terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Portugal/mundo | 2024: o ano de todas as eleições, do falhanço da paz…


… e de notícias que nos trazem esperança

Cristina Pombo, coordenadora da secção internacional | Expresso (curto)

Bem-vindo ao primeiro Expresso Curto de 2024!

Ano novo, notícias velhas e pouco animadoras. Os conflitos na Europa e no Médio Oriente não terminaram - como tantos de nós desejámos enquanto tragávamos as passas à meia-noite de 31 de dezembro -, e arriscam escalar com rapidez, a julgar pelas primeiras horas deste 2024 em que a guerra no leste europeu ficou marcada por ataques intensos com “drones” e palavras de ameaça e desesperança.

Assim começou mais um bissexto (366 dias), com denúncias e acusações de Kiev e do Kremlin. Vladimir Putin deixou um sério aviso, agora que o temido inverno chegou, de que a Rússia vai intensificar ataques contra alvos militares ucranianos. A declaração ao país surgiu depois do bombardeamento do Exército ucraniano, este sábado, sobre a cidade russa de Belgorod, que matou 24 pessoas e feriu mais de uma centena, conforme indicaram as autoridades russas. A Ucrânia denunciou, por seu lado, um "ataque recorde" da Rússia com 90 drones durante a noite de Ano Novo, às cidades de Lviv e Odessa, e que causou a morte a uma pessoa. Fique a saber tudo o que se passou, neste resumo do 677.º de guerra.

Na Faixa de Gaza os bombardeamentos já ceifaram quase 22 mil vidas, segundo uma atualização feita ontem pelo Ministério da Saúde de Gaza. Entre os mortos, mais de 320 são profissionais de saúde. Quando nos aproximamos dos três meses de guerra (dia 7 de janeiro), as autoridades palestinianas dão também conta de aproximadamente 58 mil feridos no território. Um cenário dantesco. Menos médicos e enfermeiros para tratar os feridos, hospitais à beira da rutura total, faltam alimentos, falta quase tudo a quem ainda vai fintando a morte em Gaza. E o Exército israelita já avisou, através do seu porta-voz, que a guerra contra o Hamas vai continuar “durante todo o ano” que agora se inicia.

Mas o calendário de 2024 também ficará marcado por uma avalanche (rara) de eleições, que vão decorrer em diferentes geografias quase todos os meses, terminando com a grande batalha pela presidência norte-americana, em novembro. Pelo meio, haverá sufrágios no Reino Unido, Indonésia, México, Índia, Irão, Rússia e, claro, Portugal, e em junho há “europeias” nos 27 Estados-membros da União Europeia (UE). A Time classifica 2024 como “o ano das eleições” e publica uma lista exaustiva dos 64 países que vão a votos este ano (mais os 27 da UE) e respetivas datas.

OUTRAS NOTÍCIAS

Mensagem de Ano Novo Marcelo Rebelo de Sousa cumpriu a tradição e falou aos portugueses no primeiro dia de 2024: “Há um ano disse-vos que 2023 podia ser decisivo. E foi.” Mas “2024, afinal, é ainda mais decisivo e todos desejamos que possa ser diferente”, afirmou. Na sua declaração ao país fez um claro apelo ao voto e um “indisfarçável desafio à mudança”. Todos os partidos reagiram à Mensagem de Ano Novo do Presidente da República.

Sismo no Japão Uma série de abalos - o mais forte de intensidade 7,6 - atingiram às primeiras horas de dia 1 de janeiro a região de Ishikawa, no centro da ilha de Honshu, a principal do país. Há registo de pelo menos 48 mortos, segundo a Reuters, e apesar de ondas de maiores dimensões terem chegado a algumas zonas do litoral, o alerta de tsunami esteve em vigor apenas algumas horas.

Palavra de ordem: descansar E que tal relaxar do trabalho aproveitando uns dias de férias e, melhor ainda, associar esses dias de pausa a pontes e feriados? Para descobrir todas as hipóteses de jogar com o calendário em 2024, o Expresso dá uma preciosa ajuda.

Justiça 1 - Netanyahu 0 O Supremo Tribunal israelita anulou, no primeiro dia de 2024, uma legislação que tinha sido aprovada pelo Parlamento de Israel e que limitava a supervisão judicial do Governo. Em causa está a lei da razoabilidade que possibilita que o Supremo bloqueie decisões do Governo sempre que as considere irracionais ou implausíveis.

Jogos Olímpicos de Paris Depois da melhor prestação de sempre em Tóquio, Portugal estará em França, nos JO que se iniciam a 26 de julho, com o objetivo de, pelo menos, igualar as quatro medalhas conquistadas em 2021.

Paralisação O Sindicato dos Jornalistas formalizou esta segunda-feira a greve dos trabalhadores do Global Media Group (GMG), que detém órgãos de informação como “Diário de Notícias”, “Jornal de Notícias”, “O Jogo” e TSF, no dia 10 de janeiro. O pré-aviso de greve inclui um apelo à mobilização de “todos os jornalistas, independentemente do órgão de comunicação social para o qual prestem serviço”, para que se juntem ao protesto entre as 14h e as 15h do próximo dia 10.

Somos o que comemos Estudos recentes mostram que alterações na dieta podem ter um efeito positivo em pessoas com depressão. Investigação abre portas ao desenvolvimento de novos produtos para auxiliar no tratamento da doença mental.

Médicos preocupados Consumo do tabaco aumenta à custa de novos produtos no mercado. A venda dos cigarros convencionais estagnou, mas o consumo aumentou na versão aquecida e nicotina líquida. A adesão dos jovens preocupa médicos que defendem um imposto mais pesado, escreve o “Jornal de Noticias”.

Costa ilibado Mais de 70% dos portugueses acreditam que o primeiro-ministro demissionário acabará por ser ilibado no processo-crime que decorre da “Operação Influencer”, mas há uma clara divisão sobre o futuro da carreira política de António Costa.

FRASES

“A arrogância impediu Israel de evitar os ataques de 7 de outubro.”
Ehud Olmert, ex-primeiro ministro de Israel em entrevista ao “El País”

“As casas dos políticos são um velho problema português, tanto à esquerda como à direita.”
José Miguel Tavares, sobre a casa de Luís Montenegro, noPúblico

PODCASTS

“Manual de Sobrevivência” Os pianos têm vida própria nas ruas das cidades ucranianas, estão lá para quem quiser tocar. Aliás, a música, no geral, é um elemento muito comum nas ruas, nas passagens subterrâneas, nos cafés e restaurantes, no metro, é quase omnipresente. Neste episódio, Iryna Shev conduz-nos numa viagem por alguns dos locais onde a música está sempre presente.

“Contas Poupança” O início de cada ano é propício a decisões importantes. Definimos objetivos e metas, embora depois a maior parte deles acabem por ficar perdidos no mundo das boas intenções. É por isso que tem de tornar as suas decisões financeiras automáticas logo desde o dia um (literalmente). O primeiro episódio do ano oferece dicas que podem fazer a diferença na gestão das finanças pessoas em 2024.

O QUE ANDO A LER

Se é verdade que o ano de 2023 nos trouxe mais más do que boas notícias - uma guerra a somar a outras tantas que já abalavam o nosso mundo - é fundamental manter a fé na humanidade e no que de bom a passagem de 2023 para 2024 nos poderá trazer. Por isso, sugiro a leitura de um artigo da secção Planeta Futuro, do jornal espanhol “El País”, que destaca um conjunto de notícias que são tão somente mensagens de esperança para o futuro.

Aplaudo com entusiasmo o anúncio de uma nova vacina contra a malária, recomendada em outubro pela Organização Mundial da Saúde, que fará a diferença na saúde das crianças africanas; a história de cinco mulheres - da Guatemala, Afeganistão, África do Sul, Índia e Chile - que se revoltaram contra um destino pré-definido e lutaram pela sua liberdade; a aposta num anel vaginal que poderá ajudar a reduzir a transmissão do VIH-Sida na África do Sul.

Comecei esta newsletter com o muito que nos apoquenta, mas termino-a com um sinal positivo, patente nas palavras que elegi para 2024: Esperança, Liberdade, Participação.

Desejo-lhe um resto de dia feliz e um ano incrível, e que continue a acompanhar a atualidade que prometemos levar até si com o rigor de sempre, no ExpressoBlitzTribuna e Sic Notícias.

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