terça-feira, 3 de maio de 2011

Espero que não se repitam fracassos da Grécia e Irlanda - Ferro Rodrigues




DIÁRIO DE NOTÍCIAS - Fotografia © Orlando Almeida/Global Imagens

O ex-líder do PS Ferro Rodrigues afirmou hoje esperar que a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) tenham aprendido com os "fracassos" na Grécia e Irlanda e não proponham para Portugal um programa de "recessão social".

Ferro Rodrigues, cabeça de lista do PS pelo círculo de Lisboa, falava aos jornalistas antes de almoçar com os nove presidentes de câmaras socialistas deste distrito: António Costa (Lisboa), Joaquim Raposo (Amadora) Maria da Luz Rosinha (Vila Franca), Susana Amador (Odivelas), Carlos Teixeira (Loures), Jorge Riso (Alenquer), José Manuel Custódio (Lourinhã), Carlos Miguel (Torres Vedras) e Joaquim Ramos (Azambuja). Este encontro com autarcas aconteceu um dia depois de o cabeça de lista do PSD por Lisboa, Fernando Nobre, também se ter reunido com os presidentes de câmaras social-democratas. No entanto, Ferro Rodrigues referiu que esta iniciativa política com os presidentes de câmara socialistas "já estava marcada há cerca de 15 dias".

Interrogado sobre a sua expectativa em relação ao programa de ajustamento que será aplicado em Portugal, na sequência das negociações com a Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI), o ex-líder do PS caracterizou a situação nacional como "grave". "É uma situação que me deixa preocupado, mas também mobilizado. Este foi um dos motivos que me levou a aceitar o desafio de regressar a Portugal e estar [como cabeça de lista do PS por Lisboa] nesta campanha eleitoral", declarou. Em relação ao programa de ajustamento que será aplicado em Portugal, o ex-ministro dos governos de António Guterres disse esperar que o FMI e a União Europeia "tenham aprendido com os aspectos que fracassaram nos programas anteriores aplicados à Grécia e Irlanda".

"Espero que não tentem impor uma espécie de receita tradicional de austeridade, recessão económica e recessão social. Qualquer que seja o programa fica sempre uma margem de autonomia grande: Ou há capacidade do ponto de vista político de procurar que esse programa seja apenas conjuntural, sem consequências nas estruturas do país, nomeadamente nas do Estado social; ou então aproveita-se o programa para depois, em nome dele, destruir-se os fundamentos do Estado social em Portugal", advertiu Ferro Rodrigues. De acordo com o candidato a deputado do PS, Portugal "terá evidentemente dificuldades de crescimento nos próximos tempos, mas é possível fazerem-se as reestruturações necessárias que dotem o país com maior capacidade futura".

Questionado se acredita que o programa de ajustamento poupará os sectores sociais mais frágeis, o ex-secretário-geral do PS contrapôs que "será necessário que toda a gente se sacrifique um pouco a favor do país". "Para isso, é preciso haver um programa que seja equilibrado socialmente. Não podem ser as classes desfavorecidas a pagar o essencial da factura", sustentou.

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