sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Argélia e África do Sul unem-se contra “Israel” em casos do TIJ

Al Mayadeen | # Traduzido em português do Brasil

Os ministros dos Negócios Estrangeiros de ambas as nações reiteram a importância dos canais legais e diplomáticos para alcançar os objectivos acima mencionados. 

Durante uma reunião entre o Ministro dos Negócios Estrangeiros argelino, Ahmed Attaf, e o seu homólogo sul-africano , Naledi Pandor, em Adis Abeba, na sexta-feira, ambas as nações afirmaram o seu compromisso de aumentar a pressão para fazer cumprir as medidas estabelecidas pelo Tribunal Internacional de Justiça destinadas a "Israel" e aos seus campanha de genocídio em Gaza.

À margem da 44ª Sessão Ordinária do Conselho Executivo da União Africana, as nações africanas centraram-se na guerra e no genocídio em Gaza durante as suas discussões, para além da necessidade de pôr fim à agressão, proteger os civis e garantir o fluxo de ajuda humanitária. .

Os Ministros dos Negócios Estrangeiros também reiteraram a importância dos canais legais e diplomáticos para alcançar os objectivos acima mencionados. 

Os principais objectivos definidos foram o fim da invasão militar israelita em Gaza, a protecção dos civis palestinianos, o livre fluxo de ajuda humanitária e uma resolução duradoura para a luta com base no direito internacional.

Há poucos dias, o governo sul-africano anunciou que tinha apelado ao TIJ solicitando a sua intervenção para avaliar se a potencial ofensiva israelita em Rafah justificava o uso da autoridade do tribunal para evitar violações adicionais dos direitos dos palestinianos.

“Israel” está a considerar estender a sua invasão terrestre à cidade de Rafah, onde mais de 1 milhão de palestinos foram deslocados à força para a região que “Tel Aviv” afirmou ser “segura”, o que resultou numa reação internacional.

Segundo a África do Sul, isto é suficiente para pedir ao TIJ que reveja as suas medidas provisórias e emita uma ordem mais severa.

Disse estar "gravemente preocupado com a ofensiva militar sem precedentes contra Rafah", que "já levou e resultará em mais mortes, danos e destruição em grande escala".

“Isto constituiria uma violação grave e irreparável tanto da Convenção sobre o Genocídio como da Ordem do Tribunal de 26 de Janeiro de 2024”, argumentou a presidência sul-africana.

A Argélia já manifestou anteriormente forte apoio ao caso da África do Sul no TIJ.

Ler/Ver em Al Mayadeen:

Em apenas 133 dias, 28.775 martirizados, 68.552 feridos em Gaza

Chefe do ACNUR chama deslocamento forçado de Rafah para o Egito de 'um desastre'

Filho de Netanyahu evita recrutamento e aproveita o tempo em luxuoso apartamento na Flórida

RAFAH

Awantha Artigala, Sri Lanka | Cartoon Movement

Netanyahu promete prosseguir com a ofensiva de Rafah, apesar do custo em vidas humanas inocentes.

Exército ucraniano anuncia retirada de posição ao sul de Avdiivka

O exército ucraniano anunciou a retirada de uma posição que ocupava a sul de Avdiivka, uma cidade no leste da Ucrânia onde houve um aumento significativo dos ataques russos nos últimos dias.

"Mantivemos esta posição enquanto foi possível deter e destruir eficazmente o inimigo. A decisão de retirar foi tomada para poupar os efetivos e melhorar a situação operacional", afirmou Oleksandr Tarnavsky, o general ucraniano que comanda esta área no leste do país.

Hoje, mais cedo, o exército ucraniano havia anunciado o reforço do contingente na cidade de Avdiivka.

"O reforço programado das unidades está em curso e as tropas estão a manobrar nos eixos ameaçados", afirmou o Exército ucraniano através das redes sociais.

O general Oleksandre Tarnavsky admitiu "combates ferozes" em Avdiivka.

"As nossas tropas estão a utilizar todas as forças e recursos disponíveis para conter o inimigo", afirmou o general Tarnavsky que comanda as forças ucranianas na região.

"Foram estabelecidas novas posições e continuam a ser instaladas fortificações, tendo em conta todos os cenários possíveis", acrescentou.

Noticias ao Minuto | Lusa

Imagem: © Kostiantyn Liberov/Libkos/Getty Images

Navalin morreu, foi morto e cumpriu o destino dos opositores de Putin

Últimas imagens de Navalny foram captadas na quinta-feira durante audiência

Euronews

Navalny apareceu por vídeochamada, na quinta-feira (ontem) numa audiência. Autoridades russas dizem que a causa da morte está "a ser investigada".

As últimas imagens de Alexei Navalny foram captadas na quinta-feira na colónia penal IK-3, em Kharp, na região de Yamal-Nenets, a cerca de 1900 quilómetros a nordeste de Moscovo, para onde foi transferido em dezembro do ano passado. 

As imagens divulgadas pelo canal de Telegram SotaVision mostram o principal opositor de Vladimir Putin a participar por vídeochamada numa audiência. 

As autoridades prisionais russas anunciaram a morte de Alexei Navalny esta sexta-feira. Segundo o comunicado do Serviço Prisional Federal, Navalny sentiu-se mal depois de uma caminhada e "perdeu a consciência quase imediatamente". "Todas as medidas de reanimação necessárias foram realizadas", garantem na mesma nota.

A mulher de Alexei Navalny, que já reagiu, diz que não sabe se deve acreditar na notícia de que o marido morreu, uma vez que a informação foi divulgada por fontes governamentais. "Ninguém pode confiar em Putin, eles mentem sempre", afirmou à margem da Munich Security Conference, onde era oradora convidada.

* Título PG 

Portugal | República das Bananas?

Rafael Barbosa* | Jornal de Notícias | opinião

Está na lei: um cidadão detido durante uma operação policial tem de ser levado a um juiz no prazo de 48 horas. O objetivo é claro: ninguém pode ser privado da liberdade por decisão administrativa. O cidadão tem de ser ouvido pelo juiz e é este quem tem de decidir, depois de confrontado com os indícios ou as provas que lhe apresentam os polícias e os procuradores, se há razões para aplicar a prisão preventiva. Mas, se isto é o que está na lei, também há os alçapões da lei. Como só está escrito que o detido tem de ser presente ao juiz, mas não que o juiz tem de o interrogar de imediato, a detenção prolonga-se pelo tempo que for preciso. Basta invocar a complexidade e polícias, procuradores e juízes têm carta-branca para manter o cidadão num limbo legal, atropelando os seus direitos. No caso dos três arguidos do processo da Madeira, foi assim durante 21 dias. Já seria grave, mas torna-se assustador quando se sabe que foram para casa sem qualquer indício de crime: nem corrupção, nem fraude fiscal, nem tráfico de influência, nem coisa nenhuma. Há estados de direito e há repúblicas das bananas. Risque o leitor qual das duas afirmações acha que está errada.

A interferência judicial no processo político transformou-se, em poucos meses, num tema central. Como já escrevi antes, não se trata de um juízo de valor, nem de insinuar conspirações, é apenas a constatação de um facto. Primeiro, caiu um primeiro-ministro a meio do mandato, num processo que levou a eleições antecipadas. Depois, caiu o presidente da Madeira, eleito há escassos cinco meses. Em ambos os casos havia suspeitas de crimes gravíssimos. Em ambos se manteve os suspeitos abusivamente na prisão sem culpa formada. Em ambos foram postos em liberdade pelos juízes. Em vários casos (que não todos) sem qualquer indício de crimes. O dano à democracia é evidente. Não há dúvidas sobre a necessidade de garantir a independência da Justiça. E que seja capaz de obrigar os poderosos a prestarem contas. Sem essa garantia, não há Estado de direito. Mas, se os polícias, os procuradores e os juízes não forem chamados a prestar contas, também não há. Só sobra a República das Bananas.

*Diretor-adjunto

Portugal | O RUFO

Henrique Monteiro | HenriCartoon

Não só Madeira abre cisão entre juízes e procuradores, também a justiça avacalhada*

Madeira abre cisão entre juízes e procuradores. Justiça entra na campanha. Albuquerque sucede a Albuquerque?

Miguel Cadete, diretor-adjunto | Expresso (curto)

Viva!,

está nas bancas mais uma edição do Expresso, também acessível online a para todos os nossos assinantes. Ainda não fez uma assinatura do Expresso? Aproveite aqui a campanha que permite aceder a todos os conteúdos do semanário e aos Exclusivos produzidos ao longo dos sete dias da semana por apenas €1,54.

E na manchete desta edição pode ler-se que a Investigação na Madeira está a agravar a tensão entre juízes e Ministério Público. A menos de um mês das eleições legislativas, a decisão de um juiz de instrução criminal de libertar Pedro Calado, ex-vice-presidente do Governo Regional da Madeira e presidente da Câmara do Funchal, e os empresários Avelino Farinha e Custódio Correia foi recebida como um pequeno terramoto no meio judicial, ao colocar em xeque a figura da procuradora-geral da República, Lucília Gago. A decisão, conhecida na quarta-feira, três meses depois de um outro caso ter levado à demissão do primeiro-ministro, António Costa, está a cavar um fosso entre o Ministério Público e os juízes tendo a Justiça entrado de rompante nos debates que antecedem a campanha eleitoral para as próximas eleições legislativas, marcadas para 10 de março.

A este propósito, saiba que os programas eleitorais e os candidatos têm abordado o sector com cautela. Contudo, o PS inscreveu no seu programa, apresentado ainda antes da decisão sobre a Madeira, uma proposta que visa acabar com uma guerra aberta na hierarquia do Ministério Público, declarada pelo menos desde 2021.

E no governo regional, como irão ficar as coisas depois da controversa decisão do juiz de instrução? Tudo indica que Miguel Albuquerque suceda a Miguel Albuquerque. O futuro político daquele território deverá ser conhecida este sábado à tarde numa comunicação de Ireneu Barreto. O representante da República dirá, então, se chama o PSD para indicar um novo presidente do governo regional ou se mantém o atual executivo em gestão até que Marcelo Rebelo de Sousa tenha plenos poderes para dissolver o parlamento.

Também no 1º Caderno do Expresso há notícias sobre o caso Pretoriano. Fernando Madureira, o líder da claque do FC Porto Super Dragões ficará em prisão preventiva até à realizações das eleições para a direção do clube portuense. A decisão do juiz justifica-se pelo protagonismo do detido enquanto “cérebro” de um plano para amedrontar os sócios que apoiavam André Villas-Boas. O despacho revela que, uma vez libertado, Fernando Madureira poderia voltar a causar tumultos no processo eleitoral em curso.

Saiba ainda que, em Portugal, 25% das pessoas com mais de 75 anos vivem sozinhas. Todos os concelhos do continente vão ter um “radar social” para diminuir o isolamento. Políticas sociais pouco viradas para a autonomia podem explicar a medíocre posição de Portugal face à média europeia.

Na Revista do Expresso, a capa está entregue a Isabel dos Santos. A bilionária, apesar das contas congeladas e dos bens arrestados, filha do ex-Presidente de Angola José Eduardo dos Santos, mantém uma vida faustosa no Dubai, onde cativa uma gigantesca comunidade de seguidores nas redes sociais. Também é procurada pela Interpol. Numa rara entrevista a Christina Lamb, do jornal britânico “The Times”, falou sobre a perseguição que diz ser-lhe movida pelo governo angolano, sobre o papel de Portugal nos processos criminais, e ainda do Luanda Leaks - a informação libertada que é o cerne das acusações com que se debate nos tribunais de Londres, Lisboa, Luanda e Amesterdão - publicado pelo Expresso. Também se refere à misteriosa morte do seu marido, Sindika Dokolo, enquanto praticava mergulho.

A não perder, a grande entrevista de Basílio Horta, atual Presidente da Câmara de Sintra, onde discorre sobre a sua vida pública desde os tempos em que Carmona era Presidente da República até às próximas eleições para o Parlamento.

Diogo Ramada Curto tenta deslindar as causas do atraso português partindo da obra de Antero de Quental até ao livro recentemente publicado de Nuno Palma.

No caderno de Economia, o maior destaque vai para o novo recorde de exportação de azeite. A boa notícia é que em 2023 foi ultrapassada a fasquia dos mil milhões de euros, ainda que a quantidade transacionada para o exterior tenha sido menor. A explicação deve-se ao facto de o azeite ter sido altamente inflacionado nos últimos meses. Os preços no produtor subiram 150% em 18 meses. E o consumo em Portugal até baixou.

A habitação é um dos temas que mais preocupam os portugueses, e está omnipresente nos debates para as próximas legislativas. Uns partidos querem incentivos fiscais, outros propõem travões aos preços, mas os especialistas consideram que os instrumentos devem ser complementares. A conciliação é difícil quando o diagnóstico que fazem é tão distinto.

Ainda na Economia, saiba porque quem se reformou em 2023 não teve aumento nas pensões: “O Governo criou uma expetativa que agora falhou”.

Tudo isto e muito mais no Expresso.

LER O EXPRESSO

* Título PG

Austrália exige que EUA e Reino Unido retirem as acusações contra Julian Assange

Amy Goodman e Denis Moynihan | Democracy Now | # Traduzido em português do Brasil

O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, disse durante as perguntas do primeiro-ministro em 15 de fevereiro: “Essa coisa não pode continuar indefinidamente.” O primeiro-ministro abordava uma ação que tomou um dia antes, no Dia dos Namorados. Não, não foi sua proposta de casamento para sua parceira, Jodie Haydon (ela disse que sim). Ele estava explicando o seu apoio a uma moção parlamentar que foi aprovada por esmagadora maioria, pedindo a libertação de um cidadão australiano, o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, preso. O apoio de Albanese baseia-se numa exigência crescente dos australianos de todo o espectro político para que o Reino Unido não extradite Assange para os Estados Unidos e para que os EUA retirem as acusações de espionagem e pirataria informática contra ele. Assange, que está preso na notória prisão de segurança máxima de Belmarsh, em Londres, desde 2019, tem uma audiência no Reino Unido.

A advogada de Assange, Jennifer Robinson, nos enviou uma mensagem na quinta-feira,

“O apelo da próxima semana poderá ser o apelo final de Julian contra a extradição dos EUA. Se a permissão para recorrer for negada, não teremos mais recursos disponíveis no Reino Unido”. Se for extraditado, Assange pode pegar até 175 anos de prisão nos Estados Unidos. Disse o primeiro-ministro Albanese: “Basta”.

Antes da sua prisão em Belmarsh, Julian Assange passou sete anos confinado na pequena embaixada do Equador em Londres, onde lhe foi concedido asilo político.

Assange fundou o Wikileaks, um site que publica material vazado enquanto protege a identidade dos denunciantes. Lançado em 2006, só em 2010 é que o governo dos EUA visou forçada e publicamente o Wikileaks e Assange, depois de o Wikileaks ter feito várias divulgações massivas de documentos vazados relacionados com as invasões e ocupações dos EUA no Iraque e no Afeganistão.

Na segunda-feira, 5 de abril de 2010, Julian Assange divulgou um vídeo chocante no National Press Club em Washington, DC. O vídeo, que o Wikileaks intitulou “Assassinato Colateral”, foi filmado em 2007 a partir de um helicóptero militar Apache dos EUA sobrevoando Bagdá, no Iraque. O vídeo mostra em detalhes granulados em preto e branco o ataque do helicóptero a um grupo de pessoas no solo. Doze civis, incluindo dois funcionários de notícias da Reuters, foram abatidos por tiros automáticos do helicóptero. As vozes da tripulação foram gravadas, enquanto buscavam permissão para “engajar” seus alvos, e enquanto riam e praguejavam durante a matança. Foi um vídeo arrepiante, documentando um crime de guerra.

A divulgação do vídeo foi seguida pela publicação no Wikileaks.org de centenas de milhares de registros digitais dos militares dos EUA, apelidados de Registros da Guerra do Iraque e Diário da Guerra do Afeganistão. Estes documentos forneceram mais provas de que os EUA estavam a cometer crimes de guerra. Algumas autoridades eleitas nos EUA apelaram ao assassinato de Assange. O então vice-presidente Joe Biden chamou-o de “terrorista de alta tecnologia”.

Não muito tempo depois, o Departamento de Justiça dos EUA convocou um grande júri secreto que emitiu uma acusação selada contra Assange. A própria existência dessa acusação foi revelada no Wikileaks, numa fuga de informação subsequente, em 2012. A perseguição a Assange nos EUA e no Reino Unido tem sido contínua e severa desde então. Em 2017, conforme revelado em 2021 pelo jornalista Michael Isikoff e colegas, a CIA traçou planos para sequestrar Assange da embaixada do Equador ou mesmo para assassiná-lo.

Andrew Wilkie, um membro independente do Parlamento australiano da Tasmânia, apresentou a resolução em apoio a Assange esta semana, dizendo: “Esta Câmara regista que nos dias 20 e 21 de Fevereiro de 2024, o Supremo Tribunal de Justiça do Reino Unido realizará uma audiência sobre se o jornalista Julian Assange, vencedor do Prémio Walkley, pode recorrer contra a sua extradição para os Estados Unidos da América… tanto o governo australiano como a oposição declararam publicamente que este assunto já se arrasta há demasiado tempo; e sublinha a importância de o Reino Unido e os EUA encerrarem o assunto para que o Sr. Assange possa regressar a casa, para a sua família na Austrália.”

O governo australiano não está sozinho a pedir a libertação de Assange. Em Novembro de 2022, cinco grandes jornais que colaboraram com o Wikileaks – The New York Times, The Guardian, Le Monde, El Pais e Der Spiegel – publicaram uma carta conjunta apelando ao fim da acusação. “Obter e divulgar informações sensíveis quando necessário no interesse público é uma parte essencial do trabalho diário dos jornalistas. Se esse trabalho for criminalizado, o nosso discurso público e as nossas democracias ficarão significativamente mais fracos”, dizia a carta.

A advogada de Assange, Jennifer Robinson, estará no tribunal de Londres para a audiência. Ela disse-nos: “Há anos que dizemos: este é um caso político que requer uma solução política. A demonstração sem precedentes de apoio político no Parlamento australiano durante a noite mostra que o caso de Julian é uma prioridade para o governo australiano, o nosso parlamento e o povo. Os EUA deveriam ouvir as preocupações do seu aliado – e abandonar o caso.”


O conteúdo original deste programa está licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Não Comercial-Sem Obras Derivadas 3.0 dos Estados Unidos . Por favor, atribua cópias legais deste trabalho a democraticnow.org. Alguns dos trabalhos que este programa incorpora, entretanto, podem ser licenciados separadamente. Para mais informações ou permissões adicionais, entre em contato conosco.

SUBIANTO - General genocida declara vitória nas eleições indonésias

Prabowo Subianto “é o general do massacre mais notório na Indonésia, e é também o general que esteve mais próximo dos EUA enquanto levava a cabo os seus assassinatos em massa”, disse o jornalista Allan Nairn.

Brett Wilkins* | Common Dreams | # Traduzido em português do Brasil

O ministro da Defesa indonésio, Prabowo Subianto – um antigo general treinado pelos EUA numa unidade militar implicado na violência genocida – declarou vitória na quarta-feira, após o encerramento das urnas nas eleições presidenciais do país do arquipélago, embora nenhum vencedor tenha sido oficialmente anunciado.

Resultados não oficiais mostraram Prabowo, do partido populista de direita Gerindra, com quase 60% dos votos. Os seus dois rivais – o antigo governador de Jacarta, Anies Baswedan, da Coligação de Mudança pela Unidade, e Ganjar Pranowo, do Partido Democrático de Luta da Indonésia (PDI-P) – ainda não admitiram a derrota. Para evitar um segundo turno, Prabowo precisa de mais de 50% de todos os votos e de pelo menos 20% em cada uma das 38 províncias do país.

"Não deveríamos ser arrogantes. Não deveríamos estar orgulhosos. Não deveríamos estar eufóricos. Ainda temos que ser humildes", disse Prabowo a torcedores exultantes em um estádio lotado de Jacarta na quarta-feira. “Esta vitória deve ser uma vitória para todo o povo indonésio.”

O jornalista norte-americano Allan Nairn explicou em uma entrevista na terça-feira ao Democracy Now! como Prabowo conduziu uma campanha "dupla" que envolvia "pressionar e coagir os pobres com ameaças ao seu bem-estar", bem como uma "campanha de relações públicas que retrata o general como um personagem fofinho de desenho animado".

Nairn acrescentou que "nada disso seria possível" sem o apoio do popular presidente do PDI-P, Joko Widodo, cujo filho Gibran Rakabuming Raka é companheiro de chapa de Prabowo.

Além das preocupações sobre um possível retrocesso democrático, os críticos apontaram o passado sangrento de Prabowo.

“O general Prabowo é o general do massacre mais notório na Indonésia, e é também o general que esteve mais próximo dos EUA enquanto levava a cabo os seus assassinatos em massa, raptos de activistas e torturas sistemáticas”, disse Nairn. “Ele também era genro do ex-ditador da Indonésia, general Suharto.”

Prabowo, que treinou em Fort Benning, na Geórgia, juntou-se à unidade de comando de elite Kopassus em 1976, pouco depois do então Presidente dos EUA, Gerald Ford, e do Secretário de Estado Henry Kissinger terem dado luz verde à genocida invasão indonésia de Timor-Leste, depois de a antiga colónia portuguesa ter declarado a independência.

Nas duas décadas seguintes, cerca de 200.000 pessoas – aproximadamente um quarto da população de Timor-Leste – foram mortas ou morreram de fome ou de doença.

“Ele é o general, mais importante ainda, que liderou muitos dos massacres em Timor-Leste depois da invasão do exército indonésio,” disse Nairn sobre Prabowo. “Num caso, na aldeia de Kraras, Prabowo e as suas forças mataram centenas de civis em fuga. Mais tarde, ele esteve envolvido noutros massacres e dirigiu assassinatos de activistas políticos em Aceh e na Papua Ocidental.”

Nairn e democracia agora! a anfitriã Amy Goodman testemunhou e sobreviveu ao massacre de centenas de manifestantes pró-independência timorenses em 1991, em Díli. Nairn também foi brevemente preso pelos militares indonésios em 1999 e posteriormente deportado.

Prabowo também supostamente orquestrou a pior atrocidade do período imediatamente anterior à queda do poder de Suharto em 1998. As tropas do Kopassus sob o comando de Prabowo lideraram a violação em massa e o assassinato de pelo menos 160 mulheres e raparigas sino-indonésias – muitas das quais teriam sido queimadas até à morte após terem sido agredidas sexualmente – e o massacre de centenas de outros indonésios de origem chinesa.

A administração Clinton cortou relações com a Kopassus em 1999 e proibiu Prabowo de entrar nos Estados Unidos no ano seguinte. Contudo, em 2010, a administração Obama, citando a melhoria do historial da unidade em matéria de direitos humanos sob um governo democrático indonésio, retomou a cooperação. Isto, apesar dos relatos de que Kopassus ainda cometia atrocidades contra os cristãos na Papua Ocidental, de mentalidade independente.

Em 2020, o então secretário da Defesa dos EUA, Mike Esper, convidou Prabowo para ir ao Pentágono, enquanto a administração Trump procurava reforçar os laços com a Indonésia para combater a ascensão da China.

* Brett Wilkins é redator da Common Dreams

Imagem: O ministro da Defesa da Indonésia, Prabowo Subianto, comemora com apoiadores em 14 de fevereiro de 2024, após declarar vitória nas eleições presidenciais do país, antes da divulgação dos resultados oficiais.  (Foto: Aditya Irawan/NurPhoto via Getty Images)

Japão vaza milhares de litros de águas residuais radioativas de Nova Fukushima

Um funcionário chinês implorou ao Japão que “enfrente as preocupações dos países vizinhos e da comunidade internacional”.

Brett Wilkins* | Common Dreams | # Traduzido em português do Brasil

Milhares de litros de águas residuais radioativas da destruída Central Nuclear de Fukushima Daiichi, no Japão, vazaram da ventilação externa de um dispositivo de filtragem, disse quarta-feira a empresa que opera a instalação.

A Tokyo Electric Power Company (TEPCO) disse que cerca de 5.500 litros de água contaminada e filtrada vazaram quando uma válvula foi deixada aberta durante a limpeza. A empresa, que afirmou ter descoberto o vazamento na manhã de quarta-feira, alertou que parte da água – que se acredita conter 220 vezes o nível de radioatividade exigido pelos relatórios do governo – pode ter penetrado no solo.

“A TEPCO confirmou que não houve flutuação significativa nas medições de radiação registadas no local”, afirmou a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) num comunicado . “O evento não representa nenhum risco ao público e não há impacto ambiental fora do local”.

A usina de Fukushima, localizada a cerca de 240 quilômetros a nordeste de Tóquio, foi catastroficamente danificada durante o enorme terremoto e tsunami de março de 2011, que causou o colapso de três dos reatores da instalação.

Em julho passado, a AIEA aprovou um plano japonêslibertar gradualmente mais de 1 milhão de toneladas métricas de águas residuais filtradas de Fukushima no Pacífico, apesar de anos de avisos de ambientalistas e da oposição generalizada por parte da população da região.

A notícia do vazamento gerou uma resposta irada do governo chinês.

“Os repetidos acidentes do Japão no processo de tratamento da água contaminada nuclearmente em Fukushima expuseram completamente o caos e a desordem da gestão interna da TEPCO”, disse um porta-voz da Embaixada da China em Tóquio na quinta-feira, de acordo com o South China Morning Post .

“As medidas de supervisão do governo japonês são deficientes e ineficazes, o que mais uma vez prova que o equipamento de tratamento de água contaminado com energia nuclear carece de fiabilidade a longo prazo”, acrescentou o responsável.

Afirmando que “a descarga de água contaminada nuclearmente de Fukushima no mar está relacionada com a saúde de toda a humanidade, com o ambiente marinho global e com os interesses públicos internacionais”, o porta-voz reiterou os apelos ao Japão para “enfrentar as preocupações dos seus países”. países vizinhos e a comunidade internacional."

O novo vazamento segue-se ao acidente de outubro de 2023 em uma estação de tratamento de águas residuais separada de Fukushima, na qual quatro trabalhadores foram pulverizados com resíduos líquidos radioativos enquanto limpavam canos. Dois dos trabalhadores foram hospitalizados brevemente por contaminação da pele, embora nenhum apresentasse sintomas de envenenamento por radiação.

Tem havido manifestações regulares contra o depósito de águas residuais de Fukushima na Coreia do Sul e na China – dois países que, como muitos outros com centrais nucleares, descarregaram quantidades muito maiores de águas residuais radioactivas tratadas nos oceanos e outras massas de água do que o Japão afirma que irá libertar. .

* Brett Wilkins é redator da Common Dreams

Imagem: Esta foto tirada em 3 de fevereiro de 2020 mostra tanques de armazenamento de água contaminada na usina nuclear Fukushima Daiichi da Tokyo Electric Power Company em Okuma, província de Fukushima, no Japão.  (Foto: Kazuhiro Nogi/AFP via Getty Images)

Angola | Prisioneiros e Carrascos do Mobutismo -- Artur Queiroz


 Artur Queiroz*, Luanda

O Conselho dos Direitos Humanos da ONU deu este sobre o processo do empresário angolano Carlos São Vicente, no dia 14 de Novembro de 2023, há três meses: “A privação de liberdade de Carlos Manuel de São Vicente, está em desacordo com os artigos 9 e 14 do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e 9, 10 e 11 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, é arbitrária. O Governo de Angola deve tomar as providências necessárias para sanar sem demora a situação de São Vicente e a torne em conformidade com as normas internacionais pertinentes, incluindo as previstas na Declaração Universal dos Direitos Humanos e no Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos”.

A prisão arbitrária de um cidadão só se resolve devolvendo-o imediatamente à Liberdade. Diz o parecer do Conselho dos Direitos Humanos da ONU: “levando em conta todas as circunstâncias do caso, a solução adequada é libertar o Sr. São Vicente imediatamente e conceder-lhe um direito exequível de compensação e outras indemnizações, de acordo com a legislação internacional”. O empresário tem de ser libertado imediatamente e indemnizado pelos danos que entidades do Estado Angolano lhe causaram.

O Grupo de Trabalho do Conselho dos Direitos Humanos da ONU “encoraja o Governo Angolano a garantir uma investigação completa e independente às circunstâncias em torno da privação arbitrária de liberdade do Sr. São Vicente e a tomar medidas apropriadas contra os responsáveis pela violação de seus direitos”. E solicita ao Governo Angolano “que divulgue o parecer através de todos os meios disponíveis e da forma mais ampla possível”.

Aqui começa a maka mundial. O nosso campeão da paz em África e imbatível líder do combate à corrupção no mundo tem que “tomar medidas apropriadas” contra todas e todos que violaram os direitos do empresário angolano Carlos São Vicente. Já passaram três meses e a única medida tomada, pelo Tribunal Constitucional, foi acabar com os dez por cento para juízes e procuradores em cada condenação na “recuperação de activos”. Mais nada. Compreende-se porquê. 

No Tribunal de Nuremberga os torcionários nazis, membros das SS, exterminadores de seres humanos indefesos, diziam aos juízes que eram inocentes, apenas cumpriram ordens superiores. O chefe das ordens suicidou-se no seu “bunker” de Berlim, não podia confirmar nem negar. Na hora da verdade, da Justiça, vamos ter o mesmo cenário em Angola. A senhora da recuperação de activos, Eduarda Rodrigues, vai dizer, choramingando, que recebeu ordens superiores. Os juízes das farsas aparentadas com julgamentos vão apontar o dedo acusador ao Palácio da Cidade Alta. O chefe Miala vai dizer que só forneceu os torcionários.

Os mandantes levam com tudo em cima. Coitados. Apresentam-se como leões indomáveis na defesa da legalidade, mas não passam de reis na selva da ditadura mobutista. São leões sem juba, sem dentes, sem garras e já confundem as funções fisiológicas. Não sabem se estão com uma erecção ou vontade de urinar. O campeão da paz em África e líder imbatível do combate à corrupção no mundo, em 2027, vai embora. Pode ser que tenham pena dele e o deixem gozar os rendimentos até ao fim dos seus dias. Os magistrados judiciais estão protegidos. Não podem ser responsabilizados pelas sentenças que proferem, Julgam em nome do Povo. Responsabilizem o Povo. 

O Procurador-Geral da República, Pita Grós, esse está à pega. Na hora da verdade fica sozinho ante os seus julgadores. Um juiz a sério vai perguntar-lhe porque disse aos jornalistas, que no processo contra Carlos São Vicente existiam abundantes provas para uma condenação! Violou o segredo de justiça e isso é crime. Mas fez mil vezes pior. Violou a presunção de inocência. Condenou Carlos São Vicente na praça pública, ante as câmaras, microfones e gravadores. Uma sentença que transitou logo ali em julgado! Um torcionário violando a Justiça.

Pita Grós anunciou que se retirava por rer atingido o limite de idade. Arrependeu-se e continua no cargo para progredir na senda das maldades. Desbarata a sua honra. Hipoteca a dignidade. Aceita ser um servo às ordens. Faz de leão mas é apenas um animal de estimação com coleira e trela. Para mal dos seus pecados encostou-se à sua congénere portuguesa, ridícula vaca de presépio que só dá mesmo bafos. 

O Grupo de Trabalho do Conselho dos Direitos Humanos da ONU “encoraja o Governo Angolano a garantir uma investigação completa e independente às circunstâncias em torno da privação arbitrária de liberdade do Sr. São Vicente e a tomar medidas apropriadas contra os responsáveis pela violação de seus direitos”. Hélder Pita Grós violou gravemente direitos de um cidadão angolano. É o chefe dos violadores. Aceitou ordens superiores para privar da liberdade e dos seus bens, um cidadão angolano. Sendo funcionário do Estado, tem de ser responsabilizado. Atenção! Carlos São Vicente não é a sua única vítima. Algumas vítimas nem sequer foram julgadas. Nem tiveram direito à farsa do julgamento.

No dia 14 de Novembro de 2023, o Grupo de Trabalho do Conselho dos Direitos Humanos da ONU emitiu este parecer: “A privação de liberdade de Carlos Manuel de São Vicente, está em desacordo com os artigos 9 e 14 do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e 9, 10 e 11 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, é arbitrária. O Governo de Angola deve tomar as providências necessárias para sanar sem demora a situação de São Vicente e a torne em conformidade com as normas internacionais pertinentes, incluindo as previstas na Declaração Universal dos Direitos Humanos e no Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos”. 

João Lourenço já sabia disto quando assinou o decreto presidencial da “privatização” dos hotéis da AAA Activos. O Estado Angolano foi ouvido pelo Grupo de Trabalho do Conselho dos Direitos Humanos da ONU. E deu-se ao luxo de ignorar o prazo para responder. Arrogância de mobutistas. Cuidado! Joe Biden já não domina as Nações Unidas. 

O Grupo de Trabalho do Conselho dos Direitos Humanos da ONU solicitou ao Governo Angolano “que divulgue o parecer através de todos os meios disponíveis e da forma mais ampla possível”. Esta decisão foi tomada há três meses. O texto já está disponível no “site” oficial da ONU. E as autoridades angolanas continuam a ignorar. Mais arrogância. Carlos São Vicente continua preso. Mais banditismo de Estado. Os criados às ordens continuam a tratar da venda dos hotéis da empresa AAA Activos. Espero que não tenham encomendado ao chefe Miala o assassinato de Carlos São Vicente na prisão. Desde que vi uma bicicleta andar de porco, já nada me admira.

* Jornalista

Mais lidas da semana