segunda-feira, 9 de maio de 2011

CONVERSEI COM O PRESIDENTE





O mundo está vazio de líderes carismáticos e presidentes estupendos. Nelson Mandela na África do sul depois de lutar contra o regime do apartheid, concorreu as eleições e venceu-as governou entre 1994 á 1999. Abandonando o poder livremente.

Actualmente é admirado por todo o lado do planeta. O povo tem-no com Presidente eterno. O Presidente Obama quando ganhou as eleições em 2008 nos Estados Unidos da América. Conquistou o mundo com a sua simpatia e o seu sorriso intelectual.

Desde os tempos da minha meninice, ensinaram-me a respeitar os mais velhos e tratá-los com dignidade. Ensinaram-me quem era(é) o Presidente do meu País. Observava alegremente na televisão, nos jornais, nas camisolas, chapéus, paredes … O seu rosto sorridente e muito sério. Como miúdo alimentava o maior desejo de um dia poder conversar pessoalmente com ele e ter o privilegio de fazer algumas perguntinhas. Porquê aceitou ser Presidente? O que significa ser Presidente?

Passada a fase da minha interrogação infantil, na verdade a situação permanece viva. Fiz as minhas diligências e fui recebido no palácio presidencial. Quando caminhava no tapete os meus pés tremiam, cheguei a sala decorada perfeitamente, ar condicionado diferente, a minha pele congelava de uma maneira especial. Entreguei-lhe as minhas mãos para saudá-lo. Senti o sangue a circularam nas minhas vias de forma excepcional. Sentei-me no sofá que dificilmente voltarei a sentar! Aqui é diferente dos musseques e das casas de latas que os poetas escreveram. Sem dúvidas!

Tive a iniciativa de tecer as minhas inquietações. Senhor Presidente depois de ter tomado posse em 1979 disse que não era escolha fácil mas necessária e conduziu o País mono partidário. Reconheço-lhe abnegação e a coragem de liderança os avanços conquistados inquestionáveis na sua longevidade de Presidente e na construção de Angola. Entretanto não se irrita nem se magoe ao exercício de cidadania que não me permite calar. Quando surgiram os novos ventos do Estado Democrático e de Direito, Angola desistiu do socialismo e o mundo agradeceu-lhe. Mas no Namibe o Senhor Presidente disse que democracia não enchia barriga, é contradição? Na década 90 nasceu o movimento espontâneo e realizou quiçá a maior passeata com dizeres “ Bailundo fora”, e usava T-shirt escrito nova vida”. Em alusão a exoneração de Moco como primeiro-ministro. Essas palavras entraram na minha memória e se adivinhava uma nova etapa. Anos passaram nada.

Depois ouvimos o Senhor Presidente a dizer “que vamos fazer de Angola um bom lugar para se viver” Nunca? Porquê? Angola é um canteiro de obras, é verdade! Mas não vê que a maioria da obras sem qualidade, e que o País está a gastar dinheiro em vão? Disse uma vez que depois da guerra a corrupção era o maior mal, criou o aborto “tolerância zero “. Simplesmente directores províncias e administradores municipais suas vítimas. Porquê não ministros, governadores províncias que na sua maioria o povo diz que foram para reforma no parlamento? E só observar que existem ministros e governadores províncias que quando eles foram exonerados houve festim. O Senhor Presidente não sabe? Apareceu com o discurso de um milhão de casas, não pensou que era muito difícil ou impossível? Porque não temos indústria de construção civil no País. Como se sente agora?

Quando disse que o angolano não vive do salário, o que queria dizer? Quando falou da herança colonial da pobreza e das suas desculpas que não tem dinheiro nos bancos estrangeiros. Como passou as noites posteriores? Como se explica que os seus próximos são acusados de serem milionários? O seu discurso polémico transpareceu incapacidade de resolver os nossos problemas, é verdade? Porquê uma semana depois foi mais prudente? Concorda com Abel chivukuvuku que disse que em Angola existe um colonialismo doméstico? Falou em eleições gerais no próximo ano, quero dize-lo que as vias de acesso as comunas, povoações e aldeias não se alteraram em muitos locais. Os carros passam por cima de ponte de madeira e troncos. Muitas localidades são esquecidas. Uma vez disse que ninguém sabe tudo todavia os seus companheiros bajulam-no e dão a entender que o Senhor Presidente percebe tudo e nunca errou ao longo dos 32 anos de poder. É exagero? Como ficou o caso da Josefa? Porquê nunca apareceu em debates mesmo em fase de eleições? Já agora será candidato? Ou vai descansar e cuidar da sua vida privada?

O Senhor Presidente ouvia-me pacientemente boquiaberto. Abraçou-me alegremente. Mas os seus seguranças agarraram-me e colocaram-me no sítio escuro e de lá escrevi o meu” diálogo monólogo”.

Sinceramente este é um “facto sonho”, se não existisse muita burocracia eu já teria feito, contudo são essas palavras que se um dia eu tiver oportunidade lhe direi sem tirar nem uma palavra.

Como é moda tudo graças a orientação do Camarada Presidente. Também decide cumprir as suas palavras que se seguem.

“Neste sentido, as modernas tecnologias da informação e comunicação, a Internet, as chamadas redes sociais e os SMS devem constituir veículos de mobilização, de contacto permanente e de esclarecimento e debate de ideias.”

Bem-haja a democracia!

**Domingos Chipilica Eduardo, em Benguela

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