sábado, 5 de outubro de 2024

A Mortalidade do Jornalismo -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Os Media portugueses, pagos com pingos de sangue dos diamantes roubados ao Povo Angolano, puseram a circular “estudos” que permitiram chegar a esta conclusão: “Décadas depois da saída dos portugueses, Angola é o país onde morrem mais crianças”. 

Quando os portugueses estavam em Angola, a mortandade ia das crianças aos velhos. Aldeias inteiras eram incendiadas pelas tropas de ocupação e os seus habitantes torturados e assassinados. A soldadesca decapitava as suas vítimas e depois jogava futebol com as cabeças ou espetava-as em paus, para servirem de aviso aos que escapavam com vida. Os aviões lançavam napalm sobre as populações e bombas de desfolhantes matavam as lavras. A Independência Nacional pôs fim à dominação estrangeira que durou séculos. Os assalariados ao serviço dos Media portugueses têm saudades do regime salazarista e do seu circo de horrores nas antigas colónias. 

Antes da saída dos portugueses de Angola a fome, a miséria e o analfabetismo eram as grandes bandeiras dos ocupantes. A vida dos angolanos valia menos do que as vidas dos animais de estimação dos colonos. As crianças nasciam pobres. E o máximo que conseguiam era crescer na miséria. Mas a esmagadora maioria, morria antes da adolescência. 

Os sobreviventes estavam destinados a heróis. Foram eles que derrotaram os colonialistas e derrubaram o império português, para sempre. Hoje, os Media portugueses (há poucas excepções) tomam as dores das hordas fascistas e colonialistas que em Angola assassinaram, torturaram, prenderam em campos de concentração, roubaram a dignidade e a liberdade a um povo que um dia os recebeu de braços abertos. 

Os que se dizem defensores da liberdade de imprensa regurgitam ódio e peçonha sobre Angola, as suas instituições democráticas e os titulares dos seus órgãos de soberania. Fingem que em Angola não existe um poder legitimado pelo voto popular. Em Angola a taxa de mortalidade no Jornalismo é a mais elevada do mundo. Mas vai piorar! Os donos já não se contentam com Teixeira Cândido à frente do Sindicato dos Jornalistas. Querem mais. Se a Casa dos Brancos dá ordens no Palácio da Cidade Alta, a CIA tem que multiplicar a taxa de mortalidade no Jornalismo Angolano.

Os Media “libertadores” garantem que Coque Mukuta é candidato à sucessão de Teixeira Cândido. Trabalha para a Voz da América, um instrumento da CIA. Tomem nota. A taxa de mortalidade do Jornalismo Angolano vai para os 100 por cento. Os que ignoraram as operações do regime de Pretória no Sul de Angola hoje dizem que defendem a Liberdade de Imprensa. Mas ficaram em silêncio durante os seis anos que os racistas ocuparam Angola. Nem contaram como eles saíram a correr quando no Triângulo do Tumpo sofreram uma pesada derrota. A Batalha do Cuito Cuanavale mudou a África Austral e o Mundo.

Com a pressa que levavam, deixaram para trás os tanques Oliphant, peças de artilharia e os seus mortos. Só pararam em Nova Iorque onde foram forçados, na qualidade de derrotados, a assinar um acordo com Angola e Cuba, que levou à democratização da África do Sul, com a libertação de Mandela, e à independência da Namíbia. Um regime ditatorial não liberta outros povos, não põe de joelhos os carcereiros de Mandela. 

O Povo Angolano foi o libertador. As FAPLA libertaram África e a Humanidade do regime de apartheid. Os Media “libertadores” não escondem ódio e ressentimento pelos libertadores. Preferiam o banditismo político e o mais agressivo a reaccionário regime do planeta: O apartheid de Pretória.

Nada de mentiras, que isso é impróprio de jornalistas, apesar de caírem como uma luva aos assalariados dos Media “libertadores” que odeiam o jornalismo mas vivem à sua custa e sob a sua capa de dignidade e rigor. Os assalariados, sejam escriturários ou papagaios, escolheram aumentar a taxa de mortalidade no Jornalismo 

A reconstrução do país tem exigido um esforço gigantesco. Angola até 2002 era um país destruído pela guerra. Hoje a diferença é abissal e pode ser comprovada no campo social e económico, apesar dos graves problemas que surgem ano após ano, desde a crise financeira iniciada nos EUA em 2007 e agravada com a “recuperação de activos”. O salto na saúde e na educação foi gigantesco, ainda que falte muito por fazer e melhorar. Por isso, ninguém aceita lições de falsos jornalistas ressabiados e saudosos do colonialismo. 

O bom jornalismo não se faz com maldade e rancor, faz-se com honestidade e rigor. Tirem os olhos do umbigo e olhem para Angola com honestidade. Esqueçam o colonialismo de uma vez por todas!

A morte lenta do Jornalismo Angolano dá lugar à propaganda medíocre e primária. A Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, apareceu compadecida, chorosa, condoída, cavalgando a tragédia de uma menina violada pelo pai. Sua excelência só agora descobriu que a maioria daas violações de menores acontece no meio familiar. Já se esqueceu que as Mamãs da OMA ajudavam mulheres que se viam a braços com fugas à paternidade, violação dos filhos, chantagens, extorsões, violência doméstica.

Hoje isso acabou, A Organização da Mulher Angolana está mais virada para desfiles de modelos e marcas caras de roupas. Não é só no Jornalismo que a taxa de mortalidade está altíssima. No MPLA e nas suas estruturas autónomas, também. Nova liderança, precisa-se urgentemente!  

* Jornalista

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