Milhares de pessoas desfilaram nas comemorações populares dos 51 anos da Revolução em várias cidades. Em Lisboa, Mariana Mortágua apelou à luta pela liberdade, pois “o 25 de Abril não nos vai proteger para sempre”. Extrema-direita provocou distúrbios junto ao Rossio.
Os desfiles do 25 de Abril em Lisboa e Porto voltaram a juntar muitos milhares de pessoas nos desfiles da Avenida da Liberdade e do Largo Soares dos Reis à Avenida dos Aliados, com slogans e cartazes a favor da liberdade e contra o fascismo.Entre os manifestantes ouviram-se também críticas à tentativa do Governo de desmobilizar as comemorações dos 51 anos da Revolução, usando como argumento a morte do papa Francisco e decretando o luto nacional para este dia.
Em Lisboa, a coordenadora bloquista Mariana Mortágua participou no desfile e considerou a grande adesão à manifestação como “uma grande lição para o primeiro-ministro e o Governo que entendem que se podia adiar as comemorações como se a democracia ficasse à espera do momento mais conveniente para o Governo celebrar”.
“A democracia não fica à espera, o povo não fica à espera e esta manifestação é a prova disso mesmo”, prosseguiu.
Mariana Mortágua destacou a grande presença de jovens nas comemorações e diz que isso se explica por sentirem que “também é a data deles, mesmo para quem nasceu muito depois do 25 de Abril”, celebrando-o “não apenas como memória do passado, mas também como ideia de que país queremos construir no futuro”.
“As manifestações do 25 de Abril não são meros desfiles, são manifestações políticas de gente que sai à rua para dizer nós não aceitamos retrocessos, que estamos aqui porque queremos um futuro nosso, queremos sonhar com outro futuro. E isso é o 25 de Abril”. E nos tempos que correm, face às ameaças da extrema-direita e da política do ódio em todo o mundo, Mariana Mortágua sublinha que as pessoas já perceberam que “o 25 de Abril foi incrível, mágico e maravilhoso, mas não nos vai proteger para sempre”. E que por isso “vamos ter de lutar pela democracia e a liberdade” ao fim destes 51 anos que conseguiram “combater e prevenir as pestes do racismo e do autoritarismo”.
Extrema-direita provocou distúrbios no Rossio, ex-juiz e Mário Machado foram detidos
Enquanto decorria o desfile em clima de festa, vários grupos da extrema-direita desafiaram a proibição da concentração que pretendiam fazer no Martim Moniz. O grupo deslocou-se depois para o Largo de São Domingos, junto ao Rossio, onde voltaram a não respeitar a ordem de dispersão. A polícia acabou por deter o ex-juiz Rui Fonseca e Castro*, atual líder do Ergue-te e em seguida o grupo que o acompanhava começou a lançar cadeiras e outros objetos aos agentes.
Os distúrbios da extrema-direita prosseguiram no Rossio e a polícia deteve também o neonazi Mário Machado*, que já era aguardado na prisão para cumprir pena de dois anos e dez meses após ser condenado pelos crimes de discriminação e incitamento ao ódio e violência contra mulheres de esquerda.
* Nota PG: Os nazis Mário Machado e o ex-juiz Fonseca e Castro foram posteriormente libertados
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