<> Vítor Santos* | Jornal de Notícias, opinião
Como à mulher de César, aos partidos não basta serem credíveis, é preciso parecerem credíveis. O envolvimento recente em polémicas tão desastrosas como desnecessárias é tudo o que Chega, BE, PS e PSD não precisavam. A democracia também não, porque os casos e casinhos são o melhor combustível para alimentar a ideia de que os partidos não servem para nada. Depois, ficamos todos surpreendidos com o aparecimento de figuras sem pensamento político ou obra pública bem colocadas para vencerem eleições. Autoproclamado guardião da decência, o Chega conduziu à Assembleia da República o deputado das malas, agora arguido; promotor de projetos destinados a defender a maternidade, o Bloco dispensou funcionárias que tinham sido mães há pouco tempo; tradicionalmente humanista e defensor de políticas de apoio e respeito pelos imigrantes, o PS, através do seu líder, agrafou o partido a ideias defendidas pela Direita, enquanto o PSD, que durante o Governo de António Costa tanto apontou o dedo, viu agora um secretário de Estado do seu Executivo demitir-se por ligações, no mínimo, duvidosas a negócios privados na esfera das áreas que tutela. Falta de vergonha, irresponsabilidade, comunicação deficiente e desleixo. É bom que os líderes partidários tenham noção que os eleitores não dormem. Mais relevante, estão a ser acordados da pior maneira, pelos despertadores distorcidos e manipuladores das redes sociais. Os golpes na credibilidade dos partidos também atingem a democracia. Portanto, defendam-na, porque para isso foram eleitos.
* Diretor JN
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