segunda-feira, 30 de maio de 2011

CPLP: "Continuamos a entregar nas mãos dos outros a resolução das questões africanas"





O Secretário Executivo da CPLP criticou a forma como a África tem vindo a resolver os seus problemas. Numa entrevista ao SAPO, alusivo ao Dia de África que se comemorou a 25 de Maio, Domingos Simões Pereira criticou a forma como tem sido gerido as recentes crises que assolam o continente africano, nomeadamente as revoltas no norte de África. “Não podemos entregar de novo nas mãos dos outros a escolha das melhores formas de resolvermos os nossos problemas”.

Domingos Pereira deu o exemplo da crise na Líbia, onde a NATO chamou a si a resolução do problema, quando se esperava que este fosse um assunto para a União Africana. “Tem faltado um bocado de realismo às nossas relações internacionais e compreender que no final do dia o que tem de ser o nosso principal indicador é escolher aquilo que é melhor para nós, que em algum momento, pode não ser o melhor para quem é nosso concorrente”, afirmou.

O Secretário-Executivo enalteceu o trabalho desenvolvido pela CPLP e a forma como os actores internacionais olham para a organização. Essa crescente importância foi visivel quando a Guiné-Equatorial mostrou-se disponjível para integrar a organização, num processo que está ainda em análise. “A principal dificuldade é o facto da Guiné-Equatorial ser o primeiro país fora da lusofonia a requerer entrada na organização e ter de cumprir um conjunto de disposições que, no final, espera-se ser benéfico tanto para nós como para o país”.

Apesar de ser uma organização política, a CPLP também coopera com outros organismos africanos com a SADC, CEDEAO, ACP, o Banco Africano de Desenvolvimento, entre outros. Esta cooperação traduz-se em trocas de experiências em simpósios sobre váriso temas, como o ambiente, segurança aliementar, mas também na formação de quadros junto dos parceiros da CPLP.

Simões Pereira falou ainda da forma como tem sido gerido o problema da emigração africana, rumo à Europa, feita em condições sub-humanas. “É verdadeiramente chocante ouvir determinadas declarações de responsáveis políticos europeus que demonstram uma insensibilidade inaceitável perante esta situação”, critica Simões Pereira. Para o Secretário-Executivo da CPLP, tem de haver “alguma capacidade de compreensão e de atendimento para que a situação humana não seja posta em causa, sem prejuizo dos interesses e das cautelas que estes Estados têm o direito de tentar assegurar em relação ao seu espaço territorial”.


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