu falhanço podia ter deitado tudo a perder. Face à inditosa marcadora de penaltis, Rubiales abraçou-a efusivamente. Ela levantou-o do chão e mostrou igualmente uma alegria efusiva. Antes de seguir viagem, atleta e dirigente encostaram os lábios. Crime! Agressão sexual! Prendam e enforquem o beijoqueiro! A beijoqueira está absolvida do penalti falhado e do beijo sem língua na boca.

A ONU acaba de se pronunciar sobre o beijo. A ministra do trabalho do governo espanhol exige vingança. Cabrão do homem a beijar uma mulher! Fogueira com ele. A FIFA colocou Rubiales no purgatório. Daqui a 90 dias vai para o inferno. Nunca se tinha visto nada igual. Um dirigente desportivo agredindo sexualmente uma atleta, ao vivo, em directo, à vista de todos. Agressão sexual dolorosa. A maka é que o Rubiales diz que também foi agredido e agora a ferramenta sexual está praticamente morta. Frouxa. Preguiçosa. Um mal nunca vem só.

A futebolista Hermoso nunca mais acerta na bola e falha todos os penaltis. Destruíram a sua carreira desportiva com um beijo instantâneo. Isso de ser campeã do mundo não conta para nada. Não vale nada. O beijo sim é um acontecimento marcante. Acho que os russos estão metidos na tramoia.

Vou fazer uma confissão. As minhas costas excitam-se com muita facilidade. Ao mínimo toque ficam tão excitadas que fico com cãibras nos lombos e nas partes baixas. Ontem contei o dinheiro que tenho até ao final do mês e chegou a quatro euros e 80 cêntimos. Fui comprar fruta. Estava a apreciar os preços das maçãs e verifiquei que eram mais caras que as armas despachadas pelo estado terrorista mais perigoso do mundo para a Ucrânia. Desisti. O custo de vida aumenta e a minha carteira não aguenta.

Os meus pensamentos negativos foram interrompidos quando senti alguém roçar pelas minhas costas. Era uma cliente toda descascada, preparadas para a praia. Senti uma sensação nas costas tão forte que me enlouqueceu. Berrei para o merceeiro: Chamem a ambulância! Chamem a ambulância! A mamuda tentou fazer-me respiração boca a boca e aí desmaiei. Fui agredido sexualmente na mercearia do bairro, em frente à bancada da fruta! Os sacanas da ONU não me defendem. Os ministros e ministras nada. A FIFA silêncio. Nem os amigos mandam uma menagem de solidariedade! O mundo está perdido.

Angola | UM OLHAR SOBRE OS MEDIA – Artur Queiroz


Artur Queiroz*, Luanda

Os Presidentes João Lourenço e Lula da Silva concederam uma conferência de imprensa em Luanda. Os jornalistas brasileiros estavam em larga maioria. Percebe-se porquê. O Brasil tem 514 jornais e revistas. Rádios, são 10.000 estações, 545 redes de televisão geradoras e 13.630 estações retransmissoras, mais a agência noticiosa (Agência Brasil, antiga Empresa Brasileira de Notícias). O Presidente brasileiro levou para a Cimeira dos BRICS em Joanesburgo uma fortíssima delegação empresarial e dos Media. Foram todos para Luanda na sua primeira visita de estado a um país africano neste mandato. 

Os Media angolanos dignos desse nome estavam presentes mas são poucos. Um pasquim no dia 28 de Agosto escreveu que José Eduardo dos Santos foi “um líder falhado, fracassado, incompetente, um reles e déspota ditador”. Primou pela ausência. Graça Campos, antigo sócio do Miala também faltou à chamada. Estava encharcado em kapuka e os bêbedos não querem sabor de jornalismo para nada. A analfabeta funcional Luzia Moniz também não apareceu por lá. Está a gastar as remessas de dinheiro sujo. Os profissionais compareceram. 

Lula da Silva fez declarações importantíssimas que foram amplificadas pelas estações de rádio e os canais de televisão. A Imprensa pouco valorizou. Não por censura mas por opção editorial. Os meios audiovisuais fizeram directos da conferência de imprensa. Os jornais deram o essencial resumido. Um critério válido para quem tem de gerir o espaço num meio impresso em papel que não estica, não dá para meter mais do que cabe no edifício gráfico.

No final da conferência de imprensa o Presidente Lula disse que os jornalistas estavam muito bem comportados. Lá no Brasil cobram mais. Estava a dirigir-se aos muitos jornalistas brasileiros presentes, não aos poucos angolanos. Aliás um deles, director do Novo Jornal, até lhe fez três perguntas e uma sugestão que o presidente brasileiro levou em consideração na parte em que Armindo Laureano sugeriu que o Brasil fizesse telenovelas sobre as ligações do país com África.

O comentário de Lula da Silva sobre o bom comportamento dos jornalistas brasileiros na conferência de imprensa serviu para Teixeira Cândido, secretário-geral dos Sindicato dos Jornalistas, dar uma entrevista ao instrumento de propaganda do governo alemão, Deutsche Welle. Disse o ngamba da UNITA que o comentário de Lula da Silva “foi uma crítica ao estilo de jornalismo que se faz, fundamentalmente no setor público, porque os jornalistas que estavam presentes na sala eram maioritariamente de órgãos públicos, cuja atuação é condicionada por todas as razões e mais algumas”.

EUA | UMA NULAND DESESPERADA EM ÁFRICA

Um funcionário sul-africano encontrou-se com Victoria Nuland, despreparada e “desesperada”, implorando por ajuda local para reverter o golpe popular no Níger. A recente conferência dos BRICS poderá dar ainda mais motivos de preocupação a Nuland, relata Anya Parampil.

Anya Parampil*, em Joanesburgo, África do Sul | The Grayzone | em Consortium News | # Traduzido em português do Brasil

Quando a Secretária de Estado Adjunta em exercício dos EUA, Victoria Nuland, viajou para a África do Sul, em 29 de Julho, a sua reputação como instrumento contundente dos interesses hegemónicos de Washington precedeu-a.

De acordo com um veterano oficial sul-africano que participou em reuniões com o alto diplomata dos EUA em Pretória, no entanto, Nuland e a sua equipa estavam manifestamente despreparados para lidar com os recentes desenvolvimentos no continente africano - particularmente o golpe militar que removeu o governo pró-Ocidente do Níger horas antes. ela lançou seu tour com várias paradas pela região.

“Em mais de 20 anos trabalhando com os americanos, nunca os vi tão desesperados”, disse o funcionário ao  The Grayzone , falando sob condição de anonimato.

Pretória estava bem ciente da reputação agressiva de Nuland, mas quando chegou a Pretória, o funcionário descreveu-a como “totalmente apanhada de surpresa” pelos ventos de mudança que envolviam a região. O golpe de Estado de Julho, que viu uma junta militar popular chegar ao poder no Níger, seguiu-se a golpes militares no Mali e no Burkina Faso, que foram igualmente inspirados pelo sentimento anticolonial das massas.

Embora Washington tenha até agora se recusado a caracterizar os acontecimentos na capital nigeriana de Niamey como um golpe de Estado, a fonte sul-africana confirmou que Nuland procurou a assistência da África do Sul na resposta aos conflitos regionais, incluindo no Níger, onde enfatizou que Washington não só detinha recursos financeiros significativos investimentos, mas também manteve 1.000 soldados próprios. Para Nuland, a constatação de que estava negociando a partir de uma posição de fraqueza foi provavelmente um rude despertar.

Biden | Conversa inflamada da CEDEAO em relação ao Níger perde a vantagem

A conversa inflamada da CEDEAO em relação ao Níger perde a vantagem depois que Biden conversa com seu presidente

 Martin Jay* | Strategic Culture Foundation | # Traduzido em português do Brasil

 A pequena conversa de Biden com Tinubu diz muito sobre a realidade do que vai acontecer e do que pode acontecer no terreno.

Três facetas interessantes das notícias sobre o Níger parecem estar circulando. Em primeiro lugar, que um grupo terrorista na Nigéria apelou abertamente ao Presidente nigeriano – que também é o líder da CEDEAO – para evitar a todo o custo uma intervenção militar no Níger; em segundo lugar, que Joe Biden tomou a iniciativa de se encontrar com o mesmo cavalheiro Bola Ahmed Tinubu nos corredores das Nações Unidas, insinuando que enormes quantidades de investimento dos EUA poderiam ser direcionadas para a Nigéria se Tinubu jogasse bola; e em terceiro lugar, que recentemente, as apostas aumentaram no Níger quando a sua junta anunciou que tinha convidado os exércitos do Mali e do Burkina Faso para o seu solo para ajudar a defender-se contra uma “intervenção” que a CEDEAO ameaçou estar apenas nos planos dias antes.

Mas a pequena conversa de Biden com Tinubu diz muito sobre a realidade do que vai acontecer e do que pode acontecer no terreno, já que claramente a sua administração não quer outra guerra por procuração entre o Oriente e o Ocidente nas suas mãos antes da próxima corrida de reeleição. ano. A questão de saber se os EUA apoiariam militarmente a CEDEAO foi respondida pelo suborno de Biden ao presidente nigeriano. Isso não vai acontecer.

Tinubu, que é certamente o homem no centro dos acontecimentos, dá a impressão nas entrevistas de que está sob grande pressão dos membros da CEDEAO para intervir, mas é ele quem acalma os ânimos e procura uma solução diplomática. E, no entanto, os seus comentários à imprensa parecem ter sido escritos pelo Departamento de Estado dos EUA, tal é a proximidade do seu gabinete e da administração dos EUA – desmascarando o mito de quanto a CEDEAO é influenciada pela França (dado que a maioria dos países são ex-colônias francesas). O papel do presidente nigeriano como chefe da CEDEAO está sob os holofotes.

O que ele realmente quer? Os seus objectivos estão mais centrados na Nigéria do que no bloco?

A oferta de Joe Biden de uma nova injecção de investimento de empresas norte-americanas não parece ter atingido o alvo. Parece que Tinubu está atrás de dinheiro ainda mais rápido e fácil.

Os BRICS são realmente a tábua de salvação de que a Palestina precisa?

Os BRICS estão a pressionar por conversações directas entre Israel e a Palestina. Mas os seus membros não querem alienar Israel.

Ahmed Alqarout* | Al Jazeera | opinião | # Traduzido em português do Brasil

Desde a invasão total da Ucrânia pela Rússia em 2022, a geopolítica da região do Médio Oriente e do Norte de África tem sofrido uma convulsão.

Mais recentemente, a Palestina solicitou a adesão ao bloco Brasil-Rússia-Índia-China-África do Sul (BRICS) ao lado de sete países árabes: Argélia, Egipto, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Kuwait e Marrocos. Na cimeira do grupo em Joanesburgo, em Agosto, a Arábia Saudita, os EAU e o Egipto – juntamente com o Irão, a Etiópia e a Argentina – foram formalmente declarados como os próximos participantes nos BRICS .

No entanto, embora a Palestina não tenha sido convidada para a cimeira e não esteja entre aqueles que se juntarão ao grupo em breve, os BRICS poderiam ajudar a trazer – e de certa forma já estão a trazer – a questão do Estado palestiniano para o centro do palco internacional. Depois de anos de hiato devido ao abandono do processo de paz pelos Estados Unidos e Israel, e à ênfase de Washington na intermediação de acordos de normalização da paz entre Israel e os estados árabes, isto é bem-vindo.

Pois embora o apoio dos BRICS à Palestina não seja novo, o contexto recente é.

A cimeira de Joanesburgo foi concluída com uma declaração apelando a negociações directas entre Israel e a Palestina, baseadas no direito internacional e na Iniciativa Árabe de Paz, no sentido de uma solução de dois Estados, conducente ao estabelecimento de um Estado da Palestina soberano, independente e viável. O texto ecoou o da Parceria Estratégica Palestina-China assinada em junho. Dias antes da cimeira, o Presidente da África do Sul,  Cyril Ramaphosa, enfatizou o apoio à libertação da Palestina.

A liderança palestina manifestou apoio ao apelo dos BRICS para iniciar negociações diretas com Israel e sem envolvimento dos EUA. A mensagem para os EUA? A era do unilateralismo americano está acabando.

Significando o renascimento da questão através da Iniciativa de Paz Árabe e apoiando os passos dos BRICS, a Arábia Saudita  nomeou o seu primeiro embaixador não residente na Palestina e cônsul-geral em Jerusalém sem consultar Israel.

Mais lidas da semana