segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

O planeta está repleto de cegos que não querem ver...

Bom dia, hoje trazemos aqui um ligeira abertura antecipando o Curto do Expresso. Apostamos que se ler não vai gostar. Provavelmente chamar-nos nomes feios. Tudo bem, estamos habituados. Adiante.

O medo de Trump vencer as eleições em Novembro nos EUA é enorme para uma minoria de cidadãos norte-americanos e para o mundo ocidental e arredores. A NATO treme e a União Europeia não lhe fica atrás. O Reino Unido revive o Império Falido. 

O famigerado neocolonialista e esclavagista Ocidente anda a fazer contas de como sobreviverá neste sistema de pseudo democracia dirigido pelo corporativismo dominado pelos 1% dos donos do planeta. Não têm com o que se preocuparem. As negociatas e roubos continuarão, a exploração dos que trabalham também, o mundo será cada vez mais dos super ricos, esses tais um por cento da população mundial. Guerras? Haverá. Preparem-se. A União Europeia estará também cada vez mais tramada, desgovernada e pobrezinha. Perde a ‘muleta’ dos EUA, pois Trump olhará só para os interesses dos EUA sob todos os prismas. Egoistamente, como são suas características e anúncios. A negritude com que o futuro nos permite vislumbrar o que aí vem será imensurável.

Perante o descalabro a população mundial fora dos EUA espera injustificadamente que Trump seja morto ou preso e apostam no decrépito Biden para vencer um velho-novo mandato como presidente dos EUA… Falsas esperanças. Na atualidade Biden já pouco põe e dispõe no caminho há muito traçado pelos bandidos do 1% que na realidade detêm os poderes… Não por acaso existe o adágio popular “adeus mundo, cada vez pior”.

Este dito pessimismo decerto que será condenado, recusado, está a acontecer isso mesmo agora mais que nunca. Tal resume-se somente a uma causa: o planeta está repleto de cegos que não querem ver apesar de a realidade permitir que as verdades sejam sentidas até somente pelo tato. Vá, tateiem, sintam, ‘vejam’ e reajam. Deixem-se de cobardias e pseudo confortos e egoísmos de só olhar os próprios umbigos, rejeitando que há muito mais mundo por que lutar.

Bom dia e um queijinho. Vão ao Curto, a seguir, e se existir palha comam-na ou rejeitem-na. Sejamos efetivamente soberanos das nossas próprias vidas sem esquecer que a liberdade de cada um acaba quando começa a liberdade e direitos de outro nosso semelhante e companhia nesta viagem efémera.

O Curto. Vá nessa.

Redação PG


Ai, Owa! (EUA)

Pedro Cordeiro, editor da Secção Internacional | Expresso (curto)

Bom dia e boa semana!

Começo por recordar que na próxima quinta-feira, 18 de janeiro, às 12h, voltam as “Visitas à redação”. Se quiser conhecer o local onde se faz o Expresso, em pleno dia de fecho da edição semana, inscreva-se através do email producaoclubeexpresso@expresso.impresa.pt.

Arranca hoje a votação da eleição que provavelmente mais marcará o mundo neste jovem ano. Os eleitores republicanos do Iowa começam a escolher o candidato do partido às presidenciais de 5 de novembro nos Estados Unidos da América. Do lado democrata o mais certo é que figure no boletim de voto, dentro de dez meses, o atual Presidente, Joe Biden, no cargo há quase três anos. O correspondente do Expresso do outro lado do Atlântico, Ricardo Lourenço, explica o que está em causa.

O Iowa, território de três milhões de habitantes e 145 mil quilómetros quadrados — respetivamente 30º e 26º maior entre os 50 que compõem a federação —, deve o nome ao de um rio que é também o de um povo nativo americano. Terra conservadora (o governador, os dois senadores e os quatro membros da Câmara dos Representantes pelo estado são todos republicanos), é palco do primeiro embate nas urnas entre Ron DeSantis, Nikki Haley, Asa Hutchinson, Vivek Ramaswamy e, é claro, Donald Trump.

O homem que nunca aceitou ter perdido (mas perdeu!) as eleições de 2020 para Biden é favorito em todos os estudos de opinião, ao ponto de nem ter querido ir aos debates onde os demais se digladiaram por ser o seu opositor principal, à medida que os meses avançam e a falta de entusiasmo vai fazendo cair alguns. O último foi Chris Christie, antigo governador da Nova Jérsia e, entre todos, o que mais claramente criticava o antigo chefe de Estado, considerando-o indigno de regressar à Casa Branca.

Com o outrora reluzente DeSantis (governador da Florida) a perder fôlego, Hutchinson (ex-governador do Arcansas) a nunca ter entusiasmado eleitorado que se veja e o inexperiente empresário farmacêutico Ramaswamy a não apelar a mais do que a franjas do partido, Haley (outrora governadora da Carolina do Sul e embaixadora nas Nações Unida durante o mandato de Trump) parece a mais bem posicionada (ainda assim, não muito) para fazer frente ao milionário, como se lê neste trabalho da Ana França.

Sendo apenas o primeiro de muitos confrontos, o caucus do Iowa (modo especial de escolher um candidato, que passa por reuniões e discussões públicas, mais do que apenas pela cabine de voto) dará indicações sobre dois aspetos: quão grande é a vantagem de Trump e quem está à frente na corrida ao segundo lugar. No ano em que se tornou Presidente, 2016, o nova-iorquino não venceu neste Estado, onde foi batido por Ted Cruz. Desta vez seria uma surpresa não ficar em primeiro lugar.

Tudo isto torna pertinente a leitura do artigo que faz a capa da Revista E esta semana: como será o mundo se Trump ganhar não só o Iowa, mas o país? A hipótese de repetir a proeza que só Grover Cleveland alcançou no século XIX deve ecoar na cabeça de todos, leva o ex-candidato democrata Bernie Sanders a fornecer conselhos a Biden. Da economia aos costumes, da imigração ao porte de armas (aqui tratado pela Salomé Fernandes) da Ucrânia a Gaza, da China à NATO, nada será igual.

A série que consagrará Trump ou proporcionará a maior reviravolta de sempre continua nas próximas semanas e meses, até 4 de junho se até lá não ficar só um em jogo. O Novo Hampshire vai a votos dia 23, estando marcados debates a 18 e 21, prevê-se que sem o ex-Presidente. Em fevereiro será a vez de Nevada e ilhas Virgens (dias 6 e 8), Carolina do Sul (24) e Michigan (27 e 2 de março). Março verá votar Idaho e Missuri (2), Distrito de Colúmbia (zona da capital, 1 a 3), Dacota do Norte (4).

Dia 5 é a Super Terça-feira, com 16 votações simultâneas (Alabama, Alasca, Samoa Americana, Arcansas, Califórnia, Colorado, Maine, Massachusetts, Minnesota, Carolina do Norte, Oklahoma, Tennessee, Texas, Utah, Vermont e Virgínia). Em dois deles, Maine e Colorado, tribunais decretaram que Trump não pode concorrer, por ter incitado a tentativa de sedição de 6 de janeiro de 2021. O caso está pendente de recurso e o Supremo Tribunal dos Estados Unidos deve fixar jurisprudência em breve.

O calendário completa-se com Guam (9 março), Marianas do Norte e Porto Rico (10), Geórgia, Havai, Mississípi e Washington (12), Arizona, Florida, Illinois, Kansas e Ohio (19), Luisiana (23), Connecticut, Delaware, Nova Iorque, Rhode Island e Wisconsin (2 abril), Wyoming (18 a 20), Pensilvânia (23), Indiana (7 maio), Maryland, Nebrasca e Virgínia Ocidental (14), Kentucky e Oregon (21), Montana, Nova Jérsia, Novo México e Dacota do Sul (4 junho). A convenção para aclamar os candidatos do Grand Old Party a Presidente e vice-presidente acontece de 15 a 18 de julho em Milwaukee, no Wisconsin.

Outras notícias

TAIWAN Outra eleição importante aconteceu do outro lado do mundo, onde William Lai ganhou as presidenciais de Taiwan. A reportagem do Nelson Moura dá conta de um “sábado normal” para os taiwaneses, que agasta Pequim. O regime comunista vai apostando na integração económica, explica o António Caeiro, enquanto não decide forçar militarmente a reunificação. No podcast Expresso da Manhã, o Paulo Baldaia pergunta à investigadora Raquel Vaz Pinto até quando durará a paciência dos chineses.

DAVOS Começa hoje a reunião anual do Fórum Económico Mundial e o Jorge Nascimento Rodrigues conta-nos que o encontro vai decorrer em ambiente sombrio. Um mundo “fraturado”, o papel da inteligência artificial na desinformação global e as guerras na Ucrânia e no Médio Oriente são os riscos em debate no evento, que juntará 2800 participantes na estância alpina. Entre os convidados estão António Guterres, Kristalina Georgieva, Antony Blinken, Christine Lagarde, Li Qiang, Emmanuel Macron ou Javier Milei.

EQUADOR O país está a ferro e fogo, com ataques do narcotráfico ao Estado de Direito. A Manuela Goucha Soares conversou com dois eurodeputados conhecedores da realidade local sobre as causas desta forma de terrorismo sem ideologia. A resposta chama-se “desigualdade” social e atinge quase toda a América Central e do Sul. No podcast O Mundo a Seus Pés, a jornalista conversa sobre o que se passa no Equador com Luís Novais, correspondente do Expresso no vizinho Peru.

PORTUGAL Já há calendário de debates para as legislativas de 10 de março, informa a Eunice Lourenço. Agendados entre 5 e 23 de fevereiro, o tiro de partida é dado pelo duelo PS-IL na SIC e o final reúne todos os partidos com representação parlamentar na RTP). Pelo meio assinale-se o embate entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro, dia 19 nos três canais de âmbito nacional. No dia seguinte debatem na RTP os partidos que não estão na Assembleia da República.

VIANA DO CASTELO A convenção do Chega, em que André Ventura queria mostrar-se moderado, foi afinal um festival de promessas que ninguém percebe (nem o chefe da extrema-direita explica) como seria possível pagar, escreve o Vítor Matos, que lá esteve. Acresce que muitas das afirmações do encontro, onde um participante até se gabou de ser fascista, não resistem à mais básica análise de factos: da imigração à Segurança Social, abundaram mentiras que nenhuma “contextualização” iliba.

BOLA O Benfica começou a perder em casa, mas acabou por espetar 4-1 ao Rio Ave, mantendo o segundo lugar da Primeira Liga, descreve a Lídia Paralta Gomes. A norte, foi o Porto a bater o Braga por 2-0, o que, somado à vitória do Sporting na véspera sobre o Chaves (3-0), deixa o topo da tabela na mesma. Noutras latitudes, assinala o Pedro Barata, arrancou na Costa do Marfim a Taça Africana das Nações, onde estão quatro dos cinco países lusófonos daquele continente e dois técnicos lusos.

DINAMARCA O país escandinavo trocou ontem de chefe de Estado. Margarida II abdicou no dia em que completava 52 anos de reinado, abrindo caminho ao seu primogénito, agora Frederico X. Monarca há mais tempo no trono (desde a morte da britânica Isabel II, em 2022), a octogenária anunciara a saída na mensagem de ano novo, mencionando razões de saúde. Num domingo ameno, houve festa nas ruas e beijos na varanda, além de lágrimas de mãe e filho. Veja as melhores fotografias da jornada.

Frases

“É preciso fazer mais — e melhor — para consciencializar os eleitores de que o que se passa em Bruxelas é, por assim dizer, uma extensão da vida política nacional e que, por isso, o seu voto pode fazer a diferença”
Inês Matos Pinto, num artigo que sublinha (nunca é de mais) que as eleições europeias são cruciais

“Quando os cidadãos desistem da democracia e da exigência perante os que elegem, não é o ‘sistema’, se o entendermos como sinónimo de quem tem o poder, que sofre. São os de baixo. Porque os únicos que realmente precisam democracia são os que não têm outro poder para além do voto.”
Daniel Oliveira, a escrever no Expresso sobre o conclave do Chega

“Em vez de se dedicarem ao tráfico de droga, aos roubos ou violações, os imigrantes no Martim Moniz dedicam-se à gastronomia, ao comércio e ao convívio na rua, fazendo daquela parte de Lisboa uma das que mais valem a pena visitar e conhecer. Insegurança zero. O sonho do multiculturalismo tornado realidade. O Martim Moniz fez de Lisboa uma cidade mais cosmopolita, esse adjetivo tão considerado.”
Carmo Afonso, no “Público”, sobre uma zona de Lisboa onde certas pessoas deviam ir mais

“Só vale a pena comemorar o 25 de Abril em modo combativo Pouca gente atacará o 25 de Abril directamente, principalmente no terreno da política, mas existem ataques que minimizam o seu significado.”
José Pacheco Pereira, no mesmo jornal, num excelente texto sobre o cinquentenário que se avizinha

Podcasts a não perder

O fundador do Expresso volta às ondas sonoras com um podcast sobre inteligência artificial. No episódio de estreia de A próxima vaga, Francisco Pinto Balsemão reuniu em estúdio Arlindo Oliveira, professor do Instituto Superior Técnico e autor de obras sobre tecnologia e sociedade, e Miguel Poiares Maduro, professor de Direito e antigo ministro, para falar sobre as implicações geopolíticas do fenómeno.

Ansiedade, mal a que poucos escapam, é tema do Que Voz é Esta?, programa de Joana Pereira Bastos e Helena Bento dedicado à saúde mental. “Trabalhava a noite inteira, vangloriava-me por dormir tão pouco e trabalhar tanto. A toda a hora, sentia um aperto muito grande no peito”, conta a arquiteta Ana Rita Filipe, numa emissão com Ana Rita Goes, psicóloga e docente na Escola Nacional de Saúde Pública.

Já pensou de que forma os ataques dos hutis, rebeldes do Iémen, a navios de mercadorias na rota do canal do Suez podem afetar o seu quotidiano? O facto é que já influenciam o mercado português, como explica a jornalista Margarida Cardoso, que viajou até Frankfurt para a feira de têxteis-lar, e é convidada de Teresa Amaro Ribeiro no mais recente episódio do Economia Dia a Dia.

O que ando a ler, ver e ouvir

Passou pouco tempo desde que assinei o último Expresso Curto, mas o suficiente para me ter chegado um dos presentes que, conquanto mencionados na minha carta, o Pai Natal deixara de fora em dezembro. Vantagens (também as há) de fazer anos pouco depois da quadra, recebi no dia 8 o sexto e último volume da saga “L’Arabe du futur”, de Riad Sattouf (editora Allary). A derradeira parte deste relato autobiográfico de um ilustrador francês de origem síria cobre os anos de 1994 a 2011, terminando quando começa a guerra civil no país dos seus antepassados, de que nos esquecemos e que cumpre 13 anos no próximo mês de março. Ao mesmo tempo divertido, descoroçoante e triste, encerra com notas de esperança uma história complexa que o premiado autor vem publicando desde há dez anos. Entre nós tem sido a Teorema a publicar esta coleção, ao passo que a Gradiva lança outra série de Sattouf, “O diário de Esther”.

Esta newsletter foi escrita, em grande parte, ao som de “Owl Song”, disco do trompetista de jazz Ambrose Akinmusire que Rui Miguel Abreu recenseou para o Expresso esta semana, considerando que atinge “um novo patamar de excelência”. Tirando a parte do novo, sobre a qual não posso pronunciar-me pois desconhecia o músico em causa (mas irei explorar a sua obra pretérita), tendo a concordar. A outra parte foi escrita escutando Missas de Filipe de Magalhães, compositor português do século XVI, pelo agrupamento Cupertinos, sobre o qual escreveu Ana Rocha. Muito mais recente e jovem é, aos 17 anos, Muireann Bradley, cujo álbum de estreia, “I kept these old blues”, fez parte das minhas delícias este fim de semana.

Nos palcos, destaco comédias que não penso perder: “O regresso de Ricardo III no comboio das 9h24” de Gilles Dyrek, vai no Maria Matos, encenado por Ricardo Neves-Neves e interpretado por Adriano Luz, Ana Nave, Jéssica Athayde, Miguel Thiré, Raquel Tillo, Rui Melo, Samuel Alves e Susana Blazer. O Tivoli propõe “Feliz Aniversário”, um êxito internacional de Marc Camoletti, que esteve seis anos em cena no West End londrino e na Broadway nova-iorquina. Adaptado e encenado por João Baião e Frederico Corado, o elenco inclui Cristina Oliveira, Fernando Gomes, Heitor Lourenço, Bruna Andrade e Joana França.

Fica por aqui o Curto, mas segue toda a informação no site do Expresso. Até breve e até sempre!

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