Artur Queiroz*, Luanda
A República Popular de Angola nasceu num momento em que vastas zonas do país estavam ocupadas por tropas estrangeiras. O clima era de guerra generalizada. Portugal e os EUA organizaram pontes aéreas a partir de Luanda e do Huambo para Lisboa com o objectivo de esvaziarem o país de quadros superiores, técnicos e operários especializados em todos os sectores da vida económica e social. Até ficámos sem taxistas.
Os serviços públicos paralisaram. Os Tribunais fecharam. Os hospitais e outras unidades de saúde trabalhavam apenas com quem teve a coragem de ficar, apesar de guerra rua a rua, bairro a bairro, aldeia a aldeia, vila a vila, cidade a cidade. As escolas encerradas. As poucas que funcionavam, tinham meia dúzia de professoras e professores que corajosamente enfrentaram as dificuldades e não abandonaram os estudantes. Os transportes públicos acabaram. Os motoristas eram quase todos portugueses e quase todos partiram.
As farmácias não tinham medicamentos, por isso fecharam. As que abriam, nada tinham para vender. Em Luanda não existia leite para bebés. O meu filho Nuno nasceu em cima da Independência Nacional. Com o stresse causado pela guerra durante a gravidez, a mãe não produziu leite. Andei de casa em casa batendo à porta das parturientes que deram à luz no mesmo dia que ela. Para me alimentarem o bebé. E assim ele não morreu de fome. O meu caso pode ser multiplicado por muitos milhares.
Apesar da guerra, do cerco, das debandadas, a direcção do MPLA levou o país para a frente. Sempre convivendo intimamente com as invasões militares estrangeiras. Até Março de 1988, quando as tropas do regime racista da África do Sul foram derrotadas no Triângulo do Tumpo (Cuito Cuanavale). A guerra continuou até 2002, descontando um pequeno intervalo para as primeiras eleições multipartidárias, em 1992. Os eleitores não se esqueceram que o MPLA lutou pela independência, pela soberania, pela integridade territorial, pela cidadania, pela dignidade, pela liberdade de todos os angolanos. E deram-lhe a maioria absoluta.
Angola é o único país do mundo que à medida que crescia a partir do zero, enfrentava uma guerra de agressão sem quartel. Hoje, como ontem, existem os que, para se lambuzarem com um prato de lentilhas mal cozinhadas, ferem Angola no mais fundo do seu coração, com mentiras, calúnias, falsificações, vinganças mesquinhas. Não há maneira dos nos libertarmos desse lixo humano.
Anda a circular uma peça montada
por gente desse nível, num instrumento de chantagem e extorsão chamado
“Observador”, feito
Porque o tal “Observador” é um
instrumento criado pelo PSD (de Passos Coelho) e apoiado pelos governos de
turno
A porcina Dulce Neto escreveu o que “contou mais tarde a uma amiga angolana que falou com o Observador sob anonimato”(…) explica ao Observador um jornalista angolano que prefere falar sob anonimato(…)Uma amiga de Tatiana que falou ao Observador sob reserva de identidade(…)Amigas da primeira mulher que preferem não ser identificadas dizem ao Observador (…)Um empresário português que conhece bem Angola e que só aceitou falar sob anonimato. É só paleio anónimo, ofensivo, insultuoso, difamatório, mentiroso. Mas algumas e alguns miseráveis morais dão a careta.
Desde logo o aracnídeo da escrita Agualusa. Diz ele: “Nenhum angolano vive só do seu salário”. O rapazola pensa que somos todos como ele, que vive a chular o Estado Angolano desde que lhe deram um bilhete de identidade de cidadão nacional. Mas há mais jingulo. O principal é Justino Pinto de Andrade, na “obra” apresentado com muitas facetas menos aquelas que o caracterizam: Intriguista primário, fabulador senil, mentiroso descarado. A porcina Dulce apresenta-o como economista, preso, político, deputado, académico, sobrinho de Mário Pinto de Andrade e outras máscaras.
Dalila, a Cabrita, publicou uns excrementos sobre Angola. Grande parte das aldrabices foi-lhe transmitida por Justino Pinto de Andrade. O criado de Adalberto da Costa Júnior até deu à “historiadora” material para várias páginas sobre acontecimentos que ocorreram quando ele estava preso. Contou, com todos os pormenores, uma conversa entre Agostinho Neto e sua irmã numa sala do Palácio da Cidade Alta!
Uma historiadora não faz História com base no ouvi dizer, contaram-me, disse o primo do amigo do irmão da amiga do namorado de um preso que ouviu a discussão entre Neto e a irmã. Um canalha insanável. Com a porcina Dulce fez o mesmo. Estava preso em 1972 e assistiu a acontecimentos na sede do MPLA em Brazzaville, no mesmo ano!
Não vou reproduzir as nojentas palavras de Justino, insultuosas, mentirosas, eivadas de um espírito de vingança venenoso e mesquinho. Nem dos outros e outras. Mas deixo os nomes de quem colaborou alegremente na intrusão da vida privada do anterior Chefe de Estado, um dos construtores da Angola que hoje temos: Rafael Marques, Luaty Beirão, Paulo Inglês, Ana Paula Tavares, Filomeno Vieira Lopes, Sérgio Calundungo (OPSA). Todos têm uma característica em comum: Não conheciam José Eduardo dos Santos.
Mais a portuguesa Margarida Paredes que se apresenta como guerrilheira do MPLA, Fátima Roque, guerrilheira da UNITA e que nesta peça revela o lado mais porco da sua personalidade e um dirigente do CDS, Miguel Anacoreta Correia. Este despacho já. Foi nosso colega no Liceu Salvador Correia. Diz que Zé Eduardo (Presidente José Eduardo dos Santos) era muito apagado, apenas conhecido por ser bom no futebol. Mentiroso, merdoso, leproso moral! Zé Eduardo, no sexto ano (início do terceiro ciclo) foi eleito pelos colegas o chefe de uma das turmas da Alínea F (Ciências). Popularíssimo entre a malta mais nova por ser um craque. E invejado porque era um estiloso, sempre impecavelmente vestido, tipo figurino. Ele e o Pedro Gomes.
A Margarida Paredes esteve sentada na minha mesa e nessa ocasião disse-me que tinha sido companheira do Comandante Valódia. Agora é investigadora e mentirosa a soldo. Mas por que razão mentem sobre a vida dos outros? Jamais perceberei.
Ela diz à porcina Dulce que os pais de Zé Eduardo eram muito pobres. E ele nasceu e cresceu pobre. Bem, se compararmos os pais do antigo Chefe de Estado com os donos da empresa Lagos & Irmão, sim eram pobres. Mas naquele tempo, um operário e uma quitandeira não eram pobres. O filho mais velho, Avelino, começou a trabalhar cedo e era operário especializado. Não nadavam em dinheiro mas em comparação com a maioria das famílias dos musseques, viviam bem. Eram vizinhos de um comerciante, pai do nosso colega Adérito Raquel, ele também craque do futebol.
Atentem nesta aldrabice. Os pais vivam numa cubata de pau a pique, a cair de podre. Mas umas páginas à frente, a porcina Dulce esqueceu-se do que escreveu e refere: “Só em 1970 voltou a pisar Angola. Regressado a Luanda, não entrou logo em casa dos pais. ‘Chegou de madrugada e foi dormir para o jardim. Não bateu à porta. Quando acordámos e o vimos, foi uma alegria enorme’, relatou o irmão Avelino”. A cubata desconjuntada tinha jardim! E se Zé Eduardo chegasse a Luanda em 1970 ia directo para o cemitério. Ele fugiu de Angola nas férias da Páscoa, em 1962, já era finalista do Liceu Salvador Correia. Foi imediatamente declarado terrorista.
A porcina Dulce também levanta a
velha intriga da nacionalidade de Zé Eduardo. E ouviu, no Sambizanga, um tal
Francisco Bastos, alfaiate. Quando ele fugiu para se juntar à guerrilha do
MPLA, esta “fonte” tinha dois anos de vida. Afirma que ninguém se lembra de Zé
Eduardo no bairro. O mesmo declararam “Horácio Virgílio, de 49 anos, e Tó Zé,
de
Mas há coisas muito piores. Diz a porcina Dulce que Zé Eduardo esteve seis anos à espera de casar com sua primeira esposa, Tatiana Kukanova. Porquê? Ela serve-se da portuguesa Margarida Paredes para dar esta resposta: “Esperaram seis anos pela autorização do casamento porque o MPLA tinha como política não permitir o casamento dos camaradas com mulheres estrangeiras”. Esta ultrapassa tudo! Agostinho Neto, Lúcio Lara, Viriato da Cruz, Mário Pinto de Andrade, Américo Boavida, Paulo Jorge, Henrique dos Santos (Onambwe), Filomeno de Sá (Dibala), Carlos Pestana Heineken (Katiana), Fernando Costa Andrade (Ndunduma), todos foram casados com mulheres estrangeiras. Que se tornaram destacadíssimas militantes revolucionárias da luta armada de libertação nacional. Estou a escrever de memória, provavelmente há muitos mais exemplos.
Gravíssima é a versão apresentada sobre o 27 de Maio e a guerra da UNITA nas ruas de Luanda, após as eleições de 1992. Sobre o golpe de estado, a fonte da porcina Dulce é Justino Pinto de Andrade. Depois de muitas intrigas ele diz que “o relatório de JES sobre o 27 de Maio de 1977 foi inconclusivo, dizendo não haver evidências de fracionismo”. Eu li o relatório e diz exactamente o contrário. Ele não leu, inventou e mentiu como lhe está na massa do sangue.
Quanto à guerra nas ruas de
Luanda após as eleições de
A porcina Dulce, para não parecer mal, dá espaço ao embaixador português António Monteiro, ligado ao processo de paz de Bicesse e às primeiras eleições multipartidárias. Conhecedor do processo por dentro. Diz ele, citado pela bácora do Observador: “Nas negociações para o acordo de paz de Bicesse o Presidente José Eduardo dos Santos mostrou-se sempre calmo, sempre com coragem para tomar decisões e fazer cedências que pareciam fraquezas sem o serem. Inteligente, interpretava muito bem as diferentes correntes do MPLA. Conseguiu uma simbiose feliz com este partido muito forte. O que mais me impressionou foi que cumpriu sempre os compromissos assumidos. Nunca o vi em estados alterados, emocionais, mas sempre pausado, sereno na maneira como falava e encarava o andamento das negociações e a previsibilidade do que poderia acontecer”.
E a guerra de Luanda? Diz o embaixador, que estava na capital angolana: “Foi a experiência mais traumática da minha vida, abria a janela e via pessoas a morrer. Apelei ao cessar-fogo, o Governo aceitou imediatamente mas a UNITA não aceitou”.
Justino Pinto de Andrade, Rafael Marques, Luaty Beirão, Paulo Inglês, Ana Paula Tavares, Filomeno Vieira Lopes, Sérgio Calundungo e Agualusa participaram num massacre mediático contra Angola e o Presidente José Eduardo dos Santos. Como é costume, Luanda vai pagar aos traidores dos seus Generais e dos seus Heróis.
* Jornalista
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