Apoio irrestrito dos EUA a Tel-Aviv ameaça desencadear conflito global. Motivo: a visão colonialista de Biden e seu trio de assessores. Para eles, o Oriente Médio é uma região a ser civilizada, se preciso pela força – e Israel, a esperança do Ocidente
Chris Hedges em sua página | Outras Palavras | Tradução: Maurício Ayer | # Publicado em português do Brasil
O círculo interno de estrategistas para o Oriente Médio de Joe Biden – Antony Blinken, Jake Sullivan e Brett McGurk – tem pouca compreensão do mundo muçulmano e uma profunda animosidade em relação aos movimentos de resistência islâmica. Na visão deles, a Europa, os Estados Unidos e Israel estão envolvidos em um choque de civilizações entre o Ocidente iluminista e um Oriente Médio bárbaro. Eles acreditam que a violência pode submeter os palestinos e outros árabes à sua vontade. Eles defendem o poder de fogo esmagador dos militares dos EUA e de Israel como a chave para a estabilidade regional – uma ilusão que alimenta as chamas da guerra regional e perpetua o genocídio em Gaza.
Em poucas palavras, estes quatro
homens são extremamente incompetentes. Eles juntam-se ao clube de outros
líderes sem noção, como aqueles que se jogaram no massacre suicida da Primeira
Guerra Mundial, entraram no atoleiro do Vietnã ou que orquestraram a série de
desastres militares recentes no Iraque, na Líbia, na Síria e na Ucrânia. Estão
dotados do poder presuntivo conferido ao Poder Executivo para contornar o
Congresso, fornecer armas a Israel e realizar ataques militares no Iêmen e no
Iraque. Este círculo interno de verdadeiros fanáticos rejeita os conselhos mais
matizados e informados do Departamento de Estado e das comunidades de
inteligência, que consideram a recusa da administração Biden
Biden sempre foi um ardente militarista – ele estava clamando por uma guerra com o Iraque cinco anos antes da invasão dos EUA. Ele construiu sua carreira política respondendo ao asco da classe média branca pelos movimentos populares, incluindo os movimentos anti-guerra e pelos direitos civis, que convulsionaram o país nas décadas de 1960 e 1970. É um republicano disfarçado de democrata. Ele se juntou aos segregacionistas do sul para se opor à entrada de estudantes negros em escolas exclusivas para brancos. Ele se opôs ao financiamento federal de abortos e apoiou uma emenda constitucional que permite aos estados restringir o aborto. Ele atacou o presidente George H. W. Bush em 1989 por ser demasiado brando na “guerra às drogas”. Ele foi um dos arquitetos do Projeto de lei criminal de 1994 e um uma série de outras leis draconianas que mais do que duplicaram a população carcerária dos EUA, militarizaram a polícia e levaram à aprovação de leis sobre drogas que levaram as pessoas à prisão perpétua sem liberdade condicional. Ele apoiou o Acordo de Livre Comércio da América do Norte, a maior traição da classe operária desde a Lei Taft-Hartley de 1947 [que restringiu a atividade sindical no país como uma reação de um Congresso conservador a uma onda de greves após a Segunda Guerra Mundial]. Ele sempre foi um estridente defensor de Israel, e se gabava de ter obtido mais arrecadação de fundos para o Comitê Americano de Assuntos Públicos de Israel (AIPAC) do que qualquer outro senador.Brett McGurk.
“Como muitos de vocês me ouviram
dizer antes, se não houvesse Israel, os EUA teriam que inventar um. Teríamos
que inventar um porque… vocês protegem nossos interesses como nós protegemos os
seus”, Biden disse em
2015, para um público que incluía o embaixador israelense, na 67ª Celebração
Anual do Dia da Independência de Israel