domingo, 29 de maio de 2011

Cabo Verde: ÁGUA VOLTA ÀS TORNEIRAS APÓS CORTE DE SEIS DIAS EM TODA A CAPITAL




JSD - LUSA

Cidade da Praia, 28 mai (Lusa) - Após seis dias sem água, a população da Cidade da Praia vai relembrar-se, a partir de hoje, para o que servem as torneiras, concluídas que estão as obras de beneficiação das condutas e armazenagem.

O corte inédito, anunciado de forma antecipada, permitiu ao Governo de Cabo Verde consolidar e melhorar as condutas de abastecimento, a quantidade a disponibilizar e a qualidade na capital, obras que começaram segunda feira, orçadas em 3,6 milhões de euros e integradas no 3.º Plano Sanitário da Cidade da Praia.

O corte veio também relembrar alguns hábitos já em desuso, não só como o de poupar de água como também outras formas de a utilizar, garantindo uma melhor gestão e maiores cuidados num arquipélago grandemente árido.

Face aos habituais cortes no abastecimento de água e de energia, os mais de 130 mil habitantes da capital de Cabo Verde, mais de um quarto do total da população do país, pouco sentiram as torneiras vazias.

Açambarcando largas quantidades de água em casa, o velho hábito do "banho de caneca" acabou por vulgarizar-se entre a população mais afetada, sobretudo a que reside nos novos bairros da capital.

Praticamente indiferentes ficaram os habitantes da periferia praiense, para quem a falta de água é permanente, socorrendo-se dos habituais autotanques disponibilizados pela câmara local, que esta semana estendeu as suas atividades a toda a cidade.

Hospitais, escolas, hotéis, comércio e restaurantes não pararam de laborar, pois asseguraram antecipadamente o abastecimento, minimizando os problemas, tal como explicou à Agência Lusa Ricardo Rodrigues, empresário português de restauração.

"Houve alguma dificuldade. Mas, como já estamos habituados à falta de água e de luz, tomámos precauções, e correu tudo bem, sem prejuízo para os nossos clientes, que era o mais importante. Temos os nossos próprios depósitos, mas não conseguirmos servir tão bem os nossos clientes. Felizmente, desta vez, avisaram a tempo", explicou.

Ana Teresa, 14 anos, estudante do ensino secundário na Escola Secundária Polivalente Cesaltina Ramos, na Achada de Santo António, disse à Lusa ter ficado "preocupada" com a falta de água, sobretudo com a lavagem os uniformes escolares, mas, depois, disse, com o correr dos dias, tudo foi diferente.

"Afetou no princípio, quando nos preparávamos para vir para as aulas. Sentimos muita necessidade de água. Ficámos preocupados. Como vamos arranjar água para lavar uniformes? Mas não, não afetou o rendimento escolar e as refeições quentes. As casas de banho foram sendo sempre limpas, pois a escola preparou-se para isso", contou.

A cidade não parou o seu normal pulsar, pese embora o "maior trabalho" na procura de água para encher tambores, bidões, garrafões e os depósitos que proliferam por grande parte dos semi-acabados telhados da maioria das habitações da capital.

Com a água de regresso às torneiras a partir de hoje à tarde, a vida voltará ao normal. Mas para a grande maioria, sobretudo nos bairros periféricos da Cidade da Praia, os hábitos não mudam, uma vez que as suas casas vão continuar sem água canalizada.

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