sábado, 14 de maio de 2011

Kadhafi em fuga, "provavelmente ferido", mandado de captura pronto no fim do mês




Joana Azevedo Viana – Público – 14 maio 2011

Bispo de Trípoli denuncia que líder líbio fugiu da capital e admite que "pode estar ferido". Franco Frattini, ministro italiano dos Negócios Estrangeiros, diz que a hipótese é "provável"

Um dia depois da primeira aparição pública de Muammar Kadhafi em duas semanas, Giovanni Innocenzo Martinelli, bispo de Trípoli, avançou ontem que o presidente líbio abandonou a capital e que pode estar ferido. A reacção do chefe da diplomacia italiana não tardou: "Costumo considerar credíveis as palavras do bispo Martinelli, que afirmou que Kadhafi provavelmente deixou Trípoli e está ferido", afirmou Franco Frattini.

Apesar de a NATO e de o próprio governo italiano confirmarem que não têm "nenhuma informação sobre a actual localização" do líder líbio, Frattini diz que é "provável" que Kadhafi esteja, de facto, ferido. Do outro lado, fonte do regime catalogou a notícia de "disparate". À Al Arabiya News, o porta-voz do governo de Kadhafi, Mussa Ibrahim, disse que "o líder está com grande moral e saúde e está a liderar diariamente o país", sublinhando que este "não foi, de maneira nenhuma, atingido". Ao início da noite a Reuters adiantava mesmo que Kadhafi classificava os ataques da NATO ao seu complexo de "cobardes".

No rescaldo das afirmações de Martinelli - que entretanto fugiu para a Tunísia - o "Corriere Della Serra" adiantou que Kadhafi está em fuga de Trípoli, "mas não da Líbia", citando Frattini: "Uma coisa é certa. A pressão internacional resultou, provavelmente, na decisão de Kadhafi em se abrigar num local mais seguro."

A hipótese de o coronel - no poder há 42 anos e desde Fevereiro a braços com protestos nacionais de opositores ao regime - estar ferido e em fuga surge um dia depois de os rebeldes terem considerado que Kadhafi "é um alvo legítimo" para a NATO. Em Londres, Mustapha Abdeljalil, que preside ao Conselho Nacional de Transição líbio, defendeu que a aliança deve ver em Kadhafi um alvo a abater. Ainda assim, a aliança mantém, nas palavras do porta-voz Claudio Gabellini, que "a missão é a de proteger civis de ataques ou de ameaças de ataques", não estando "à procura de indivíduos específicos".

Perante os avanços, Frattini sublinha que este é "um momento crucial" para que "toda a comunidade internacional" cumpra "as obrigações legais de captura". Um mandado de captura, diz, "deverá ser emitido pelo procurador do Tribunal Penal Internacional até ao final deste mês".

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