EXPRESSO – 01 maio 2011
A informação é avançada pelo porta-voz do regime líbio, mas não há confirmação da Aliança Atlântica. A Rússia e Venezuela criticam ataques.
O filho mais novo de Muammar Kadhafi e três netos foram mortos no sábado por um ataque aéreo da NATO, a que o líder líbio sobreviveu, anunciou um porta-voz do regime em Tripoli.
Kadhafi e a mulher estavam na sua casa em Tripoli com o seu filho de 29 anos, Saif al-Arab Kadhafim quando esta foi atingida por pelo menos um míssil de um avião da NATO, adiantou Moussa Ibrahim, porta-voz do regime.
A casa de Kadhafi em Tripoli, num bairro residencial, ficou fortemente danificada.
Saif al-Arab Kadhafi era o sexto filho de Kadhafi. Nos últimos anos, passou muito tempo na Alemanha.
Entretanto, em Bengazi, bastião dos rebeldes líbios, ouviram-se tiros festejando o anúncio da morte dos familiares de Kadhafi, noticiou a agência AFP.
NATO nega ter disparado contra "objetivos individuais"
A NATO negou hoje que dispare contra "objetivos individuais" na sua tarefa de proteção da população civil na Líbia, indicando ter conhecimento da notícia "não confirmada" da morte do filho mais novo do líder líbio, Muamar Al-Khadafi.
"Estou ao corrente das notícias não confirmadas sobre a morte de alguns membros da família de Khadafi", declara, num comunicado, o tenente general canadiano Charles Bouchard, responsável pela missão da Aliança Atlântica na Líbia.
A NATO, afirma, "lamenta todas as perdas humanas, principalmente a dos civis inocentes vítimas do conflito".
Tal como aconteceu após um ataque a uma casa de Khadafi, a Aliança insiste que as suas ofensivas "não se dirigem a objetivos individuais".
A ação militar onde pode ter morrido o filho de Khadafi - uma alegação que os rebeldes consideram como uma "mentira" e "propaganda" do regime - enquadra-se "na estratégia para destruir o controlo dos ataques contra os civis", segundo Bouchard, recomendando à populaçao que se mantenha longe de infraestruturas militares.
David Cameron garante "cumprimento" da resolução da ONU
A missão militar da NATO na Líbia está a ser feita ao abrigo da resolução 1973 da ONU, que visa proteger a população civil dos bombardeamentos de Khadafi.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, defendeu hoje que a eleição de objetivos na Líbia por parte dos responsáveis militares da Nato cumpre o mandato da resolução.
"A política de objetivos da Nato e da aliança é absolutamente clara. Está em linha com a resolução 1973 da ONU e tem que ver com a prevenção de perda de vidas civis, tendo como objetivo a máquina de guerra de Kadhafi, afirmou.
Em declarações à estação de televisão 'BBC', Cameron acrescentou que essa máquina de guerra "são obviamente os tanques, as metralhadoras e os lança mísseis, mas também o comando e o controlo".
Rússia critica "uso desproporcionado"da força
A Rússia denunciou hoje o uso "desproporcionado" da força na Líbia pelas forças da coligação e duvida que os ataques da NATO não tenham por alvo o líder Muammar Kadhafi, referiu o ministério dos Negócios Estrangeiros.
"As declarações dos membros da coligação segundo as quais os ataques contra a Líbia não têm por objetivo a liquidação de Kadhafi e os membros da sua família suscitam fortes dúvidas", declarou em comunicado o ministério.
"O uso desproporcionado da força ultrapassa a resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU que não prevê de qualquer forma uma alteração do poder na Líbia e implica nefastas consequências e a morte de inocentes", acrescenta o texto.
Chávez pede à Europa para refletir
O Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, contestou o "assassínio" do filho mais novo do líder líbio Muammar Kadhafi e pediu à Europa para refletir e não secundar a "loucura napoleónica e fascista" dos Estados Unidos.
"Isto é um assassínio. Como é que para proteger o povo líbio estão a matar pessoas", disse Chávez, citado pela agência 'EFE'.
"Peçamos a Deus pela paz na Líbia e no mundo e que voltem à razão aqueles que se deixaram invadir como que por uma loucura (...) estão invadidos por uma loucura napoleónica, fascista", afirmou Chávez.
O Presidente venezuelano adiantou que "dos ianques tudo é possível", mas interrogou-se como é que os governos europeus podem apoiar os bombardeamentos (da NATO), mencionando nomeadamente "um governo como o de Espanha, ou como o de Itália, que ainda há muito pouco (tempo) negociavam com a Líbia e com Kadhafi".
"Nós continuamos a apelar às Nações Unidas - e cada vez mais vozes se juntam à nossa humilde posição - para que se obtenha um cessar-fogo e se respeite a soberania da nalção líbia", adiantou, numa alusão à proposta que lançou a 28 de fevereiro para a constituição de uma comissão para resolver o conflito na Líbia.
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