domingo, 11 de maio de 2025

Angola | Castigo ao Chefe Malandro -- Artur Queiroz

João Lourenço, PR Angola

Artur Queiroz*, Luanda >

José Eduardo dos Santos prestou o último serviço político ao Povo Angolano quando após as eleições de 2017 assumiu a liderança do MPLA, até ao congresso do partido que havia de eleger nova direcção. O tempo suficiente para o seu sucessor, João Lourenço, constituir e testar a nova equipa governativa, afinar políticas e definir prioridades. O Presidente da República e Titular do Poder Executivo cessante até colocou na agenda a organização das eleições para o Poder Local. Inesperadamente os Media abriram um combate cerrado ao “bicefalismo”. Figuras públicas que tinham ou tiveram grandes responsabilidades no país e no partido alinharam na campanha.  

Um político da dimensão de José Eduardo dos Santos conhecia perfeitamente quem lhe sucedeu. Sabia quais eram os seus apoios internos e externos. Mas sabia igualmente que os erros do Presidente da República e Titular do Poder Executivo caíam sobre o MPLA. Magoavam a sua base social de apoio, constituída pela esmagadora maioria dos angolanos do Maiombe a Namacunde e do Lobito ao Luau.

A Oposição diz que o MPLA é o Partido Estado. Engano de alma. É o partido que conduziu a Luta Armada de Libertação até à Independência Nacional. Sem vacilar. Sem esmorecer. Sem se submeter. É o partido Fundador do Estado. Os angolanos sabem tão bem isso que lhe dão maiorias esmagadoras ou absolutas, todos os actos eleitorais, desde que existe o regime de democracia representativa. Mas em 2022, a base social de apoio do partido mandou um recado à direcção. Os votos brancos e nulos atingiram um número preocupante. A percentagem da abstenção superou a votação no MPLA, que ainda assim ganhou com maioria absoluta. 

O Presidente da República é o líder do MPLA. Agora fazia falta a bicefalia que José Eduardo dos Santos ensaiou com os resultados que se conhecem. A equipa do Executivo é francamente má. A direcção do MPLA comporta-se como se fosse um órgão auxiliar do líder e promove o culto da personalidade de alguém que tem pouca substância política e falhas clamorosas de liderança. As políticas do Executivo são contrárias aos interesses da base social de apoio do MPLA. Atropelam o seu programa e até os seus estatutos. Rasgam as promessas eleitorais. Pior é impossível. 

Na direcção do MPLA estão as e os militantes do partido com mais provas dadas. Com mais experiência política. Com uma taxa de militância imbatível. O líder é o primeiro entre pares. Não é o patrão. E os membros da direcção não são seus serventes. Ainda que João Lourenço os trate com tom de casca grossa.

Um exemplo. Acaba de receber as e os novos embaixadores de Angola acreditados em vários países. Dirigindo-se aos diplomatas tratou-os por “vocês”. Não senhor Presidente da República. São Angola. São o Estado Angolano. São excelências, não são kaxikos. Quando e dirigir aos nossos Embaixadores trate-os por Vossas Excelências. Não é vocês. 

O nono congresso ordinário do MPLA vai decorrer em 2026. Antes que o partido fique sem base social de apoio pela acção nefasta do Presidente da República e Titular do Poder Executivo, o Comité Central e o Bureau Político têm que reagir, retirando a confiança política a João Lourenço. O líder do partido é afastado. A liderança, até à eleição da nova direcção partidária fica a cargo do Bureau Político. Se for necessário antecipar as eleições, que se antecipem. O poder não cai na rua. Há uma Vice-Presidente da República. Há dirigentes do MPLA sérios e competentes no Executivo. Angolanas e angolanos com capacidade para governar bem.

O caminho seguido desde 2017 é o da FNLA. O partido de Holden Roberto virou-se contra Angola e o Povo Angolano e praticamente desapareceu. O MPLA corre o mesmo risco. Está provado e comprovado que essa é a agenda oculta de João Lourenço. Ponto final.

Dirigentes europeus estão em Kiev apoiando o regime nazi que atirou com a Ucrânia para a guerra por procuração passada pela Casa do Brancos, os comandantes da OTAN (ou NATO), os oligarcas da União Europeia e de Londres. Perderam a guerra mas não querem que se saiba. Os derrotados fazem ameaças e ultimatos aos vencedores. Os genocidas do ocidente alargado querem a guerra, custe o que custar.

Antes, em Leviv, 40 países decidiram criar um tribunal especial para “julgar os crimes de guerra dos russos”. Os crimes de guerra dos nazis de Kiev não existem. Não são julgados por esses justiceiros que apoiam o genocídio dos nazis de Telavive na Palestina.

Na madrugada de hoje o Presidente Putin deu uma conferência de imprensa no Kremlin e respondeu ao ultimato dos genocidas e apoiantes dos nazis de Kiev. Vou resumir o que disse o líder russo: Tenham juízo! É inútil pressionar a Federação Russa. 

Na conferência de imprensa, o Presidente Putin homenageou “todos os países que contribuíram pra a vitória comum sobre o nazismo”. E mandou este recado: “Alguns países tentam falar com a Rússia na linguagem dos ultimatos, mesmo no 80º aniversário da vitória sobre o nazismo”.

E termino com esta: “Propus que a Ucrânia retomasse as negociações directas sem pré-condições. Propomos começar na quinta-feira, 15 de Maio, em Istambul, a mesma cidade onde foram interrompidas em 2022. Amanhã (hoje) temos um encontro com o Presidente Erdogan. Pedirei a sua ajuda para facilitar as negociações. Até lá a guerra continua”. 

O ultimato dos oligarcas derrotados da União Europeia e da OTAN (ou NATO) foi completamente ignorado pelo Presidente Putin. Ma agradeceu ao Presidente Lula da Silva todos os esforços que tem feito pela paz. E elegeu a República Popular da China como principal parceira da Federação Russa. Que é uma potência europeia. E uma potência mundial. Tão potente que derrotou a Casa dos Brancos, Bruxelas e Londres na guerra da Ucrânia. 

* Jornalista

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