sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Política cabo-verdiana arranca com reestruturações em 2025

Ariana Miranda (Praia)

Disputas internas agitam MPD e PAICV após as eleições autárquicas em Cabo Verde. Mudanças na liderança e desafios políticos marcam o início de 2025.

Cabo Verde entra em 2025 com o cenário político agitado, marcado por disputas internas nos dois maiores partidos do país. Os resultados das eleições autárquicas de 1º de dezembro de 2024, que abalaram o panorama político, trouxeram mudanças significativas: o Movimento para a Democracia (MPD), partido no poder, perdeu a maioria das Câmaras Municipais, enquanto o Partido Africano para a Independência de Cabo Verde (PAICV) recuperou 15 autarquias, de um total de 23.

Mudanças no MPD

No MPD, as consequências dos resultados já são evidentes. O secretário-geral do partido, Luís Carlos Silva, apresentou sua demissão, decisão aceita pelo presidente do partido e primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.

"É uma decisão do secretário-geral que aceitamos como um ato de nobreza, tendo em conta o contexto atual, com novos desafios", declarou Correia e Silva. "Reconhecemos a sua entrega e combatividade. Agora, partimos para uma nova fase, garantindo um novo secretário-geral e uma equipa renovada. É assim que a política funciona, com transições tranquilas e foco no futuro."

No sábado, 11 de janeiro, a Direção Nacional do MPD realizará uma reunião para definir os nomes que integrarão o elenco governamental, como parte do processo de reestruturação do partido.

Disputa pela liderança no PAICV

No PAICV, o presidente Rui Semedo anunciou que não se recandidatará, abrindo caminho para uma disputa interna pela liderança. Semedo pediu unidade dentro do partido. "Deixo mais uma vez o apelo pela unidade, para ampliarmos as nossas forças, aumentarmos nosso potencial coletivo e nos prepararmos para superar os desafios juntos", afirmou.

Três candidatos surgem como potenciais sucessores à liderança do PAICV e à candidatura do partido às legislativas de 2026. Francisco Carvalho, reeleito presidente da Câmara Municipal da Praia, é um dos nomes de destaque. Ele argumenta que sua candidatura é motivada pela necessidade de enfrentar os graves problemas do país.

"Cabo Verde está com problemas sérios e prementes. Não podemos estar satisfeitos com o elevado índice de pobreza, o desemprego alarmante e os jovens em situação de desespero", afirmou Carvalho. Ele também destacou que 2025 marca os 50 anos da independência do país, momento crucial para reavaliar as condições de vida dos cabo-verdianos.

Outros nomes em destaque são Nuías Silva, reeleito presidente da Câmara Municipal de São Filipe, na ilha do Fogo, e Francisco Pereira, deputado pelo círculo eleitoral da diáspora.

Deutsche Welle 

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