Artur Queiroz*, Luanda
Angola já foi campo de sangrentas batalhas travadas pelo Povo Angolano contra os EUA e seu aliado de estimação, o regime de apartheid da África do Sul. Contra a CIA, o ELP (fascistas portugueses) e as tropas do ditador Mobutu. Foi a Guerra pela Soberania Nacional e a Integridade Territorial à qual chamam “guerra civil”. José Eduardo dos Santos venceu e depois estendeu a mão à criadagem dos racistas e dos assassinos de Washington. Ganhou o cognome de Arquitecto da Paz. Esse era o país dos marimbondos, um antro horrível.
Em 2017 veio do Além o nosso deus, João Manuel Gonçalves Lourenço e Lourenço e Lourenço. Abriu rapidamente o combate à corrupção, limpou tudo bem limpinho, porrada às zungueiras na rua, contas congeladas a alguns milionários do antigamente, bens confiscados aos ricos que se recusaram a pagar o imposto revolucionário.
O Presidente antigo era o Arquitecto da Paz? O novo Presidente, mais deus do que todos os deuses é o Campeão da Paz em África. O continente todo, não é só na aldeia de Samaria, no Triângulo do Tumpo, nos campos de batalha do Norte, do Leste, em toda a rosa dos ventos. Em menos de um instante, Angola ficou o país das maravilhas. Toda a gente virou a casaca só eu continuei matumbo. Um energúmeno no país das maravilhas fica mal!
O assassino Antony Blinken vai visitar as colónias de África. Os criados às ordens. No percurso está Angola. Só um matumbo como eu não compreende que neste país das maravilhas, os que andaram a matar angolanas e angolanos, desde 1974 e 2002, são amigos do peito. Aliados firmes e seguros. Companheiros de viagem, toda a vida.
Só um matumbo desesperado como eu não compreende que Angola precisa de uma aliança estratégica com os EUA, país que apoia politicamente e fornece material de guerra aos nazis de Israel, para executarem o genocídio na Faixa de Gaza. Mais de 24 mil mortos em 100 dias. Milhares de crianças e Mamãs. Dezenas de jornalistas, deliberadamente assassinados. Cemitérios arrasados e transformados em bases militares dos nazis.
O Campeão da Paz em África apoia o genocídio em marcha na Palestina. E este matumbo empedernido não percebe o alcance de tão fina e inteligente posição política. Está próximo o dia em que ou estamos do lado dos genocidas ou somos antissemitas. João Manuel Gonçalves Lourenço e Lourenço de Lourenço mais Lourenço prefere ser genocida. Só um matumbo insanável como eu não percebe que chegou a hora de apoiar o trio assassino Biden, Blinken e Austin a acabar o trabalhinho que começou em 1974, quando os angolanos se bateram contra os invasores estrangeiros (EUA e aliados) nas Grandes Batalhas da Independência no Ntó, Kifangondo, Luena, Ebo, Cuito ou Cuanavale.
Por estas e por outras, ninguém me quer comprar. Em quase 60 anos de jornalismo só uma vez me acenaram com benesses que justificavam plenamente virar as costas ao MPLA. Mas pensei assim: Fico bem na vida mas o que vão pensar de mim Agostinho Neto ou meus manos David Moisés Ndozi e Eurico Gonçalves? Matumbo como sou, não me vendi. Agora que sou um chanato velho é que não me compram mesmo.
Nunca me vendi porque não sou mercadoria comprável. Mas agora vou tentar. Se me derem 1,8 mil milhões de dólares reabro com o Vítor Bandara a nossa operadora de televisão (QB Comunicação) e fazemos uma série para a Televisão, sobre o Campeão da Paz em África. De bónus oferecemos uma longa-metragem onde sua excelência é o artista principal e secundários todos os membros do seu gabinete ministerial mais o secretariado da Presidência da República. Vamos a Hollywood contratar aquelas actrizes azougadas que se queixam de assédio sexual. Umas louraças de peitos opulentos. O filme já tem título: Broches de Ouro na Orgia do Petróleo
Se terraplanar um terreno para crescer melhor o capim pagaram 1,8 biliões de dólares, fazer séries de televisão e uma longa-metragem devia valer muito mais. Mas como sou um matumbo no país das maravilhas, cobro o mesmo. E ainda dou dez por cento de imposto revolucionário. Sou mãos largas. Um esbanjador de dinheiro.
Na Europa a democracia avança para níveis siderais. Os deputados do Parlamento Europeu aprovaram um a moção que proíbe a Hungria de votar. Isto porque os húngaros votam contra o despacho de 50 mil milhões de euros para os nazis de Kiev, sócios de Úrsula von der Leyen, Borrel, Charles Michel, Roberta Metsola. Quem não é por nós, é contra nós. Quem vota contra nunca mais vota. A democracia no seu melhor. A Alemanha só fala de guerra. A França só fala de guerra. O Reino Unido só fala de guerra. O Campeão da Paz em África, de braço dado com Biden, Blinken e Austin (o morto vivo), vai impor a paz na Europa. Nem Deus é capaz de fazer mais e melhor pela Humanidade.
Portugal está a poucos dias de comemorar os 50 anos do 25 de Abril, essa revolução luminosa que nasceu da luta dos povos Português, Angolano, Guineense e Moçambicano. A Comunicação Social está rendida e vendida ao partido Chega. O Ministério Público e a Procuradoria-Geral da República são os melhores aliados do partido fascista e xenófobo. O PSD cavaquista e passoscoelhista apoia o partido Chega. O actual líder, Luís Montenegro, ultrapassa a concorrência pela direita e ninguém está tão na extrema como ele. No dia 25 de Abril de 2024 os portugueses podem ter um governo de fascistas, que faz de Marcelo Caetano um perigoso esquerdista.Ontem abriu o Congresso dos
Jornalistas Portugueses. O senhor Cavaco da Silva acabou com os Media livres
O congresso foi aberto por Marcelo Rebelo de Sousa, apresentado como “um jornalista que nunca teve carteira profissional”. Portanto, nunca foi jornalista. Mas quando ele actuava na propaganda pessoal e partidária, ainda existiam jornalistas. No seu discurso, mais medíocre do que é costume, o Campão dos Beijinhos e Fotos chamou ao regime colonialista e fascista, “o tempo pré Abril”. Para não indispor os nazis feios, porcos e mais do partido Chega e os nazis engravatados do PSD, CDS, PPM e Iniciativa Liberal.
Só um matumbo incurável como eu não percebe que racismo, xenofobia, fascismo e nazismo são ingredientes suculentos da caldeirada democrática que domina o mundo ocidental e particularmente os países da União Europeia.
* Jornalista
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