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Lisboa, 26 mai (Lusa) -- A manifestação contra a pobreza realizada na quarta-feira em Luanda terminou à meia-noite e, na ação da polícia para dispersar os manifestantes, foram detidas 20 pessoas, disse à Lusa o presidente do movimento que organizou o protesto.
Contactado por telefone a partir de Lisboa, o presidente do Movimento Revolucionário de Intervenção Social, Luís Bernardo "Matéria Orgânica", disse à Lusa que na intervenção policial foram detidas "20 pessoas", além dele próprio, que foi detido na terça-feira à noite.
A manifestação começou na tarde de quarta-feira e foi desmobilizada pela polícia, tendo sido realizadas as detenções dos protestantes.
Segundo a mesma fonte, "todos foram libertados" na mesma tarde, tendo porém regressado à Praça da Independência, onde a manifestação continuou, apesar de não estar autorizada.
A Lusa está desde quarta-feira a contactar a polícia angolana para confirmar as detenções, mas sem sucesso.
Luís Bernardo "Matéria Orgânica" contou à Lusa que foi "capturado na rua" na terça-feira à noite e que a polícia agrediu-o bateu e arrastou-o para o carro.
Segundo o responsável do movimento, na altura da detenção foi acusado de "tentativa de assassinato do Presidente da República" pelas mensagens que constam nos panfletos que foram preparados para a manifestação de quarta-feira.
No entanto, Luís Bernardo referiu que esses panfletos "foram adulterados pelo MPLA" (partido no poder) que colocou mensagens como "vamos à guerra", "vai morrer gente", "vamos invadir escolas, causar motins", que "estão a passar na rádio e na televisão" e que "são atribuídas ao movimento".
"Nós nunca escrevemos isso nos panfletos, nós não queremos a guerra, não somos violentos, somos apenas ativistas revolucionários, de bem e pacíficos", disse.
Segundo o diretor do gabinete jurídico do Governo Provincial de Luanda, Carlos Alberto Cavuquila, citado pela agência noticiosa angolana ANGOP, a manifestação constituiu uma "atitude criminosa" e "ilegal" por "possuir cunho desordeiro e dar azo ao vandalismo".
"Estamos perante uma ação totalmente criminosa. Enquanto as manifestações tiverem fins criminosos, a polícia deve ser chamada a assumir as suas responsabilidades", afirmou.
Questionado sobre os motivos da detenção, que segundo a polícia foi por posse ilegal de arma, Luís Bernardo referiu: "Nunca usei armas na vida".
"A confusão com a posse de arma tem a ver com a detenção de um polícia por estar ligado ao nosso movimento e que realmente tinha a sua arma", disse, negando, no entanto, qualquer envolvimento do polícia nas atividades do movimento.
Segundo Luís Bernardo, a polícia não voltou a intervir na manifestação, "que terminou à meia-noite e juntou entre 800 e 1.000 pessoas".
Questionado sobre se o movimento pretende organizar mais manifestações, o presidente referiu que "a luta pela melhoria das condições de vida da população, pelo fim da fome, por condições para todos irem à escola vai continuar".
"Queremos paz e liberdade", rematou.
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